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nineteen. unsettling

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Demetria cercou a si mesma com os próprios braços, aqueles olhos encontravam-se mais prateados do que esverdeados conforme mantinha sua atenção no horizonte, franzindo as sobrancelhas como se estivesse em frente a uma questão complicada. Não parecia sentir os ventos carregados com a frieza da noite atingir sua pele nua, seus pensamentos encontravam-se num lugar distante, chegando até mesmo a impedi-la de reconhecer aquela presença que aproximou-se, repuxando os lençóis para reivindicar um espaço ao lado da fêmea. Uma mão bronzeada estendeu-se, os dedos escorregando pela tez pálida até que a mesma piscasse os olhos, escapando dos pensamentos que a aprisionara. 

Um suspiro escapou de seus lábios quando envolveu os braços em torno do torso de seu parceiro, a bochecha sendo pressionada contra o ombro, encontrando conforto na pele quente. Rhysand franzindo o cenho, beijou os cabelos castanhos, sem importar-se quando a sentiu abraçá-lo mais forte. A mão direita de Demetria, aquela cujo o acordo feito entre eles tornava-se clara quando a magia de disfarce caía, os dedos contornando os músculos com tanta leveza que Rhys mal pode sentir, apesar da pele arrepiar com o toque.

"Você está sentindo isso?" De maneira oscilante, a fêmea murmurou em sua mente.

Ela pressionou um dedo sobre a ponta de uma das tatuagens espalhadas por seu peito, o cenho franzido no que parecia ser uma espécie de preocupação incômoda, uma feição que exibia desde o sol escondeu-se atrás do horizonte, apesar de ter disfarçado muitíssimo bem com a aparição do Senhor do Dia, Helion, após um jantar rápido. Demetria rira, os olhos preocupados na forma que Feyre e Lucien pareciam perdidos nos próprios pensamentos e comentários espirituosos sobre a reunião escorregando por sua boca sem hesitação. E simplesmente deixou a fachada que construiu desabar quando adentrou naqueles aposentos.

O macho tocou em sua mão, entrelaçando os dedos delicadamente, apertando-a por um breve momento.

"Sinto você"  As sombras ondulantes ronronaram em resposta, acolhidas por uma bruma obscura que sibilou suavemente, porém ainda inquietas, refletindo os sentimentos da fêmea. Rhysand piscou os olhos estrelados, guiando seus lábios até os dela. "Sempre você"

Em meio ao beijo, pôde senti-la sorrir, rendendo-se ao conforto que seus braços lhe oferecia, afogando-se naquele sentimento responsável por seu coração acelerar e a causa daquela sensação de pertencimento que lhe domina quando encontra aquelas orbes num cômodo. Os olhos esverdeados vagaram por seu rosto, os dedos deslizando por suas bochechas até alcançar a boca sensual que exibia um sorriso suave. Seu desconforto fora esquecido conforme mergulhava no afeto do macho que amava, aquele que tomou como seu marido e parceiro muito antes de sequer possuir noção da extensão daquele laço que os conectava. Demetria aproveitou cada beijo e aperto, mantendo-se sempre focada em seu coração, jamais ousando deixar de notar a forma com que Rhysand lhe acompanhava até mesmo ali, as batidas sincronizadas com as dela. A promessa marcada em sua pele lembrava-a que continuariam assim por toda a eternidade, nunca separados, nem mesmo por um único segundo.

Um baque fora aquilo que os arrastou para longe num estupor. Designando um olhar compartilhando, ambos deslizaram pelos lençóis conforme as vozes de Nestha e Feyre soavam cada vez mais altas, um pouco acima de meros sussurros na noite.

Rhysand abriu a porta, Demetria escapou, alcançando o corredor, onde podiam ver as irmãs Archeron, a mais nova fitando o rosto da mais velha com uma centelha de preocupação exposta no rosto sardento. Mor surgira no fim do corredor, fitando a cena com certa estranheza e confusão ao passo que se desloca para perto de Feyre. Inquieta, uma Nestha avançou na direção da Grã-Senhora sem hesitação, mal importando-se que as vestes leves em seu corpo sequer a protegiam dos ventos noturnos carregados de frieza. 

