Capítulo 1
Cassian amarrou seus cabelos, logo soltando um suspiro de desânimo ao passar pela porta de seu quarto e encarar o corredor lá fora, tudo parecia tão igual e sem graça em todos dias.
Qualquer ação que o mesmo, parecia ser feito no automático, andar, comer, treinar, dormir e até respirar.
O sorriso fácil, divertido e zombeteiro que quase todos os dias o acompanhava, desenhando e enfeitando seu belo rosto de feições marcantes, tinha sumido a um tempo, deixando com nada mais que olhos castanhos entediados e vazios.
Ele nunca tinha imaginado o quão prejudicial realmente seria uma rejeição de sua parceira, ou talvez ele estivesse acostumado demais a apenas brigar e resolver seus assuntos com sexo bruto no final da noite, e após terminarem apenas sabendo que não estavam mais brigados, porém estavam separados e distantes.
A rejeição o quebrou, definitivamente o jogou no chão e partiu sua alma alegre. Ele estava completamente perdido.
E hoje, parecia ser mais um dia em que isso acontecia, mais um dia em que ele se sentia assim, vazio. Os dias em que seu corpo apenas se levantava por obrigação para cumprir seus afazeres.
Nem mesmo sentiu ou saboreou o gosto da comida, mesmo sabendo que deveria estar deliciosa, ou quando saiu para fora da Casa do Vento e baterá suas asas, lutando contra o vento e se fazendo um igual a ele, nem mesmo isso, a completa ração de um illiryano viver, o fazia ficar animado.
Pousou sobre o chão, dando passos em um ritmo rápido e firme em direção a sala de reuniões. Já cedo receberá a notícia de que uma pequena reunião fora solicitada, e para a surpresa não só de Cassian mas de todos, tinha sido Eris Vanserra quem pedirá.
Azriel saiu das sombras que espreitavam os corredores da propriedade da Cidade Escavada, seguindo o ritmo de Cassian nos corredores.
— O que acha que ele quer? — Azriel perguntou. Baixo, frio e calmo.
Cassian respirou fundo, dando de ombros antes de olhar para as portas a sua frente.
— Eu realmente não sei. — Respondeu. — Mas sei que... Eris pode ser alguém cheio de surpresas.
****
Cassian não podia e nem queria esconder o desprezo que sentia pelo macho sentado a sua frente, compartilhando a mesma mesa que ele.
Eris se sentava confortavelmente em sua cadeira estofada, seus dedos movendo-se sobre a madeira causando um som irritante a seus ouvidos, o rosto mostrando toda sua elegância e arrogância.
Mas o que ele não entendia e realmente se descobriu demasiado curioso a descobrir, era o motivo de Helion estar ao seu lado, no que quer que ele estivesde tramando.
— Devo dizer que estou impressionado, Helion. — Rhysand começou — Não imaginei que teria o prazer de encontrar os dois... Trabalhando juntos, algum dia.
Helion deu de ombros, os lábios grossos e brilhantes, molhados por sua língua que passeara pelo local carnuro.
— Não deveria se sentir assim. — Respondeu. — Afinal, sua esposa, mais do que todos deve saber que ele tem algo que eu quero.
Rhysand assentiu, seu dedo acariciando a mão de Feyre que se mantinha em baixo da sua sobre a mesa.
— Acho que não estamos aqui para dizer sobre o que Helion quer ou não. — Ela dissera tomando a frente do assunto. — E sim, sobre o motivo da reunião solicitada com tanta pressa.
Ela olhou para Eris, que não se intimidou com o olhar, poderia não possuir o mesmo poder que Feyre tinha, mas era tão Grão-Senhor quanto ela era uma Grã-Senhora.
— Não acho que eu vá tomar muito tempo de vocês. — Ele disse. — Eu só preciso de uma coisa.
Rhysand respirou fundo, soando mais como um suspiro desaminado, se encostando na cadeira, fazendo um pequeno sinal para que ele prosseguisse.
