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sixteen. burn

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Nuvens fluíam pelo céu cobalto, enormes e macias ao olhar, carregando os resquícios levemente rosado do alvorecer, as bordas iluminadas pela luz dourada vinda do sol. O frescor pertencente ao orvalho do manhã mantinha o ar morno, suave de respirar, conforme Feyre dava um passo, os olhos fixos no palácio montanhoso espiralado até o céu além. Era uma paisagem que roubava seu fôlego, uma obra que havia sido construída numa pedra dourada, cujo brilho parecia conter inúmeros alvoreceres. Escadas, sacadas, arcos e varandas ao lado de pontes uniam as torres em meio às nuvens e os domos folheados a ouro do palácio, plantas violetas escalavam as pilastras entre os blocos cortados na pedra, parecendo estar ali para absorver a neblina dourada que soprava.

Ela direcionou um olhar para Lucien, notando que o mesmo acompanhou seu pequeno movimento. A varanda em que estavam estaria vazio, se não fosse pela presença de Azriel e um criado de quadril estreito que exibia o uniforme dourado e rubi da Crepuscular, as vestes leves e largas em camadas. O macho desconhecido analisou rapidamente suas figuras, curvando-se em reverência, a pele marrom parecendo brilhar ao ser atingida brevemente pela luz das pedras.

─ Por aqui, Grão-Senhor.

Rhysand prestou reverência em resposta e Demetria imitou o gesto, apesar de ter certa leveza nos gestos ao fazê-lo. Ambos mantinham-se com os braços entrelaçados, as coroas em suas cabeças não mais cintilavam, mas pareciam aos poucos roubar o brilho que há os rodeando. Eles lançaram um olhar cheio de significados para trás. Mor aproximou-se de Nestha, mantendo a Archeron ao alcance de uma mão enquanto Feyre fez o mesmo com Lucien e os illyrianos posicionaram-se nas laterais, as asas farfalhando levemente.

Seguindo o criado, subindo os degraus que os levavam até a face exposta de uma torre, é inevitável retirar o deslumbre ao fitar as terras crepusculares, um campo verdejante esticava-se abaixo, pequenas vilas poderiam ser enxergadas sendo rodeadas por rios amplos e reluzentes na luz da manhã. É possível enxergar outros palácios nas cidades que foram aninhadas às colinas, aquelas que pareciam especializadas em funilaria e relojaria.

Escadas espiraladas foram escaladas, o precipício apresentava-se tão próximo que Feyre virou-se inclinando-se sutilmente para encarar a rocha marcada por cores quentes, salpicada por inúmeras rosas pálidas e peônias margenta, uma bela morta apresentando-se. Conforme avançavam, não houve hesitação vagando pelo rosto de Lucien, apesar de considerar que Tamlin compareceria, nem que seja para humilhá-lo por abandoná-lo ou exibir suas garras como uma besta incapaz de se conter, jamais dominando a fera em seu espírito. A Archeron mais nova observou que aquele pensamento não lhe amedrontava, na verdade a enchia de uma velha e ressentida indignação pela audácia do Grão-Senhor primaveril jamais enxergar si mesmo como uma espécie de problema a ser resolvido.

─ Se algum dia, tiver vontade de construir uma nova casa, Rhys, vamos usar esta como inspiração?─ Comenta Mor, seu vestido acompanhando a brisa, assim como o de Demetria e Nestha. Por sua vez, Rhysand a olhou, incrédulo, por cima do ombro. Cassian, Lucien e Azriel riram baixinho.

Cruzando câmaras a céu aberto cobertos por enormes almofadas de seda e tapetes felpudos, janelas cujos painéis misturavam-se em tons coloridos por urnas transbordando com lavandas e fontes gorgolejando a água mais cristalina sob os raios tênues de sol. Então, vozes abadadas os alcançou antes que terminassem a última volta de escadarias, algumas graves, outras agudas e umas animadas. Sejam elas a quem pertencem foram responsáveis pelo sorriso crescente nos lábios de Morrigan.

Helion, Kallias e Thesan estão aqui. Comenta a voz melodiosa de Demetria na mente de Feyre e Lucien.

Beron ainda não chegou, o pensamento do de cabelos carmesim flutua sem que pudesse impedir.

Isto ainda não deve ser uma preocupação. A Grã-Senhora os encara por um instante. No entanto, a falta de Tarquin, sim.

Se a batalha havia mudado os pensamentos de Tarquin, seria difícil liderar um ataque contra Hybern sem a magia aquática da Corte Estival e uma força brutal como a de Muireann.

O que iremos fazer se Tamlin aparecer? Feyre questiona, os olhos fixos na irmã mais velha que parece distraída nos próprios pensamentos. Como um representante de Hybern?

Demetria estala a língua. Iremos tratá-lo devidamente como desejar.

Lembranças de uma Demetria carregando grilhões em torno nos pulsos, o corpo ferido e um olhar tão cortante quanto as lâminas que Feyre carregava espalhou-se por sua mente. A Archeron não impediu o sorriso em seus lábios.

Já sabe o que fazer, a fêmea de cabelos castanhos fala por último. Feyre nem ao menos pareceu esforçar-se ao cobrir a mente de Lucien com um escudo, assim como fez consigo mesma, esticando o alcance até Nestha, apesar de saber que Rhysand ergueu um escudo físico e mental ao redor de todos a partir do momento que colocaram os pés na Corte Crepuscular. Subiram os últimos degraus, parando no portal aberto.

Uma longa ponte conectava a outra metade da torre ao interior do palácio, o parapeito estava carregado com glicínias. E cadeiras acolchoadas de carvalho foram postas num imenso círculo no coração da sala, algumas sendo moldadas para acomodar asas. Ao redor de um macho esguio, haviam feéricos alados, as asas como as de pássaros.

