thirty nine. i missed you
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─ Você é um monstro mentiroso.─ Riu Demetria, lançando um olhar de canto para Amren que observava Rhysand e Feyre desaparecerem, atravessando para um ponto próximo à Prisão. A feérica de olhos esfumaçados apenas esticou os lábios pintados de um forte vermelho em um sorriso adornado com malícia.
─ Não fale como não fosse também uma serpente mentirosa.─ A segunda em comando da Corte Noturna virou-se, fitando a Dama dos Pesadelos que ergueu levemente o queixo, um sorriso que era o espelho do de Amren tomava forma em seus lábios rosados.─ Rhysand sabe o que anda planejando por suas costas?
─ Feyre sabe que você deu a ela uma jóia sem valor mágico algum?─ Disparou ela, erguendo uma sobrancelha em puro desafio. Amren riu novamente, um som profano e encantador, estava prestes a proferir algo quando ambas ouviram passos soando, saltos se chocando contra o piso. Não demorou muito para que a figura iluminada de Morrigan surgisse, o cabelos dourados ondulando em volta de seus ombros cobertos pelo tecido grosso de seu suéter azul.
─ Então, eles já foram?─ Perguntou a fêmea, os olhos castanhos intercalando entre a Dama dos Pesadelos e o monstro enjaulado.
─ Agora, só é esperar.─ Disse Amren, cruzando as portas da mansão, mirando os olhos prateados em Nuala que retirava os pratos restantes do café-da-manhã, aquele que Feyre não compareceu deixando com que Rhys e Demetria sozinhos, aproveitando o que as gêmeas prepararam com cuidado e carinho.
─ Ou, podíamos fazer outra coisa.─ Falou Mor, seguindo o mesmo caminho que Amren na companhia de Demetria.─ Estou cansada de sempre escutar as mesmas coisas, quero um pouco de diversão.
─ Garanto que terá muita diversão quando uma guerra bater em nossas portas.─ Proferiu a Dama dos Pesadelos, sentando-se no braço do sofá, uma das mãos afastando um grão de poeira invisível nas calças escuras que vestia. Amren soltou um murmúrio, concordando. Morrigan franziu o cenho, tanto para Amren que se servia de um pouco de vinho e para Demetria que se encontrava concentrada em analisar os inúmeros anéis prateados rodeando seus dedos.
─ Vocês são tão parecidas.─ Soltou a de cabelos loiros, desabando em uma poltrona, cruzando as pernas.─ Isso é aterrorizador.
Demetria e Amren se encararam por um momento para então soltarem uma breve risada.
─ Não se preocupe, Morrigan.─ Falou a de olhos prateados, estalando a língua no céu da boca.─ Do jeito que tudo está se encaminhando, você não terá um minuto sem diversão.
─ Tudo bem, deixe-me ver se entendi suas belas palavras tão educadas.─ Demetria revirou os olhos, soltando um suspiro audível.─ Você quer algo meu?─ Helion fitou a Dama dos Pesadelos, lentamente desviar seu olhar para longe do rosto do Grão-Senhor e um sorriso se abriu no rosto do macho quando percebeu a forma que a fêmea apertava a xícara de chá com os dedos.
─ Preciso de algo que pertence a você, então sim.─ Falou Demetria. O Grão-Senhor da Corte Diurna riu, um som que pareceu fazer o macho brilhar, mesmo ali debaixo do sol.
─ Posso saber o motivo por trás desse pedido, doce Demetria?─ Ronronou ele, balançando suavemente sua cabeça fazendo com que os seus cabelos deslizassem pelo tecido claro de sua túnica.
─ Pare com isso.─ Rosnou a fêmea, guiando a xícara em suas mãos para seus lábios, ingerindo um gole.─ Você não está interessado nisso, então o que diabos quer de mim?
Helion riu novamente.
─ Como está o meu adorável presente de parceria?
