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fifteen. the night court

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Poucos illyrianos morreram durante a noite. Mas horas iniciais após o alvorecer, Demetria e Rhysand atravessaram para Velaris na companhia de Feyre e Mor. Cassian e Azriel permaneceriam para liderar as legiões illyrianas até o novo acampamento nas fronteiras do sul, assim como Jolly. O general da Corte Noturna havia voado para as estepes para oferecer suas condolências. Nestha estava à espera no saguão da casa da cidade, junto de uma Amren impaciente em uma cadeira próxima a lareira apagada na sala de estar. Nenhum sinal de Elain ou Lucien, muito menos de June.

─ O que aconteceu?

Rhys olhou de Demetria para Amren que se aproximou, ela continha a mesma expressão de Nestha no rosto. Os olhos azul-cinzentos analisaram as feições de Feyre por um instante, hesitando no pequeno corte no queixo da Archeron mais nova, logo transparecendo algum alívio antes que voltasse a ficar tensa, provavelmente notando a ausência de asas membranosas entre eles.

─ Houve uma batalha. Vencemos.─ Começou o Grão-Senhor, assistindo sua parceira virar-se, os olhos procurando por fios carmesim e pequenas asas membranosas.

─ Ele está bem. Varian está vivo.─ Terminou Demetria, retornando a fitar o rosto de repente livre de emoções de Amren, apesar da mesma parecer levemente relaxada.─ E Lucien? June?

Amrem separou os lábios para respondê-la, Nestha cortou-a:

─ Onde ele está?

─ Quem?

─ Cassian?

Feyre jamais a ouvira chamá-lo pelo nome. Sempre fora... Nestha a esperava, mas não só ela. Ela aguardava Cassian, preocupada. A Archeron mais nova se moveu, chamando sua atenção e estava pronta para as respostas que precisava, mas Mor foi mais rápida:

─ Está ocupado.

A sua voz cortante... Nestha encarou Mor, parecendo debater consigo mesma por longos instantes. Mor nunca lhe pareceu incomodada com a menção de amantes passadas de Cassian, nunca pareciam significar tanto, mas, se o guerreiro não fosse mais o impedimento físico e emocional que separa Morrigan e Azriel. E se a pessoa pela qual Cassian se interessou é Nestha...

─ Quando ele voltar, guarde essa língua bifurcada atrás dos dentes.

Muito devagar, Nestha ergueu uma sobrancelha, os lábios tremendo para uma resposta tão venenosa quanto. O olhar de Demetria pareceu afiado diante das palavras de Mor, Rhysand tocou em sua mão, mas a Grã-Senhora não o encarou, sequer reconheceu sua presença ali.

─ Guarde seus conselhos para si, Morrigan.─ Sibilou ela, fúria queimando lentamente nos olhos verdes quando afasta-se de Rhys, ainda mantendo sua atenção em Mor, pouco se importando com a forma que suas feições pareciam contrariadas.─ Acabe com isso. A reunião será em três dias, mande mensageiros, faça o que for, mas escolha um lugar e acabe com isso. O tempo está passando rápido demais.

Mor não a respondeu.

Olhou para o rosto de Demetria e, então, para o rosto de Nestha. A Archeron não se moveu, tão gelada e tão firme quanto uma estátua, continuou a fitá-la sem dizer uma única palavra. Morrigan estalou a língua, os olhos castanhos tão torrentes quanto lava antes de desaparecer num piscar de olhos. Nestha apenas virou-se, retornando aos livros largados na mesa baixa em frente a lareira.

Amren lançou um olhar para Rhys por cima do ombro, o mero gesto agitou a camisa, tornando-se possível enxergar reflexo escondido por trás do tecido, o colar de rubis enviado pelo príncipe de Adriata, o presente de Varian. O macho assentiu para a Amren, confirmando que aquele que lhe entregou tal jóia encontrava-se seguro. Ela retonou para perto de Nestha, cutucando uma capa de algum livro com as pontas dos dedos enquanto perguntava:

─ Onde estávamos?

Demetria sentando-se no sofá, inclinando-se com o objetivo de desfazer os laços que  mantinham as botas pesadas ao redor dos pés, aos poucos liberando um suspiro de alívio. Feyre a observou com leveza, sabendo que a fêmea contava os minutos para estar dentro de seus lençóis, aconchegada e desejando por algum descanso que fora privada.

─ Estava explicando como os limites territoriais foram formados entre as cortes.─ Nestha revela. Feyre franze o cenho. Elas estavam tendo aulas de história?

─ Cassian foi à guerra muitas vezes, menina. Não é general das forças de Rhys à toa. Esta batalha foi uma brincadeira em comparação ao que está por vir.─ Amren torce o nariz para alguma página, os olhos enevoados voltando-se para Nestha.─ Provavelmente está visitando as famílias dos mortos enquanto conversamos. Voltará antes da reunião.

Por um instante, a Archeron mais velha não diz nada, mantendo o lábio inferior preso nos dentes, aparentando analisar as próprias anotações.

─ Não me importo.─ Replicou Nestha. E, fora uma mentira, tão clara quanto as luzes feéricas rondando ali.

A porta abriu-se num rompante, Lucien surgiu em suas visões, carregando uma pequena criança, o pequeno gorro verde parecia ter sido colocado às pressas nos fios castanhos. O emissário arregalou os olhos, o de metal rugindo, atraindo a momentânea atenção do garotinho nos seus braços e sua risada cortou o silêncio repentino.

