Capítulo 18
Cassian sorriu distraidamente ao sentir pequenos toques trilhando caminhos aleatórios por seu rosto, desde suas bochechas até seus lábios, de sua testa até o nariz.
Seus olhos se abriram em uma pequena fresta, assim ele pode ver Enya deitada à sua frente, ela parecia concentrada em sua tarefa, com suas bochechas e nariz levemente vermelhos e inchados pelo choro intenso da noite interior, ainda assim, ela parecia extremamente adorável e certamente. Não uma assassina que apreciava o gesto de arrancar corações.
Ele levantou sua mão, cobrindo a de Enya com o seu calor e seu tamanho, assustada por ter sido pega, ela tentou puxar sua mão. Mas Cassian a deteve enquanto segurava seus dedos delicados, com um sorriso tranquilo no rosto que a fez relaxar.
— Continue... — Ele pediu, a voz roca pelo sono. — Eu gosto, é bom.
Ela sorriu suavemente, um sorriso breve desenhando seu belo rosto que antes estava tristonho, se aconchegando ainda mais nos braços de Cassian, ela continuou a trilhar caminhos aleatórios com seus dedos, dessa vez, desde o rosto até o peito tonificado.
— Eu tive um sonho. — Ela sussurrou depois de um tempo.
Cassian tinha os olhos fechados, o queixo encostado no topo da cabeça dela, ele se afastou, sorrindo enquanto à olhava.
— E o que eu perdi enquanto você dormia? — Perguntou.
— Não me lembro muito bem. — Enya respondeu baixo, a atmosfera de sono ainda os rodeava. — Mas era um grande campo, e... Ele tinha muitas flores.
— Que tipos de flores? — Cassian questionou, enrolando uma mecha dos cabelos pretos de Enya em seu dedo.
— Eram rosas, de várias cores. Especialmente vermelhas, e estávamos em uma cabana pequena... Ela era muito bonita.
— Eu estava com você? — Perguntou, Cassian se inclinou para a frente, a puxando para mais perto de si com um abraço, fazendo com que Enya se deitasse sobre seu peito, ele fungou em seus cabelos, apreciando o cheiro aconchegante que ela tinha. — Quero saber tudo.
— Você estava lá. — Ela disse com uma risada baixa. — Mas estava espirrando à todo momento, e mesmo assim, não quis sair.
— Parece que você descobriu meu segredo. — Ele choramingou falsamente, sentindo sua alma feliz por ter a feito sorrir um pouco. — Sou um guerreiro, um general também. Mas tenho alergia à flores.
— Então, você nunca iria para um campo comigo? — Ela questionou olhando para cima. — Eu amo flores.
— Hum... — Ele murmurou, fingindo pensar. — Eu iria sim, nem se eu perdesse meu maldito nariz, isso não me afastaria de você.
Enya sorriu suavemente ao assentir, abaixando a cabeça enquanto se aninhava mais à ele. O silêncio os rodeou dessa vez, e foi nesse instante, em que se lembrou de toda a noite passada, ela sentia vontade de chorar.
Uma lágrima escorreu por sua bochecha, com essa, muitas outras também vieram, trilhando seu caminho até cair sobre Cassian.
— Você sabe. — Cassian murmurou. — Que pode dizer o que quiser para mim. Eu sempre à ouvirei.
Ela sabia disso, então, limpou suas lágrimas, respirando fundo para falar.
— É difícil pensar que tudo aquilo, foi apenas em minha mente. — Ela murmurou, engolindo em seco. — Pensei que eu era inquebrável, mas após anos sendo torturada todos os dias, sendo obrigada a assistir o corpo do meu parceiro apodrecer, descobri que não sou inquebrável. Sou apenas alguém que não se rende.
Cassian a apertou em seus braços, deixando um beijo em seus cabelos.
— Queria ter o poder de tirar todas suas dores e medos, mas não posso. — Ele suspirou. — Temos que conviver com eles, supera-los. E eu estarei aqui para a ajudar nessa jornada.
Ela assistiu, o agarrando em um abraço apertado, ele não se importou, apenas a abraçou de volta, apreciando o encaixe de seus corpos juntos.
— Eu quero sair daqui. — Murmurou depois de um tempo.
— Quer sair? Quer que eu te deixe sozinha? — Cassian perguntou a olhando.
— Seus amigos estão nesse exato momento parados na porta. — Enya disse, sua voz ainda embargada. — Eu não os quero perto de mim.