─ Respirando, algo que você não vai estar fazendo se continuar com isso.─ Rosnou a Dama em resposta, sem se importar com o fato que sua fala atraiu a atenção de boa parte dos feéricos que aproveitavam um chá naquela manhã. O sorriso que adornava os lábios do Grão-Senhor não desapareceu e sequer hesitou.
─ Imagino que você não vá querer uma guerra entre Cortes nesse momento.─ Soprou para a fêmea que apenas ergueu uma sobrancelha, estalando a língua no céu da boca.
─ Consigo lidar com duas guerras, Grão-Senhor.
─ Eu não tenho dúvidas que sim.─ Concordou o macho, analisando-a com os olhos âmbar enquanto uma de suas mãos se encontrava erguida, o anel em um de seus dedos cintilou. Demetria encarou a peça, um brilho de reconhecimento surgiu em suas orbes esverdeadas quando notou o objeto e lembrou-se o que significava.
Helion lentamente retirou o anel, depositando na mesa em frente a Dama dos Pesadelos. Ele continuou a sorrir, mesmo que seus olhos parecessem tristes quando sua boca se abriu e falou:
─ Tenha cuidado.─ Suas orbes âmbar se desviaram, focando-se em algum ponto nas ruas iluminadas da Corte Diurna, evitando o olhar de Demetria.─ Foi uma pessoa muito importante que me deu.
A fêmea capturou o objeto com a ponta dos dedos. Era apenas um arco dourado, delicado e discreto, com certeza algo que ninguém nunca imaginaria Helion com toda sua extravagância usaria.
─ Obrigado, Helion.
O macho virou a cabeça e a fitou por um mísero instante antes de liberar uma risada, esticando uma mão na direção da Dama dos Pesadelos, tocando levemente nos dedos que seguravam o anel.
─ Tudo para minha Grã-Senhora favorita.─ Disse ele, piscando um olho.
Se ficou surpresa ou em choque com a fala do macho, Demetria não revelou, apenas liberou uma risada enquanto se erguia.
─ Eu não sou Grã-Senhora, Helion.─ Declarou, uma mão sendo passada por seus cabelos e os organizando atrás de suas orelhas arqueadas. O macho lhe respondeu com silêncio, uma falta de palavras que deixou claro que sabia que a fêmea mentia e um sorriso que deixava claro que se divertia com toda aquela situação.
─ Com suas habilidades, Feyre, você pode conseguir encontrar a metade do Livrona Corte Estival e quebrar os feitiços que a cercam. Mas não vou confiar na palavra do Entalhador, ou levar você até lá sem testá-la primeiro. Para que nos certifiquemos deque, quando for sério, quando precisarmos daquele livro, você, nós não falharemos. Então, vamos fazer outra pequena viagem. Para ver se é capaz de encontrar um objeto valioso, que perdi há um tempo considerável.
─ Merda!─ Xingou Mor, enfiando as mãos nas dobras espessas do suéter.
─ Onde?─ Feyre conseguiu dizer. Foi uma voz melódica quem respondeu.
─ Aqui.
Rhys estendeu uma mão na direção de Demetria que parecia ter acabado de adentrar na sala, nas pequenas mãos havia uma pequena caixa feita de ébano e detalhes em ouro, um porta jóias. A Dama dos Pesadelos deslizou para perto da mesa de centro que havia entre a poltrona da sala e o sofá, depositando o objeto em suas mãos em cima do vidro frágil.
─ O teste ─ Disse a Dama, lentamente abrindo a caixa. Os olhos verdes com manchas pratas cintilou ao fitar o que havia ali dentro.─ será para ver se Feyre consegue identificar o objeto de Rhys e o de Helion. Afinal, quando forem à Corte Estival, Tarquin pode ter enfeitiçado a parte dele do Livro para parecer diferente, passar uma sensação diferente.
─ Helion?─ Questionou Azriel em um tom baixo, os olhos avelãs presos na figura de Demetria que ergueu a cabeça para olhá-lo e sem dizer nada, apenas sorriu daquela forma que fazia com que Feyre sempre se lembrasse de uma serpente.