June atrapalhou-se ao notar aquelas orbes esverdeadas manchadas por estrelas, saltando para o piso, correndo para os braços da Dama dos Pesadelos. Feyre mantinha sua atenção nele, nos cabelos carmesim e no sorriso provocador esticado, sem ter controle das próprias ações, aquela chamava de Quebradora da Maldição replicou o mesmo sorriso, preparando-se para ser recebida por aqueles braços que sempre pareciam quentes e brilhantes como o sol durante o verão. Lucien pôs as mãos em seu corpo, os olhos movendo-se pelos braços, tronco e pernas na procura de algum ferimento, parecendo infinitamente satisfeito ao ser decepcionado em sua busca.

Feyre o abraçou, murmurando na mente do Emissário, "Canalha". Lucien soltou uma risada soprada. Por um momento, ambos se encararam, sorrisos moldando suas feições.

As pequenas asas farfalharam, conforme intensificava o abraço que prendia a fêmea mais velha. Lucien observou a cena, os olhos iluminados. No último dia, o pequeno lhe dominou com comentários beirando a  insolência que possuía tons inocentes, mantendo os olhos curiosos em Amren e ditando perguntas relacionadas aos olhos enevoados da fêmea, antes de puxá-lo para as varandas naquela manhã, dizendo que queria ver a cidade. E não havia como o Emissário negar algo aos pequenos olhinhos do menino. Ele o assistiu correr pelas ruas, chutando pedras pelas as calçadas, atraindo atenções pela selvageria mal contida em seu rosto, era um monstrinho exalando animação.

─ Estava com saudades!─ Diz ele, os olhos de Demetria brilharam quando se separaram, ainda mantendo-o sentado em seu colo, cuidando para que o menino não enxergasse as manchas de sangue ainda impregnadas na armadura.─ Você foi embora sem me dizer adeus.

─ É, eu fiz.─ A Dama dos Pesadelos riu, os olhos esverdeados suaves enquanto acaricia  os cabelos do illyriano.─ Sinto muito por isso.

Ele deu de ombros, nem um pouco incomodado pelo tom risonho da fêmea, libertando um sorriso provocativo.

─ Luci me disse que você tava ajudando pessoas, então, tá tudo bem!

Demetria piscou os olhos, direcionando um olhar para o Emissário que deu de ombros, como se tivesse dito apenas um mero comentário inocente. Rhysand é quem dá uma risada, aproximando-se e raptando June dos braços de sua parceira, fazendo o menino gargalhar.

─ Que tal a gente ter um acordo, seu espertinho curioso?─ O Grão-Senhor cutuca as costelas do menor, tomando cuidado para não encostar nas pequenas asas.─ Descanse um pouco com o tio Lucien e nós dois ─ Indicando com o queixo para Demetria que os observava, um sorriso sendo mantido nos lábios rosados.─ levamos você para passear ainda mais pela cidade.

June fica silencioso, os olhinhos espreitando, parecendo analisar as palavras do macho antes de iluminar seu rosto com um sorriso de mil sóis, acenando com a cabeça.

Feyre piscou os olhos, silenciosamente admirando a cena, mal sentindo os dedos de Lucien vagando por seu braço numa carícia.

Demetria piscou os olhos, uma onda repleta de cansaço varrendo seu corpo enquanto balança uma palma sobre a banheira, aproveitando o conforto oferecido pelo vapor vindo das águas quentes, suavemente ondulando os dedos pelo ar. Ela inclina a cabeça momentaneamente, considerando mergulhar ali, apesar de ainda possuir a armadura illyriana presa ao seu corpo.

A fêmea não evita um gemido longo e preenchido de alívio, fechando os olhos, aproveitando o toque dos nós dos dedos de Rhys em seus músculos ainda tensos por conta da batalha. O macho abandona um beijo no ombro da mesma, focando no desfazer o enlace da armadura ao redor do corpo pequeno, saboreando o momento após a batalha e os horrores nos acampamentos.

─ Ele estará dormindo.─ Murmura Demetria, livrando-se do couro illyriano, virando-se para Rhysand com o objetivo de ajudá-lo da mesma maneira. O macho pareceu silenciosamente agradecer o gesto.

─ Eu sei, ─ Ele diz, uma mão guiando-se para uma das bochechas da fêmea, afastando os fios castanhos e inclinando-se, suavemente pressionando seus lábios nos dela.─ mas a promessa ainda é continua.

Demetria agarrou sua mão, beijando os dedos masculinos, enxergando muito além do que meros murmúrios, os cílios roçando em sua pele ao piscar, sem notar o quanto o prateado dominara sobre seu esverdeado. Rhysand espreitou o olhar, as estrelas vagando por suas orbes violetas adquirindo um brilho malicioso, pressionando um dedo contra um ponto acima do ventre da fêmea, guiando sua boca para a orelha da mesma.

─ Não me olhe assim, ─ Sussurou, morbiscando o lóbulo de sua orelha.─ já estou faminto o suficiente.

A fêmea sorriu, perigoso sendo enxergado ali. Rhysand quase pode sentir as faíscas daqueles olhos em sua pele, queimando, ascendendo o desejo.

─ Então, não se segure.─ Ela murmura.

Rhys entreabre os lábios, pronto para provocá-la quando seu corpo fora empurrado, desequilibrando-o e o lançando nas águas aquecidas. Demetria riu, o som de sinos infiltrando-se no coração do macho que não deixou de sorrir, observando a forma com que sua parceira parecia iluminar por conta da pequena travessura.