─ Precisamos ir embora.─ Alegou. Uma porta abriu-se ao longo do corredor. Cassian franziu a cenho para a cena, aproximando-se em passos lentos, as asas recolhidas em suas costas.─ Agora.

Demetria aspirou o ar como se todo seu fôlego tivesse escapado de si quando absorveu o que fora dito pela feérica Feita. Os olhos verde-prata para Rhysand que rapidamente acenou, desaparecendo nas sombras ao atravessar. Feyre acompanhou a irmã de perto, não ousando realizar um único som, tomando o silêncio da Dama dos Pesadelo como um indicativo que havia razão nas palavras de Nestha.

─ Nestha, ─ O general murmurou, o olhar vagando pelo corpo da Archeron mais velha, como se não houvesse ninguém ao seu lado. Como se Nestha não tivesse agarrado os braços de Demetria em meio a sua ansiedade de ser escutada.─ o que, exatamente, parece errado?

Nestha enrijeceu o corpo, contraindo os lábios, analisando o tom e a pergunta que o general lançou em sua direção. Demetria moveu uma mão, depositando-a sobre os dedos da mais nova, encorajando-a a respondê-lo.

─ Parece que tem esse... nó. Essa sensação de que...─ Ela ergueu a cabeça, azul-cinzento encontrando a cor avelã dos olhos do illyriano. De repente, Nestha pareceu menos incerta, mais firme no que sentia.─ De que esqueci alguma coisa, mas não lembro o que é.

Cassian a fitou por mais um momento, antes de voltar-se para Demetria, aguardando por ordens.

─ Vá, encontre Azriel. Rhysand já está lá fora.

Ele não hesitou em desaparecer pelos corredores, andando em passadas rápidas e os olhos movendo-se pelas sombras, os lábios movendo-se num chamado quase silencioso pelo irmão encantador das sombras. Feyre acomodou uma mão no ombro da irmã, afastando-a suavemente para que pudesse conduzi-la para seu quarto.

Demetria as acompanhou, seu poderes daemeti esticando uma garra com o objetivo de invadir a mente que desejava, cruzando os portões de um bosque flamejante e despertando-o com um chamado de urgência. A Grã-Senhora sequer piscou ao ver os cabelos carmesim de Lucien, os olhos castanho-avermelhados captando a cena com uma centelha de incerteza. Em poucos passos, o macho estava ao seu lado, adentrando no quarto em que Mor estendia um copo d'água para a mais velha das Archeron sob o olhar atento de Feyre.

A suíte que Nestha tomou para si era um conjunto de vidraças que conectavam as paredes claras, expondo as nuvens vagando pelo céu noturno e um extenso campo esverdeados, adornadas por flores divididas entre dourado e o rosado pertencente ao alvorecer. Uma estante fora erguida ao lado de uma cama dossel ocupava boa parte do cômodo, ela poderia ser tomada como intocada se não fosse pelos lençóis que foram puxados até o piso, onde os livros podiam-se ser encontrados em pilhas. Demetria imaginou uma Nestha observando os títulos com interesse, arrancando-os de suas prateleiras para que pudesse analisar melhor a maneira como as páginas deslizavam ou o quão diferente aquela linguagem poderia ser da biblioteca na Casa de Vento, retirando os lençóis para que pudesse formar um ambiente confortável, afim de lê-los até o amanhecer aproximar-se. 

"O que aconteceu?" O pensamento de Lucien flutuou, infiltrando-se em sua mente.

Demetria não o olhou, virando-se para as janelas, encarando o horizonte por um breve instante.

"Nestha sentiu algo"

"Hybern?"

"Provavelmente, ela não sabe"

"Mas, se for Hybern..." Lucien observou Mor mover os lábios, perguntando suavemente se Nestha sentia-se mais calma, o que foi rapidamente negado com um balançar de balança. Feyre parecia perturbada pelo estado alarmado da própria irmã. ", nós não estaríamos aqui. Esse palácio estaria de pé, organizando os exércitos."

