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seventeen. conflits

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É notável que apenas a Corte Noturna não expressasse surpresa diante da cena. Tamlin grunhia, a magia acendendo seus olhos enquanto tentava livrar-se do aperto das chamas, conforme tentava mais e mais falar. Feyre não escondeu o sorriso, sua atenção indo para Lucien que manteve as feições gélidas e o olhar demonstrando o quanto não se arrependeria de suas decisões, que havia deixado para trás aquele feérico acostumado a se encolher e aceitar o comportamento absurdo de Tamlin. Ela estava feliz por ele ter se libertado das amarras que o prendiam e esperava que aquele laço ligando-o à ela fosse capaz de transmitir o sentimento que tanto lhe dominava. 

─ Se querem provas de que não estamos tramando com Hybern, ─ A voz de Rhys atraiu as atenções.─ considerem o fato de que seria muito menos trabalhoso invadir suas mentes e obrigá-los a fazer minha vontade.

Beron liberou uma risada de deboche enquanto o esforço do Senhor da Primavera para recuperar seu ar aumentava a tensão que apenas crescia naquele cômodo. Viviane não ousou afastar o olhar da cena, as feições frias como gelo ao contrário de Muireann que não escondia sua clara satisfação. De forma lenta, quase como se não quisesse atrair atenção para seus atos, Eris virou o corpo na cadeira, bloqueando o caminho até a Senhora da Corte Outonal, o som do arrastar do móvel pareceu despertar Lucien e as chamas se extinguiram com rapidez. Tamlin engasgou, um som horrível quando puxou o ar para seus pulmões.

─ No entanto, estamos aqui, ─ Continuou Demetria.─ todos nós.

Silêncio absoluto. Tarquin, calado e vigilante, pigarreou. Os olhos azuis fixos nos Grão-Senhores da Corte Noturna.

─ Apesar do aviso não autorizado de Varian...─ Muireann aproveitou o momento para lançar um olhar irritado na direção do irmão que nem ao menos parecia arrependido.─ Vocês foram os únicos que vieram ajudar. Os únicos. E não pediram nada em troca. Por quê?

A voz de Rhys saiu rouca quando disse:

─ Não é isso que fazem os amigos?

Tarquin o olhou de cima a baixo, depois para Demetria, onde uma espécie de emoção ressurgiu ali por meros segundos antes de analisar Feyre e os demais. A voz do Senhor do Verão soou, um pouco mais rouca que Rhysand, no momento que gesticulou com uma mão.

─ Revogo os rubis de sangue. Que não restem dívidas entre nós.

─ Não espere que Amren devolva o dela.─ Murmurou Cassian. Mor o encarou com um mero sorriso nos lábios, parecendo silenciosamente adivinhar as próximas do mesmo.─ Ficou bastante apegada.

Rhys encarou Tamlin que ainda ofegava por ar. E com uma mão entrelaçada a de Demetria, ele falou:

─ Acredito em você. Que lutará por Prythian.

No entanto, Kallias e nem Helion pareciam convencidos, tão pouco Demetria, apesar de confiar cegamente em cada decisão tomada por seu parceiro. Tamlin limitou-se a um grunhido fraco, sem possuir intenção de retaliação ou falar. Muireann, em sua cadeira, parecia ligeiramente entediada enquanto Varian ainda permanecia atento aos olhares momentâneos dos filhos pertencentes a Beron que encontravam-se focados na figura de Cresseida, a fêmea os ignorava fervorosamente e uma camada de descrença cobria suas orbes azuladas. 

Unhas deslizaram pelo apoio da cadeira, um som terrível que atraiu as atenções para a fêmea que carregava uma coroa e compartilha um título com os machos que foram proclamados Grão-Senhores através da magia. Demetria possuía seus olhos afiados e calculistas, dominados pela frieza que apenas um pesadelo poderia ostentar orgulhosamente. Não há sinais daquela fêmea brutalizada de Sob a Montanha, apenas a temida Dama dos Pesadelos que destroçou Amarantha em nome de um sentimento hediondo que é a vingança. 

