forty. mortal lands
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─ Ela está bem?─ Perguntou Lucien, sentando-se ao lado da Dama dos Pesadelos no piso frio da mansão e entregando-lhe a taça de vinho que parecia necessitar tanto. A fêmea balançou a cabeça em confirmação, ingerindo o líquido levemente adocicado.
─ Ainda tem pesadelos, mas quem não tem?─ Perguntou ela, piscando os olhos e liberando um suspiro, aquele simples ato atraiu a atenção do macho que a fitou, o olho de metal rangindo levemente conforme analisava as feições da Dama dos Pesadelos.
─ Você deveria descansar.
Demetria riu, um som de sinos tilintando suavemente.
─ Com tudo que está acontecendo, descanso é a única coisa que não posso ter.─ Ela confidenciou, uma mão afastando os fios curtos e castanhos que caíram em sua tez. Lucien a fitou mais uma vez antes de suspirar.
Ele sabia muito bem. A situação que os cercavam estava se tornando cada vez mais complicada, principalmente para ele que se encontrava na posição de assistir aquele que já chamou de amigo se desfazer em inúmeros pedaços aos pouco por dentro enquanto buscava uma solução de trazer Feyre novamente para seus braços, sendo envenenado de forma lenta com as atitudes e falas de Ianthe que lentamente o guiava a crer fielmente nos seus tais amigos que haviam em Hybern. Às vezes, em meio àquela corte, Lucien se sentia sufocado, preso a um inferno pessoal que era ouvir Tamlin rugir aos sete ventos quando a frustação lhe atingia e destroçar qualquer coisa em seu caminho enquanto precisava se focar em fugir das intenções e atitudes maliciosas da sacerdotisa que parecia sempre aguardar uma oportunidade para se deitar com ele.
Talvez fosse por isso que usou o desespero de Tamlin ao seu favor e lhe informou que partiria em busca de encontrar uma forma de quebrar o acordo entre Rhysand e Feyre, mas, na verdade, só aproveitaria os poucos dias que ganhou com aquela mentira naquela cidade iluminada com felicidade e na companhia de Demetria que parecia ser a única pessoa em Prythian que poderia dialogar com a consciência que jamais seria julgado e muito menos se sentir inútil, o que geralmente ocorria em todas as conversas que tivera com Tamlin.
─ Você veio por um motivo.─ Murmurou a Dama, mirando aqueles olhos esverdeados cheios de manchas prateadas no rosto parcialmente deformado do macho que apenas balançou os ombros. Lucien apenas esboçou um sorriso, aquela fêmea possuía astúcia maior do que muitos da Corte Outonal.
─ A situação está se complicando, Demetria.─ Ele disse.─ Tamlin está enlouquecendo aos poucos com ajuda de Ianthe, ela está falando sobre amigos que possuí do outro lado do oceano.
Demetria franziu o cenho, depositando a taça de vinho ao seu lado.
─ Do outro lado do oceano?─ Ela piscou os olhos, morbiscando os lábios rosados, rapidamente analisando as feições do macho ao seu lado e enxergando as palavras escondidas ali.─ Acredita que esteja falando sobre Hybern.
─ Gosto de crer que se ela estivesse falando sobre Vallahan, diria o nome com todas as letras e não esconderia como se fosse algo proibido de ser pronunciado.
─ O estrago de Amarantha ainda está recente na mente de todos, dizer o nome do lugar que ela veio é uma sentença praticamente.─ Complementou Demetria. Ela piscou os olhos por um momento, Lucien notou que o cintilar daquelas orbes pareceu desaparecer, seu corpo se arrepiou sentindo o perigo que aquilo significava.
A Dama dos Pesadelos suspirou, deixando com que sua cabeça tombasse e descansasse no ombro do macho. Ela esticou uma mão, tocando levemente nos dedos de Lucien, parecendo presa nos pensamentos por meros instantes antes de falar:
─ Tente descobrir o que for possível, não se force demais. E se ficar perigoso demais, se desconfiar por um mísero segundo que eles estão desconfiando de você, volte.─ Ela ergueu a cabeça para fitar tanto o olho de metal tanto o olho castanho-avermelhado do macho.─ Volte e assuma seu título como o emissário dessa corte.
─ Está incomodado com algo.─ Dissera Demetria, os dedos apertando a madeira que compunha a cabeceira da cama sentindo seu ar escapar cada vez de seus pulmões conforme Rhys puxava as cordas do espartilho da fêmea, amarrando-as com rapidez quando ouviu os dedos da Dama emitiu um estalo, o avisando que estava no ponto que gostaria.
O Grão-Senhor se afastou, analisando sem pressa aquela fêmea que tanto amava. Os curtos cabelos emoldurando a face composta por sobrancelhas arqueadas e cílios cheios que roçavam nas bochechas cobertas por suaves sardas sempre que piscava os olhos esverdeados dominado por manchas prateadas que o fazia comparar aquelas orbes com os mares das praias da Corte Estival. O corpo pequeno que possuía curvas que pareciam se mostrar ainda mais com o espartilho deixando os seios pequenos ainda mais em evidência. Demetria, com todas as certezas que ele possuía em seu coração imortal, era a fêmea mais bela que já havia nascido em Prythian. A mais bela e mais letal, corrigiu-se ao notar o cintilar dos olhos da fêmea quando ela se deu conta que estava sendo analisada.
─ Está incomodado com algo.─ Repetiu ela, a voz se arrastando levemente como se quisesse que o macho absorvesse e entendesse suas palavras. Rhysand riu, a risada de um amante quando percebeu que a fêmea falava como se ele fosse uma criança que não possuía o cérebro.
─ Realmente é necessário ir tão arrumada para as terras humanas?─ Questionou, se lançando contra a cama, a fitando com uma sobrancelha erguida.
─ Se fosse Cassian ou Azriel, perguntando isso, eu até pensaria duas vezes mas como é você, só consigo pensar no quanto desejo que você despenque daquela sacada.─ Respondeu, simples e com um dedo erguido na direção da sacada escondida atrás das cortinas pesadas. Rhys riu, passando uma mão por seus cabelos escuros, lançando um breve olhar para a fêmea antes de murmurar com sua voz cheia de malícia:
─ Que demônio mais cruel.
Demetria estalou a língua, espreitando levemente os olhos esverdeados na direção do macho.
─ E não é isso que está o incomodando.─ Foi o que ela disse, dando as costas para o macho e então, rodeando seu corpo com o vestido que surgiu delicadamente dobrado em sua cama. Rhys suspirando vendo-a pentear os cabelos curtos com certa lentidão.
Uma carícia sensual foi o bastante para que ela permitisse que suas barreiras mentais se abaixassem.
"O Entalhador" Ronronou o macho, assistindo-a distribuir pequenos brincos em forma de argolas ao longo de suas orelhas arqueadas, por um instante Demetria pareceu hesitar ao escutar o nome da criatura milenar.
"Ele falou algo?" Ela questionou, sem nem ao menos virar para fitá-lo. Rhys balançou a cabeça, negando, sabendo que Demetria não poderia ver seu ato.
"A forma que ele tomou" Falou o macho. Finalmente, a Dama se virou, aqueles olhos verde-prata prenderam toda a atenção de suas orbes púrpuras.
"Acho que ele mostrou nosso filho" Ela não disse nada, apenas piscou os olhos, surpreendida de tal forma que lhe pareceu não ter nem mesmo palavras. Rhys sorriu para a fêmea, de certa forma se sentia da mesma forma que ela. Era inegável que ele também ficou tão surpreso ao ponto de simplesmente querer se ajoelhar em frente daquela imagem que lhe pareceu divina.
"Ele tinha os seus olhos" Continuou após um longo silêncio. O macho riu, lhe parecendo genuinamente alegre. Demetria novamente piscou os olhos, ela abriu um sorriso que logo se tornou naquela risada de sinos encantadora.
"Meus olhos, é?" Ela disse, abaixando a cabeça.
"Seus olhos com meus cabelos"
"Então, ele vai ser perfeito" A Dama dos Pesadelos falou, sua voz um pouco instável mas o sorriso permanecia.
"Sim, ele vai ser" Concordou Rhys, o macho parecia querer dizer mais alguma coisa sobre aquele assunto quando ambos escutaram batidas na porta.
Mor.
─ Feyre já está pronta, só falta vocês dois.
Com Rhysand, Cassian e Azriel prontos para partir, pois Amren e Mor permaneceriam emVelaris para governar a cidade e planejar a inevitável viagem até Hybern, só restava uma escolha para Feyre: com quem voar. Rhys os atravessaria para fora da costa, bem na linha invisível em que a muralha dividia o muro. Havia uma fenda na magia, a cerca de 700 metros da praia pelaqual voariam mas parada naquele corredor, todos em roupas de couro de guerra e ela enroscada em um casaco pesado com forro de pele, a fêmea de cabelos aloirados passeou seus olhos pelos três machos situados na sua frente, parando seu olhar no Grão-Senhor. Ela sentiu novamente como tinha sido olhar dentro de sua mente, sentir o ódio frio de Rhys, sentir Rhys se defender, defender seu povo, os amigos, usando o poder e as máscaras em seu arsenal. Rhysand vira e suportara coisas inomináveis. Ela não se deixou terminar o pensamento quando falou:
─ Vou voar com Azriel.
As expressões de Rhys e Cassian insinuavam que a ex-humana acabara de declarar o desejo de passear por Velaris totalmente nua, antes que pudessem expressar suas revoltas, todos ouviram som de passos e em conjunto todos se viraram na direção das escadas. Demetria descia os degraus, um vestido feito de um tecido escuro com um decote em forma de coração mas o que trazia a beleza daquela peça era o tecido transpaente que se sobrepunha no vestido, haviam estrelas alternando entre o prateado e o preto cintilante costurado por ele. Feyre admirou a Dama dos Pesadelos e lembrou-se das palavras ditas por Mor pouco tempo antes.