Demetria franziu as sobrancelhas, sopesando o que Lucien acabara de dizer. Havia razão ali. Hybern era uma força que utilizava golpes mortais regados de esperteza, tão sutis quanto as tempestades assolando o norte da Corte Primaveril e destemidos quanto os maremotos da Corte Invernal. A sutileza daquele povo não era a mesma que a deles, a prova estava nos ataques que forjaram ao longo da Corte Noturna. Caso, estivessem organizando um ataque tão grande que apenas uma fêmea recém-Feita como Nestha Archeron poderia sentir, haveria inúmeros sinais. Com tanta magia reunida, até os animais seriam capazes de sentir.

No entanto... Nestha continuava a contorcer-se, os ombros trêmulos e mal conseguia manter-se focada em algo além daquilo que revirava seu estômago. Não havia uma mísera intenção fingida ali. Em sua mente, Demetria ouviu Nestha, lembranças das palavras carregadas de um significado oculto.

Lucien franziu o cenho quando a Grã-Senhora deu o primeiro passo de uma rápida aproximação da Archeron mais velha em passos rápidos, ajoelhando-se na sua frente, agarrando as mãos com suavidade. Mor murmurou uma maldição no momento que Nestha ergueu a cabeça, fogo queimava em seus olhos. Feyre manteve a atenção na irmã mais velha, até mesmo quando o emissário avançou, segurando seu braço, guiando-a para longe da cena, o instinto da parceira despertando, fazendo-o afastá-la do perigo iminente. 

Demetria manteve-se firme. Os olhos esverdeados que carregavam manchas tão prateadas quanto as labaredas crepitando nas orbes da recém-feérica vagaram pelas feições devastadoramente belas antes de encarar aquele fogo, não havia hesitação da Grã-Senhora, apenas reconhecimento, a realização de que encarava uma igual.

─ Você roubou algo, ele quer de volta.─ Ela falou, a voz firme e calma que pertencia a uma fêmea que usufruiu da própria esperteza para poder sobreviver num ambiente como o da Corte dos Pesadelos.

Nestha Archeron, ou aquele estranho poder intenso, inclinou a cabeça, espreitando o olhar por um breve momento, parecendo interessada nas ações da pequena fêmea que nem ao menos exibiu algum traço de tremor diante de si. Mor chamou Demetria, o tom baixo de alerta, mas a mesma a ignorou, chegando até mesmo sorrir em satisfação ao observar Nestha acenar com a cabeça.

─ O que ele está dizendo para você?

Um longo olhar fora sua resposta.

─ Demetria, o que está acontecendo?─  Questiona Feyre, um passo sendo dado na direção das fêmeas. Os olhos azuis tão característicos viajavam entre a Grã-Senhora e sua irmã com confusão.

─ O que ele está fazendo, Nestha Archeron?─ Pressionou Demetria, mal se podia enxergar o esverdeado em suas orbes.─ Me diga.

Nestha abriu a boca carnuda, mas palavras não escaparam. Em vez disso, moveu a cabeça tão rapidamente que o som do osso estalando fez Feyre estremecer sobre suas pernas. Demetria acompanhou o movimento da Archeron mais velha, apertando ainda mais os dedos da mesma quando Cassian surgira ao lado de Rhysand.

Ela os sentiu, Nestha havia os sentido através dos mundos, atravessando com o objetivo de chegar ali. Tal percepção apenas confirmou os pensamentos da fêmea. O poder correndo por aquelas veias é muito mais do que possam sequer imaginar...

O general parou por um momento, sua atenção fixa nas mãos entrelaçadas da Grã-Senhora e da Archeron. Rhysand aproximou-se, cauteloso, enxergando o cintilar nas orbes de Demetria, sentindo uma pulsação crescente regada de preocupação através do laço que os ligava.

─ Onde está Azriel?─ Perguntou Mor, tensa.

