Capítulo 9
Enya moveu seus ombros em movimentos suaves a cada fôlego tomado em seus pulmões, seus olhos permaneciam em um único lugar, que era seu trono, feito para sua glória e sua vontade.
Ela entrelaçou as mãos juntas em frente ao corpo, erguendo seu queixo em uma posição defensiva e poderosa ela voltou a andar para seu lugar.
Ali todos podiam ver a fêmea que liderava um povo inteiro de feéricos distintos e diferentes, renegados que se escondiam nas sombras, agora permaneciam de baixo de suas asas de fogo.
A calda de seu vestido se arrastava pelas folhas do outono, conforme seus pés alinhados por sandálias andavam sobre elas, o tecido de sua peça era preto como seus cabelos, que estavam presos em um coque alto, junto com presilhas sobre suas mechas a enfeitando, as mangas eram simples que chegavam até seus pulsos em um corte triângulo, o decote que marcava seus seios, era pequeno mas perceptível o bastante para que todos vissem as curvas de seu busto, a peça se moldava em seu corpo, se agarrando a sua pele até metade das coxas, onde se soltava livremente, por suas costas nuas, uma fênix fora costurada em fios de ouro, se erguendo por sua pele não tão exposta, com suas asas abertas em sua glória do fogo eterno.
Cassian abrirá a boca, um movimento pequeno e nada perceptível, sua língua de moveu sorrateiramente para molhar seus lábios secos enquanto seus olhos acastanhados admiravam a maneira forte e decidida a qual ela caminhava ao seu lugar.
Seu lugar.
Enya não merecia menos que um trono, como a líder e Rainha que era.
Assim que ela se aproximou, suas unhas se arrastaram levemente pelo tronco, se lembrando da sensação familiar que estava prestes a sentir ao se sentar no trono.
Até que então, uma voz de anunciou:
— Não é digna de se sentar nesse lugar.
Ele era alto e forte, músculos evidentes por todo seu corpo de guerreiro coberto por vestimentas de couro, mas mesmo que andasse com graça e beleza, esbanjando seu par de asas amarronzadas. A única coisa que ele conseguirá tirar dos outros olhares, era surpresa e pena.
Eris arregalou os olhos ao perceber quem era, fechando as mãos em punhos fortes e doloridos.
Zander.
O único macho que começará a instigar todo o clã de assassinos contra sua lider, entrando em suas mentes com palavras sorrateiras e inteligentes, ele nunca quis a proteção de todos. Mas o posto de um rei.
Enya levantou sua cabeça ao olhar por cima dos ombros, seus olhos vermelhos não demonstrando qualquer sentimento valioso para o desafiante, nada que não fosse a dureza e apesar de tudo. Frieza.
Zander sorriu em escárnio, suas asas farfalhando em um movimento glorioso por trás de seus ombros largos.
As palavras seguintes, não foram escolhidas com sabedoria.
— Eu a desafio, Enya. — Ele disse, a desafiando com apenas um olhar prepotente.
O Grão-Senhor do Outono balançou a cabeça em descrença, mesmo que não quisesse aceitar ele sabia o que deveria acontecer. Ele a desafiou, portando ela deve por direito aceitar o combate.
Se recussasse, estaria dizendo e colocando para todos a visão de que não era capaz de vencer, ou de sequer proteger os seus.
E isso o assustou de certa forma, Enya poderia ter sido alguém muito habilidoso, mas passará tantos anos presa, que até mesmo Eris duvidou de sua capacidade e força nesse momento.
Um deles sairia morto essa noite, e o que vencesse se sentaria sobre o trono, festejando sobre o fogo.
Enya recolheu sua mão do trono, virando-se de frente a Zander, logo tomando a saia de vestidos sobre a ponta de seus dedos delicados.
Ela caminhou até ele, ambos se encarando frente a frente.
Zander tinha a desafiado. E Enya não recuou.
****
— O que está acontecendo? — Rhysand perguntou quando viu o macho retirar duas lâminas de sua cintura.
— Ele quer o posto dela como líder. — Eris respondeu. — Eles terão que lutar...
— Isso é patético. — Nestha rolou os olhos.
— Pode ser patético para você, Nestha.— Ele respondeu sem zombaria. — Mas para nós não, eles se construiram assim, são assassinos, vivem pela vontade de sangue. E se precisam lutar até a morte para liderar um povo com sabedoria, Enya fará isso.
Cassian engoliu em seco tentando não prestar atenção aos detalhes ditos sobre morte, mas apenas em Enya que se mantinha séria e sem nenhuma arma de combate.
Ela não parecia que usaria nada mais que suas mãos. Então já estava pronta.
Zander se movimentou com rapidez erguendo um de seus braços no ar, tentando confundir os olhos rápidos de Enya, que perceberá o ataque de cima e o de baixo, desviando com agilidade.
Ele tentou novamente se movendo para frente, suas lâminas rasgando o ar a cada vez que eram movidas, mas em um movimento rápido e ardiloso Enya estava sobre suas costas o chutando fortemente em seus joelhos.
O guerreiro grunhiu quando se recuperou da queda, raiva borbulhando quando perceberá que Enya não demonstrava nenhuma emoção em seus ataques.
Zander atacou, Enya tombou suas costas para trás, sentindo o vento da lâmina atravessar seu rosto.
Ela logo se indireitou, o acertando com o cotovelo sobre o rosto.
— Drake deve sentir vergonha de quem se tornou. — Zander disse com raiva. — Se tornou um nada... Quebrada e vazia.
Pela primeira vez, Enya vacilou, sua visão se embaçou pir segundos ao se lembrar de momentos horríveis e dolorosos de seus gritos de súplica.
Minutos não era algo crucial em uma luta, já que em poucos momentos de seus devaneios, Enya sentiu a pancada sobre seu corpo que a derrubou para o outro lado da área.
Ela rolou ao cair sobre as folhas, os cabelos negros se desfazendo de seu penteado com seu movimento nada elegante.
Então, veio outra emoção.
Era raiva, nada mais que ódio brilhava em seus olhos.
E ela queria sentir aquilo.
Cassian deu um passo para frente assustado com o movimento tão repentino, pronto para parar tudo aquilo e tira-lá daquele lugar.
Mas Eris o segurou, interrompendo seu movimento firmemente, mesmo que sentisse a mesma vontade.
— Não pode interromper. — Ele disse desgostoso. — Ela criou essas regras a anos atrás, e mesmo sendo você. Ela não vai hesitar em matar aquele que passou por regras claras.
Ele ignorou as palavras e tentou ir de novo, mas um puxão em sua mente o fez voltar.
Era Rhysand quem o fez, sabendo que poderia começar um conflito com as atitudes de Cassian.
— Não pode deixar isso continuar! — Ele exclamou.
— Ela quer assim. — Eris respondeu abaixando a cabeça.
Cassian levantou os braços sobre seu rosto, seu corpo dando um pulo certeiro oara trás quando todos sentiram o calor irradiar.
Um círculo de fogo marcou a área, crepitando em volta de Enya e seu adversário.
Eram chamas tão vivas e selvagens, com o laranja brilhando e o vermelho vibrando. Era tão vivo e selvagem.
— Quem está fazendo isso? — Murmurou.
— Enya. — Eris o respondeu sentindo o orgulho queimar dentro de si ao perceber que existia um pouco da fúria de Enya ali. — Ela está usando seu poder.
— O fogo selvagem... — Amren murmurou observando.
****
Enya se levantou, seus pés correndo rapidamente sobre o chão alaranjado, suas mãos se fecharam em punho o suficiente para que suas unhas cravassem sobre a pele.
Zander não conseguirá defender o movimento, ao receber um soco sobre seu rosto, sentindo a dor de sua mandíbula se deslocando, ele não tiverá tempo de lamentar, já que Enya desferiu outro golpe sobre sua barriga que o fez se curvar.
A assassina tomou então, as lâminas que o guerreiro carregava com tanto orgulho, ela olhou por seus ombros tendo em vista as asas membranosas.
Ela abriu a boca em um suspiro silencioso quando levantou ambas as mãos, cravando com brutalidade as lâminas sobre o belo par de asas.
Zander gritou procurando com suas mãos um lugar para se apoiar com toda dor que irradiou em seu corpo.
Suas preciosas asas, tão amadas e sensíveis.
Ela sabia, e usou contra ele seu maior ponto fraco, o que ele mais amava e apreciava.
Enya o circulou , parando em frente ao seu rosto, observando como ele quebrava tão facilmente.
Ela o olhou, e logo levantou o rosto em superioridade.
Tolo.
Zander era um tolo.
Um tolo que deveria ter aprendido que Enya não iria perder.
Ela enfiou sua mão sobre a boca dele, ignorando as presas que tentavam a morder, a outra se agarrou em seu pescoço, o mantendo no lugar com as unhas.
Enya puxou, até ouvir o som glorioso da pele rasgando em seus ouvidos, do sangue jorrando em abundância, dos gritos de dor que ela tanto adorava.
O círculo de fogo se apagou, e aquela enorme pilha de troncos se ascendeu arrancando arquejo de todos.
Ela caminhou até seu trono, segurando entre seus dedos os cabelos sedosos, tendo para si uma cabeça sem a mandíbula, com os olhos arregalados ainda refletindo a dor e horror.
Ela ignorou o vermelho do sangue que a cobria quando se aproximou do trono.
Ela sempre tinha gostado da cor.
Era a sua cor.
E percebeu isso agora, quando viu o sangue vermelho jorrando por sua culpa.
Ela jogou a cabeça do macho na grande fogueira.
Gritos e palmas foram ouvidos, todos comemorando a volta de sua líder para a casa.
Era seu lugar, seu lar e o povo que protegia.
Ela iria liderar.
Enya se sentou no trono.
Cassian sorriu.
E então a festa tinha começado.
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro