three. presenting
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Na manhã seguinte, Demetria tinha seus olhos esverdeados fixados em seu reflexo no espelho. Analisando os fios curtos em um tom castanho-escuro. As sardas espalhadas por seu rosto, mesmo que fossem mais concentradas na área de seu nariz e bochechas. Os lábios carnudos, pequenos, possuindo uma coloração
naturalmente rosada. Sobrancelhas arqueadas e cílios cheios.
É, uma bela arma que sempre manuseiou com perfeição, mesmo que isso tirasse um pouco de sua humanidade que já não era muita. Afinal, ela havia nascido no meio da escuridão. E aprendeu muito nova que deveria virar um pesadelo para sobreviver naquele lugar tão terrível.
Demetria soltou um suspiro, seus dedos alisando a madeira clara de sua penteadeira.
Aquele dia seria importante. Muito importante para o andamento de seus planos.
Conquistar aquela corte foi fácil, muito fácil. Todos os anos que ficou infiltrada entre os nobres, utilizando a máscara de uma simples esposa submissa lhe ofereceram informações suficientes para que ela soubesse o que deveria fazer quando chegasse a hora.
E, se tomar é a parte mais fácil, manter aquela cidade em seu controle seria a parte mais difícil, principalmente com Keir contra ela, era questão de tempo até ele conseguir arranjar uma forma de ter a Cidade Escavada novamente em sua jurisdição.
─ Trago notícias.─ Pronunciou Lionel, adentrando em seu quarto. E lhe lançando um olhar confuso ao vê-la em frente à penteadeira.─ Uma revolta acontecendo nos calabouços e você está se maquiando?
Foi a vez de Demetria olhar confusa para o homem, porém rapidamente seu alvoroço passou quando compreendeu as suas palavras.
─ Keir, não é?─ Questionou, entredentes, sentindo sua magia ondular entre seus dedos. Lionel balançou a cabeça, dando passos até a cama dossel, se jogando nela.
─ Aquele cara é um desgraçado, mas tem que admitir que ele é genial.─ O ex-espião disse, olhando para suas unhas curtas e muito bem cuidadas. Demetria nunca deixaria de pensar o quão ridículo Lionel é por sempre arranjar tempo para cuidar de suas unhas.─ Conseguiu fazer com que os poucos lordes que tem magia, usarem ela nas barras das celas para soltarem todos.
─ Genial, de fato.─ Ela cuspiu.─ Mas burro. Ninguém ali sabe lutar, apenas ele. E, duvido que Keir conseguisse superar Jolly e Kirk em um confronto direto.
O homem de cabelos escuros balançou a cabeça, concordando com as palavras da amiga.
─ Mas, ele nem conseguiu colocar um dedinho fora da cela.─ Lion sorriu, os olhos castanhos brilhando em malícia.─ Você estava certa em tornar Ludovik em seu protegido.
─ Ele é um encantador das sombras.─ Disse, simples.─ É uma ótima peça, basta apenas saber como usá-la.
─ Algo que você, com certeza, sabe.─ Lionel sussurou, arqueando a sombrancelha.─ Apenas, acho estranho a quantidade de semelhança que tem com ele.
A de cabelos curtos inclinou a cabeça, buscando o que havia escondido por trás daquele sorriso nos lábios de Lionel, mas quando seu amigo parecia estar prestes a explicar sua última fala, uma batida na porta e a aparição de um homem ruivo, robusto.
─ Senhora, ─ Ele abaixou levemente a cabeça em uma referência.─ sinto ajudar que há um problema a ser resolvido.
─ E qual problema seria esse?─ Perguntou, ríspida. O homem se encolheu.
─ O Grão-senhor está nos portões da Cidade.
Rhysand não sabia o que esperar ao colocar os pés em frente à Cidade Escavada, usando suas melhores roupas e calçados com seu Círculo Íntimo atrás de si. Todos utilizando as máscaras insensíveis e arrogantes que sempre colocavam antes de pôr os pés naquele lugar horrendo.
Uma cidade com a aparência de um palácio, embaixo das gloriosas montanhas da Corte Noturna. Um espaço em que a luz solar mal alcançava e sempre se mantinha na escuridão, apenas sendo iluminado por candeladros posto ao longo de toda a cidade. Dividida em andares, onde as pessoas que viviam na parte mais profunda daqueles corredores escuros eram as piores das piores.
O meio-illyriano sinceramente jamais pensou que alguém tomaria aquele lugar horrendo. Que alguém desejaria todo aquele inferno para si. Mas aconteceu e agora, havia uma mulher no comando daquela corte inteira.
Mor passou uma mão por seu vestido vermelho com um decote que alcançava seu umbigo, parecendo não se importar com o frio congelante das montanhas, sustentando uma feição que expressava preocupação.
─ Acalme-se.─ Amren rosnou, seus olhos prateados continuando presos nos aros dourados.─ Se eu consigo sentir seu medo, outras pessoas também sentem. Então, se acalme.
Mor pressionou seus lábios vermelhos um contra outro, antes de lançar olhares nervosos para os portões feito de um material cinzento com detalhes dourados. A loira abriu sua bela boca, mas, não conseguiu proferiu nenhuma palavra pois os portões pesados se abriram, revelando uma mulher com seu braço entrelaçado com o de um homem. E Mor e todos sabiam quem eles eram quando notaram a tiara dourada na cabeça da mulher.
─ Se eu fosse você, ─ Ela disse no momento em que Rhysand deu um passo na sua direção, erguendo um dedo e o balançando suavemente.─ não faria isso.
O Grão-senhor da Corte Noturna arqueou uma sombrancelha diante da óbvia ameaça, os olhos roxos com manchas prateadas cintilando em interesse. Enquanto as mulheres e os guerreiros atrás dele ficaram surpresos com o que ela deixou subentendido com aquele dedo erguido e olhos verdes brilhando em puro desafio, mesmo não tivessem demonstrado nas suas feições ou linguagem corporal. Aquela mulher de baixa estatura acabou de desafiar o Grão-senhor mais poderoso da historia de Prythian e nem sequer parecia ligar para aquilo.
─ E, por qual motivo, eu seguiria uma conselho seu?─ Ele perguntou, um sorriso cínico crescendo em seu rosto.
Dessa vez, foi a vez da fêmea de arquear uma sombrancelha, soltando uma risada soprada.
─ E quem disse que era um conselho?─ Espirais negros surgiram em torno de seu dedo erguido. Rhysand lhe lançou um olhar curioso. Ele já visto alguém fazendo aquele mesmo ato, o meio-illyariano segurou sua vontade de olhar para um de seus irmãos.─ Entenda uma coisa, Grão-senhor, nunca dou conselhos para meus inimigos, eu dou avisos e apenas.
O macho de cabelos azul-escuros não recuou, sequer fez menção de mover um músculo quando a mesma apontou o dedo envolto em trevas em sua direção, mesmo que sentisse seus amigos ficassem tensos em suas costas. Talvez sentindo o perigo que espreitava naquele ato.
E após longos minutos no mais completo silêncio, Rhysand decidiu colocar seu plano secundário em prática. Então, o ambiente mudou totalmente. Em vez de estar em pé na frente de uma mulher aparentemente muito perigosa, ele estava dentro de sua mente. Na frente de uma enorme muralha de sombras. Elas ondulavam, sussurando coisas incompreensíveis.
Com um pequeno sorriso convencido, Rhysand ergueu a mão, colocando sua palma no muro e uma clara ordem preencheu todo seu ser.
"Abra"
Nada ocorreu. Porém, isso já era esperado. O daemati sorriu. Ele mal se lembrava a última vez que encontrou uma pessoa que possuía mesmo controle e poder que o seu. De repente, o grão-feérico se viu ainda mais curioso para saber sobre aquela fêmea.
"Abra"
Sua ordem soou novamente, e ele pode sentir. Os sussuros das sombras desaparecendo lentamente, um caminho se abrindo abaixo de sua palma.
"Eu sinto você"
Ouviu uma voz doce cantarolar fazendo que o macho lançasse um olhar cheio de assombro para a fêmea que, agora, tinha sua mão em torno do pulso do Grão-senhor, fincando suas unhas na pele bronzeada com um sorriso malicioso.
"Você é tão imprevisível"
Uma ventania manisfestou-se, criando um redemoinho de sombras que rapidamente engoliu os dois, tirando-os da mente da Dama dos Pesadelos.
Novamente, Rhysand piscou, dando um passo hesitante para trás. Mor tocou seu ombro, preocupada mas o mesmo não olhou para ela, ele continuava com toda sua atenção na fêmea.
Foi, somente e unicamente por um segundo, mas ele sentiu.
─ Rhysand?─ A loira questionou. Os olhos castanhos foram até os guerreiros illyrianos e Amren que também pareciam confusos com o estranho congelamento do Grão-senhor.
O chamado da prima despertou o meio-illyariano fazendo com ele piscasse freneticamente, como se estivesse acabado de sair de um transe. Orbes roxas se encaram orbes castanhas por um momento. Antes que Rhysand voltasse a encarar aquela fêmea misteriosa, analisando rapidamente o braço que estava entrelaçado com o do macho ao seu lado.
─ Acabei de lembrar que tenho um compromisso importante.─ Ele soltou, repentino. A mulher de olhos verdes piscou, torcendo o nariz. Ela parecia incrédula e bastante irritada, mesmo que continuasse sustentando um sorriso nos lábios.
Rhysand se virou para seu Círculo Íntimo, ignorando seus olhares confusos e os pensamentos questionadores. Amren lançou um olhar para a tal Dama dos Pesadelos, e rapidamente, inspirou o ar. Azriel notou quando os olhos prateados se arregalaram levemente, antes que um sorriso misterioso tomasse os lábios do monstro enjaulado.
─ Estou indo, mas não pense que esse é o fim, minha querida.─ E com isso, o Grão-senhor e seu Círculo Íntimo atravessou para um lugar escondido e mágico.
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