— Eles não vão falar com você. — Ele disse assim que viu o par de olhos vermelhos começarem a se encherem de lágrimas. — Eu vou tirar eles daqui, e então te levarei para um lugar onde vamos poder ficar sozinhos.
— Você tem um lugar assim?
— As vezes, até mesmo eu que sou muito humorado e um tanto contente, preciso de um lugar onde posso fica sozinho. — Ele murmurou e lhe deu um beijo na testa.
Cassian se afastou e levantou da cama, passando a mão entre seus cabelos longos os penteando com os dedos, ele abriu a porta abruptamente, e Feyre quase caiu em cima dele, mas foi segurada por Rhysand que também estava ali.
— Podemos conversar agora? — Rhysand perguntou curioso.
— Humm... Não. — Cassian respondeu fechando a porta e deixando somente sua cabeça de fora. — Estarei saindo agora.
— Para onde? — Morrigan perguntou.
— Tchau! — Cassian disse já fechando a porta.
Ele olhou para Enya que já estava sentada na cama, em meio aos lençóis bagunçados, esticando seus braços para cima, fazendo com que a camiseta se erguesse o suficiente para que seus quadris coberto apenas por sua peça íntima aparecesse. Essa seria uma visão dos deuses, se fosse em outra situação, Cassian provavelmente à impediria de sair da cama pelo resto do dia. Ele bateu em sua própria cabeça discretamente, retirando esses pensamentos sujos de sua mente.
— Meu vestido está sujo. — Disse ela. — Não posso sair por aí só com sua camiseta, por mais confortável que ela seja.
Cassian assentiu, trabalhando ardualmente para não transparecer seus pensamentos indecentes, ele rapidamente saiu do quarto, olhando para sua calça, suspirando de alívio ao perceber que não estava tão evidente. Ele ainda sabia se controlar pelo menos.
Ignorando Morrigan que estava prestes a correr ao seu lado, ele se encostou no balcão da cozinha, onde estava Elain junto das gêmeas das sombras. Nuala e Cerridwen.
— Minha querida amiga Elain. — Ele se aproximou com um sorriso.
— Ainda estou fazendo a calda Cassian. — Ela deu risada mechendo em sua panela. — E nem pense em pedir um pouco.
— Por mais tentador que seja roubar um pouco de sua maravilhosa calda de chocolate. Preciso de outra coisa. — Ele disse. — Uma ajudinha.
— Com o que? — Ela disse limpando as mãos sujas no avental amarrado em frente ao corpo.
— Preciso de uma roupa... Para Enya, ela está no meu quarto e o vestido dela está sujo. Não que eu tenha feito algo, ele só sujou durante a noite, e acho que rasguei um pouco ao tentar tirar, mas não fizemos nada... Agh... Você entendeu. — Cruzou os braços bufando.
— Não tenho muitas roupas aqui, mas posso lhe dar as que ainda deixei. — Ela sorriu levemente para o general emburrado que de enrolou em suas próprias palavras. — Já volto.
Cassian aproveitou o momento em que a mulher saiu e tentou enfiar seu dedo na calda de chocolate, que logo começaria a ferver, mas recebeu um pequeno tapa na mão por uma das gêmeas que ele não sabia diferenciar.
— É para o bolo. — Disseram juntas, voltando à trabalhar.
Elain não demorou em voltou com uma pequena bolsa contendo as poucas roupas que ainda tinha ficado na Casa do Vento e a entregou para Cassian.
Antes que Cassian pudesse partir, ele observou Elain tirar uma cesta de baixo do balcão, logo à viu colocar um bolo já pronto lá dentro, junto de biscoitos recém assados, suco e uma torta. Cassian a olhou com indignação quando sentiu o doce cheiro do bolo de chocolate.
— Você disse que não estava pronto.
— Isso é para Enya. — Lhe entregou. — Espero que ela fique bem.
— Vou deixar passar essa, mas da próxima, não vou deixar passar. — Disse em tom sério de brincadeira e virou as costas, correndo de volta para o quarto.
Assim que Cassian entrou, Enya segurou suas mãos, o olhando de maneira temerosa.
— Iria á um lugar comigo? — Perguntou.
— Qualquer lugar. — Ele respondeu. — Me diga e iremos.
— Preciso ir Sob a Montanha. — Ela murmurou com a boca seca. — Existe algo lá que preciso pegar, para enfim poder seguir em frente.
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro