twelve. changing
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A Cidade Escavada sempre foi um lugar que possuía um frio quase que congelante, talvez fosse culpa da montanha gelada em que foi esculpida ou dos seus habitantes que possuíam olhares bem parecidos com os invernos cruéis da Corte Invernal. Um lugar que não parecia existir nenhuma luz, mesmo que tivessem candelabros espalhados por toda a cidade. A Corte dos Pesadelos possuía uma beleza tão terrível que nem mesmo Rhysand conseguia impedir o espanto e pesar de estar ali no meio de um ambiente tão desumano. Mas, aquele lugar que tinha acabado de colocar os pés não era a Cidade Escavada, poderia possuir sua aparência, os mesmos habitantes. No entanto, não tinha a mesma energia terrificante e frígida, não tinham mais aquela escuridão e frio que dominava ossos causando mortes pertencente a Cidade dos Pesadelos. Tudo que havia de ruim sumiu, dando espaço para ruas iluminadas e de aparência acolhedora, assim como os grão-feéricos que dançavam ao som de um ritmo animado, crianças feéricas que soltavam altas risadas enquanto corriam por aí. A Cidade Escavada parecia um paraíso bem parecido com Velaris e Rhysand sabia muito bem quem havia transformado aquela corte em um lugar que sonhos poderiam ser realizados sem medo.
─ O que diabos está acontecendo aqui?─ Amren questionou, franzindo o cenho em confusão, seus olhos prateados analisando as ruas banhadas em uma luz dourada que lembrava muito a luminosidade do sol. Mor piscou seus olhos castanhos, dando um pequeno passo para trás, ficando próxima de Azriel que a olhou com a preocupação estampada em seu rosto.
─ Caralho.─ Soltou Cassian, parecendo incrédulo demais. Rhysand não se moveu quando ouviu Mor chamando seu nome, ele estava muito ocupado com toda sua atenção presa na fêmea de cabelos curtos que caminhava em sua direção ao lado do seu companheiro, Lionel, que ostentava um sorriso nada pacífico.
─ Novamente, adentrando na minha cidade sem minha permissão, Grão-senhor.─ Disse ela, aproximando uma taça de vinho de seus lábios rosados. Exibindo um sorriso sarcástico em seu rosto bronzeado, os olhos do meio-illyriano acompanharam o movimento feito pela fêmea. A forma que taça encostou nos seus lábios, o jeito que as orbes esverdeadas cintilaram quando se encontraram com as orbes roxeadas enquanto passava sua língua por seus lábios que se expandiram em um sorriso malicioso.─ Devo começar a me preocupar em colocar feitiços para proibir sua passagem por esses portões, exatamente do mesmo jeito que fiz com seus palácios?
Rhys não deixou seu sorriso vacilar, apenas colocou suas mãos nas costas e se inclinou levemente na direção da mulher que piscou, parecendo um pouco atordoada com aquela aproximação tão repentina. O sorriso do grão-senhor aumentou.
─ Novamente, me tirou boa parte da minha corte.─ Disse ele, sem se importar com o sorriso que surgia lentamente naqueles lábios tão desejosos.─ Se continuar agindo dessa forma, vou começar a pensar que está planejando tomar a Corte Noturna para si, Demetria.
─ Se eu quisesse sua corte, ela já estaria em minhas mãos.─ Rosnou ela, os delicados dedos se fechando em torno da taça com tanta força que o objeto de vidro trincou.─ Diga o que quer, Grão-senhor.
Rhysand se distanciou da pequena mulher, endireitando sua postura e assumindo uma feição mais séria, transformando-se no Grão-senhor cruel da Corte Noturna.
─ Um acordo.─ Proferiu ele. Demetria franziu o cenho, os olhos verde-prateado analisando rapidamente o Círculo Intimo do Senhor da Noite.─ Eu quero forjar um acordo com a Senhora da Cidade Escavada.
Demetria estava surpresa e levemente desconfiada. Lionel podia ver isso pela forma que havia se movimentava pelos corredores, seu vestido em uma coloração verde escuro ondulando em torno de suas pernas conforme se aproximava do escritório que tomou para si enquanto finos espirais negros apareciam em sua pele branca na área do pescoço exposto e ele também sabia que os feéricos seguindo a Dama dos Pesadelos haviam notado em como a magia antiga da fêmea estava lentamente se manifestando na pele e em como ela representava um claro aviso, uma ameaça.