─ Confiança lhe foi oferecida, ─ Disse a Grã-Senhora da Corte Noturna, a pele pálida sendo dominada por espirais negros que agarravam-se em seu corpo como se tivesse vida própria, o cheiro de uma magia que beirava o profano invadiu as narinas dos demais, acompanhada de um poder opressivo.─ se ousar agir contra seu próprio povo novamente, pagará com muito mais do que apenas sangue, Tamlin.

Demetria piscou os olhos, desafiando-os a se opor à ela, ao poder que os libertara e que levou aquela fêmea até o trono dos Pesadelos. Como se fosse uma extensão daquele poder, Azriel projetava-se atrás da fêmea, sifões brilhando. E ao seu lado, Cassian mantinha uma rara feição perigosa no rosto esculpido, sua sede por sangue tornando-se clara nos olhos avelãs, a ponta de suas espadas despontando por trás dos ombros. Rhysand inclinou-se para o lado, um braço apoiado na cadeira e uma mão brevemente escondendo o sorriso que ressurgia ali. O Grão-Senhor parecia inegavelmente satisfeito ao analisar a cena, os olhos estelares contendo nuances do amor que sentia por sua parceira.

O retrato do poder em sua forma mais pura, é o nome que Feyre daria a este quadro. A fêmea de cabelos loiro-acastanhado virou o rosto para encarar Lucien, o macho encarava as próprias mãos, um sentimento tão profundo que fora gerado pela insegurança cultivada por séculos atravessou o corpo de Feyre, forçando-a segurar os dedos de seu parceiro, esperando oferecer conforto naquele gesto, o que havia funcionado pela maneira que Lucien relaxou no mesmo instante.

─ Você pode estar disposto a acreditar nele, Rhysand, mas como alguém que compartilha a fronteira com a corte de Tamlin, não me convenço.─ Declarou Beron, um olhar sarcástico.─ Talvez meu filho errante possa explicar.

O corpo de Lucien tencionou novamente ao sentir os olhares de seus irmãos queimarem sua pele. Feyre apertou suas mãos com mais força, mantendo sua atenção no rosto de seu parceiro enquanto imaginava a forma que os lábios de Demetria deveriam ter se franzido, os olhos ganhando um tom ainda mais escuro, o perigo espreitando em cada cintilar.

─ Creio que não seja necessário que meu emissário opine sobre algo tão óbvio.

Eris riu, deboche soando. Sem possuir quaisquer noções do perigo em sua frente, imaginou Feyre. O macho observou Nestha, a mesma o encarou em resposta, erguendo uma sobrancelha, desafiando-o a falar.

─ Uma pena que não trouxe a irmã. Soube que a falsa parceira de nosso caçula é uma beldade.

Mor cutucou a própria coxa, desinteressada, antes de responder Eris com tranquilidade:

─ Você realmente gosta de se ouvir falar, Eris.─ Ela ergueu a cabeça e o encarou sem expressão.─ Bom saber que algumas coisas não mudam ao longo dos séculos.

─ Bom saber que depois de quinhentos anos você ainda se veste como uma vadia.

Feyre mal conseguiu registrar o que se seguiu. Num momento, Azriel estava sentado. E no outro, havia avançado na direção de Eris, cruzando o escudo com um clarão azul e o derrubou de costas, madeira se partiu abaixo dos dois. Cassian xingou em alto som, disparando na direção de Azriel, acabando por se chocar contra uma parede azul, ele socou a barreira. O Mestre-Espião os selou ali dentro. Rhysand abriu a boca, cogitando ordenar que Azriel parasse, mas foi interrompido pelo erguer da mão de Demetria que sequer lhe ofereceu um olhar, sua atenção mantida em Beron, malícia sendo refletida em cada mísero traço de seu rosto. O Grão-Senhor se reteve, sorrindo.

─ Chame seu morcego gigante de volta.─ Ordenou Beron a Demetria e Rhysand, ambos pareciam entretidos com a cena, observando Azriel acertar mais um golpe em Eris com diversão.

─ Você mesmo poderia pará-lo, mas como alguém que tem noção do poder deste morcego gigante, não o vejo conseguindo.─ Ela inclinou a cabeça para o lado num gesto puramente gatuno.─ Talvez seu filho errante possa explicar.

Beron rosnou, irado. Lucien parecia compartilhar o mesmo sentimento que seus Grão-Senhores, chegando a se inclinar para observar melhor a cena.

No chão, Azriel apertou o pescoço de Eris com as mãos cheias de cicatrizes, o Herdeiro Outonal debateu-se sob o guerreiro. Não havia combate físico, pois há uma regra contra, porém o illyriano conseguiu desviar-se com o quer que fosse aquele poder concebido pelas as sombras, Feyre acreditou que as sombras deslizando por seus dedos tivessem o escondido da magia irrevogável. Ninguém parecia disposto a interferir, a não ser Beron que permitiu suas chamas vagassem com fúria, agredindo o escudo quando o illyriano enterrou o joelho no estômago de Eris, o esforço sendo em vão, uma vez que as sombras transformaram o fogo em água com rapidez.

─ Chame seu morcego gigante de volta.─ Repetiu Beron. A pele de Eris estar adquirindo um tom mais vermelho que os próprios cabelos. Por sua vez, a Grã-Senhora piscou os olhos da maneira mais lenta possível, o gesto carregando desinteresse, e foi necessário apenas um estalar de dedos para que Azriel parasse. 

Rhysand sorriu novamente.

O Mestre-Espião ergueu a cabeça e pareceu aplicar bastante esforço para separar suas mãos do pescoço de Eris, o qual respirou tão desesperadamente que engasgou. O rosto belo de Azriel virou e o olhar de ódio que Feyre enxergou lhe deixou fixa onde estava. Demetria não se afetou, na verdade, apenas levantou-se, o vestido dançando em torno de seus pés quando aproximou-se do illyriano, enfrentando as memórias refletidas nas orbes avelãs. Mor tremia da cadeira, desviando sua atenção para longe, o rosto pálido. Azriel se voltou para Eris, inclinando-se para sussurrar em seu ouvido, as palavras empalideceram o filho do Grão-Senhor ainda mais.

O escudo desceu e as sombras dispersaram. Beron golpeou. E, acompanhada por Lucien, Feyre ofegou em frente da visão da noite projetando-se em torno do corpo de Demetria e engolindo as chamas rapidamente. A Grã-Senhora sorriu novamente, exalando uma magia primordial. Ela não distanciou o olhar da figura de Azriel, mas as palavras ditas haviam sido direcionadas ao Grão-Senhor:

─ Espero que as chamas de seus filhos sejam mais poderosas.

Helion riu. Demetria estendeu uma mão a Azriel e o levou diretamente para sua cadeira ao lado de Rhysand, sentando o Mestre-Espião, gesticulando para Nestha. A irmã de Feyre moveu-se até a mesa mais próxima, agarrando e inclinando uma garrafa de vinho numa taça com um movimento rápido que apenas um feérico poderia possuir. Mor, que parecia ter retornado a si mesma, abriu a boca para dizer algo ao illyriano mas Cassian tocou suavemente seu joelho e balançou a cabeça, silenciando as palavras da fêmea.

─ Havia imaginado que esta reunião não precisaria de tanto esforço, pois já havíamos discutido uma situação parecida e é inegável o resultado que obtemos, caso tenham se esquecido. No entanto, estive enganada. E não os deixarei cometer o mesmo erro. Aliados ou não, não o impedirei, se mais alguma ofensa for direcionada à minha corte.

Nestha aproximou novamente, uma taça de vinho que entregara à Demetria. Ela sentou-se novamente e observou a Dama dos Pesadelos estender o vinho para Azriel, mantendo um sorriso sem mostrar os dentes nos lábios, algo que desapareceu ao virar-se para os Grã-Senhores.

─ A guerra se aproxima, ─ Declara a única Grã-Senhora. Em seus olhos esverdeados, as centelhas prateadas brilhavam contrastando com magia ondulando em torno de sua figura como num manto que ameaçava engolir a todos ali.─ é hora de decidirem o que é mais importante: suas birras ou a vida de um continente inteiro. Então, a reunião finalmente começará?

Eris esfregou a própria garganta com a mão, os olhos preocupados de sua mãe em sua figura. Beron continuava a exibir suas feições carregadas de raiva conforme Thesan esfregava as têmporas, ligeiramente afetado pelo o estresse da situação, dizendo:

─ Isso é um mau sinal.