Inquietação podia-se ser observada nas feições dos machos illyrianos, entregando a resposta que tanto esperavam. Eles não haviam encontrado o que fora a causa da aflição de Nestha.

─ Não há nada no palácio, nas terras em voltas, no céu ou na terra.─ Anuncia o general.

─ Amren buscou por Velaris, também não há nada.─ Continua Rhys.

No outro lado do quarto, uma sombra ondulou, uma figura alta de ombros largos e asas membranosas surgiu, os sifões azuis ainda acesos, mergulhando o cômodo numa luz safira. Morrigan encarou Azriel, conforme o Mestre-Espião movia-se, as sombras murmurando em seus ouvidos. O olhar avelã fitou Feyre por um momento.

─ Elain está bem, sã e salva.

Demetria balançou a cabeça, aceitando as informações oferecidas. Nestha respirou, um som sufocado que acompanhou o aperto dado nas mãos da fêmea menor.

─ Eu senti.─ Ela disse, o tom baixo e desesperado. Aquele fogo prateado ainda fervia em seus olhos.─ Algo está errado, sei que está.

Por sua vez, a de cabelos curtos lambeu os lábios rosados enquanto assentia, o cintilar de seus olhos deixava claro que não duvidava de Nestha, suas palavras apenas soaram após um suspiro.

─ Eu sei, querida.─ A Grã-Senhora acariciou os dedos da Archeron, um gesto silencioso de conforto e apoio.─ Você não mente.

Mais uma vez, Nestha balançou a cabeça com certa lentidão. As chamas pareciam ter se apagado, mesmo que minimamente, o cansaço evidente em suas feições tornou-se evidente.

Houve uma pausa. Feyre lançou um breve olhar para Lucien, encontrando sua hesitação em relação aos olhos ferverosos, o poder ascendente que corria pelas veias agora refeitas como imortais. Por si só, Nestha era instável, uma fêmea que possuía lâminas no lugar da língua e não despensava comentários cruéis, nunca havia demonstrado afeto a nada além de Elain, escondendo-se nas bibliotecas quando não estava em seu treinamento com Cassian, aprimorando o que nunca fora capaz de explorar com a criação de uma princesa.

Feyre não o julgava por não confiar, por puxá-la para longe, protegendo-a da própria irmã. Às vezes, nos momentos em que Cassian ousava demais, provocava demais, o eco daquele poder vagava pela Casa do Vento lembrando-os que Nestha era uma ladra, a única fêmea já viva capaz de destroçar uma parte das águas do Caldeirão, tomando para si uma parte e jurando nunca devolver, não quando havia aquela velha companhia da vingança acompanhando-a por todos os cantos, alimentando-se dos ensinamentos de combate e magia oferecidos. Mas, Nestha precisava de sua ajuda.

Uma vez, enclausurada no escuro com dor e desesperada, pensara que deveria ser como sua irmã, tão afiada quanto e mil vezes mais perigosamente assertiva em suas palavras, nunca dissera uma palavra sobre mas Nestha a fortaleceu, mesmo que de longe naquela sela. A imagem inabalável lhe deu a força e a lembrou pelo que estava lutando. Agora, era sua irmã mais velha parecendo-lhe tão perdida, os ombros trêmulos e os olhos inquietos.

A única pessoa capaz de acalentar Nestha era Elain, a amante fiel das flores perfumadas que tanto ajudava a crescer nos jardins da Casa da Cidade quando tinha oportunidade.

Elain não estava ali. Quem estava era Feyre, a besta semisselvagem que Nestha desprezava.

Feyre deu um passo. Afastando-se do toque exalando calor reconfortante, ignorando os pensamentos de que as palmas sempre quentes de Lucien era um reflexo do poder herdado por seu pai, Helion, ela caminhou até sua irmã mais velha, deixando que a relação espinhosa cultivada por ambas se torne cinzas em suas costas enquanto Nestha precisar dela.