─ De que tipo de acordo estamos falando?─ Perguntou o ex-espião, lançando o olhar para o macho de cabelos azul-escuro que não tirava seus olhos roxeados da mulher se deslocava pela sala, aproximando-se de uma poltrona, onde se sentou, cruzando as pernas. Rhysand fitou Lionel por alguns segundos, uma de suas sobrancelhas arqueadas e um pequeno ar de desdém
em torno dele fez com que o ex-espião soltasse uma risada soprada causando um revirar de olhos no Grão-senhor que logo se virou para Demetria. Um dos guerreiros illyrianos, em pé atrás do Senhor da Noite sentado em um pequeno sofá, soltou uma pequena risada que disfarçou rapidamente com uma tosse ao receber o olhar irritadiço da fêmea de longos cabelos dourados, o que fez o outro guerreiro fixar seus olhos avelãs no companheiro com um ar divertido.
─ Há poucos meses, Amarantha chegou nessas terras e se instalou nas terras da Corte Primaveril, espalhando para todas as cortes que está aqui para forjar uma união entre Prythian e Hybern.─ A mulher de cabelos curtos balançou a cabeça, indicando para que o Grão-senhor continuasse a falar, o que o mesmo fez após trocar olhares com as fêmeas sentadas ao seu lado.─ Claro que, apesar de desconfiados, os outros grão-senhores resolveram dar uma chance a ela. E como pode ver no baile que houve na Primaveril, Amarantha fez uma moradia aqui em Prythian, na Montanha Sagrada.
─ Uma moradia sob a Montanha Sagrada?─ Lionel sentou-se nos braços da poltrona em que Demetria estava, circulando os ombros dela com um de seus braços.─ Vejo que Amarantha continua ser uma maldita ruiva irritante.
─ A conhece?─ Questionou Mor, os cabelos dourados emoldurando seu belo rosto feérico e como sempre, utilizando um vestido vermelho que destacava suas curvas e um decote na forma de V profundo.
─ Quem não conheceu Clythia e Amarantha, as fantásticas cadelas do Rei Hybern?─ Sorriu, preguiçoso.─ Irmãs de sangue e também de guerra, as duas destroçavam exércitos inteiros até que Clythia enrolasse uma corda em seu pescoço ao se relacionar com Jurian, aquele maldito fez certo em matá-la. Menos uma vadia nesse mundo de merda.
─ Não desvie o assunto, Lionel.─ Demetria olhou para ele por um breve momento com o cenho franzido.─ Volte a falar, mas vá direto ao assunto principal. Diga o que Amarantha planeja de tão sério que o fez vir até aqui com a intenção de um acordo.
Quem a respondeu não foi o Grão-senhor apenas lhe deu um dos seus típicos sorrisos cheio de segredos e levemente preguiçoso, inclinando a cabeça para o lado. Mas sim, uma fêmea de cabelos pretos e sedosos na altura do queixo com seus olhos prateados fixos em Demetria que arqueou uma de suas sobrancelhas, esperando que a respondessem.
─ Amarantha planeja tomar Prythian, criança. Fazer com que todos se ajoelhem aos pés dela e ela já bem perto de conseguir o quer.─ Disse o monstro aprisionado em um corpo grão-feérico. A Dama dos Pesadelos suspirou, fechando os olhos por um momento dominado pelo o mais completo silêncio.
Estava claro que não tinha muitas opções, afinal havia prometido a si mesmo que protegia todos da Cidade Escavada mesmo que custasse sua vida. Recusar aquele acordo que tinha como objetivo acabar com os planos de uma mulher que poderia ser uma ameaça em potencial para seu povo seria o mesmo que dar a sentença de morte para todos que confiam nela dentro daquela cidade. Por isso, Demetria abriu seus olhos, fitando cada uma das companhias do Senhor da Noite com seriedade.
─ Não vou fazer nenhum acordo marcado na pele.─ Soltou, descruzando e cruzando novamente suas pernas em um único movimento, ciente que o Grão-senhor acompanhou seus movimentos com uma atenção muito além da necessária.
─ Então, não vai ter como confiarmos completamente em você.─ O macho de cabelos azul-escuros disse, encostando suas costas no sofá que estava sentado ao lado de Mor e Amren.
─ Nunca vou confiar completamente em nenhum de vocês.─ Afirmou a mulher, sem notar que o sorriso do macho vacilou por um momento. Lionel abriu um sorriso, seu olhar foi de Demetria até Rhysand.
─ Então, vamos ter que fazer um teste de confiança.─ Declarou, divertido.
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