Ele estendeu uma mão, notando a riso perdendo-se no ar e a diversão ainda continuar ali, entrelaçada à luxúria inquebrável. E ela foi até ele, tocando sua palma com suavidade, aconchegando-se nos seus braços deixando que Rhysand molhasse os fios curtos.

─ June adoraria conhecer o porto.─ Comenta, a voz suave. Rhys concorda num murmúrio que pareceu um ronronar, os dedos acariciando o couro cabeludo da fêmea, o corpo relaxando contra o apoio de pedra circulando a banheira.─ Iria jogar-se nas ondas, se autoproclamar pirata.

─ Ou até mesmo, roubaria um barco.─ Continua Rhys, divertido.─ Cassian o ajudaria sem dúvidas.

Demetria sorri com tal pensamento. Desde que percebera June empunhando uma espada nos acampamentos, uma imagem podendo ser confundida com um filhote de urso selvagem contra uma alcatéia de lobos sedentos por glória, Cassian parecia extasiado pela ideia de poder treinar June, dizendo-lhes quão talentoso é e afirmando que o menino poderia ter sete ou mais sifões em sua posse quando crescer.

─ Após a Guerra, ─ Ela faz uma pausa, entrelaçando seus dedos nos deles.─ convencerei Jolly e Kirk de permitirem a entrada de Cassian na Cidade Escavada.

Rhysand franziu o cenho, escorregando os polegares pela pele pálida.

─ Posso saber o porquê?

Demetria fechou os olhos por um instante, perdendo-se nos próprios pensamentos. Ela considerou tal ordem há muito tempo. Era capaz de enxergar com clareza a forma que Cassian desejava a melhora de seu próprio povo, muito mais e de uma forma que nem mesmo Rhysand ou Azriel pareciam se importar. Ele merecia enxergar, ou ao menos saber que garotinhos bastardos não eram considerados invisíveis, que eles possuíam conforto e jamais estiveram dividindo espaço com lama e neve a não ser quando estavam treinando nas montanhas.

─ Não sou Grã-Senhora de um povo apenas. Não posso me dividir entre a Corte Noturna e Cidade Escavada.─ Rhys beija os fios castanhos.─ Um acordo foi feito, deve ser cumprido, mas, não deve ser escondido. Quero que vejam, enxerguem que não irei escondê-los.

─ Quer que saibam que não será como eu.─ O macho fala, parecendo nem um pouco incomodado com a insinuação não-dita. Demetria não se revela contra suas palavras.─ Cassian ficará feliz.

Demetria concorda com um manear de cabeça. Nos corredores, uma risada infantil ecoa, deixando claro que June não estaria cumprindo o acordo feito como deveria, isto pareceu divertir Rhysand pela forma que riu baixo.

─ Nosso passeio terá que esperar um pouco, creio que June está quebrando o acordo.

─ Como um típico illyriano.

─ E um belo pesadelo.─ Continua a Dama, levemente risonha.

Nestha estava na mesa do café na manhã seguinte. Esperando por Cassian, notou Feyre enquanto puxando uma cadeira para que June ficasse acomodado durante a refeição diurna, vendo o menino retrair as pequenas asas numa ação que atraiu a atenção de Nestha. Lucien chegaria em breve ali, caso não tivesse retornado ao conforto dos próprios sonos após ser acordado por um criança illyriana que estava determinada em aproveitar o dia aventurando-se pela Casa do Vento.

─ O que quer?─ Perguntou ela, esticando o pescoço levemente para enxergar o que Nuala e Cerridwen haviam preparado. Uma porção de morangos cortados, pães assados, queijos e uma carne aparentemente muito macia.

─ Não vai ficar forte.─ June pisca os olhos, fitando o prato vazio e intocável da Archeron mais velha. Os olhos azuis e cinzentos como ferro de Nestha encararam Feyre, uma pergunta silenciosa.─ Jolly sempre diz que guerreiros precisam comer para ficarem forte.

Fora um segundo de silêncio, um em que Feyre estava preparada para intervir, caso o incomum acervo de ofensas da irmã também incluísse uma criança como June, cuja aparência poderia facilmente ser confundida com a de Cassian.

─ Posso não ser um guerreiro, sou uma mulher, afinal de contas.─ Nestha diz, a voz surpreendemente suave.

June espreitou os olhos, inclinando a cabeça para o lado, despertando uma imagem de Demetria em seu lugar. Nestha parece pensar o mesmo.

─ E que diferença têm?─ Feyre sorriu, segurando o prato do menino e pondo ali um par de pães.─ Machos e fêmeas podem ser guerreiros e devem comer para ficarem forte, é o que Jolly diz.

Não houve resposta pela parte da mais velha. No entanto, é notável que Nestha arriscou-se a morbiscar um pedaço de carne, mastigando-o tão lento quanto poderia, os olhos afiados em June, na forma que alegrou-se por poder saborear uma mistura entre chocolate e morango. Ela não disse mais nada até que o menino saltasse, afastando-se e Feyre parecer pronta para segui-lo.

─ Vai para aquela reunião em dois dias.

─ Sim.

June chamou, podia-se sentir o sorriso em sua voz. As Archeron se encararam, a mais velha virou-se, tendo suas atenções nas janelas da frente.

─ Você foi para a batalha. Sem pensar duas vezes. Por quê?

─ Porque precisei. Porque as pessoas precisavam de ajuda.