Helion liberou um risinho, virando-se para sua própria delegação. Uma fêmea de cabelos esverdeados num corte que fazia os fios roçarem em sua bochecha revirou os olhos e uma outra fêmea exibia um sorriso só visto em crianças travessas. Liyandrea e Gym, os nomes vagaram por sua mente e Feyre sabia que fora Lucien quem plantou tais nomes sem sequer possuir controle.

 ─ Acho que me deve dez moedas.─ O Grão-Senhor da Corte Diurna cruzou um tornozelo sobre um joelho, exibindo as coxas poderosas e lustrosas. Tal gesto pareceu atrair o interesse momentâneo de Muireann, antes que a mesma desviasse o olhar como rapidez, franzindo o nariz, incomodada com os próprios pensamentos.

O macho gesticulou com uma mão, a pilha de papéis que Tamlin havia trago flutuaram até seus dedos e, com um estalar de dedos, outras pilhas surgiram diante de cada cadeira na sala. Muireann esticou a mão, capturando um dos documentos e os analisando rapidamente.

─ Cópias.─ Disse Helion, já analisando as páginas que continha e estalou a língua.─ Se tudo isso é verdade, ─ Tamlin grunhiu com a provocação.─ então sugiro duas coisas: primeiro, destruir os estoques de veneno feérico de Hybern. Não duraremos muito se os transformaram em armas tão versáteis. Vale o risco de destruí-los.

Kallias ergueu uma sobrancelha e proferiu:

─ Como sugere que o façamos?

─ Diria que uma equipe será suficiente para descobrir onde escondem os depósitos, ou acredito que Tamlin seja capaz de descobri-los facilmente como um aliado.─ Vagueia Muireann, ainda lendo, franzindo levemente o cenho.

─ Nós cuidaremos disso.─ Ofereceu Tarquin após o comentário da prima. Varian assentiu.─ Devemos isso a eles, por Adriata.

─ Não há necessidade.─ Diz Thesan.

Todos piscaram. O Grão-Senhor da Diurna cruzou as mãos no colo. Rhysand e Demetria trocaram um olhar. Ao seu lado, Lucien pareceu inquieto por um mero instante.

─ Uma de minhas mestres funileiras esteve esperando durante as últimas horas. Gostaria que ela se juntasse a nós agora.

Uma feérica surgiu no limite do círculo, ela realizou uma reverencia tão breve que Feyre viu nada além de pele marrom-clara e cabelos pretos, longos. Suas roupas semelhantes às de Thesan, as mangas haviam sido repuxadas até os antebraços e a túnica, abotoada até o peito. A mão direita era feita de ouro, mecânica. A Archeron olhou para Lucien, diretamente para o olho mecânico que rangia suavemente. 

─ Meu senhor.─ Disse ela, respeitosa à Thesan. O Grão-Senhor sorriu, gesticulando.

─ Nuan é uma das minhas artesãs mais habilidosas.

Rhysand se recostou no assento, reconhecendo o nome com um erguer de sobrancelhas. Thesan continuou:

─ Talvez a conheçam como a pessoa responsável por dar ao seu emissário, a habilidade de usar o olho esquerdo depois que Amarantha o removeu.

Nuan assentiu em confirmação e seus olhos ganharam certo brilho ao encontrar a figura de Lucien dentre a delegação da Corte Noturna, ambos trocaram sorrisos. Feyre os observou, quietamente. 

─ E o que isso tem a ver com o veneno feérico?─ Helion perguntou. O amante de Thesan grunhiu com o tom e fora tranquilizado com um único olhar do Senhor do Crepúsculo. Nuan não pareceu afetada.

─ Encontrei uma solução para ele.

Thesan gesticulou.

─ Ouvimos rumores sobre o veneno feérico ter sido usado nesta guerra, usado no ataque a sua cidade, Rhysand. Achamos melhor investigar o assunto antes que se tornasse uma fraqueza mortal para todos nós. Além de ser uma funileira sem igual, Nuan é uma habilidosa alquimista.

─ Graças a amostras obtidas depois do ataque a Velaris, pude criar um... antídoto, de certa forma.

─ Como conseguiu essas amostras?─ Indagou Cassian, proferindo uma dúvida que parecia ressurgir no olhar de Mor.