─ Quem ele é?─ Perguntou a ex-humana, se aproximando da Dama.
─ O Grão-Senhor da Corte Diurna.─ Respondeu Mor, os olhos castanhos fixos na fêmea de olhos cintilantes. Ela parecia estar prestes a questionar algo quando Demetria ergueu uma mão, dispensando as palavras que nem ao menos deixaram sua boca.
─ Já irei avisar que você deve preferir isso ─ Disse ela, apontando um dedo para as jóias que lhe pertenciam.─ ao que Rhys sugeriu.
─ E o que ele sugeriu?─ Soltou Cassian, parecendo interessado. Demetria torceu o nariz levemente, como se estivesse lembrando de algo que desgostava.
─ A Tecelã.─ Respondeu, sua voz não passava de um grunhido. Cassian riu, guiando sua atenção até Rhysand e soltando um audível "Desgraçado Ardiloso". Feyre piscou os olhos, mordendo os lábios, observando a Dama dos Pesadelos espelhar suas jóias pela superfície da mesa de centro. Havia inúmeros anéis, todos eles com certeza feitos de ouro e de outros minérios ricos que poderia facilmente comprar toda a vila que morava quando era ainda humana e pobre.
─ O Entalhador de Ossos, a Tecelã... Não podem chamar ninguém pelo nome?
Cassian riu e Mor se acomodou nas almofadas do sofá. Apenas Rhys e Demetria parecem entender que aquilo não fora totalmente uma piada. Os rostos tensos, eles ainda se lembravam da noite que tiveram que lhe acordar de seu terror noturno. Eles pareciam saber exatamente o quão cansada estava, o quanto deveria tremer ao pensar na possibilidade de ter enfrentado a Tecelã.
─ Que tal acrescentar mais um nome a essa lista?─ Falou Rhysand para Feyre.
─ Não gostei muito de como isso soou.─ Disse Mor, dando voz aos pensamentos da feérica de coração humano.
─ Emissária.─ Continuou o Grão-Senhor, ignorando a prima.─ Emissária da Corte Noturna... para o reino humano.
─ Não há um desses há quinhentos anos, Rhys.─ Dissera Azriel.
─ Cegos, o mundo humano devem estar mais cegos do que nós quando se trata de Hybern.─ Declarou Demetria, erguendo os olhos e fitando Feyre.─ Se o rei realmente deseja destruir a muralha e jogar suas forças sobre ele, bom, talvez em breve não haverá mais humanos.─ O coração da ex-humana se apertou, lembrando-se de suas irmãs e pai.─ Precisamos da outra metade do livro daquelas rainhas mortas, não poderemos tirar delas com magia então deverão trazer o livro até nós, não importa o que aconteça.
Silêncio.
─ Você é uma feérica imortal, com um coração humano. Mesmo como tal, pode muito bem colocar os pés no continente e ser... caçada por isso. Então, montaremos uma base em território neutro. Em um lugar no qual os humanos confiam em nós, confiam em você, Feyre. E onde outros humanos possam se arriscar a se encontrar com você. Para ouvir a voz de Prythian depois de cinco séculos.
─ A propriedade de minha família.─ Constatou a fêmea de cabelos castanhos-aloirados. Demetria assentiu lentamente, confirmando suas palavras.
─ Pelas tetas da Mãe!─ Interrompeu Cassian, as asas se abrindo o suficiente para quase derrubar o vaso de cerâmica na mesa ao lado.─ Acham que podemos simplesmente tomar a casa da família dela, exigir isso deles?
─ A terra ─ Falou Mor, as mãos se estendendo para pôr o vaso em seu lugar de origem.─ vai ficar vermelha de sangue, Cassian, independentemente do que faremos com família dela. Agora é uma questão de onde esse sangue vai fluir, e quanto será derramado. E quanto sangue humano podemos salvar.
─ A Corte Primaveril faz fronteira com a muralha...─ Começou Feyre.