Em uma de suas lições, Amren comentara que os peregrinos são parentes distantes do povo serafim de Drakon e fornecem a Thesan uma legião aérea. Pela descrição, o macho à esquerda do Grão-Senhor Crepuscular com uma mão na espada e mais próximo do que os outros é o amante de Thesan. Lucien comentou durante um treinamento que Amarantha sentia prazer em arrancar as penas, uma vez fazendo um vestido com as mesmas.

Eles pararam no piso de mármore polido, na pedra aquecida pelo sol adentrando pelos arcos. Os demais os encararam, murmurando ao reconhecerem a figura de Demetria ao lado de Rhysand, os olhos fixos na coroa enfeitando os fios castanhos. No entanto, a fêmea parecia prestar atenção no lago que ocupara o meio do círculo de cadeiras, um espelho d'água circular entalhado no chão. A água escura estava cheia de ninfeias rosa e douradas com folhas largas, acima das flores, peixes coral e marfim flutuavam sem preocupações.

Thesan deu o primeiro passo. Túnica justa cobrindo o peito, no entanto as calças são esvoaçantes como as de Amren dançavam em torno de suas pernas conforme aproximava-se, a pele e cabelo marrons possuíam um toque dourado. Mas foram os olhos que atraíram a atenção de Feyre. Eles eram repuxados para cima, exibindo um castanho ardente. Os passos cessaram a poucos metros. Em silêncio, observando o grupo num todo, demorando-se nos braços entrelaçados dos Grão-Senhores.

─ Bem-vindos, ─ Cumprimentou o Grão-Senhor, a voz grossa e exuberante. O amante monitava cada mísero movimento, atento, percebendo que Cassian e Azriel faziam o mesmo.─ Ou, como você convocou esta reunião, talvez devesse receber os convidados?

Rhysand sorriu, leve. Sombras elevando-se, escorregando por entre os cabelos, acariciando a coroa enquanto espirais podiam-se ser vistos escorregando pela pele pálida de Demetria, eles haviam afrouxado o controle que possuíam sobre seus poderes, todos haviam o feito.

─ Eu posso ter convocado a reunião, Thesan, mas você teve a graciosidade de oferecer sua linda residência.

O Senhor Crepuscular acenou com a cabeça, agradecido, antes de virar-se para Demetria, analisando-a, os olhos presos na coroa e do óbvio cintilar malicioso daqueles olhos, ela escorregou a ponta da língua por seus lábios, entregando um mero vislumbre da serpente que rugia sob a pele feérica. Atrás dos mesmos, Feyre e seus companheiros se curvaram numa reverência. Mas, implacável como sempre fora, Demetria continuou de pé, não demorando a liberar uma risada de sinos, o som escorregou e entregou a sensação de que dominara todo a câmara.

─ Vejo que continua querido e dedicado como sempre, Thesan.─ Ela piscou, uma inocência fingida quando gesticulou para as paredes que os cercavam.─ Sua corte é tão bela que roubou meu fôlego.

Ele sorriu, contido. Uma emoção não-dita espalhando-se por suas feições e Feyre imaginou que Thesan poderia ser parte do pequeno grupo de feéricos que deveriam ser grato a Demetria por desafiar Amarantha, seja curando aqueles que julgava os necessários ou os acobertando como havia tentado fazer com Nostrus.

─ Sempre será um prazer encontrá-la, Demetria.─ O macho esticou uma mão, a qual a fêmea descansou seus dedos e observou Thesan beijar sua pele num gesto respeitoso.─ É encantador ter sua presença em minha corte.

─ Imagino que sim.─ Ela comenta, já afastando a mão do Grão-Senhor. E os olhos esverdeados carregando manchas pratas foram até os Grão-Senhores que se aproximavam.

─ Kallias.─ Disse Rhysand para o macho de cabelos brancos e de pele tão pálida que parecia ser esculpida de gelo, os olhos iguais a blocos congelados vagaram, analisando as vestes que cobriam a pele de Demetria, a coroa idêntica à de Rhys.

Ele utilizava um conjunto que poderia parecer quente demais para o local como aquele, mas era de se imaginar que seu sangue corresse gelado nas veias, semelhante a corte que governava. Atrás de si, em seus assentos, três Grão-Feéricos encontravam-se, um deles sendo uma fêmea, cujos cabelos e olhos possuíam um tom mais claro que os de seu Grão-Senhor, o nariz reto e a boca imitando a forma de um coração. Os fios esbranquiçados dos cabelos ultrapassavam os cotovelos, possuíndo inúmeras tranças caindo por seu peito exposto, graças ao decote de seu vestido cintilando numa exibição dos flocos invernais e o casaco que parecia ter sido feito com o pelo de uma raposa prateada mantido longe dos ombros pontilhados por inúmeras sardas. Ela sustentava uma coroa nos fios.

A fêmea invernal olhou diretamente para Mor e sorriu. Por sua vez, ela retribuiu o sorriso, saltitando quando Kallias pareceu notar a pequena interação e abriu a boca. Então, Mor soltou um grito, ou melhor um gritinho fino e estridente. Elas correram e se abraçaram. Então, choraram, riram, dançaram e acabaram se abraçando novamente.

Lucien franziu o cenho para a situação e Feyre desconfiava que encontrava-se com a mesma expressão.

─ Você está igual.─ Comenta a fêmea da Corte Invernal, o sorriso parecendo alcançar as orelhas.─ Acho que esse é o mesmo vestido que a vi usar em...

─ Você que está igual! Usando pele no meio do verão, tão obviamente típico...

A de cabelos brancos rira, os olhos azul-pálido carregando uma centelha de calor que não havia em seu Grão-Senhor indo para as figuras pertencentes à Corte Noturna.

─ Trouxe os comparsas de sempre, parece.

─ Ainda bem que a companhia foi melhorada com algumas chegadas recentes.─ Mor gesticulou para Demetria que continuava ao lado de Rhysand, tendo a companhia das irmãs Archeron e Lucien por perto, as figuras de Azriel e Cassian pairando sobre.─ Viviane, te apresento as irmãs Archeron, Feyre e Nestha. Lucien Vanserra. E minha Grã-Senhora, Demetria.

