four. dealing
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Cassian lançou um olhar para Azriel, uma clara pergunta que o encantador respondeu com um breve negar de cabeça. O general franziu as sobrancelhas, voltando a olhar o Grão-senhor estranhamente silencioso.
Desde que retornaram a Velaris, diretamente para Casa do Vento, Rhysand parecia presos em seus pensamentos. Não havia falado com Mor quando ela o questionou sobre seus atos na Corte dos Pesadelos. Apenas se jogou no sofá e fechou os olhos, se isolando dentro de seus próprios pensamentos.
─ Rhysand?─ Chamou pelo primo novamente, não recebendo nenhuma resposta. Mor, então, deu um tapa no rosto do Grão-senhor. Cassian se encolheu levemente com um careta de dor, como se tivesse recebido aquele tapa em vez do irmão que rapidamente despertou de seus pensamentos, olhando chocado para Mor.
─ Acabou de me bater?
─ Sim!─ Ela deu outro tapa em seu braço musculoso.─ O que aconteceu?
Rhysand fitou as orbes castanhas da loira por algum momento, antes de soltar um suspiro, deixando com que sua cabeça tombasse para trás.
─ Eu preciso de vinho.─ Soltou.
─ O que?─ Cassian questionou, incrédulo. Rhys nem ao menos lançou um olhar para ele.
─ Vinho.─ O Grão-senhor olhou para sua prima.─ Preciso de vinho, muito vinho.
Mor franziu as sobrancelhas loiras, suas mãos foram até as de Rhysand, com sua preocupação explodindo.
─ Rhys, o que está acontecendo?─ A grã-feérica perguntou. Com um outro suspiro, o meio-illyariano colocou uma mão emcima das de sua prima.
─ A mulher que tomou a Cidade Escavada para si é a minha parceira, acho que preciso de um bom vinho.
Alguém caiu atrás de Mor e esse alguém foi Cassian que simplesmente desabou na poltrona mais próxima, com os olhos arregalados. Enquanto Azriel apenas congelou igual a Mor. Amren apenas soltou um risinho malicioso.
Demetria apenas movia a peça de mármore em sua mão, seus olhos presos no tabuleiro. Milhares de estratégias rondando em sua cabeça, buscando uma resposta. Lionel derramou o líquido bordô na sua taça prateada pelo que parecia ser a milésima vez nos últimos cinco minutos.
─ Vai me dizer o que está planejando ou vou ter que descobrir sozinho?─ Questionou, levando a taça até seus lábios, bebericando o vinho com os olhos castanhos escuros fixos na de cabelos curtos que revirou os olhos.
Demetria deixou a peça que tinha em mãos na mesa, e bufou. O sentimento estampado no rosto delicado fez ele ficar surpreso. Pela Mãe, Lionel acreditava que fazia séculos desde a última vez que viu aquilo acontecendo. Sem poder evitar, o ex-espião soltou uma risada que piorou o humor de Demetria.
"Pare. Vou fazer você engolir esse tabuleiro. Pare"
Ela resmungou em sua mente, apenas para que a risada do homem acabasse piorando, ficando mais alta.
Os olhos esverdeados se incendiaram por um momento e Lionel notou isso. Ele sorriu, desafiador.
─ Ah, já estamos nesse nível?─ Engoliu todo o líquido dentro de sua taça em um só gole.─ Vai me atacar só ser feliz?
─ Eu vou matá-lo por me irritar.─ Rosnou Demetria, suas unhas se fincaram na mesa de madeira. Lionel riu novamente, não dando a mínima importância para o óbvio perigo eminente.
─ Ah, meu bebê pesadelo.─ Levantou-se, andando até a mulher, agarrando as bordas da sua cadeira e a virando para ele.─ Me diga o que está lhe incomodando tanto.─ E, bom, Lionel sentou no colo de Demetria que soltou uma risada, desfazendo a feição irritadiça e impaciente.
─ Você é pesado.─ Ela disse, mas não fez nenhum movimento para tirá-lo de seu colo, apenas circulou o tronco do homem com seus braços para fazê-lo ficar ainda mais próximo.─ A expressão do Grão-senhor, depois que expulsei ele da minha mente, mudou.
Lionel franziu o cenho, meio confuso com as palavras da mulher.
─ Depois de ter seu ego gigantesco destruído por uma mulher que não tem nem um terço de seu tamanho, acho que também mudaria minha expressão, sabe?
─ O macho fez uma pausa.─ Na verdade, acho que eu ficaria destruído.
Demetria riu, dando um pequeno tapa nas coxas de Lionel.
─ Estou falando sério.─ Ela murmurou, o tom de brincadeira sumindo da sua voz.─ Ele sabe de algo. Talvez, eu tenha chegado tarde demais e ele tenha visto algo na minha mente, não sei. Eu só
─ Você não gosta de não estar no controle da situação.─ Interrompeu o ex-espião, cutucando a bochecha de Demetria com um dedo.─ É, eu sei disso muito bem.
Porém, para a fêmea grã-feérica, as coisas são um pouco diferentes. Ela simplesmente odiava ficar sem informações, era como estar cega, era como deixar com que tomassem controle de suas ações.
Já havia experimentado aquela sensação de estar dentro de uma cúpula, completamente cega ao que acontecia em seu redor deixando com que outros tomassem o rumo de sua vida e não havia gostado nem um pouco. Talvez, fosse por isso que ela simplesmente se vê sempre necessitada de saber como e o porquê que algo ocorreu, buscando cada vez mais informações. Sempre.
─ Apenas sei que tem algo que não faço a mínima ideia do que é, mas o Grão-senhor sabe e vou tirar isso dele.
Os calabouços da Cidade Escavada ficavam abaixo de uma nascente que, em algum momento simplesmente surgiu nas montanhas que foram escolhidas para ser a morada do Grão-senhores da Corte Noturna.
Por serem localizadas tão próximas da água, as paredes dali eram úmidas e completamente dominadas por musgo e mofo. Demetria nunca havia colocado os pés naquele lugar em toda sua vida, apesar de sempre ouvir que era o pior lugar que alguém poderia se aprisionar. E, ela tinha certeza que odiava aquele local com todas suas forças quando se deu conta que seus belos saltos estavam sendo inevitalmente estragados por toda aquela quantidade de musgo.
Vestida com um uniforme negro que era comum ser usado por membros da Guarda Pesadelo, um grupo de soldados de elite que eram responsáveis por gerenciar os exércitos da Cidade Entalhada, aquela mulher de baixa estatura parecia ainda mais perigosa do que nunca, com sua magia ondulando por todo seu ser, fazendo com que os olhos esverdeados brilhassem levemente enquanto formas negras bastante parecidas com sombras surgissem ao redor do pequeno corpo. Lionel caminhava atrás de si, conversando em um tom baixo com Kirk, utilizando uma versão sem mangas do uniforme da Guarda Pesadelo, deixando seus braços musculosos a mostra.
Demetria cessou seus passos em frente de uma determinada cela, olhando para o homem de curtos cabelos azul-escuros e olhos castanhos sentado no chão terrivelmente sujo, encarando a mulher que havia tomado sua cidade com certa raiva.
─ O que veio fazer aqui, vadia.─ Não era uma pergunta, era uma ordem. Um sorriso surgiu nos lábios da fêmea, enquanto ela lançava um olhar para Kirk que apenas resmungou algo incompreensível, tirando uma chave de seus bolsos.
─ É melhor guardar essa língua suja, ou eu não irei ousar hesitar antes de cortá-la fora.─ O homem robusto resmungou para Keir que o ignorou, abrindo a cela e deixando com que Demetria adentrasse nela.
─ Você está parecendo um porco.─ Ela murmurou, analisando o estado do homem. Realmente, fazia poucos dias que Keir estava ali mas possuía a aparência de alguém que passou sua vida inteira nos calabouços com a barba para fazer e marcas escuras ao redor dos olhos, sem falar do mal cheiro.
─ Não que você não seja um antes.
─ Lionel disse, fora da cela e com suas mãos em torno das barras de ferro. Keir rosnou igual a um animal.
─ Talvez, devêssemos chamar uma curandeira quando tirarmos ele desse lixo, vai que ele tenha contraído uma doença.─ Continuou o ex-espião fazendo com que Kirk risse e Demetria o lançasse um olhar de tédio por cima de seu ombro.
Keir franziu o cenho, olhando para a mulher em sua frente com cuidado, parecendo confuso.
─ Tirar do lixo?─ O ex-administrador da Cidade Escavada riu pelo nariz.─ Vai me tirar daqui?
A fêmea maneou suavemente sua cabeça, parecendo pensar em algo antes de se agachar no chão para ficar na mesma altura do homem.
─ Depende, entende?─ Keir ergueu uma de suas sobrancelhas escuras em um questionamento claro.─ Depende de você, apenas.
O homem olhou de Demetria para Lionel e abriu um sorriso desdenhoso.
─ Precisa da minha ajuda, bruxa.
─ Cuspiu.
─ Até que não, as pessoas daqui parecem saber que não devem se meter comigo e bom, todos os seus amiguinhos lordes estão presos.─ Ela afastou alguns fios castanhos que acabaram caindo em seu rosto.─ Então, para resumir, ninguém está me causando problemas.
─ E por que está aqui?─ Questionou o homem não deixando transparecer o quão confuso estava com aquela situação.
─ Ah, isso.─ Demetria descansou a lateral de seu rosto na palma da mão, piscando de maneira lenta e adorável. Mas, aquela falsa imagem inocente não funcionaria com Keir. Ele sabia muito bem o demônio que habitava aquele corpo belíssimo e aparentemente frágil.
─ Digamos que estou tendo alguns problemas com o Grão-senhor e tenha decidido que irei atingir o elo mais fraco, caso ele continue a me provocar.─ O homem franziu novamente o cenho, raciocinando as palavras da mulher e em seguida, soltando uma risada alta.
─ Já entendi, você acha que Mor é o elo mais fraco e quer me usar para atingir ela.
─ Não, ─ Lionel respondeu por Demetria.─ é apenas uma desculpa imbecil, ela acha que você é útil, mesmo sendo um lixo com braços e pernas que respira.
A fêmea se manteu calada, apenas encarando Keir, no aguardo de uma resposta que rapidamente veio.
─ Me tira aqui e, se desejar, eu me ajoelho aos seus pés.
Demetria abriu um sorriso, trocando olhares com Lionel.
─ Aceitou até que rápido demais. E ainda falou sobre se ajoelhar a mim.─ A Dama dos Pesadelos se levantou, cruzando os braços.─ É uma boa evolução, sabia?
Keir apenas rosnou novamente, impaciente.
─ Kirk, tire esse pedaço de merda daqui e o coloque na ala dos criados sob supervisão.─ O homem com seus olhos dourados cruéis fez menção de se aproximar mas foi impedido pela mão erguida de sua senhora.─ Não seja tão apressado, apenas o tire daqui amanhã no horário que desejar.
Demetria riu da feição desacreditada de Keir, saindo da cela ao lado de Kirk deixando com que Lionel fechasse a cela, sorrindo malandramente.
─ Espero que aproveite sua última noite nesse lugar lindo e extremamente cheiroso, senhor Keir.─ Desejou o ex-espião de forma sarcástica, antes de seguir Demetria e Kirk que seguiam para fora dos calabouços sem ao menos olhar para trás.
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