"A Corte dos Pesadelos é cruel, ou pelo menos, era. Demetria conseguiu o que nem eu e Rhysand conseguimos ou sequer pensamos, ela roubou aquele lugar para o tornar um lugar melhor mas isso não quer dizer que ela não sofreu o mesmo que eu, mas, bem, essa história não é minha para contar"
Aqueles olhos esverdeados com manchas prateadas haviam visto muito além da crueldade de Sob a Montanha mas ainda assim, se mantinham firmes, com aquela contínua sagacidade e malícia. Feyre se permitiu sorrir na direção da fêmea que estendeu uma de suas mãos, acariciando levemente seu ombro enquanto se guiava na direção de Rhysand, sendo rodeada pelos braços de Cassian em um abraço que a fez soltar um resmungo.
A ex-humana piscou os olhos e voltou-se para o encantador de sombras apenas fez uma reverência com a cabeça e disse:
─ É claro.
Não demorou muito para que Rhys atravessasse com Cassian e Demetria primeiro, e retornando um segundo depois para buscar Azriel e a Archeron. O mestre-espião esperava em silêncio.
Ela tentou não parecer desconfortável demais quando ele a pegou nos braços, e aquelas sombras acariciaram seu pescoço, sua bochecha. Rhys franzia um pouco a testa, e Feyre apenas lhe lançou um olhar afiado e disse:
─ Não deixe o vento estragar meu cabelo.
Rhys riu, segurou o braço de Azriel, e todos se tornaram um vento escuro. Estrelas e escuridão, as mãos cobertas de cicatrizes de Azriel se fechando com força ao seu redor, os braços da ex-humana rodeando seu pescoço, preparando-se, esperando, contando.
Então, luz do sol ofuscante, vento rugindo, um mergulho cada vez mais baixo. Depois, uma guinada, subiram direito.
O corpo de Azriel era quente e firme, embora aquelas mãos agredidas fossem cuidadosas quando ele a pegou. Nenhuma sombra os seguiu, como se Azriel as tivesse deixado em Velaris. Abaixo, adiante, atrás, o amplo mar azul se estendia. Acima, fortalezas de nuvens searrastavam, e à esquerda, um borrão escuro no horizonte.
A Terra da Corte Primaveril.
A ex-humana imaginou se Tamlin estava na fronteira com o mar oeste. Uma vez ele indicara que havia problemas ali. Será que podia ele poderia a sentir? Será que eles poderiam se sentir?
Ela não se permitiu pensar nisso. Não quando sentiu a muralha. Como humana, não passava de um escudo invisível. Como feérica, não conseguia vê-la, mas conseguia ouvir os estalos de poder, o cheiro pungente que envolvia sua língua.
─ É repulsivo, não é? ─ Indagou Azriel, a voz baixa quase engolida pelo vento.
─ Posso ver por que você... nós fomos detidos por ela por tantos séculos.─ Admitiu ela.
─ Vai se acostumar... com o vocabulário.─ Disse Azriel. Eu me segurava a ele com tanta força que não conseguia ver seu rosto.
─ Não sei bem onde me encaixo.─ Admitiu, talvez apenas porque o vento estivesse gritando ao seu redor e Rhys já tivesse atravessado à frente, para onde a forma escura de Cassian voava com Demetria nos braços, além da muralha.
─ Estou vivo há quase cinco séculos e meio, e não tenho muita certeza disso também.─ Retrucou Azriel, a segurando com mais força, um aviso silencioso para que se preparasse. Como Azriel sabia onde estava a fenda, Feyre não tinha ideia. Tudo parecia igual para ela: céu aberto invisível.
Mas sentiu a muralha quando passaram por ela. Sentiu quando avançou contra seu corpo, como se transtornada por termos passado, sentiu o poder irradiar e tentar fechar aquela fenda, mas falhar. Então, saíram.
O vento estava gelado, e a temperatura, tão baixa que lhe tirou o fôlego. Aquele vento fustigante parecia, de alguma forma, menos vivo que o ar da primavera deixado para trás.
Azriel se inclinou, virando na direção da costa, onde Rhys e Cassian agora faziam uma varredura da terra, Feyre fitou Demetria que abraçava o pescoço do general com certa firmeza enquanto seus lábios rosados se moviam, parecendo dizer algo que causou uma risada no illyriano que a segurava.
A ex-humana estremeceu dentro da capa forrada de pele, agarrando-se ao calor do Mestre-Espião. Ultrapassaram uma praia de areia na base de penhascos brancos, e terra plana enevada com florestas devastadas pelo inverno se estendiam além deles.
As terras humanas.
O lar de Feyre Archeron.
A propriedade de telhado esmeralda era bela. O mármore parecia quente contra a neve amontodada pela propriedade e pedaços de sempre-verdes junto de azevinhos contornavam as janelas, portais e postes. Demetria piscou os olhos, se encolhendo levemente ao lado de Cassian ao lembrar-se que as decorações simples eram a única coisa que os humanos toleravam após o fim da Guerra, pois todas as festividades eram um constante lembrete da época em que o povo foi brutalmente escravizado.
O General a encarou, passando um braço por seus ombro ao imaginar que talvez a fêmea estivesse sentindo frio ou algo do tipo, afinal mesmo que o tecido de seu vestido fosse grosso, as mangas eram finas. Demetria lhe lançou um olhar confuso e um erguer de lábios com um quê de zombaria. Rhys fitou a interação de sua parceira e seu irmão com o cenho levemente franzido, antes de liberar um riso que não foi nada discreto.