Lucien falou:

─ Eu entreguei as amostras.─ Demetria virou-se brevemente, ainda de pé ao lado de Azriel.─ Nuan conseguiu me contatar depois do ataque, mas não quis dar esperanças falsas. 

Contrariando expectativas, Demetria sorriu e um pensamento flutuou até ele: "Parece que jamais deixará de ser uma raposa". Lucien sequer ousou disfarçar o mínimo sorriso que dançou em seus lábios.

─ A Mãe nos forneceu tudo de que precisamos nesta terra.─ Prosseguiu Nuan.─ Então, foi uma questão de descobrir o que, exatamente, ela nos deu em Prythian para combater um material de Hybern capaz de acabar com nossos poderes.

Muireann ergueu uma sobrancelha, refletindo uma impaciência que poderia ser encontrada em Helion, o que Thesan pareceu ter notado.

─ Nuan conseguiu rapidamente criar um pó para ingerirmos com bebida, comida, como quisermos. Garante imunidade ao veneno feérico. Já tenho trabalhadores em três das cidades fabricando o máximo possível para distribuir a nossos exércitos unificados.

─ Mas e quanto a objetos físicos feitos de veneno feérico?─ Pergunta Tarquin.─ Eles tinham luvas no campo de batalha para destruir escudos.

─ Contra isso, só têm sua inteligência como escudo. O composto que fiz protegerá apenas vocês e seus poderes de serem anulados pelo veneno. Talvez, se forem perfurados com uma arma venenosa, ter o composto no sistema anule o impacto. 

Silêncio recaiu. Beron pareceu inclinado a discordar, ou ditar palavras que certamente não serviriam para acolher Nuan, porém a Senhora Outonal tocou seu braço, interrompendo-o com pressa, atraindo os olhos escuros em sua direção, ela encolheu-se e Lucien grunhiu na cadeira em que estava, alertando levemente Eris.

─ Não há uma alma incapacitada na Corte Crepuscular.─ Afirma Demetria, ela estalou os dedos e um assento arrastou-se até ela para que pudesse sentar-se.─ Tomarei seu antídoto. Veneno feérico é algo com que prefiro manter distância após cinquenta anos.

─ Também tomarei, assim como minha corte e meus exércitos.─ Rhysand continua, assentindo em agradecimento a Nuan.

Thesan pareceu agradecido e assentiu a Nuan, dispensando-a. A fêmea se foi, mas não sem antes oferecer mais um sorriso a Lucien. O Senhor do Crepúsculo direcionando-se novamente para Helion. 

─ Você falou que tinha duas sugestões com base na informação que analisou.

─ De fato, creio que a Corte Primaveril precise ser evacuada.─ Helion olhou para Beron e Tarquin, suas orbes escorregando brevemente na direção de Muireann.─ Decerto seus vizinhos do norte os acolherão.

O lábio de Beron contraiu, insatisfeito.

─ Não temos recursos para tal coisa.

─ Certo.─ Viviane pronunciou, o tom entediado.─ Porque estão todos ocupados polindo cada joia de seu tesouro.

O Grão-Senhor lançou um olhar a ela que fez Kallias ficar tenso, apesar de sua parceira estar enfrentando-o firmemente.

─ Esposas foram convidadas como cortesia, não como consultoras.

Os olhos de Viviane brilharam, insultada.

─ Se esta guerra acabar mal, estaremos sangrando bem ao lado de vocês, então, acho que podemos muito bem dar nossa maldita opinião sobre as coisas.

─ Hybern fará coisas muito piores que matá-la. Uma coisinha jovem e bela como você, principalmente.

─ E Hybern ficará infinitamente satisfeito em mostrá-lo que suas opiniões não valem de nada.─ Retruca Viviane, as feições congeladas num desdém absoluto. Beron sorriu.

─ Apenas quatro de nós estávamos presentes na última guerra.─ Um aceno para Rhysand, Helion e Muireann que fecharam as feições.─ Não se esquece com facilidade o que Hybern e os Legalistas fizeram com as fêmeas capturadas em seus acampamentos de guerra. O que reservaram para as fêmeas Grã-Feéricas que lutaram pelos humanos, ou tinham famílias que lutaram.─ Ele colocou a mão no braço fino de sua esposa que retraiu-se.─ Suas duas irmãs demoraram a fugir quando as forças de Hybern fizeram uma emboscada em suas terras. As duas jovens jamais saíram daquele acampamento de guerra.