Teve certeza de manter as mãos sob a visão da Archeron mais velha quando as ergueu, as pontas dos dedos tocando nos tecidos finos pertencentes à Corte Crepuscular que cobriam o corpo de Nestha, sendo alvo daquelas orbes impregnadas dum poder imensurável e desconhecidos.

─ Está tarde.─ Ela murmurou, voz baixa numa imitação de uma Elain amorosa que esperava ser o bastante para acalmar a mais velha.─ O dia será longo amanhã, é melhor um descanso por agora.

Sem dizer uma única palavra, Nestha voltou-se para Demetria a tempo de testemunhá-la endireitando-se, dando tapinhas no ombro de Feyre com um pequeno erguer de lábios. Os olhos verde-prata espreitaram-se na direção da Archeron por um breve momento antes de piscá-los.

─ Quando voltarmos para Velaris, pedirei à Amren que foque no treinamento de sua magia.─ Determinou ela. Rhysand já estava ao seu lado, um braço por cima dos ombros da pequena fêmea e uma mão alcançando os dedos da mesma.─ Mas por agora, descanse.

Demetria lançou um olhar para Feyre, o contato durou pouco mais de um mísero segundo, e a mais nova estava inclinando-se para agarrar um punhado de lençóis largados no piso, afim de cobrir a irmã. Apática, ainda presa na própria mente, Nestha permitiu que Feyre a confortasse em meio à seda e nos travesseiros macios. Um gesto realizado por Rhysand foi o suficiente para que a Corte dos Sonhos se reunisse, caminhando para fora do quarto em passos lentos e hesitantes.

Lucien e Cassian sendo os últimos, ambos encarando a cena que desenvolvia em suas frentes com as sobrancelhas franzidas. Feyre sentou-se no colchão após amassar um dos travesseiros e apoiá-lo próximo a cabeça de Nestha, ela não disse uma única palavra a irmã, apenas deixou a mão descansar ao lado de Nestha, a palma virada para cima. Esperando, pacientemente. Demorara um, dois, três minutos inteiros.

Mas Lucien e Cassian estavam ali, de pé, observando-as como dois falcões, alertos.

Lucien poderia jurar que a pele de Feyre brilhou como se inúmeras estrelas tivessem sido aquilo que moldara a mesma quando Nestha agarrou a mão da irmã mais nova, entrelaçando seus dedos nos dela conforme fechava os olhos, sem dúvidas tentando empurrar-se para um sono que nunca a acolheria, não depois do que passara dentro do Caldeirão.

Pelo canto do olho, Cassian vislumbrou as feições daquilo que se resumiria num amante dedicado, cujo coração sempre esteve nas mãos de sua parceira, qualquer que seja sua decisão. Se ela quisesse desfazer seu amor em cinzas, estava tudo bem. E se realmente desejasse tê-lo...

Há muito tempo, ouvira os murmúrios sobre o novo garotinho que Beron pôs no mundo, lembrava-se vagamente de ter dito algo sobre a Mãe estar lívida por ter mais uma criança com aquele sangue demoníaco correndo pelas terras de Prythian. Lembrava-se de divagar em sua mente sobre quão diferente era daquele menino, algo relacionado a uma comparação estúpida entre os dois.

E naquele instante, lembrou-se de tais pensamentos, pois percebeu que Cassian e Lucien encontravam-se sendo iguais, enfrentando uma mesma situação, porém a batalha que enfrentavam eram diferentes, o coração que tanto guerreavam contra eram pólos opostos e certamente próximos demais no que se referia ao sangue que os bombeava.

Feyre continuava a fitar sua irmã. Lucien continuava ali, parado como uma estátua, esperando pela certeza de que ela estava bem. E Cassian não podia continuar ali. Não quando Nestha piscou os olhos por um momento e pôs aquelas orbes azul-acinzentado nele, pôde sentir aquele desprezo e aquele sentimento que nunca sabia como decifrar.

Ele se vai. Mais uma vez, provando quão diferente é do Vanserra.

No lado de fora, uma Mor sequer conseguia disfarçar sua curiosidade e nervosismo na forma que balançava o corpo como se fosse uma brisa, mantendo os olhos distantes dos de Azriel, a cena que ocorrera na reunião a assustou, tornando-a um cervo melindroso.