June a chamou novamente, mas Feyre continuou parada, esperando por alguma palavra, qualquer sinal. Todavia, nada veio e ela partiu, sendo recebida por um abraço ao alcançar o corredor. O menino illyriano segurou sua mão e a levou para uma das câmaras da Casa.


Os dois dias seguintes passaram-se ocupados. June retornara para a Corte dos Pesadelos, afim de aproveitar os dias antecedentes da batalha na companhia dos machos que o adotaram. E a reunião havia tomado o tempo restante de Mor após Demetria ordená-la que apressasse os preparativos, a declaração sobre o local feita pela Corte Noturna foi recusada e iniciou-se uma sessão de sugestões interminável entre as cortes. Sob a Montanha fora o local neutro de reuniões, mas ninguém parecia disposto a arriscar suas mentes ainda traumatizadas. Beron ousara se reunir para a surpresa de Lucien, apesar de continuarem sem alguma mensagem relacionada à Corte Primaveril.

Demetria determinou durante um jantar que era necessário que a Corte dos Sonhos fosse, exceto por Amren e estava em aberto se Nestha iria, graças aos seus contínuos murmúrios sobre precisar treinar mais, o que Cassian aproveitou para lançar as irmãs mais velhas de Feyre nos tatames, uma atitude à qual a espiã agradeceu após Elain conta-lhe sobre as lições aos risos. Feyre poderia desfazer-se em lágrimas naquele instante.

Sua irmã, a gentil e delicada Elain, havia liberado aquele riso suave dotado de alegria com os olhos iluminados de diversão, distante daquela figura cinzenta que se tornou conforme contava-lhe sobre uma Nestha enfurecida com um Cassian.

Eles pareciam apaixonados, confidenciou Elain, fervorosamente desejando um ao outro.

Demetria parecia estranhamente silenciosa, os olhos cintilantes em pergaminhos e suas poucas falas destinadas à Azriel, o qual estava mais do que disposto a cumprir as ordens de sua senhora, mas acabou-se estendendo-se à Amren desde que a mesma afirmou que poderia ter encontrado aquilo que precisavam para concertar a muralha. Rhysand replicava as ações de sua parceira, reunindo-se com Cassian em torno de uma mesa, analisando inúmeros mapas e discutindo táticas, às vezes Lucien juntava-se a eles, uma companhia silenciosa e desesperada por um algum conhecimento.

No final do segundo dia, quando a noite caiu, acordou-se que a reunião aconteceria na Corte Crepuscular, onde era próximo do meio do continente e Kallias deixara claro que não permitiria algum estrangeiro nas suas terras após Sob a Montanha.

Como lhe foi explicado, A Crepuscular é um espaço neutro em quaisquer conflito, mas, sua relação inclinava-se à Noturna e Diurna. Não um aliado forte como Helion Quebrador de Feitiços, mas ainda assim forte. E Thesan e Rhysand mantinham um relacionamento amigável. No entanto, isso não impediu de Rhysand reunir-se com Mor e Azriel, revisando todo o fragmento de informações que possuíam sobre o palácio do Grão-Senhor, focando-se nas rotas de fugas, obstáculos e armadilhas. Tal ato permitiu que Cassian aproveitasse certo tempo na companhia de Demetria com um tabuleiro de xadrez, a Grã-Senhora saira vitoriosa inúmeras vezes para a diversão do general.

Quando o alvorecer alcançou as montanhas, Feyre encontrava-se de pé próxima a cama de Lucien. O macho continuava mergulhado no mundo dos sonhos, a boca levemente aberta e algumas mechas carmesim se acumulando entre os lábios, olhos fechados e membros de seu corpo ocupando cada mísero espaço da cama. Muitos poderiam considerar uma visão divina, apesar dos pesares, afinal Lucien é um feérico e uma espécie de cavaleiro.

Seu corpo exibia músculos muito além do que imaginava, graças à péssima mania de adormecer sem camisa que havia adquirido em algum momento de sua vida. Há beleza intrincada em cada pequeno detalhe de seu ser e, debaixo da suave luz solar, ela parecia aumentar ainda mais, deixando-a até mesmo com a impressão que ele brilhava por inteiro.

─ Se você quer admirar um macho, não deveria fazer isso quando ele está dormindo.─ Uma voz rouca interrompe seus pensamentos.

Feyre não expressa nenhuma surpresa, observando Lucien mexer-se, retirando as mechas levemente úmidas de saliva com os olhos ainda fechados e o lençol moveu-se, revelando muito mais do que a Archeron desejava. Ela bufou, sentando-se na cama, puxando o tecido para que voltasse a cobrir o corpo do mesmo.

─ Deveria parar de dormir assim.─ Ela praticamente rosna. O emissário não se afeta, mexendo os ombros, preguiçosamente lançando um olhar para as janelas.

─ Está muito cedo.

─ Cassian já está de pé.

─ E você também.─ Comenta o macho, não muito impressionado. O olho de metal range baixinho quando se foca em Feyre.─ Se Demetria não levantou, não vejo motivos para fazer o mesmo, então se me permitir...

─ Tenho uma pergunta.

Lucien geme, sabendo que não poderia retornar ao seus sonhos como desejava anteriormente.

─ É tão cedo.

─ É sobre a reunião.

O macho pouco pareceu dar atenção.

─ Você está preocupada com a reunião quando Demetria é nossa Grã-Senhora?

─ Se ouvisse, saberia que esta é a menor das minhas preocupação, é só uma curiosidade, feérico canalha.