A porta da mansão se abriu. Uma governanta de rosto alegre e rechonchudo, as orelhas redondas chamou a atenção de Demetria. A humana semicerrou os olhos para Feyre, a única que não estava escondia atrás as ilusões criadas pela magia de Rhysand.
─ Estou aqui para saber minha família.─ Disparou a Archeron, mal esperando que a mulher mais velha completasse sua fala, notando a forma que ela não abriu mais um pouco a porta.
─ Seu.... Seu pai está fora a negócios, mas suas irmãs...─ A mais velha continuou ali. A Dama dos Pesadelos espreitou os olhos. Ela sabia, ou estava perto, ela sabia que havia diferente em Feyre. Algo distorcido.
Os olhos da governanta se moveram, analisando ao redor de Feyre. Com certeza, notando a forma que não havia carruagens e nenhum cavalo, nem mesmo uma mísera pegada na neve esbranquiçada. O rosto rechonchudo ficou pálido.
─ Sra. Laurent?─ Uma voz preenchida de meiguice e bondade soou. Feyre recuou um passo. Um rosto belo, encantador como nascer do sol durante a primavera. Cabelos louro-dourados presos pela metade, a pele pálida lisa e suavemente dourada, os olhos castanhos pareciam chocolate derretido se arregalaram quando fitaram Feyre, se enchendo de lágrimas.
Demetria trocou olhares com os três machos que a cercava, todos compartilhando o desconforto de estar presenciando uma cena íntima demais.
─ Elain.─ Falou a Archeron feérica, sua voz rouca, sufocada pela saudade. Passos soaram nas escadas espiraladas atrás das duas humanas.
─ Sra. Laurent, prepare um chá e leve-o ao escritório.─ Aquela voz... Demetria piscou os olhos, erguendo levemente o rosto para fitar o rosto belíssimo e os olhos afiados de Nestha Archeron.
Demetria apoiou-se em um cercado, velho e feito de uma madeira que já se encontrava apodrecida por conta das constantes mudanças climáticas, ela não aparecia incomodada em se encontrar com os pés cobertos por botas afundados na neve, na verdade a Dama dos Pesadelos parecia curiosa. Rhys se forçou a lembrar que Demetria não teve muita convivência com humanos, já que esteve durante toda a guerra na Corte dos Pesadelos, se utilizando da máscara de fêmea perfeita para reunir informações suficientes pra cumprir seu objetivo de tomar aquela Cidade para si.
─ Tão frágeis, mas ainda tão capazes de sobreviver se utilizando da própria fraqueza.─ Murmurou ela, piscando aqueles olhos esverdeados tão encantadores.─ Não são tão diferentes de nós, de mim.
Rhys riu, se aproximando da fêmea e a puxando pela cintura, afastando-a do cercado, rodeando seu abraço em um abraço enquanto pressionava os lábios no pescoço de Demetria, um sorriso malicioso surgindo quando notou a forma que o corpo da Dama reagiu ao seu gesto.
─ Você não é fraca, e muito menos frágil, Demetria.─ Ele dissera. Demetria virou sua cabeça, apenas o suficiente para fitar aqueles olhos púrpuras que tanto amava e que faziam companhia nas noites mais sombrias.─ Mas, tem razão em dizer que os humanos são espertos. Não possuem imortalidade, nem magia porém são capazes de ter o que falta bastante entre nosso povo.
A fêmea suspirou, aconchegando-se nos braços de Rhys, lançando um olhar para os céus, onde Cassian e Azriel se encontravam, procurando por algum perigo iminente, uma brecha para um ataque inesperado.
─ Diga-me seus pensamentos, Demetria.─ Confessou o macho, os lábios roçando em seu ouvido e lhe fazendo deixar que seus pensamentos trouxessem aqueles momentos que sempre se desenrolava nas manhãs quando Rhys piscava os olhos de forma lenta e preguiçosa, sorrindo para a Dama.
Ela piscou os olhos, girando o corpo. Seus olhos esverdeados se fixaram nos céus violetas presos em seus olhos, os lábios rosados se erguendo e formando um sorriso que fez com que Rhys suspirasse. Um roçar em suas barreiras mentais foi o suficiente para que abrisse sua mente para a fêmea.
"Estou pensando que o quero" Rhysand piscou os olhos, levemente surpreso com a fala afundada em malícia da Dama que riu ao assistir suas reações.
"Senti falta de acordar ao seu lado hoje" Ela continuou, as mãos subindo pelo peitoral do macho, as unhas se arrastando pelo couro de sua armadura, passando por seu pescoço antes dos dedos se enroscarem nos seus fios escuros.
"Eu também senti" Ele confessou, inclinando a cabeça, pressionando sua testa na dela, seus olhos não se desviando nem por um segundo das orbes da Dama. "É adorável como você fica implorando por meu toque, assim que acorda"
Demetria riu, o som de sinos tilintando.