Helion observou Beron com atenção e reprovação. Lucien parecia incomodado com as palavras ditas, Feyre pôde sentir profundamente através do laço que os ligava. Muireann desviou o olhar da cena e Cresseida esticou uma mão, tocando a pele da irmã com cuidado, silenciosamente consolando-a. A Senhora da Corte Outonal manteve a concentração na água que ondulava, ela parecia mortalmente pálida como um cadáver.

─ Abrigaremos seu povo.─ Interrompeu Tarquin, em voz baixa, para Tamlin.─ Independentemente de seu envolvimento com Hybern, seu povo é inocente. Há bastante espaço em meu território, abrigaremos todos eles se for preciso.

─ Então, as Cortes Sazonais se tornarão ossuários e pensões, ─ Falou Beron.─ enquanto as Cortes Solares permanecem intocadas aqui no norte?

─ Hybern concentrou seus esforços na parte sul.─ Esclarece Demetria, os dedos movendo-se pela saia de seu vestido.─ Assim poderiam estar perto o bastante da muralha e das terras humanas.

─ Por que se dar o trabalho de atravessar os climas setentriocinais, os territórios feéricos no continente, ─ Prosseguiu Rhys.─ quando se pode tomar o Sul e usá-lo para ir diretamente às terras humanas do continente?

─ E acredita que os exércitos humanos ali se curvarão a Hybern?─ Questiona Thesan.

─ As rainhas nos entregaram.─ Nestha diz.─ Pelo dom da imortalidade, as rainhas humanas permitirão que Hybern destrua qualquer resistência. Podem muito bem entregar o controle dos exércitos a ele.─ Ela virou-se para Demetria, ambas trocaram um olhar cheio de malícia.─ Graças ao nossos esforços, uma rainha... repensou sobre suas ações e já refugiou os humanos da ilha em seu reino.

─ O destino dos humanos abaixo da muralha não é de nossa conta. Principalmente em um pingo de terra sem rainha, sem exército.─ Interrompe Beron mais uma vez. 

─ No momento, não é necessário sua opinião, ou irá se juntar a nossas forças?─ Demetria ergue uma sobrancelha, espirais negros escorregando por sua pele.

─ Ainda não decidi.

Eris voltou-se para o pai com uma feição de desaprovação. E um de seus irmãos riu.

─ Leva tempo para reunir exércitos.─ Cassian declarou.─ Você não tem o luxo de ficar sentado sem fazer nada. Precisa reunir seus soldados agora.

Beron riu com desprezo.

─ Não recebo ordens dos bastardos de vadias feéricas inferiores.

─ Esse bastardo ─ Cuspiu Nestha, o olhar queimando.─ pode acabar sendo a única barreira entre as forças de Hybern e seu povo.

Ela nem mesmo piscou ou olhou para Cassian, mas o macho lhe encarou como se fosse a única coisa que enxergou após séculos na escuridão. Demetria possuía gelo no lugar dos olhos quando balançou uma mão, dispensando Beron.

─ Se não há nada que possa acrescentar, receio que esteja na hora de ir, Beron.

Ignorando o olhar preocupado de Eris, Beron sibilou para ela:

─ Rhysand quer bancar o herói. A vadia de Amarantha se torna o Destruidor de Hybern. É um bom título, não é? Mas se der errado...

Demetria virou o rosto em sua direção. Não havia cintilar, apenas uma fria e sólida escuridão quando espreitou o olhar, uma serpente podia-se ser vista em suas orbes. Ali, é onde podia-se encontrar aquela fêmea que rodeou-se em sombras e noite, sendo nada além de um espírito dominado pela crueldade. A Dama dos Pesadelos ergueu o queixo, silenciosamente desafiando Beron a dizer as palavras seguidas. Rhysand a encarou, uma máscara sendo posta para que ninguém conseguisse enxergar quão alarmado estava diante daquela visão.