─ Eu daria atenção às suas perguntas se falasse logo o que tanto desejava, humana tola.

Eles se encaram. Os olhos da fêmea tomando um tom escuro por conta da irritação espalhando-se pelo corpo ao mesmo tempo que o sorriso de Lucien aumentava. Então, como se retornasse a ser aquela menina que costumava arriscar-se em qualquer atividade na busca de irritar Nestha, Feyre esticou uma mão, as unhas afundando-se num ponto próximo demais da virilha de Lucien, fazendo-o chiar, afastando-se dela o mais rápido possível.

Feyre riu, cruzando os braços, divertida vendo-o se contorcer e atirar maldições em sua direção, tentando chutá-la para longe de sua cama.

─ Queria perguntar sobre Helion e Muireann.─ Diz, de repente acertando um tapa em sua perna que tentava atingi-la.─ Como é possível que estejam casados sendo de cortes diferentes, tão distantes?

Lucien pisca os olhos, escapando da dor com um torcer de nariz. Ele lembrava-se daquele momento, de como a fêmea estival cruzou as portas do salão, queixo erguido e o corpo revestido por um tecido azul tão fino que permitiam que observassem muito além da roupa, se não fosse pela capa branca que exibia um mar revolto em seus ombros. Muireen parecia implacável diante do castigo que lhe foi oferecido. Não tão diferente de Helion em suas roupas douradas e cabelos curiosamente trançados.

─ Havia boatos, muito antes de Sob a Montanha. Helion é conhecido por ser um pouco ganancioso demais.─ Feyre manea com a cabeça, ela já ouvira algo parecido.─ E ao que parece, na guerra, ele tentou fazer Muireen sua amante, mas ela negou.

─ E como isso os levou a se casar?

Lucien abriu a boca e a fechou, fez uma pausa, pensando nas próximas palavras.

─ Amarantha quis provocar a Corte Estival.─ De repente, o sol não parecia mais esquentar o quarto.─ Muireann é uma general, ela liderou os exércitos estivais ao lado de Nostrus e ouvi dizer que foi uma amiga próxima de Jurian. Ver Amarantha matar o primo, isto não é exatamente a melhor forma de lidar com alguém igual ela.

Feyre concordava, havia sido alvo daquela fêmea. Muireann jamais iria se conter, não diante de uma injustiça que levou a vida de alguém pertencente à sua família. Poderia ter suas semelhanças mas agiria com menos moderação que Demetria, afogaria aquela nomeada de Grã-Rainha em sua magia.

─ O casamento foi uma punição.─ Determinou a fêmea e Lucien encolheu os ombros.

─ É mais como uma coleira. Após o casamento, cada movimento feito pela Corte Estival iria atingir a Corte Diurna e vice-versa.

Feyre franziu o cenho, não dizendo nada por um momento, antes de levantar. As memórias de uma fêmea encolhida, cuja pele parecia esticada sobre os ossos, e uma cela escura, fedendo à vômito, atacando sua mente, assim como uma queimação em seu braço. Ela transferiu leves tapas na coxa de Lucien, forçando um sorriso.

─ Vamos, temos que comparecer à uma reunião.

Lucien não pareceu animado pela forma que franziu o cenho e afundou a cabeça no travesseiro. Então, Feyre se viu na obrigação de completar a frase:

─ E, claro, assistir Demetria esfolar Grão-Senhores e Rhysand aplaudir.

─ Acredite quando digo que também estarei aplaudindo quando meu bom pai ousar irritá-la.

Ah, como se ela ousasse pensar tal coisa quando ansiosamente esperava para mostrar à Beron o preço por suas ações referentes ao macho deitado em sua frente.


Havia um quarto acima da biblioteca na Casa do Vento, tão protegido por feitiços que sua pele formigava, incitando-a manter-se distante, pairando atrás da figura de Rhysand, observando-o desfazer os enlaces da magia aos poucos, cheio de cuidado, desejando não prejudicar a proteção.

─ Posso perguntar porquê estamos aqui?─ Questiona, o robe quase que transparente sendo a única peça capaz de lhe aquecer dos ventos levemente congelantes da manhã. Os fios curtos roçaram em suas bochechas quando lançou um olhar para as escadas.─ Mal amanheceu, Rhys.

Seu parceiro limitou-se a um erguer de lábios, provocativo.

─ Não sabia que desejava tanto permanecer em nossa cama, minha dama.

─ Rhysand, ─ Demetria o cortou, o olhar afiado.─ há uma reunião que devemos comparecer e, se procuramos aliados, não irá querer me ver irritada.

─ Ou, talvez, eu queira.─ Ele solta, sem lhe entregar muita importância. A fêmea espreitou o olhar, cruzando os braços, até que o macho estendesse sua mão.─ Venha, Demetria.

E ela o fez, entrelaçando seus dedos nos deles, permitindo-o puxá-la câmara adentro, guiando-a pela escuridão fria que revelou-se diante deles. Demetria piscou os olhos, acostumando-se com o escuro antes de notar um espaço redondo, onde podia encontrar ilhas brilhantes de luz, joias reluzindo. Rhysand sorrira, vendo-a esticar uma mão, as pontas dos dedos raspando pelo vidro, os olhos esverdeados olhando para as plataformas perfeitamente organizadas, as gavetas abertas, bustos e estantes.

─ Apenas você e eu, ou qualquer um de nossos filhos pode entrar neste lugar.─ Ele explicou, sua mão tocando o ombro da fêmea, apertando levemente a pele.─ São as joias da família.