─ Demetria, o que está acontecendo?─ Entoa a fêmea de cabelos dourados.

Demetria tomou um minuto inteiro para fitá-los, escaneando cada mísero detalhe de suas feições, parando em Rhysand, onde um pequeno aceno a fez respirar fundo, os ombros mal levantados como se carregasse um peso ali quando lançou um último olhar para a porta do quarto de Nestha.

─ Ela consegue senti-lo.

Mor aguardou pela continuação que nunca veio. Cassian franziu o cenho, dando um passo na direção da Grã-Senhora.

─ Sentir? O que Nestha consegue sentir?

O par de olhos verde-prata estava nele quando a voz clara e tão tempestuosa quanto um trovão cortando uma noite solitária pronunciou:

─ Nestha não sabe o que roubou, mas isso a fez sentir, ─ Ela moveu a cabeça, uma sombra de preocupação manchando suas belas feições conforme analisava Feyre e Nestha.─ ela está conectada com o Caldeirão.

Zion tropeçou, as asas eriçadas ajudaram-o a manter o equilíbrio conforme movia cegamente as mãos para poder segurar o menino atrás de si, impedindo de cair sobre a neve. O ar invadiu seus pulmões, tão cortantes quanto gélidos, no instante que respirou fundo. Já havia afundado nas memórias de seu árduo treinamento quando moveu a cabeça, analisando o redor sem pressionar quaisquer perguntas contra June. O pequeno illyriano inutilmente tentava controlar as próprias emoções, enxugando as lágrimas escorregando por suas bochechas e deixando marcas na neve.

─ Onde estamos?─ A voz soa baixa e quase desaparece nos soluços, parecendo infantil demais aos seus ouvidos. Zion mal lhe deu sinais que havia o escutado, de alguma forma o choro intensificou por um instante antes que respirasse, lembrando-se dos treinamentos feitos com Devlon.

Um illyriano não permitia que suas emoções atrapalhassem. Quase podia ver o illyriano mais velho zombando dele pelo estado que estava.

Mas, June não podia se considerado culpado.

Não havia se recuperado da maneira com a qual despediu-se dos machos que o acolheram como um filho, levando-os diretamente para uma família que se importava profundamente com ele. Havia um sussurro sombrio em sua mente que o aprisionava, puxando-o para o dia no qual havia perdido seu pai, um illyriano de sorriso sombrio e seus olhos castanhos brilhantes, ao lado de sua mãe, uma fêmea que sempre o ajudava a limpar suas asas com delicadeza, durante uma revolta feita por Keir. E agora, mais uma vez, sentia que estava perdendo quem amava por conta daquele macho desprezível.

─ Precisamos ir, ─ Anunciou Zion, já há três passos de distância do menino. Seus olhos estavam em June quando estendeu uma mão.─ precisamos ir agora.

Ele não questionou.

Zion havia enfrentado até o final um treinamento na companhia de Devlon e outros Lordes, seus sifões não eram tão importantes quando se levava em conta quão brutal o illyriano poderia ser sem eles. Às vezes, June escondia-se e observava Zion num breve combate com Jolrien, interessando pela maneira que o mesmo movia-se como se a lâmina fosse uma extensão de seu corpo, mal parecendo sentir a dor dos golpes conforme avançava, pressionando cada vez Jolly. Ele perdera todos, mas chegava perto de vencer. E, para June, já era incrível o bastante.

Por longos e tortuosos minutos, mergulharam num silêncio incomodativo, onde até mesmo o assobio do vento infiltrando-se entre as tristes e mortas folhas que restavam nos galhos, agitando-as ao ponto das mesmas desabarem, fluindo pelo ar frio até alcançarem a invernia que se estendia ao redor como se fosse as garras das montanhas que podiam ser vistas marcando o horizonte, prontas para congelar pele e ossos, alimentando a fúria dos espíritos invernais.