 A última vez que Demetria havia ficado tão perigosamente quieta, ela havia ceifado uma vida. Beron continuou, sem importar com as consequências:

─ Ele vai se ajoelhar para Hybern? Ou apenas abrir as...

Ele tombou, o rosto pálido e olhos vidrados. Eris esticou uma mão, tocando o ombro de seu pai, mas Beron não se moveu, paralisado como uma estátua. Demetria ergueu-se, Cassian a acompanhou como uma sombra iluminada por tons carmesim, a coloração refletindo-se no vestido escuro que a Grã-Senhora trajava, criando a impressão que a mesma parecia coberta por sangue. A fêmea inclinou-se, agarrando o rosto de Beron, cravando as unhas na pele, sem importar-se com os olhares que prometiam violência. Atrás da mesma, o illyriano general os silenciou, utilizando o brilho de seus sifões.

Os olhos de Demetria pareciam mais prateados do que esverdeados quando puxou o rosto do Grão-Senhor ao ponto de seu nariz encostar no dele, escuridão escapando de sua pele quando o fez. Uma gota de sangue escorregou pela pele do macho. Dentro de sua mente, repuxando o laço que os ligava, Rhysand chamava seu nome repetidas vezes.

─ Estes séculos em que ninguém sequer considerou sua presença importante ao ponto de cogitar matá-lo pode ter lhe feito cair no engano de que é importante, mas, não se iluda. Você é nada, além de um lixo que garantiu que seria substituído.─ Os espirais negros flutuaram e pareceram apertar-se ao redor do corpo de Demetria quando ela esticou os lábios em um sorriso desalmado.─ Ponha-se em seu lugar antes que eu mesma o faça.

Ela afastou-se, porém ainda não parecia aquela fêmea que conheciam. Era mais como uma sombra, uma personificação daquilo que encontrava-se escondido nas sombras, espreitando e sibilando numa tentativa de atrair uma alma, afim de devorá-la por completo. Demetria, não... A Dama dos Pesadelos virou-se para os outros Grão-Senhores. Beron continuava aprisionado em sua mente, incapaz de falar ou mover-se. Seus filhos pareciam perplexos demais para reagir contra a fêmea ou apenas temessem a retaliação que Cassian reservou a eles. Quem proferiu as próximas palavras surpreendentemente foi Nestha:

─ Sinto muito pela perda daquelas crianças. A perda de uma é terrível.─ Ela olhou na direção de Kallias.─ Mas vocês são tudo que há. Vocês são tudo o que há entre Hybern e o fim de tudo que é bom e decente. Podem odiar humanos, não me importo. Mas, pelo menos, defendam seu povo, pois Hybern nos fará de exemplo. Nos usará para mostrar o que ocorre caso forem confrontados.

─ E você poderia saber disso?─ Questiona um dos filhos de Beron, cheio de desprezo.

─ Entrei no Caldeirão.─ Diz Nestha, os olhos queimando em chamas prateadas e gélidas.─ Ele me mostrou o coração do rei. Ele vai derrubar a muralha e massacrar aqueles dos dois lados dela.─ Ela respirou, sua postura revelando além da confiança inabalável que Nestha Archeron sempre possuiu e sempre possuirá, acredita Feyre.─ O passado é o passado, eu me importo com a estrada adiante, me importo em não deixar nenhuma criança, seja humana ou feérica, sofrer. Todos vocês foram incumbidos de proteger esta terra. Como podem não lutar por ela?

Eris e a Senhora Outonal pareceram considerar, refletir. Os olhos vermelhos da fêmea encontravam-se suaves quando voltou-se para o filho, uma conversa silenciosa sendo trocada antes que Eris assentisse com a cabeça.

─ Iremos considerar.─ Disse, a voz firme. E ele não pareceu temer a figura de Demetria quando a fitou, espreitando brevemente o olhar.─ Agradeceria profundamente se libertasse sua mente.

Demetria bufou uma risada, o som de sinos flutuou pelo salão. Beron piscou os olhos, seu corpo continuava ligeiramente inclinado, como se estivesse a um passo de simplesmente vomitar por todo o piso. A Senhora da Corte Outonal não ousou tocá-lo, preferindo esticar uma mão e apoiar-se num dos filhos, aquele que possuía os mesmos cabelos laranjas e inclinação a crueldade que seu irmão mais velho. Ele mal reconheceu a figura da mãe.