"Também é adorável como cria suas próprias ilusões, Grão-Senhor" Ela piscou os olhos, o queixo se erguendo levemente e tocando seus lábios nos dele. "Até onde sei, é você que implora por um toque meu"
Rhysand riu, não esperando mais para afundar-se na boca rosada da fêmea, suas línguas se entrelaçando em uma suave carícia que causou o arfar da Dama dos Pesadelos. Uma tossida forçada foi o que separou os dois. Demetria ergueu uma sobrancelha, fitando Cassian.
─ Tudo bem, pombinhos, todo mundo já entendeu que vocês são um casal feliz mas agora temos uma guerra pra parar.─ Disse o General, sorrindo. Ao seu lado, Azriel piscou os olhos, a sombra de sorriso nos seus lábios.
─ Cassian, você nunca sabe quando abrir e fechar a boca, isso é algo incrível. ─ Rosnou Rhys. O illyriano de cabelos longos riu mais uma vez, balançando levemente os ombros.
─ Tudo em mim é incrível, irmão, obrigado por reconhecer isso.─ O macho disse, piscando os olhos. Demetria riu, seu olhar duro se desmanchando.
Rhysand não deixava de notar a forma que a fêmea sempre parecia mais leve quando se encontrava próxima de Cassian, apesar de às vezes a pegar fitando o illyriano como se outra pessoa estivesse em seu campo de visão.
─ Talvez devesse guardar seus pensamentos para si mesmo, Cassian.─ Disse Azriel, as sombras movendo-se por seus ombros, ao redor de seus ouvidos, sussurando palavras indecifráveis.─ Felizmente, ninguém é obrigado a escutar seu ego falando.
─ Infelizmente, não, isso é uma pena, meu ego tem muito a falar, com certeza mais do que nosso querido Rhys.─ Ele respondeu em uma risada, as asas farfalhando em suas costas.
─ E não posso negar que isso é verdade.─ Pronunciou Demetria, escorregando as mãos pelos braços de Rhysand.
─ A forma que você, minha parceira, me defende é emocionante.
A Grã-Feérica piscou os olhos, confusão manchando suas feições por meros instantes.
─ Isso é estranho, na verdade, pois eu não estou o defendendo.─ Ela disse, seu tom falsamente inocente. Cassian e Azriel soltaram risadas nem um pouco disfarçadas, achando graça das feições do Grão-Senhor.
Já escurecia quando uma batida soou à porta. Os empregados já retornavam para suas respectivas casas após pedidos e sorrisos de Elain Archeron. Feyre obteve a certeza que a escolha de tomar a sala de jantar como local de reunião foi certa quando fitou o trio illyriano. Eles eram enormes, selvagens, antigos. Observá-los ao lado de Demetria que era o completo oposto deles conseguia até mesmo ser engraçado. As sobrancelhas de Rhys se ergueram.
─ A impressão que se tem é a de que disseram aos empregados que uma praga recaiu sobre a casa.
─ Levando em conta, nosso histórico com humanos talvez uma praga tenha recaido mesmo.─ Demetria disse. Azriel inclinando levemente a cabeça, parecendo concordar com as palavras da Dama. Feyre abriu a porta para deixá-los entrar e depois a fechou rapidamente.
─ Minha irmã Elain consegue convencer qualquer um a fazer qualquer com alguns sorrisos.─ Disse a Archeron, por fim.
Cassian liberou um assobio baixo quando virou-se, seus olhos vagando pelo grande corredor da entrada. Tudo pago por Tamlin, inicialmente. A ex-humana não quis pensar na família de Tamlin que foi assassinada por uma corte rival qualquer que seja o motivo que ninguém jamais se importou em lhe explicar, não agora que se encontrava vivendo em meio a aquela corte.
─ Seu pai deve ser um bom mercador.─ Enunciou Cassian.─ Já vi castelos com menos riquezas.
Rhys fitou Feyre, uma pergunta clara em seus olhos estrelados.
─ Meu pai está fora, a negócios... e participando de uma reunião em Neva sobre a ameaça de Prythian.─ Revelou a ex-humana.
─ Prythian?─ Indagou Cassian.─ Não Hybern?
─ É possível que minhas irmãs estejam enganadas, suas terras são estranhas a elas. Simplesmente disseram "acima da muralha". Presumi que achassem que fosse Prythian.
Azriel se aproximou, acompanhado de Demetria que ainda mantinha-se em silêncio enquanto analisava seu redor com atenção.
─ Se humanos estão cientes da ameaça, se reunindo para enfrentá-la, então isso pode nos dar vantagem quando entrarmos em contato com as rainhas.
─ Venha.─ Disse Rhys, lançando um olhar para a Dama dos Pesadelos ao lado do encantador das sombras.─ Vamos fazer essas apresentações.
As irmãs de Feyre estavam paradas à janela, parecendo tão lindas e jovens que Demetria se pegou pensando no quanto ambas seriam irresistivelmente deslumbrantes caso fossem Grão-Feéricas como sua irmã mais nova. A ex-humana atravessou a sala, Demetria se manteve um passo atrás da mesma forma que o trio de machos. Primeiramente, as humanas analisaram a irmã que já havia retirado a capa, as roupas feéricas e as joias então passaram seu olhar para os dois machos alados, uma vez que as asas de Rhys tinham sumido assim como as roupas de couro que deram lugar a um casaco preto elegante e calças, e a pequena fêmea de olhos perigosamente cintilantes.
As irmãs enrijeceram seus corpo ao fitarem Cassian e Azriel, principalmente ao verem as asas membronosas encolhidas atrás de seus corpos fortes, as armas e os rostos avassaladoramente belos dos feéricos. Todos notaram quando Nestha deu um passo a frente de Elain, escondendo uma mão fechada em punho atrás do vestido simples de cor ametista.
─ Minhas irmãs, Nestha e Elain Archeron.
As irmãs não fizeram reverência, Demetria nem sequer esperava que as fizessem, não quando o som de seus corações humanos batendo freneticamente e seus cheios dominados pelo terror faziam com que buscasse manter seus olhos em outro lugar que não sejam as faces mortais.
─ Cassian.─ Falou Feyre, inclinando a cabeça para a esquerda.─ Azriel.─ inclinando a cabeça para a direita e se virando, os olhos azuis-cinzentos fitando Demetria e Rhysand.─ Rhysand, o Grão-Senhor da Corte Noturna e Demetria, a Dama dos Pesadelos.
O Senhor da Noite fez uma reverência para as irmãs. Demetria repetiu o ato, mesmo que uma forma mais discreta e leve, como se ela tivesse se movido ao inclinar-se levemente.
─ Obrigado pela hospitalidade... e pela generosidade.─ Disse Rhysand, lhes oferecendo um sorriso caloroso. Elain tentou retribuir o erguer de lábios, mas falhou. Nestha apenas olhou para os quatro e virou-se para Feyre.
─ O cozinheiro deixou o jantar na mesa. Deveríamos comer antes que esfrie.─ Ela não esperou uma concordância, dando as costas, caminhando para a cabeceira da mesa de cerejeira polida.
─ É um prazer conhecê-los.─ Disse Elain, antes de correr atrás da irmã mais velha. Uma risada de sinos soou.
─ Simpáticas.─ Demetria sorriu, entrelaçando um braço ao de Rhysand. Cassian fez uma careta, seguindo o mesmo caminho que as irmãs fez. O Grão-Senhor mantinha suas sobrancelhas erguidas, lançando breves olhares para a fêmea ao seu lado enquanto Azriel parecia cada vez mais próximo de desaparecer nas sombras e evitar aquela conversa por completo.
Nestha os esperava na cabeceira da mesa, uma rainha sempre pronta pra fazer a corte. Elain tremia em sua cadeira de madeira entalhada e estofada.
Feyre ocupou a cadeira à direita de Nestha. Cassian sentou-se ao lado de Elain, a qual segurou o garfo como se a qualquer momento fosse o atacar com o talher. Demetria reivindicou a cadeira no lado de Feyre, Rhys ao seu lado e Azriel no outro lado do Grão-Senhor. A risada de sinos soprou mais uma vez conforme a Dama observava, com divertimento, Cassian sutilmente tentando ajustar as asas ao redor da cadeira humana da mesma forma que Azriel fazia.
Mas o suave riso da Dama desapareceu como neve na chegada da primavera quando Rhys tomou seu prato, preenchendo-o com comida mortal. Por um momento, aqueles olhos verde-prata fitaram seu parceiro como se o repreendesse por simplesmente estar fazendo aquilo, claramente uma forma de a punir por conta da conversa cheia de zombaria que teve com os três machos.
Ela espreitou os olhos na direção do macho, fincando o garfo de forma profunda no frango assado e os olhos cintilando. Podia-se ver nas feições da Dama que ela o faria pagar por aquilo e o sorriso do macho entregava que ele mal podia esperar.
─ Tem algo de errado com nossa comida?─ Perguntou Nestha, os olhos afiados fixos em Feyre.
─ Não.─ A ex-humana engoliu a comida, entornando um belo gole d'água.
─ Então não pode mais comer comida normal, ou é boa demais para ela?
O garfo de Rhys tilintou no prato. Elain emitiu um ruído de nervosismo. Demetria continuava focada em mastigar aquela comida sem deixar transparecer o quanto queria se curvar em algum canto e colocar tudo que ingeriu para fora. Ah, ela mataria Rhysand por estar passando por aquilo.
─ Posso comer, beber, trepar e lutar tão bem quanto antes. Até melhor.
Cassian engasgou com a água atraindo os olhos verde-prata em sua direção, Demetria o fitou com curiosidade, só parecendo notar a situação que a cercava quando Azriel se moveu na cadeira, pronto para se posicionar entre Nestha e Feyre.
A mais velha das Archeron soltou uma risada baixa. A Dama dos Pesadelos piscou os olhos de maneira lenta na direção da ex-humana, ela podia ver nas orbes azuis-cinzentos o fogo rugindo, surgindo a raiva incontrolável. Bastou um estalar de dedos para que Feyre parecesse recuperar-se, franzindo o cenho e lançando um olhar para a Grão-Feérica que já estava novamente guiando uma colher de purê de batatas para sua boca rosada.
─ Se algum dia vier a Prythian, vai descobrir por que nossa comida tem um gosto tão diferente.─ Falou Rhys. Nestha o olhou com superioridade e disse:
─ Tenho pouco interesse em algum dia pôr os pés em suas terras, então, vou acreditar em sua palavra.
─ É o que veremos.─ Disse Demetria, capturando um copo d'água com as mãos sem nem ao menos erguer o olhar para a Archeron mais velha. Nestha piscou os olhos, abrindo a boca para indagar sobre o que a feérica disse quando seus olhos se encontraram com o do General da Corte Noturna, notando aquele brilho nos olhos do macho e em seu significado.
─ O que está olhando?─ Questionou em um grunhido.
As sobrancelhas de Cassian se ergueram, com pouco interesse.
─ Alguém que deixou a irmã mais nova arriscar a vida todos os dias no bosqueenquanto não fazia nada. Alguém que deixou que uma criança de 14 anos entrasse naquelafloresta tão perto da muralha.─ Feyre entreabriu sua boca por um instante e congelou-se, ela não sabia o que diria sobre aquele assunto em especial.─ Sua irmã morreu... morreu para salvar meu povo. Ela está disposta a fazer isso de novo para proteger você da guerra. Então, não espere que eu fique sentado aqui de boca fechada enquanto você a despreza por uma escolha que sua irmã não pôde fazer... e ainda insulta meu povo no processo.
Cassian pareceu inclinado a falar mais quando foi a vez do garfo de Demetria tilintar no prato. O olhar que a fêmea mirou no general conseguiu fazer com que todos ficassem tensos em seus lugares, o cintilar presente nas orbes da Dama não estava ali e isso sempre era o bastante para um alerta surgir na mente dos que já conheceram o dano que a magia daquela pequena fêmea poderia fazer.
─ Este assunto não é de seu interesse.─ Dissera ela, a tensão aumentando e por momento Feyre jurou testemunhar os ombros de Cassian se encolher de leve com o tom usado pela Dama.─ Foque na sua vida, bastardo.
O illyriano se permitiu piscar os olhos quando a Dama dos Pesadelos estalou a língua, o cintilar retornando ao seu olhar. Nestha não moveu um cílio, analisando as feições de Cassian, o tronco masculino antes de se virar para sua irmã mais nova, o ignorando por completo. O rosto do macho se tornou quase selvagem mas ele pareceu retrair-se sob os olhos esverdeados repletos de manchas prateadas.
─ É... é muito difícil, entende, aceitar. ─ O cenho de Demetria franziu-se ao fitar o metal escuro do anel de Elain. A humana de cabelos dourados lançou um olhar de súplica para Rhys, e depois para Azriel, um medo mortal dominando suas feições, seu cheiro.─ Somos criados assim. Ouvimos histórias de seu povo cruzando a muralha para nos ferir. Nossa própria vizinha, Clare Beddor, foi levada, a família foi assassinada...
A feérica de cabelos curtos desviou seu olhar para longe, mordiscando seus lábios, seu estomago revirou-se com a lembranças dos gritos da humana, do som gutural que escapava por sua garganta enquanto implorava por sua vida. Rhys encarava o prato, sem se mover ou piscar. Fora ele que revelara a Amarantha o nome de Clare, apesar de saber que Feyre tinha mentido arespeito daquilo.
─ É tudo muito confuso. ─ Continuou Elain.
─ Posso imaginar.─ Afirmou Azriel. Cassian lançou um olhar de raiva para ele. Os ombros de Elain relaxaram um pouco. A humana de olhos castanhos se sentou um pouco mais ereta quando disse a Cassian:
─ E quanto à caça de Feyre durante aqueles anos, não é só a negligência de Nestha aculpada. Estávamos com medo e não tínhamos recebido nenhum treinamento, e tudotinha sido levado, e falhamos com ela. Nós duas.
Nestha não disse nada, manteve as costas rígidas. Rhys deu a Feyre um olhar de aviso. A mais nova Archeron segurou o braço de Nestha, atraindo a atenção dela para si.
─ Podemos simplesmente... começar de novo?─ Quase pôde sentir o gosto de seu orgulho se acumulando nas veias, gritando para que a irmã não cedesse.Cassian deu um sorriso provocador para Nestha que apenas sibilou:
─ Tudo bem. ─ E voltou a comer. Elain falou para Azriel:
─ Pode mesmo voar?
Azriel soltou o garfo, piscando. Demetria os fitou, inclinando sutilmente a cabeça, parecendo interessada na conversa que se desenvolvia.
─ Sim. Cassian e eu somos de uma raça de feéricos chamados illyrianos. Nascemosouvindo a canção do vento.─ Respondeu ele.
─ Isso é muito lindo.─ Disse Elain.─ Mas não é... assustador? Voar tão alto?
─ Às vezes é. Se for pego em uma tempestade, se a corrente descer. Mas somos tão bem-treinados que o medo some antes de largarmos as fraldas.
─ Vocês parecem Grão-Feéricos.─ Interrompeu Nestha.─ Mas não são?
─ Apenas os Grão-Feéricos que se parecem com eles.─ Falou Cassian, gesticulandocom a mão para Demetria, Feyre e para Rhys.─ são Grão-Feéricos. Todo o resto, qualquer outradiferença, e marcam você como o que eles gostam de chamar de feéricos "inferiores".
Rhysand falou, por fim:
─ Virou um termo usado pela praticidade, mas mascara uma história longa esangrenta de injustiças. Muitos feéricos inferiores se ressentem do termo... e desejam quetodos sejamos chamados da mesma coisa.
─ E com razão.─ Ponderou Cassian, bebendo água. A Dama dos Pesadelos moveu sua cabeça de forma lenta, concordando com o illyriano. Nestha observou a irmã.
─ Mas você não era Grã-Feérica, não no início. Então, como a chamam?
─ Feyre é quem ela escolher ser.─ Respondeu Rhys. Nestha agora observava todos, espreitando os olhos na direção de Demetria por um mero momento e então, falou:
─ Escrevam suas cartas para as rainhas agora. Amanhã, Elain e eu iremos à cidadeenviá-las. Se as rainhas vierem até aqui.─ Acrescentou Nestha, lançando um olhar gélido para Cassian.─ , sugiro se prepararem para preconceitos muito mais profundos que osnossos. E contemplem como planejam tirar todos nós dessa confusão, caso as coisasdeem errado
─ Não se preocupe, apesar de tudo, não é tão difícil.─ Respondeu Demetria, tranquilamente.
─ Presumo que vão querer passar a noite.─ Continuou Nestha, nada impressionada.
Rhys olhou para Feyre, uma pergunta silenciosa. Ela suspirou e disse:
─ Se não incomodar muito, então sim. Partiremos amanhã depois do café.
Nestha não sorriu, mas Elain se iluminou.
─ Que bom. Acho que alguns quartos já estão arrumados...
─ Precisaremos de dois.─ Interrompeu Rhys, silenciosamente.─ Adjacentes, comduas camas cada.
Feyre franziu testa para ele. Rhys explicou rapidamente:
─ A magia é diferente do outro lado da muralha. Então, nossos escudos, nossossentidos, podem não funcionar bem. Não vou arriscar. Principalmente em uma casa comuma mulher prometida a um homem que deu a ela um anel de noivado de ferro.Elain corou um pouco.─ Os... os quartos que têm duas camas não são adjacentes.─ Murmurou ela.
Feyre suspirou.
─ Nós moveremos as coisas. Não tem problema. Este aqui ─ Acrescentou, com umolhar de raiva na direção de Rhys.─ só está ranzinza porque é velho e passou da horade dormir.
Rhys riu ao lado de Demetria, a ira de Cassian se dissipou o bastante para que ele sorrisse, e Elain, ao reparar que Azriel relaxara, ofereceu um sorriso próprio também. Nestha apenas ficou de pé e falou, para ninguém em especial:
─ Se terminamos de comer, esta refeição acabou.
─ Quer que eu peça desculpas?─ Perguntou Demetria, adentrando no quarto que dividiria com Cassian e Azriel. A fêmea estalou os dedos, sentando-se na cama que ela mesma conjurou com sua magia. Aqueles olhos esverdeados fitaram o General da Corte Noturna que já desabava em sua própria cama, piscando os olhos na direção da fêmea, parecendo processar suas palavras.
Azriel recolheu-se, desaparecendo nas sombras em instantes, indo checar o terreno por uma última vez. Cassian passou uma mão por seus cabelos, ainda sopesando a fala da Dama.
─ Desculpa pelo quê exatamente?─ Ele soltou, piscando os olhos por um momento, observando a fêmea retirar suas botas e as jogar de qualquer jeito pelo quarto. O macho não conseguiu segurar uma risada quando a viu afastar os fios castanhos caídos em seu rosto com uma força um pouco além da necessária criando um arranhão em uma de suas bochechas.
─ Eu o chamei de bastardo na frente de uma humana que aparentemente odeia sem motivos.─ Ela soltou, mais uma vez estalando os dedos mas dessa vez seu vestido sendo substituído por um conjunto típico da Corte Noturna, as calças e blusa possuíam uma coloração azulada cintilante.
─ Ah, isso...─ O macho deu de ombros.─ Bastardo soa mais como uma apelido do que realmente algo para me afetar. Até que gosto, então sem desculpas.
Demetria riu.
─ Você gosta que eu o chame de bastardo?
Cassian foi rápido em agarrar um travesseiro e o jogar na direção da Dama dos Pesadelos que não desviou, liberando mais uma risada de sinos.
─ Pare com isso, parece que estamos em uma festa do pijama.─ Falou ela, abraçando o travesseiro que pertencia ao macho de cabelos longos. O General não demorou muito para soltar risadas.
─ Essa é a festa do pijama mais vazia que já estive.─ Ele balançou levemente a cabeça.─ Parece que somos dois sem amigos.
Demetria riu.
─ É, parece que sim, Lionel.─ Ela soltou em meio a um bocejo. Cassian franziu o cenho, guiando seus olhos para a fêmea que já se deitava em sua respectiva cama, ainda abraçada com seu travesseiro. Ela nem ao menos parecia ter notado que trocou seu nome pelo seu velho amigo quase irmão que infelizmente falecera e não seria Cassian a alertá-la do erro, não com a consciência do quão destruída Demetria já estava com aquela perda.
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