─ A muralha se estende pelo mar. Voaremos até lá pelo oceano.─ Explicou Rhys, sem sequer piscar. ─ Não vou arriscar que nenhuma corte descubra, embora as notícias possam se espalhar bem rápido depois que chegarmos. Sei que não vai ser fácil, Feyre, mas, se houver uma forma de você conseguir convencer aquelas rainhas...
─ Farei isso.─ Decidiu. O corpo destruído e pregado de Clare Beddor surgiu em sua visão. Amarantha fora uma de suas comandantes. Apenas uma... entre muitos. O rei de Hybern devia ser inimaginavelmente terrível para ser seu mestre. Se aquelas pessoas pusessem as mãos em suas irmãs... — Elas podem até não ficar felizes com isso, mas obrigarei Elain e Nestha a ajudar.
─ Então está decidido.─ Declarou Rhys. Nenhum deles parecia particularmente feliz.─Depois que a querida Feyre qual objeto pertence a mim e a Helion, derrubaremos Hybern.
─ Finalmente decidiu retornar para casa?
E aquelas foram as primeiras palavras que alcançou seus ouvidos, assim que sua mão alcançou a maçaneta. A Dama dos Pesadelos soltou um suspiro, fechando os olhos com força conforme se virava e se deparava com Kirk. O macho não estava na companhia de Jolly, mas ainda assim sua mão estava entrelaçada com outra, uma menor.
June fitou a fêmea de cabelos castanhos curtos e olhos esverdeados repletos de manchas prateadas com curiosidade, levemente tombando a cabeça fazendo com que seus cabelos negros caíssem em seus olhos castanhos.
─ Ao contrário que muitos pensam, nunca deixei minha casa.─ Disse a Dama dos Pesadelos, após um piscar de olhos. Kirk continuou mantendo aquelas orbes esbranquiçadas na fêmea, realmente parecendo enxergá-la até que um suspiro escapasse por seus lábios, abaixando sua cabeça levemente.
─ Acredito que devo pedir perdão.─ Falou ele, sua voz suave. Demetria se manteve em silêncio.─ Mas tente entender minhas preocupações. Eu só...─ O macho virou sua cabeça para June, apertando levemente a mão da criança.
─ Eu sei.─ Murmurou a Dama dos Pesadelos, voltando a ter a atenção do macho.─ Pode achar que não, mas eu sei, afinal tornei essa cidade o que é hoje justamente para isso.─ Ela respirou fundo, virando-se e agarrando a maçaneta de sua casa, aquela que já dividiu com Lionel em um momento que parecia pertencer a um passado muito distante.─ Porém, isso não lhe dar o direito de achar que pode controlar minha vida e as pessoas que mantenho em minha volta.
─ Só estou preocupado com sua segurança, Demetria.─ Interrompeu o macho, mas logo fo cortado pela fêmea.
─ Rhysand não é um perigo, nem para mim ou para essa cidade. Essa corte me pertence, eu a tomei e a moldei para ser um lar para todos que a buscam. Rhys não é risco e se um dia ele for, eu mesma cortarei sua garganta.─ Dissera em alto e bom som, sua voz não hesitou nem um mísero segundo. Kirk se viu sem palavras, então suspirou, dando as costas para a Dama dos Pesadelos deixando com que ela adentrasse em sua casa.
Demetria respirou fundo mais uma vez, pressionando as costas contra a madeira da porta já fechada. Ela não demorou muito ali, pois um barulho de passos atraiu sua atenção. Sem que pudesse controlar, um sorriso ergueu seus lábios quando seus olhos captaram fios carmesim, assim que o macho cruzou a sala para lhe encontrar.
─ Precisa de ajuda?─ Perguntou o macho, o olho feito de ouro rangeu baixinho quando se fixou na fêmea.
─ Preciso de uma taça de vinho.─ Respondeu, piscando os olhos e dando um passo na direção do macho que riu de suas palavras.
─ Alguma preferência?
Demetria riu, sinos tilintando.
─ Senti saudades, Lucien.─ O emissário também soltou uma risada.
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