Viviane arregalou os olhos, observando atentamente a fêmea de braços entrelaçados com os de Rhysand, ofegando ao notar o que significava a coroa naqueles fios.

─ Grã-Senhora?─ Exclamou ela, surpresa. Mor puxou-a de lado, sussurrando.

Thesan e Kallais a observaram, cuidadosos. Num gesto natural, Feyre afastou um passo, assim como Lucien, permitindo que Cassian e Azriel ficassem mais próximos de Demetria, mesmo que o cintilar nos olhos verdes lhes dissessem quão brutal poderia ser. A fêmea de cabeloa curtos parecia pronta para destilar o veneno da serpente guardada em seu peito no momento que o terceiro Grão-Senhor aproximou-se.

Feyre analisou as roupas feitas por um único tecido branco, não era uma uma túnica ou um vestido, apenas um intermediário, esticado e colado ao corpo musculoso. Ela piscou para o bracelete de ouro em forma de serpente em riste circulando o bíceps, ressaltando a pele escura que parecia exibir um brilho próprio e uma coroa radiante imitando os raios de sol sobre o cabelo ônix. Seu grupo de feéricos era quase tão grande quanto o da Corte Noturna, possuindo uma das fêmeas possuindo os fios num tom esverdeado roçando no queixo e a outra tendo os cabelos cacheados decorados por pequenas presilhas imitando o sol.

Mor e Viviane se silenciaram quando Helion aproximou-se, espreitando o olhar para Feyre e, em seguida, para Lucien que se pôs a um pé de distância da Archeron. Aquelas orbes que continham o tom de um âmbar espantoso escorregou entre os dois. Ele virou-se para Demetria e Rhysand, não parecendo surpreso com a revelação da posição que a fêmea ocupava.

─ Tamlin sabe o que ela é?─ A voz fria e calculada causou arrepios em Feyre ao citar o macho que já amara.

─ Se quer dizer linda e inteligente, então, sim...─ Rhysand sorriu, dissimulado.─ Acho que sabe.

Helion olhou inexpressivamente para Rhys antes de direcionar sua atenção à Lucien.

─ Sabe que ela é sua parceira... E espiã?

Lucien não hesitou, manteve o queixo erguido, as mãos mantidas ao seu corpo, mesmo que desejasse puxar Feyre para trás de si e protegê-la daquele olhar.

─ Se ele chegar, supunho que descobriremos.

Após um minuto de silêncio, Helion soltou uma risada sombria, completamente perigoso. Demetria exibiu um sorriso com as mesmas colorações.

─ Sempre gostei de você, Rhysand.

Thesan se aproximou, como um bom anfitrião, rapidamente decifrando que aquela risada prometia nada além de violência. Os peregrinos assumiram uma postura defensiva. No entanto, a atenção de Helion foi para Nestha. Ela o encarou de volta, sem quaisquer emoções.

─ Quem é a sua convidada?─ Ele soltou num tom baixo demais. Feyre ergueu uma sobrancelha e aproximou-se da irmã.

─ Esta é a irmã de Feyre Archeron e nossa emissária nas terras humanas.─ Declarou Demetria, tédio podendo ser sentido em suas palavras.─ Ela revelará seu papel quando a hora chegar.

─ Ela é feérica.

─ Quem a Fez?─ Perguntou Thesan, inclinando a cabeça, conforme Viviane franzia cada vez suas sobrancelhas, as feições deixando claro que compreendera as implicações da resposta de Nestha. Mor tocou sua mão e acariciou a pele pálida.

A mais velha Archeron olhou Thesan, Helion e Kallias.

─ Hybern.─ Revelou Nestha.

Viviane ofegou, lançando um olhar para Kallias, seus dedos apertando os de Mor, incapaz de conter o choque espalhando-se por seu corpo.

─ Eles ─ Nestha hesitou, piscando os olhos, até sentir uma mão tocando em seu ombro e um par de olhos verdes-prata enviando-lhe silenciosamente uma mensagem de coragem. A Archeron respirou, retornando a falar com mais firmeza e o queixo erguido, os olhos de aço fitando os Grão-Senhores.─, Eles me atiraram no Caldeirão com minha outra irmã, Elain. Depois que a Grã-Sacerdotisa Ianthe e o Grão-Senhor da Primavera venderam toda a Prythian e nós duas a eles.

Feyre balançou a cabeça, uma confirmação silenciosa. Os olhos de Helion se iluminaram, parecidos com o sol que arrastava-se até o horizonte.

─ Esta é uma acusação severa, principalmente se tratando de um Grão-Senhor e o antigo amante de sua irmã.

Demetria estendeu uma mão em frente a Nestha e Feyre, impedindo-as de rebater aquelas palavras. A Grã-Senhora afastou-se de Rhysand que sorriu, observando-a unir as mãos em frente às saias do vestido, exibindo a postura pertencente a uma digna fêmea que governava uma corte inteira.

─ Esta não é uma acusação, é a verdade sendo dita em suas frentes.─ Demetria moveu-se, lenta e letal, jamais desviando sua atenção dos machos que sustentavam coroas conforme sentava-se na cadeira designada para si.─ Tamlin cometeu um crime, negligenciou seu dever e mostrou-se não ser merecedor do poder que carrega. Como Grão-Senhores e protetores de Prythian, é de nossa responsabilidade puní-lo. E isto que iremos fazer.─ Ela pausou as próprias palavras, espreitando o olhar.─ A menos que haja objeções.

Nenhuma resposta fora ouvida. Demetria contentou-se, um sorriso malicioso abrindo-se nos lábios.

Levara uma hora até que Thesan anunciasse:

─ Tarquin está aqui.

Sentada ao lado de Lucien e Nestha, Feyre sentiu-se fria, boca seca enquanto um silêncio estendeu-se, sendo cortado por Helion e seu sorriso debochado.