─ Imagino que tenham mais valor do que aquelas que Keir saqueou na sua revolta tola.─ Ela diz, maliciosa. Rhys riu.

─ Algumas peças, as que não gostamos foram guardadas na Corte dos Pesadelos para que não ficassem irritadinhos. Às vezes, nós as emprestamos à família de Mor, mas estas...─ Os olhos violetas pareciam ainda mais dominados por estrelas.─ Estas são para a família, nossa família.

Ele a deixou caminhar, segura nos próprios pés e curiosa pelas peças que lhe rodeavam, vendo-a guiar-se para o fundo das catacumbas. Demetria girou o corpo, parecendo determinada em absorver a visão daquelas joias, pois, entalhadas nas rochas, havia uma parede inteira de coroas, cada uma descansando num veludo preto, iluminadas por lagartas luminosas que imitavam o céu noturno e estrelado da Corte Noturna.

─ Escolha uma.─ Disse Rhys, um sorriso leve adornando seus lábios. A Grã-Senhora estendeu uma mão para as coroas, e então, hesitou.

─ Você acreditaria que nunca desejei uma coroa?

─ Por quê?─ Ele falou, genuinamente curioso com a fala da mesma.─ Uma coroa é adequado para alguém que possui uma corte nas mãos.

Demetria bufou uma risada de sinos.

─ É, devo imaginar que sim. Mas, também, uma coroa é o motivo pelo qual muitos morrem, eu não desejava morrer, tinha um objetivo e queria cumpri-lo.─ Ela virou o rosto, os olhos esverdeados pálidos ao receber a luz prateada das lagartas e as bochechas rosadas tendo algumas marcas do travesseiro em que dormia. Uma bela visão, uma que arrancou o pouco fôlego de Rhysand.─ Agora, tenho inúmeras coroas e inimigos prontos para matar-me.

─ Como uma Grã-Senhora deveria ser.

Ela sorriu, suas feições transformaram-se e a tornou aquela fêmea que o encontrou cerca de sessenta anos, parecendo-lhe uma deusa que possuía controle sobre a morte, junto ao macho de inteligentes olhos castanhos. Rhysand inclinou a cabeça, o coração palpitando com aquele sentimento devastador que era seu amor por Demetria.

Lucien trajava vestes escuras com detalhes vermelhos, as cores da Corte dos Pesadelos, ostentando os cabelos firmemente trançados e uma espada presa à cintura como um guarda juramentado de uma rainha humana. Ao seu lado, encontrava-se Feyre tendo as mesmas vestes e cores, os fios castanhos-aloirados caindo por suas costas num conjunto de cachos e tranças que emolduravam seu rosto. Ambos preparados por Nuala e Cerridwen, seguindo as ordens de Demetria para seguirem a moda da Cidade Escavada, deixando claro que poderiam estar envolvidos na Corte dos Sonhos, mas pertenciam à outra corte.

A ex-humana piscou os olhos, espreitando-os na direção de Cassian, o qual acabara de olhá-la em menos de um minuto.

─ O quê?─ Indagou ela, erguendo uma sobrancelha. Os lábios do illyriano subiram.

─ Você parece tão...

Mor bufou levemente.

─ Lá vamos nós.─ Diz, os olhos castanhos nas unhas pintadas de vermelho ardente, constratando com seu vestido azul-petróleo, cujo corte deixava fendas na lateral do tecido.

─ Oficial.─ Explica Cassian, o olhar incrédulo vagando de Mor para Feyre. Ele gesticulou, indicando para as vestes da Archeron.─ Chique.

─ Você realmente tem quinhentos anos?─ Solta Lucien, o tom contendo zombaria.

─ Mais de quinhentos anos...─ Mor balança a cabeça, falsa tristeza tingindo suas feições.─, um guerreiro e general habilidoso, famoso por todos os territórios, e elogiar damas ainda lhe é algo quase impossível. Lembre-me do porquê o levamos a reuniões diplomáticas.

Azriel, sua silhueta dominada por sombras na porta da frente, riu baixinho. Cassian lançou um olhar irritado a ele.

─ Não vejo você disparando poesias, irmão.

Lucien e Feyre trocaram sorrisos, sabendo como viria a resposta do Mestre-Espião. Azriel cruzou os braços, ainda com um leve sorriso.

─ Não preciso recorrer a elas.

Mor soltou uma risada semelhante a um grasnido. Lucien fingiu disfarçar uma risada regada de deboche, assim como Feyre que recebeu uma leve cotovelada nas costas por Cassian.

─ É bom que estejam se divertindo.─ Uma voz melodiosa atrai suas atenção para o topo das escadas, onde um par de olhos esverdeados com manchas prateadas os observa.

Demetria sorriu. Feyre lembrou-se novamente que aquela fêmea é uma das nomeadas sete elezas de Prythian. Os cabelos castanhos roçando nos ombros foram cacheados, fios foram entrelaçando-os à uma coroa imitando os montes em torno de Velaris, as pedras escuras embutidas cintilam na luz dourada da manhã como estrelas, impedindo que os fios caíssem por cima de sua tez. Um tecido escuro e fluído constituía seu vestido com mangas transparentes, onde um decote em formato de canoa apresentando pequenos diamantes que imitavam estrelas cadentes, estendendo-se até o início das saias ondulantes.