Nenhuma delegação ou Grão-Senhor dissera enquanto observava a Corte Outonal retirar-se lentamente, Feyre notara a tensão rodeando os ombros de Muireann quando a mesma acompanhou a silhueta da Senhora Outonal e lançou um disfarçado olhar na direção de Helion, porém quando Beron atravessou o portal, ainda parecendo instável sobre seus pés, Viviane levantou-se, o queixo erguido e os olhos inteligentes fixos em Nestha, depois em Demetria.

─ Lutarei com você.

Cresseida levantou-se, possuindo a mesma postura.

─ Também lutarei.

As duas olharam para os machos de suas cortes. Tarquin e Kallias levantaram-se, demonstrando apoio. Assim como Helion que ofereceu um sorriso à Rhys e Demetria. Por fim, Thesan e Tamlin. Nestha piscou os olhos, lançando brevemente um olhar na direção de Feyre e a mais nova das Archeron desejou que a recém-feérica pudesse enxergar quão orgulhosa estava das conquistas feitas pela a irmã, apesar das contradições que as rodeava.

As conversas se seguiram. Demetria encontrava-se novamente em sua cadeira ao lado de Rhysand, atenta aos comentários e adicionando detalhas, questionando o que for necessário com o apoio de seu parceiro. Duas horas depois, ninguém havia declarado os próprios números, armas ou fraquezas. Não demorou para que a tarde arrastar-se para uma noite sem estrelas, Thesan foi o primeiro a se levantar como o anfitrião que é.

─ Todos são bem-vindos a passar a noite e retomar esta discussão pela manhã, a não ser que queiram voltar para a casa.

Com uma troca de olhar entre seus Grão-Senhores, eles decidiram permanecer.

─ Correu tudo bem. Parece que nenhum de nós ganhou a aposta sobre quem brigaria primeiro.─ Comentou Rhys, levantando-se da cadeira e passando uma mão pelos cabelos escuros. As delegações haviam sido guiadas para as suítes na companhia de criados trêmulos diante da responsabilidade, restando assim a Corte Noturna e a Corte Invernal no salão. 

Azriel refugiou-se numa feição que deixava claro sua desolação, a vergonha que possuía de suas ações que facilmente poderiam prejudicar a imagem de seus Grão-Senhores. 

─ Não ouse se desculpar.─ Dita Demetria, indiferente, os olhos fixos no Mestre-Espião que a olhou com certa surpresa. 

─ Ele mereceu.─ Determinou Viviane.─ Eris é um merda.

Kallias piscou os olhos, virou-se para a parceira que deu de ombros, sem se incomodar com a silenciosa repreensão.

─ O quê?─ Ela arqueou uma sobrancelha e ofereceu um sorriso à Azriel.─ Ele é, você realizou um de meus maiores sonhos, obrigado.

─ Seja como for, ─ Profere Kallias.─ ainda resta a questão sobre se Beron lutará conosco.

─ Beron é um covarde que detesta perder. Se todos os outros se unirem, haverá uma chance de que Hybern saía como perdedora e ele não irá se arriscar.─ Demetria disse.

Rhysand assentiu e olhou Kallias com cuidado.

─ Quantas tropas tem?

─ Não o suficiente. Amarantha fez bem seu trabalho. Temos o exército que Viv comandou e escondeu, não muito mais. Você?

─ Temos forças consideráveis. A maioria legiões illyrianas. E alguns milhares de Precursores da Escuridão. Mas precisaremos de todos os soldados que possam marchar.

Viviane afastou-se, caminhando até Mor, que ainda estava pálida em sua cadeira. Ela apoiou as mãos nos ombros da amiga e esticou os lábios num sorriso gentil e caloroso, o contrário das cores gélidas que trajava.

─ Sempre soube que lutaríamos lado a lado um dia.─ Confessou, suave.

Mor ergueu os olhos castanhos temerosos e algo tornou-se melhor, relaxando seus músculos, chegando fazê-la sorrir.

─ Quase faz com que eu sinta pena de Hybern.─ Respondeu, a voz rouca.

─ Quase.─ Viviane libera uma risadinha maliciosa.─ Mas não exatamente. 

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