─ Soube dos rubis de sangue.─ Helion inclinou-se levemente em sua cadeira e fitou o rosto estoico de Demetria.─ Esta é uma história que quero que conte.

Rhys balançou uma mão.

─ Tudo a seu tempo.

Os machos se encararam até sorrirem, piscando um para o outro.

Tarquin surgiu, subindo o último degrau até a Câmara, sendo seguido por Cresseida, Varian e Muireann. As irmãs trajavam vestidos que poderiam ser idênticos se não fosse pela adição de inúmeros sóis na barra das saias da fêmea mais velha enquanto a mais nova exibia ondas por todas as saias. Ambas possuíam os mesmos penteados, fios trançados de uma maneira que lembrava Feyre às guerreiras ilustradas nas lendas dos mortais.

Varian olhou para a Corte Noturna na procura de alguém ausente e pareceu esboçar uma centelha de raiva ao fitar Cassian, sentado à esquerda de Nestha. Por sua vez, o general sorriu arrogante. Cresseida virou-se para o irmão, erguendo uma sobrancelha, desaprovando sua atitude. Muireann seguiu seu caminho junto à Tarquin até Thesan, sorrindo tranquilamente enquanto o primo entregava desculpas vagas em torno de seu atraso.

Helion parecia tenso, o sorriso sumira desde que os olhos foram colocados na figura de Muireann, a mesma ignorando sua presença com afinco conforme cumprimentava Thesan e Kallias, o olhar azulado mantendo aqueles tons exalando ameaça, apesar do sorriso continuar iluminando suas feições. A Corte Estival acabara de sentar-se quando um criado avisou que Beron chegara na companhia de todos seus filhos.

Lucien ficou tenso. O sorriso de Mor sumira. Uma onda de violência espalhava-se por entre os membros da Corte Noturna em tal ponto que fervia a água diante de seus pés no instante que o Grão-Senhor da Outonal entrou pelo arco, seguido pelos filhos organizados em fila e sua esposa, mãe de Lucien, ao seu lado. A fêmea de aparência abatida manteve o olhar vagando pelo ambiente até fixar-se no filho sentado ao lado de Feyre, parando por pouco em Helion que esboçou uma reverência. Ela desviou o olhar.

Beron preocupou-se apenas em fitar os Grão-Senhores, ignorando seus Círculos Íntimos ao contrário dos filhos que os olharam com desprezo, uma frieza que desafiava o gelo de Kallias sendo capaz de agitar as asas dos peregrinos. Varian exibindo os dentes ao notar o olhar lascivo que um deles lançara para Cresseida. Feyre sentiu-se capaz de fazer o mesmo quando os olhares alcançaram Lucien, a crueldade e malícia ali a fez enxergar vermelho. O Grão-Senhor não se incomodou em contê-los, mas Eris o fez.

─ Basta.─ Sibilou, um passo atrás do pai e os mais novos encolheram os ombros, todos os três. Demetria lançou um olhar divertido para Lucien, um gesto que o fez relaxar a postura nem que por um único segundo.

Rhysand fora quem cumprimentou Beron de forma suave, embora houvesse resquícios de uma noite sem estrelas vagando por seus ombros, uma pequena amostra de sua magia incomparável.

─ Não é surpresa que esteja atrasado, considerando que seus filhos foram lentos demais para alcançar meu emissário.─ Ele gesticulou para Lucien sentado num ponto atrás de si. Beron direcionou ao filho um olhar afiado, mil promessas de uma violência.

Demetria liberou uma risada de sinos que soara cheia de uma zombaria tão gélida quanto afiada, conseguindo atrair a atenção do feérico mais velho ali.

─ Acredito que seja de família.─ Os olhos da fêmea cintilaram ao notar o desprezo mal disfarçado nas feições do macho.─ Apesar que devo confessar que Lucien é tão rápido quanto uma raposa.

─ Parceira... E Grã-Senhora.─ Beron retraiu os lábios, os olhos encarando a coroa nos cabelos da fêmea.

Surpreendentemente, Demetria não o respondeu, limitando-se à sorrisos que carregavam inúmeros segredos e um olhar direcionado à Eris, aquele que seria o futuro Grão-Senhor, captando a forma que o mesmo sorriu cheio de diversão para ela. Aquilo fez Feyre franzir o cenho. Tão imóvel quanto uma estátua, Azriel não moveu-se ou pareceu ser capaz de respirar.

A Corte Outonal ocupou os últimos assentos. Não havia uma cadeia vazia, isso entregava os planos de Tamlin.

Por um momento, não houve palavras, os Grão-Senhores se encararam, não havia malícia ou sequer um pensamento cheio de desprezo naqueles atos, apenas o reconhecimento da autoridade de cada um naquela reunião. Thesan pigarreou, antes de dizer:

─ Rhysand, você convocou esta reunião. Insistiu para que nos reuníssemos mais cedo que o pretendido. Agora é o momento de explicar o que é tão urgente.

Rhys piscou, devagar. Ao seu lado, Demetria pareceu fazer o mesmo.

─ Certamente, os exércitos invasores aterrissando em nossas praias sejam explicações suficientes.

─ Então, nos chamou para fazer o quê, exatamente?─ Helion apoiou os antebraços nas coxas musculosas e reluzentes.─ Levantar um exército unificado?

─ Entre outras coisas.─ Rhys continuou.─ Nós...

Feyre sentiu sua pele arrepiar muito antes que as portas abrissem, os dedos de Lucien agarraram seu braço e ela soube que aquela sensação não era apenas uma distração de sua mente, era uma lembrança daquela noite em que foi arrastada até as terras feéricas pela primeira vez. Fora um estalo de relâmpago, um vislumbre de uma tempestade criada na tempestade, os olhos verdes tão selvagens quanto a fera morando abaixo de sua pele surgiram em seu campo de visão quando Tamlin atravessou para dentro da própria Câmara.