Feyre mal percebeu o momento em que realizam uma reverência em respeito à Grã-Senhora da Corte Noturna, a fêmea fez o mesmo, um sorriso crescendo nos lábios. Eles escutam os passos, os saltos descendo pelos degraus até cessar.

─ Ainda prefiro quando agem como feéricos normais e não como cachorros.

Cassian solta uma risada alta. Feyre continua sorrindo, enquanto Rhysand desce as escadas, utilizando um casaco de veludo que possuía espirais feito por um tecido brilhoso e prata, abotoado até o alto de seu peito, exibindo as tatuagens illyrianas e a pele bronzeada, além das calças escuras e botas que alcançam seus joelhos. Archeron piscou os olhos, notando que os detalhes da roupa do Grão-Senhor eram, na verdade, os espirais que tomavam a pele de Demetria quando seu poder aparece. A coroa nos cabelos escuros carregavam a versão masculina da coroa nos fios de Demetria.

Por um momento, eles se encararam, os lábios repuxados num sorriso que não poderia ser mais do que contemplativo. Ambos são a encarnação daquela noite intensa e possuidora de estrelas que haviam sido responsáveis pelo nome daquela Corte. Os governantes de uma terra rica em encanto, que carregavam pesadelos e sonhos, negando-se a derramar sangue que não fosse para proteger aqueles necessitados de suas proteções, honrando o título que lhes pertenciam. Duas crianças que enfrentaram a dualidade daquelas terras tão queridas por seus corações.

A Dama dos Pesadelos e o Lorde das Estrelas.

Naquele momento, eles haviam esquecido suas peles feéricas, aquelas que exibiam diariamente e se tornaram aquilo que os fizeram ser temidos: poder. Eles finalmente mostraram suas verdadeiras formas. O Grão-Senhor e a Grã-Senhora. A Corte Noturna personificada, tanto em beleza quanto em dom.

Demetria estendeu uma mão à ele, os olhos cintilando ao sentir os lábios em sua pele pálida.

─ Achei que estavam partindo.─ Interrompeu a voz de Nestha do alto das escadas. Atrás dela, Elain parecia apreensiva nas suas vestes de coloração rosa e Amren sorria como se tivesse em frente a uma cena incrivelmente satisfatória.

A mais velha da Archeron utilizava um vestido preto, havia um colar composto por pequenas pérolas avermelhadas descansando em seu pescoço e brincos prateados escalando as orelhas feéricas, lábios pintados de vermelho. Ela parecia um leão que fora revestido pelos melhores tecidos, uma beleza implacável e tão afiada quanto uma espada conforme descia as escadas, vagorosa como a morte sedenta pelo resquício da vida.

Cassian parecia ofegante em sua armadura ao encará-la da cabeça aos pés. Feyre notou que ele nunca havia visto uma Nestha determinada em destroçar corações. O guerreiro piscou os olhos, molhando os lábios com a ponta da língua ao virar para Azriel, a fim de dizer algo, apesar do movimento ter sido o mais pausado possível, como se quisesse continuar admirando-a. Nestha não disse uma palavra, parando ao lado de Demetria que ergueu uma sobrancelha sem verbalizar uma única palavra.

─ Você está linda.

Feyre demorou longos segundos para perceber que irmã havia falado com ela. As bochechas ficaram levemente vermelhas e os olhos piscaram, ainda incrédulos.

─ Isso, Cassian, é o que estava tentando dizer.─ Fala Amren, terrivelmente maldosa.

─ Obrigada.─ Respondeu, a voz fina. Lucien riu e Feyre quis acertá-lo com a lâmina presa em sua cintura.─ Você também.

Nestha deu de ombros. Elain sorriu.

─ Posso perguntar onde irá.─ Pergunta Demetria, apesar de parecer saber o que os atoa da Archeron significavam, triunfo pairava naquele cintilar.

─ Ela irá com vocês.─ Respondeu Amren. Elain balançou a cabeça, afirmando as palavras da fêmea de olhos enevoados.─ Então, me vi no direito de deixá-la digna de pertencer à Corte.

Demetria trocou um mero olhar com Rhysand, antes de inclinar a cabeça, parecendo analisar as vestes da Archeron, o sorriso brotando nos lábios rosados e aumentando, o mesmo ocorria com Rhys.

─ Não quero ser lembrada como uma covarde.

─ Ninguém diria isso.─ Comenta Elain, voz baixa e ombros escolhidos.

─ Ela está certa.─ Feyre diz. Nestha ergueu o queixo, olhar preso a figura de Mor por um instante.

─ Eu diria.─ Ela respirou.─ Era uma coisa distante. A guerra. A batalha. E... não é mais. Ajudarei se puder.─ Sua atenção agora em Demetria.─ Se isso significar... Contar a eles o que aconteceu.

─ Você já sacrificou o bastante.─ Feyre se aproxima, um passo sendo dado.─ Amren disse que você está perto de dominar a habilidade de que precisa. Devia ficar... se concentrar nisso.

─ Não.─ Uma resposta firme e direta. Ela mordeu os lábios, lançando um breve olhar para Feyre antes de virar-se completamente na direção de Demetria que mantinha-se calada.─ Vocês foram para a batalha por uma corte que mal conhecem, que mal os vê como amigos. Amren me mostrou o rubi de sangue. E, quando perguntei, esta é a coisa certa. As pessoas precisam de ajuda.─ Ela engoliu seco.─ Ninguém vai lutar para salvar os humanos abaixo da muralha. Ninguém se importa. Mas eu me importo.─ Uma mão foi estendida, quase encostando na da Grã-Senhora.─ Eu me importo.

Demetria sorriu, aquela serpente espreitando novamente. Ela segurou os dedos de Nestha num gesto que carregava uma certa segurança que pareceu fazer Archeron vacilar nos próprios pés e acariciou a pele, entregando-lhe conforto.

─ Finalmente vejo o que a faz tão igual à sua irmã.─ A Grã-Senhora piscou e olhou para Rhysand que se aproximou, hesitante.─ E se possuí o mesmo coração humano num corpo feérico, imagino que deva receber o cargo que ela deixou vago ao se tornar minha espiã.

─ Considere esta reunião um teste. E farei você esvaziar os cofres para pagar meus serviços.─ Fala Nestha, o rosto não demonstrando alguma emoção, mas uma faísca pôde ser sentida nas falas.

Rhysand esboçou uma reverência, ar cheio de zombaria rondando-o.

─ Eu não esperaria menos de uma irmã Archeron.─ Ele conteve uma risada ao enxergar o olhar gélido de Feyre em si.─ Bem-vinda à Corte. Está prestes a ter um primeiro dia e tanto.

Um sorriso repuxou os cantos da boca de Nestha. Feyre mordeu os lábios e Elain juntou as mãos em frente ao peito, parecendo especialmente emocionada. Cassian bateu uma única palma, atraindo os olhares para ele.

─ Aposto vinte moedas de ouro que haverá uma briga na primeira hora.

─ Vinte e cinco em vinte minutos, começa por Outonal.─ Lucien fala, retirando a trança dos ombros com as costas das mãos.

─ Trinta moedas, e aposto em quarenta e cinco minutos.─ Mor cruza os braços.

─ Lembrem-se de que há votos e proteções de neutralidade.─ Fala Rhys, casualmente escondendo uma mão nos bolsos das calças enquanto outra segura a cintura de Demetria.

─ Vocês não precisam de punhos ou magia para brigar.─ Dispara Mor.

─ Cinquenta, e aposto em trinta minutos.─ Continua Azriel.─ Iniciada pela Outonal.

─ Vou com Azriel nessa.─ Determina Feyre.

Rhysand revira os olhos e Demetria parece achar graça.

─ Tentem não demonstrar que estão todos apostando neles. E nada de trapacear provocando brigas.─ Os sorrisos iluminando os rostos são alarmantes. O Grão-Senhor suspira, falsamente cansada, quando sorri, gatuno.─ Aposto cem moedas que haverá uma briga nos primeiros quinze minutos.

Nestha solta uma risada baixa. E os olhares voltam-se para a Grã-Senhora que sorri, cheia de malícia.

─ Ficarei de olho para que não trapacem.

Cassian xinga baixinho junto à Mor. Rhysand riu, aproximando o rosto da fêmea em seus braços.

─ Vamos?

Demetria sorriu, acenando para o Encantador de Sombras que aproximou-se lentamente. Em silêncio, aguardaram após Azriel sumir, sendo o primeiro a chegar para verificar se alguma armadilha os esperava. Um minuto, dois...

Rhys expirou e disse:

─ Caminho livre.

Lucien e Feyre uniram as mãos, aguardando para que pudessem atravessar. Mor estendeu um braço a Cassian. Mas ele aproximou-se de Nestha. Cassian parou em frente a Nestha. A Archeron ergueu o queixo, desafiadora.

Ele sorriu, os dentes mostrando-se num sorriso selvagem, as asas abrindo-se levemente. A Dama dos Pesadelos piscou, espreitando o olhar para analisar a forma que Nestha silenciosamente pareceu respirar mais depressa. Mor estendeu o braço mais uma vez para Cassian, no entanto, ele esquivou.

─ Oi, Nestha.

─ Oi, bastardo.─ Ela resmungou em resposta.

Cassian riu, não parecendo nem um pouco atingido pela palavra ao tomar a mão fina de Nestha sem quaisquer resistências da mesma, entrelaçando seus dedos nos dela, enquanto fechava as asas e, às cegas, estendia uma mão para trás na direção de Morrigan com o pedido silecioso que os transportassem. Não havia calor ou carinho no rosto illyriano ou da Archeron, apenas aquela intensidade que parecia absorver ambos num mundo só deles, onde poderiam se provocar e afundar-se naquele desprezo compartilhado.

Feyre sorriu, olhando para Elain que mantinha-se naquele estado de emoção e atravessou, desaparecendo na companhia de Lucien. Rhys acariciou a pele de Demetria mais uma única vez antes de seguirem o exemplo da Archeron mais nova.

─ Da próxima vez, Emissária, será a primeira que cumprimentarei.─ Fala Cassian, os lábios roçando nas orelhas de Nestha, a voz baixa e áspera fazendo-a fechar os olhos, mordendo os lábios naquilo que poderia ser visto como alguém que odiava completamente tal situação, apesar de ter certo brilho nos olhos de Nestha que indicavam o contrário.

Mor, Cassian e Nestha desapareceram. Amren cruzou os braços ao lado de Elain, ela pisca os olhos de jeito paciente, aguardando que alguém retorne pelos próximos segundos e quando tal coisa não ocorre, ela sorri, uma besta sendo refletida ali ao virar-se para Elain.

A Archeron aos poucos desfaz sua postura apreensiva e mantém o queixo erguido, o olhar adotando um tom aguçado.

─ Bom, ratinha, pronta para mais uma lição?

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