As botas de June afundavam, uma sensação incômoda crescente quando sentia a neve acumulada tornar-se água, invadindo o breve espaço entre sua pele e o couro, molhando suas solas, aprisionando num tormento conforme o ar parecia esfriar ainda mais, parecendo sentir o momento em que o sol permitiria a lua ocupar seu espaço nos céus na companhia das estrelas. A noite reivindicaria seu espaço, mais uma demonstração dentre as milhares do quão surpreendente por ser o céu da Corte Noturna.

Pensar na noite em si lhe deu náuseas, pois era acompanhado de olhos cruéis, sorrisos tranquilos e abraços calorosos oferecidos por uma pequena fêmea. Mais lágrimas ameaçaram cair. June as impediu, mordendo o lábio inferior, desejando que a dor fizesse tais pensamentos desaparecer.

─ Para onde estamos indo?─ Ele murmura, os ventos arrastando sua voz para longe, destroçada-a com agilidade.

Zion maneou com a cabeça, puxando suavemente a mão do menino para que o mesmo pudesse alcançar seus passos rápidos e largos, apesar de June ter a breve impressão que o mais velho esteve arrastando-o por todo o caminho pelo rastro de neve deixado para trás. Em dado momento, próximos de uma ravina, cujos ventos que ousam infiltrar-se na abertura tornaram-se assombrosamente sibilantes, a pele de June arrepiou quando notou que poderia identificar palavras.

─ Precisamos encontrar um lugar para passar a noite.─ Comenta o illyriano mais velho, inclinando-se brevemente para analisar a ravina, suas asas membranosas firmemente fechadas nas costas.

─ Mas não deviamos ir para os palácios?

Sua resposta foi mais um balançar de cabeça. Apreensão tomou conta do corpo do menino, a falta de resposta e o comportamento silencioso entregavam-lhe sinais que Jolly contara. Algo dera errado. Primeiro, o ataque repentino à Cidade Escavada. Agora, a maneira que Zion não lhe parecia confortável em oferecer informações.

June piscou, erguendo os olhos até os céus que já cobriram-se com o tecido da noite. Era diferente. Como uma criança que nascera nos picos da Corte Noturna, tão próximo das nuvens quanto podia, mais do que qualquer um poderia reconhecer. Seus olhos vagaram pelas as estrelas, crendo no próprio conhecimento em repetir o nome de cada uma delas. Estava faltando inúmeras, as constelações que só são encontradas próximas do Refúgio do Vento não poderiam ser encontradas por mais que movesse a cabeça, esforçando-se para enxergar entre as árvores mortas.

─ Zion, ─ Ele chamou, insistente.─ onde estamos?

O illyriano não o respondeu. O vento sibilante preencheu o silêncio ao lado do som das botas enfrentando a neve. June franziu o cenho, as pequenas asas abrindo-se lentamente, uma postura já fincada em sua memória muscular, um prelúdio de uma batalha. Uma criança cuja guerra corria por suas veias da mesma forma que ocorria com todos os illyrianos.

─ Hybern deve ter arranjado um jeito para interferir na magia.─ Entrega-lhe numa voz um pouco mais alta que um sussurro. June imaginou que a razão é seja o que quer que esteja vagando pela floresta.─ Estamos longe demais de casa.

Ele faz uma pausa, fitando o menino como se esperasse que o mesmo soubesse onde encontravam-se até estalar a língua, de repente parecendo envergonhado.

─ Desculpe, June, ─ Zion estica uma mão, balançando os cabelos curtos da criança.─ sempre me esqueço quão novo você é.

Sim, Zion fazia muito isso e Jolly sempre focou-se em repreendê-lo ao mesmo tempo que Kirk preocupou-se em relembrá-lo quão diferente é a criação de ambos, apesar de nascerem de um mesmo princípio. June sendo filho de um bastardo já falecido e Zion sendo um bastardo que não se importava.

─ Esta é a Corte Invernal.

Enfim, revela. E June obtém a terrível sensação que ambos não conseguiriam alcançar a Corte Noturna antes do Solstício de Inverno.

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