Ela sentiu o corpo gelar e se incendiar ao notar a forma que sua irmã pressionou as costas no estofado da cadeira, seu sangue transformou-se num rio de flamas e, sem controlar si mesma, expôs os dentes, enfrentando o sorriso de lobo pertencente à Tamlin.

Um tremor fora sentido enquanto os escudos em torno dos Grão-Senhores erguiam-se, protegendo suas delegações. Aquele manto que Demetria havia subido em volta da Corte Noturna foi reforçada com a magia estelar de Rhys, mas tudo que Feyre conseguia enxergar é ele, o macho que amara, aquele que lhe aprisionou dentro de si mesma por conta de sua natureza cruelmente possessiva. Ela conseguia vê-lo naqueles olhos verdes, reluzindo a crescente raiva ao pôr sua atenção no local que Lucien ainda encontrava-se segurando, como se pudesse impedi-la de avançar contra Tamlin.

Os dentes brancos pareciam ossos quando o sorriso estendeu-se. Feyre espreitou o olhar, sua magia borbulhando dentro de seu peito. Thesan levantou-se e seu capitão manteve-se sentado, a mão na espada.

─ Não estávamos esperando você, Tamlin.─ Thesan indicou os criados retraídos com a mão fina.─ Peguem uma cadeira para o Grão-Senhor.

Tamlin não desviou o olhar de Feyre ou de Lucien. Ao lado de Rhysand, Demetria ergueu uma mão, um mero movimento de dedo e Cassian pareceu silenciosamente satisfeito ao cintilar os sifões com mais força, um aviso silencioso de que as ações de Tamlim iriam ter consequências.

─ Admito, Tamlin, ─ Diz Beron, o olhar exibindo uma espécie de divertimento sombrio.─ que estou surpreso por vê-lo aqui. De acordo com os boatos, sua lealdade agora está em outro lugar.

O olhar de Tamlin desviou para ainda mais baixo, onde a espada que ganhara de Demetria estava, analisando as roupas pretas e vermelhas presas ao corpo de Feyre antes de passar para Lucien, onde um ódio fervente tomou suas feições.

Os criados puxaram uma cadeira, dispondo-a entre um dos filhos de Beron e o grupo de Helion. Nenhum deles pareceu especialmente feliz. Tamlin não disse uma única palavra.

Então, o Grão-Senhor da Corte Diurna balançou uma mão cheia de cicatrizes.

─ Vamos prossegir, então.

Thesan pigarreou, mas ninguém olhou em sua direção. Não quando Tamlin pareceu notar Demetria, com seu vestido deslumbrante e coroa exalando a herança que tomara para si, atentando-se a mão que Rhysand deslizara na direção do joelho da fêmea. O vislumbre de ódio nos seus olhos alertou Feyre e os demais. Não precisou de palavras ou gestos. As sombras ao redor de Azriel intensificaram e os sifões de Cassian tornaram-se uma luz vermelha que banhava os corpos próximos a ele. Mor inclinou a cabeça, os olhos espreitos e a magia que nunca nomeara dando sinais. Nestha parecia atenta, pronta para enfrentar quaisquer situações.

─ Parece que devo minhas felicitações.

Demetria ergueu uma sobrancelha, os lábios erguendo-se num gesto de zombaria. Rhysand apenas encarava Tamlin, o rosto frio em um ódio absoluto que se acumulava por baixo. No entanto, Rhys dirigiu-se a Thesan.

─ Podemos discutir o assunto em pauta depois.

─ Não parem por minha causa.─ Falou o Grão-Senhor da Corte Primaveril, tranquilo. Demetria liberou uma risada de sinos, os dedos tamborilando na superfície de sua cadeira e os olhos pareceram ainda mais afiados.

─ Peço seu perdão, Tamlin, ─ Ela estalou a língua.─ mas não possuo o hábito de discutir nossos planos com inimigos.

Helion, do outro lado do espelho d'água, sorriu feito um leão. Muireann imitou o macho com quem se casara, divertimento vagando por suas feições.

─ No entanto, seu parceiro parece ter hábito de trepar com eles.

Silêncio tremulante e preenchido rapidamente por uma fúria sibilante pareceu emanar de Cassian, Azriel e Mor. Conforme Demetria piscava os olhos, as orbes ganhando cada vez mais um cintilar sombrio, aquela serpente estava espreitando novamente e pronta para lançar-se contra uma besta.

─ Parece uma alternativa muito menos destrutiva à guerra.─ Rhysand comenta, sorrindo leve.

─ E, no entanto, aqui está você, tendo-a iniciado.

Rhysand piscou os olhos, confuso. Tamlin observou uma garra deslizar para fora de seu dedo. Kallias ficou tenso em sua cadeira, a mão direcionando-se para o braço da cadeira de Viviane, como se fosse atirar-se em frente de sua parceira.

─ Se não tivesse roubado minha noiva na calada da noite, Rhysand, não teria sido forçado a tomar medidas tão drásticas para recuperá-la.

─ O sol estava brilhando quando eu deixei você, e caso não lembre, ─ Feyre diz, a voz firma e trêmula pela raiva. Os olhos azuis pareciam chamas vivas.─ posso relembrá-lo.

Aqueles olhos voltaram-se para ela, liberou uma risada baixa e desviou o olhar mais uma vez. Archeron expôs os dentes, irada.

─ Por que está aqui, Tamlin?─ Perguntou Kallias.

─ Negociei acesso a minhas terras para recuperar a mulher que amo de um sádico capaz de brincar com mentes como se fossem brinquedos. Tinha a intenção de enfrentar Hybern, de encontrar uma forma de contornar o acordo selado com o rei depois que ela voltasse. Mas Rhysand e os comparsas a haviam transformado em um deles. E ela se deliciou em partir meu território para que Hybern invadisse. Tudo por um ressentimento tolo, dela ou de seu... Mestre.

