Capítulo 14
Enya passava um de seus muitos cremes caros, o qual ela fez questão de comprar, assim que a quantia exuberante de ouro caiu em suas mãos. Ela se levantou, então caminhou em direção ao guarda roupa, retirando de lá as peças que decidiu usar.
O vestido preto de veludo acariciava sua pele pálida, e acentuava as curvas certas, longo, mas não o bastante para que fosse até seus pés, existia uma fenda em sua perna esquerda, grande o suficiente para que não usasse roupa intima, entre os seios um enorme decote ligado por correntes de ouro, em suas costas os adornos caros também a enfeitavam. Em seus pés optou por botas de cano curto, com a sola dourada, seus lindos e longos cabelos negros, foram presos em um coque bagunçado em cima de sua cabeça, não esquecendo de enfeitar com joias também.
— Para onde vai? — Eris perguntou se aproximando de sua maneira silenciosa.
— Em um bar qualquer para encher a cara e se divertir. — Ela disse, com seus olhos passeando pela mesa repleta de frascos com perfumes.
— Algum motivo em especial? — Ele perguntou.
Enya deu de ombros, respondendo a pergunta com desinteresse.
Borrifou um dos perfumes no ar, e apreciou o cheiro, logo borrifando em seu corpo, a fragrância era liderado por toques de tangerina e pimenta rosa, com base de sândalo quente misturado com baunilha.
Ela realmente não entendeu nada sobre a descrição do perfume escrito em letras miúdas no frasco, mas achou cheiroso então o usou.
— Vai sair sozinha?
— Não, com Cassian. — Ela respondeu o olhando.
— Não gosto dele.
— Você não é conhecido por gostar de muitas pessoas Eris. — Ironizou.
— E você também não.
— Algo nele me atrai, posso não ser conhecida por ser muito amigavel, mas Cassian não fez nada para que merecesse ser menosprezado por mim.
Ela foi até sua mesa, pegando a caixa de madeira um pouco pesada, e deu um beijo na bochecha de Eris, antes de partir.
Ele suspirou pesadamente, por mais que não gostasse do general, ele sentia alguma coisa acontecendo.
E se for ele quem fará sua amiga sair da escuridão e ser feliz, não será Eris que tentará interferir.
****
Enya parou em frente às portas da Casa do Vento, ela percebeu que dessa vez, ninguém tinha percebido sua chegada.
E automaticamente, percebeu que naquela primeira noite que invadiu tinha sido proposital eles perceberem, talvez, Enya sempre teve em mente, que Cassian iria vir.
Ela suspirou espantando os pensamentos, e logo abriu a porta, entrando sem esperar o convite de alguém.
Ela poderia ter se assustado com a porta que se fechou sozinha, mas sentia a magia da casa a rondando, e apenas continuou a andar.
Passou por entre corredores, ignorando qualquer detalhe decorativo, sendo orientava pelo cheiro e pelas vozes para chegar até a sala.
Ela parou assim que viu algumas pessoas sentadas confortavelmente nos sofás de poltronas.
Morrigan que bebia tranquilamente seu vinho, se engasgou assustada com a mulher que apareceu entre a escuridão do corredor.
Ela permaneceu em silêncio, desinteressada, e somente não subiu as escadas, pois existia um pingo de educação dentro dela.
— É... Hum... — Morrigan dizia enquanto se recuperava do engasgo. — Oi?
Enya virou a cabeça em direção a voz, e do então percebeu a presença da loira que a observava atentamente.
— Olá. — Disse, mas logo voltou a olhar para frente.
— Eu me chamo Morrigan. — Disse sorridente mas hesitante. — Mas pode me chamar de Mor.
— Hum... Okay.
Feyre se levantou de onde estava e sorriu estendendo a mão.
— Eu sou Feyre.
Enya inclinou a cabeça e gesticulou com os olhos para suas mãos ocupadas, o que fez Feyre ruborizar e abaixar a mão.
— Eu sei quem vocês são. — Disse quebrando o clima estranho. — Não precisamos de apresentações.
Enya passou seus olhos por todos da sala, e pararam em Nestha que a encarava por cima das páginas de seus livros.
Enya continuou vagueando a sala com seus olhos, até que encontrou olhos castanhos a olhando e logo abaixando a cabeça com vergonha.
Elain tentava fingir que cuidada das belas rosas no vaso de flor, mas sabia que foi pega observando, ela se encostou mais na bancada, pensando que poderia se fundir a ela.
— É uma bela rosa. — Enya disse já parada ao seu lado.
— É... Hum... Obrigada? — Gaguejou assustada.
— Eu costumava ter um jardim. — Ela disse puxando assunto.
— Com que tipo de flores? — Elain perguntou.
— A maioria rosas de variadas cores. — Enya disse. — São belas e delicadas, mas possuem espinhos, que machucam.
Nestha observou junto de todos, a estranha interação das duas, Enya não se interessou em conversar com ninguém, apenas Elain.
Mas a doce garota, foi a única que realmente não pensava em pular em cima dela para fazer apresentações desnecessárias, ou forçar uma amizade que não existiria.
E as rosas foi um bom motivo para a assassina começar a conversa.
— A propósito, me chamo Enya. — Disse colocando a caixa de madeira na bancada. — E você?
— Eu sou Elain. — Disse com um sorriso sincero. — Você quer para você as rosas? Pode coloca-las em seu jardim. Eu mesma as plantei!
— Claro. — Respondeu. — Se quiser, pode me ajudar a colocá-la no jardim, e provavelmente me ajudar em todo o resto, deve estar tudo destruído.
Elain sorriu assentindo, e por estranho que pareça, um pequeno sorriso cresceu os lábios de Enya, pequeno, mas visível.
Ela escutou passos pesados vindo da escada e virou o rosto rapidamente, encontrando Cassian descendo junto de Azriel.
Ela pegou a caixa de madeira e se afastou indo em direção ao general.
Suas narinas se dilataram, sentindo o cheiro que dele vinha, do banho recém tomado, o sabonete de lavanda que ele provavelmente deve ter usado.
Enya estendeu a caixa de madeira em sua direção, com seus olhos brilhando em ansiedade.
— Achei isso em meio ao ouro e das muitas joias que ganhei pelo trabalho que fizemos. — Ela disse lhe entregando a caixa.
Ele pegou entusiasmado, Cassian adorava presentes, e adorou ainda mais ao perceber que a caixa tinha um pequeno peso.
Ele ofegou quando a abriu e sorriu abertamente.
— Puta merda! Caralho! Porra! Eu nem mesmo sei quais palavrões falar agora! — Ele gritou. — São adagas de aço valiriano!
— É... Legal né? — Enya disse também sabendo a raridade daquilo.
Aço valiriano era de origem da antiga terra de Valiría, um lugar que a muitos anos havia sido derrubada, pouco havia sobrado do lugar, fazendo então com que qualquer lâmina valiriana se tornasse raro.
— Você tocou nelas? — Perguntou ele.
— O que eu deveria responder? Claro que toquei nelas. — Rolou os olhos com tédio.
— Não acredito que tenho aço valiriano e que a Blair tocou neles. — Disse com uma voz cheia de emoção com uma mão em seu peito.
— Eu sou a Blair.
— Eu sei! Isso é tão estranho. — Limpou uma lágrima que escapou de seus olhos. — Vou guardar e nunca usar, esse vai ser meu maior tesouro.
— Só por ser aço valiriano?
— Não. — Ele respondeu após fechar a caixa. — Porque foi você que me deu.
Um sentimento cresceu dentro dela, saber que um de seus presentes o agradou, a aqueceu, a deixou feliz, e a fez sentir vontade de fazer com que Cassian sorrise mais assim para ela.
Ela soube naquele mesmo momento, que estava se apaixonando.
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