Feyre espreitou o olhar, é possível enxergar as chamas gélidas fervendo nas orbes quando inclinou-se, prestes a fazer menção para levantar-se, pressentindo que as palavras do homem iriam visar atingi-la. Demetria possuía mesma noção pela maneira que sua postura adquiriu um tom ainda mais denso.

─ Cuidado com a língua, se deseja mantê-la.─ A Grã-Senhora diz, inclinando levemente a cabeça para o lado.

Tamlin bufou uma risada zombeteira.

─ E devo levar em conta a opinião daquela que vendeu-se para possuir uma posição de poder ou que esfregou o chão aos meus pés milhares de vezes?

Rhysand não se moveu, continuando a encarar Tamlin, no entanto, Feyre conseguir os ecos de sua voz insistindo para que Demetria liberasse sua mente, que o permitisse adentrar. Quem se pronunciou em defesa fora Azriel:

─ Cuidado com a língua que fala de minha Grã-Senhora.

Tamlin piscou os olhos, retornando a fitar Feyre, analisando-a mais uma vez. Surpresa tingindo suas feições quando finalmente compreendeu o significado de suas vestes.

─ Não bastava se sentar a meu lado, não é?─ Ele sorriu, odioso.─ Uma vez me perguntou se seria minha Grã-Senhora e, quando respondi que não...─ Risada baixa. Lucien estalou a língua, o olho metálico rangindo.─ Talvez eu a tenha subestimado. Por que servir em minha corte, quando poderia ser muito mais na dele?

Feyre mantém seu silêncio, apesar dos dedos tremerem devido ao desejo de expôs o poder correndo em suas veias. Tamlin pareceu satisfeito com a falta de resposta e virou-se para os outros Grão-Senhores.

─ Eles nos oferecem histórias sobre defender nossa terra e a paz. Mas ela veio até minhas terras e as expôs a Hybern. Ela tomou minha Grã-Sacerdotisa e lhe deturpou a mente, depois de amaldiçoá-la, mal consegue dizer o que aconteceu. E, se estão se perguntando o que aconteceu com aquela garota humana que foi Sob a Montanha nos salvar... Olhem para o macho que ela se curvou. Perguntem o que ele tem a ganhar, o que eles têm a ganhar com esta guerra, ou a ausência dela. Enfrentaríamos Hybern apenas para ter uma rainha e um rei de Prythian? Demetria provou sua ambição, e viram como ele ficou mais que feliz em servir Amarantha a fim de permanecer ileso.

Rhys liberou uma risada sombria e Demetria ergueu uma mão, os dedos movendo-se acompanhando os espirais negros brotando em sua pele.

─ Bela jogada, Tamlin. Está aprendendo.

Fúria estava presente no rosto do Primaveril quando virou-se para Kallias.

─ Perguntou por que estou aqui? Poderia perguntar o mesmo a você.─ Indicou com o queixo o Grão-Senhor da Invernal e sua parceira, Viviane, e os demais membros da delegação.─ Quer dizer que depois de Sob a Montanha ainda suportam trabalhar com ele?

Uma risada de sinos ecoou, fria e dominada por sombras. Um arrepio lambeu a pele de Feyre diante do som que pareceu espalhar-se pelo cômodo, silenciando as palavras de Tamlin. Ao lado de Kallias, Viviane lançou um olhar para Rhysand e mordeu os lábios antes de guiar uma mão até Kallias e apertar seus dedos.

─ Viemos decidir isso por conta própria.

─ Diante de tantas perguntas suas, acredito que posso fazer uma também.─ Os olhos verde-esverdeados cintilaram perigosamente. Tamlin teve a decência de adquirir um tom mais claro em seu rosto ao enxergar as mesmas feições que foram responsáveis pela a morte de Amarantha.─ Durante cinquenta anos, me diga as consequências que a Corte Primaveril recebeu enquanto crianças eram mortas e nossa história foi apagada? Me diga que você sofreu. Olhe nos nossos olhos, Tamlin, e diga que o sofrimento que passou dentro de sua casinha florida é comparada com a nossa. Me diga que ser torturada e humilhada não se compara ao que sofreu.

─ Não tente...

─ Não tente o quê?─ Interrompeu Demetria. Tamlin fincou as garras na cadeira.─ Você passou cinquenta anos sendo favorecido por aquela vadia odiosa, acha que máscaras em seu rosto é o pior que ela poderia fazer? Ou que ficar recluso dentro de sua casinha florida é o pior castigo?─ A Grã-Senhora cessou suas palavras, direcionando um olhar para os outros Grão-Senhoras.─ Nós sofremos por tentar nos rebelar, por lutar pelo nosso povo. E o que você fez além de pensar na própria maldição?─ Ela riu novamente.─ Teve cinquenta anos para se rebelar e mostrar que estava lutando também, mas manteve-se em silêncio e, quando o preço acordado foi cobrado, você se ajoelhou aos pés dela e obedeceu suas ordens. O que difere você de Rhysand? O que faz você capaz de acusá-lo quando via a garota humana que amava ser torturada e nem sequer movia um dedo para defendê-la? Ou quando seu fiel emissário realizou seu papel e a curou, mas você o puniu por ordens daquela vadia?

Feyre observou o Grão-Senhor da Primavera encarar Demetria como se pudesse estraçalhá-la com somente um olhar. Mais uma vez, um silêncio perpetuou até ser cortado por Rhysand.

─ Não tive envolvimento naquilo. Nenhum.─ Disse ele num tom baixo para todos. A pele dourada pareceu pálida e o olhar esteve baixo, no lago em suas frentes. A Grã-Senhora o olhou com as sobrancelhas franzidas, preocupação ganhando vida em suas orbes cintilantes.

─ Você ficou ao lado do trono de Amarantha enquanto a ordem foi dada.─ Retrucou Kallias, os olhos como chamas azuis.

─ Tentei impedir.

─ Diga aos pais das duas dúzias de crianças que ela massacrou. Que você tentou.

Os olhos de Demetria pareceram afiados novamente, apesar das feições deixarem à mostra algum tipo de ressentimento, não de Rhysand, mas de si própria. Feyre ouvira as histórias. Demetria havia se curvado diante de Amarantha inúmeras vezes durante o governo da mesma, todas elas foi por causa dos feéricos que tentou salvar das punições da Grã-Rainha.

A boca de Rhys contraiu-se.

─ Não se passa um dia em que eu não me lembre.─ Disse ele a Kallias, a Viviane que piscou os olhos lacrimejados. Aos companheiros.─ Nem um dia.

─ Lembrar não as traz de volta, traz?

─ Não.  Não, não traz. E agora estou lutando para me certificar de que isso jamais aconteça de novo.

Viviane respirou, os olhos suaves quando encarou Kallias e, então, Rhysand.

─ Eu não estava presente Sob a Montanha. Mas gostaria de ouvir, Grão-Senhor, como tentou... impedi-la.─ Ela parecia dominada pela dor. A fêmea fora responsável pelo território durante a ausência de Kallias, ela foi incapaz de impedir o massacre.

Rhysand não disse nada. Nem Demetria.

Beron riu com escárnio.

─ Finalmente sem palavras, Rhysand?

─ Não me faça tornar seu filho Grão-Senhor tão cedo, Beron.─ Sibila Demetria.

─ Ah, finalmente...─ Beron ergueu as sobrancelhas escuras, risonho.─ Está mostrando a garra que Amarantha não conseguiu conter, me pergunto se Tamlin realmente está errado ao dizer que a intenção desta reunião é uma reunião para torná-la uma Grã-Rainha.

A Grã-Senhora manteve-se observando-o, espirais negros dançando por sua pele. Foi Lucien que inclinou-se, o olho metálico e humano fixos na figura de Rhysand quando murmurou:

─ Acredito em você, Grão-Senhor.

Surpreso, Rhys observou o macho de cabelos carmesim, perplexo com a crença genuína que encontrou em suas feições.

─ Diz o macho que roubou a esposa de seu ex-Grão-Senhor.─ Continua o Senhor do Outono. Lucien o encarou por um momento, porém ao sentir os dedos de Feyre em seu braço, um sorriso esticou-se nos lábios.

─ Não há como roubar algo que nunca pertenceu à alguém, ─ Fala a Quebradora da Maldição, os olhos frios.─ principalmente se for sua parceira.

Tamlin pareceu perplexo, os olhos arregalados vagando entre Feyre e Lucien. Um sorriso atrevido dominou as feições de Helion, cujos olhos brilharam como o sol.

─ Quando seu povo se rebelou...─ A voz de Rhys estava rouca.─ Ela ficou furiosa. Queria vê-lo morto, Kallias.

O rosto de Viviane tornou-se horrorizado e ela soltou uma exclamação baixa que a fez cobrir a boca com uma mão.

─ Eu... a convenci de que não ajudaria muito.─ Continuou Rhys.

─ Quem diria que um pau poderia ser tão persuasivo?─ Observou Beron.

─ Pai.─ Soltou Eris num tom de aviso, ciente de que Cassian, Azriel, Mor e Feyre encaravam o Grão-Senhor, nenhum deles possuía um traço de zombaria.

─ Ela desistiu da ideia de matá-lo. Seus rebeldes estavam mortos, e eu a convenci de que aquilo bastava. Achei que fosse o fim.─ A respiração de Rhysand acelerou e as mãos agarraram o apoio da cadeira, disfarçando os dedos trêmulos.─ Só descobri quando você descobriu. Acho que ela interpretou minha defesa como um sinal de aviso, e não me contou nada. E me manteve... confinado. Tentei entrar nas mentes dos soldados que Amarantha enviou, mas seu controle sobre meu poder era forte demais para detê-los... e já estava feito. As mentes das crianças... tinham sido esmagadas.─ Ele engoliu em seco e Demetria cobriu uma de suas mãos com a sua, os olhos compreensivos.─ Acho que Amarantha queria que você suspeitasse de mim. Para evitar que nos aliássemos contra ela.

─ Onde ela o confinou?─ Quis saber Viviane, a voz baixa.

─ Em seu quarto.

Demetria respirou como se estivesse prendendo a respiração por um longo tempo, movendo os ombros, desconfortável na própria pele. Cassian reajustou sua postura na cadeira, os sifões brilhando ainda mais, assim como os de Azriel. Mor cruzou as pernas, seu belo rosto refletindo ódio. Feyre compartilhou das mesmas ações da fêmea loira, mal contendo a raiva esvaindo de seu corpo.

─ Histórias e palavras, ─ Falou Tamlin.─ tem alguma prova?

Prova...─ Grunhiu Cassian, o corpo quase elevando-se e as asas abrindo-se. Quem o impediu de saltar em Tamlin foi Nestha que esticou-se para alcançá-lo, mão agarrando a armadura com força.

─ Não, ─ Rhysand interrompeu, virando-se para Kallias novamente.─ Mas juro...─ Ele encarou o rosto de Demetria, sorrindo fracamente.─ juro pela vida de minha parceira.

Tamlin revirou os olhos. Kallias fixou um olhar severo no Grão-Senhor da Primaveril.

─ Por que está aqui, Tamlin?

─ Estou aqui para ajudá-los a lutar contra Hybern.

─ Não é o que parece.─ Mor ergue uma sobrancelha.─ Em minha visão, apenas veio instigar dúvidas e nos pôr contra uns aos outros.

O macho a encarou com raiva. E a fêmea ofereceu um sorriso torto, cheio de malícia.

─ Vai nos perdoar ─ Interrompeu Thesan, gracioso.─ por estarmos desconfiados. E hesitantes em compartilhar planos.

─ Mesmo quando tenho informações sobre os movimentos de Hybern?

Muireann pareceu interresada pela forma que trocou um breve olhar com Tarquin, mas nada disse, continuando a observar. Tamlin sorriu para Feyre.

─ Por que acha que os convidei para casa? Para minhas terras?─ Ele soltou um grunhido. E Lucien ficou tenso.─ Eu disse uma vez que a você que lutaria contra a tirania, contra aquele tipo de mal. Achou que você era suficiente para me desviar daquilo? Foi tão fácil para você me chamar de monstro, apesar de tudo o que fiz por você, por sua família.─ Nestha riu com escárnio e Feyre sorriu como um lobo, aguardando.─ Mas você testemunhou tudo o que ele fez Sob a Montanha e ainda assim se ajoelhou. Adequado, suponho. Ele se prostituiu para Amarantha durante décadas. Por que você não seria sua prostituta em troca?

─ Deveria ter cuidado com o que diz, Tamlin.─ Feyre piscou os olhos.─ Fala como se tivesse enfrentado um verme por mim, fala como se tivesse lutado e batalhado por mim Sob a Montanha, mas tudo que fez foi observar meu sofrimento e prolongá-lo quando estávamos livres.─ Ela inclinou a cabeça para o lado, alguns fios castanhos caindo por sua tez quando murmurou alto o suficiente para todos escutaram a ameaça implícita.─ Você me prendeu como um animal mas se esqueceu que não se enjaula um lobo sem arcar com as consequências.

Tamlin abriu a boca para retrucar, no entanto, Helion o calou:

─ Está começando a ficar entediante, Tamlin. Leve esse rancor de amante para outro lugar, e deixe o restante de nós discutir a guerra.

─ Você ficaria muito feliz com a guerra, considerando o quanto se saiu bem da última.

─ Ninguém disse que a guerra não pode ser lucrativa.

─ Basta!─ Exclamou Kallias.─ Temos nossas opiniões sobre como o conflito com Hybern deveria ser abordado. Está aqui como aliado de Hybern ou de Prythian?

─ Estou contra Hybern

─ Prove.─ Helion espreitou o olhar.

O Grão-Senhor da Corte Primaveril ergueu a mão e uma pilha de papéis surgiu na pequena mesa ao lado de sua cadeira.

─ Cartas de exércitos, munição, estoques de veneno feérico... Tudo cuidadosamente reunido nos últimos meses.

─ Por mais nobre que pareça, quem garante que essa informação está correta ou que você não é o agente de Hybern tentando nos enganar?

─ Quem garante que Rhysand e suas seguidores não são agentes de Hybern, e que tudo isso não é um ardil para fazer com que se rendam sem perceber?

─ Não pode estar falando sério.─ Murmura Nestha.

─ Se precisarmos nos aliar contra Hybern, está fazendo um bom trabalho para nos convencer a não nos unirmos, Tamlin.─ Fala Thesan.

─ Estou apenas avisando que eles podem estampar o disfarce da honestidade e da amizade, mas a verdade é que ele aqueceu a cama de Amarantha por cinquenta anos, e só trabalhou contra ela quando a maré pareceu mudar. Estou avisando que, embora ele alegue que a própria cidade foi atacada por Hybern, eles saíram notavelmente bem, como se antecipassem o ataque. Não achem que ele não sacrificaria algumas construções e feéricos inferiores para atraí-los para uma aliança, para que pensem que têm um inimigo comum. Por que apenas a Corte Noturna soube sobre o ataque a Adriata, e foram os únicos que chegaram a tempo de bancar os salvadores?

─ Eles souberam porque eu os avisei.─ Varian diz, friamente. Tarquin virou-se para o primo, sobrancelhas eeguidas em surpresa conforme Cresseida e Muireann continuavam olhando Tamlin.

─ Talvez você também esteja trabalhando com eles.─ Disse o Senhor da Primavera ao príncipe de Adriata.─ É o próximo da sucessão, afinal de contas.

─ Ouça muito bem o que fala, Tamlin.─ Muireann fala, primeira vez que sua voz ecoa com tanta fúria aos ouvidos de Feyre. A água do lago moveu-se brevemente.─ Se deseja adquirir aliados, deveria curvar-se em vez de acusá-lo, é o que um governante que pensa nos seus faz.

─ E eu deveria seguir suas instruções por qual razão?

A fêmea o observou, fria. Feyre fechou os olhos, sentindo-se cansada pelas ações de Tamlin.

─ O que diabos quer?─ Sibila ela.─ Um pedido de desculpas ou talvez que eu me resteje para sua cama e seja a boneca perfeita que queria que fosse?

─ Por que eu ia querer mercadorias estragadas em minha cama? O deixou trepar com você como uma...

Labaredas de fogo escorregaram pelos ombros de Demetria, sem diretamente atingi-la e guiando-se para Tamlin, ondulando no ar quando curvou-se e mergulhou, rodeando o pescoço do Grão-Senhor, apertando-o ao ponto de roubar seu ar. Lucien deixou a cabeça tombar para o lado, um sorriso exalando malícia, mesmo seu único olho castanho-avermelhado deixava claro quão furioso encontrava-se.

Os demais, aqueles que permaneceram no desprezo, interesse e tédio, viraram para o macho de cabelos carmesim, uma sombra de medo cobrindo-os. Por muito tempo, Lucien fora uma criança aos olhos daqueles que possuem poder, um menino que poderia ter sido o filho de um Grão-Senhor, mas foi abandonado pelo mesmo e rebaixado ao se tornar emissário de um outro Grão-Senhor. Por muito tempo, eles esqueceram que Lucien não possuía apenas uma história trágica, ele possuía um sangue mágico que poderia lhe tornar parte daqueles senhores algum dia. Mas, eles lembraram-se disso naquele instante.

Enquanto Tamlin engasgava buscar por ar, o fogo brilhante mantendo-se em torno de seu pescoço como um punho, eles lembraram que Lucien não era um menino desamparado e que estava posicionado ao lado dos maiores e mais poderosos Grão-Senhores do recinto.






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