E então ele disse, sem demora e sem rodeios:
— Sei que nenhum de vocês devem gostar daquele lugar, eu devo dizer que também odeio, mas preciso que me acompanhem até Sob a Montanha.
Morrigan riu com escárnio, erguendo as sobrancelhas loiras, achava tão audacioso a coragem dele ter vindo aqui, e ainda pedir uma barbaridade dessas.
— E o que seria de tão importante para você vir aqui, sem nenhuma vergonha, pedir isso para todos nós? — Rolou os olhos em desprezo.
Suas feições não mudaram, nada além de frieza e maldade estavam em seu rosto.
— Se eu pudesse dizer, eu os diria. — Encolheu os ombros em descasso. — Mas vocês devem saber o que acontece quando não se cumpre um acordo.
— O que te faz pensar que te ajudariamos, Eris? — Feyre murmurou.
Ele inclinou seu corpo para frente, entrelaçando seus dedos na mesa e a olhando.
— Achei que uma aliança entre cortes significava isso, ajudar o outro quando precisam. Afinal, eu fiz isso quando precisaram.
Feyre teve que reprimir a vontade de abaixar seus olhos diante dessas palavras, ele tinha realmente ajudado, tinha ido contra seu pai que era tão arrogante e facilmente poderia ter se aliado a Hybern.
Mas ele não fez, e uma parte disso era graças a Eris.
— Espera que aceitemos de bom grado seu pedido. — Azriel começou. — Ir com você até aquele lugar sem sequer sabermos sobre o que se trata?
Ele piscou e sorriu.
— Sim.
Helion decidiu intervir no assunto, sabendo que logo alguém poderia ameaçar ou cometer o ato de arrancar a cabeça de Eris de seu corpo.
— Ele também não pode me contar sobre o que se tratava. — Começou ele.— Mas não foi somente ele quem me convenceu.
— E o que foi preciso para te convencer de que ele falava a verdade e que não era apenas uma armadilha? — Desdenhou Amren.
— Minha família. — Eris respondeu baixo. — Não de sangue, mas sim de coração, eles foram capazes de convencer Helion.
Um por um, dos assassinos saíram de seus esconderijos, como sombras emergindo a luz escondido sobre seus capuzes escuros, os olhos brilhando em uma causa antiga e profunda.
Era uma esperança que ali eles tinham. Um sonho.
Cassian e Azriel prenderam a respiração, vendo como não perceberam e nem mesmo pensaram na possibilidade de ter alguém além do seu círculo íntimo, Helion e Eris nessa sala.
Eris poderia realmente os destruir em segundos, gargantas cortadas em silêncio seriam o suficiente para derrubar o Grão-Senhor da noite e seu círculo íntimo que estiveram tão alheios ao perigo que os cercava.
Rhysand e Feyre se entre olharam, seus olhos brilhando em uma conversa silenciosa, mesmo relutante, os dois olharam para Eris, assentindo e dando ao Grão-Senhor do Outono o que ele queria.
Eris então sorriu.
****
Eris tentava não tremer a cada passo que se seguia, conseguia sentir o cheiro de medo que mesmo após anos de vazio ainda se instalava na antiga propriedade da Praga Vermelha.
Tomou fôlego enquanto seu coração retumbada dentro do peito, seguindo a linha fraca e sem brilho do acordo que o guiava, a magia estremeceu quando sentiu o puxão, parecendo negar qualquer contato, isso fora o suficiente para o levar mais a fundo.
Engoliu em seco, percebendo que sempre que em frente andava, mais escuro e sombrio tudo se tornava, como se a solidão ali rodeasse, ele sabia que nem mesmo em seus dias confinado nesse lugar, tivera coragem para perambular por esses lados.
Cassian andava a passos lentos, observando qualquer passo e movimento que Eris fazia a sua frente, ele podia sentir a inquietação e repulsa de Rhysand e Feyre, por somente estarem sentindo o ar frio do lugar novamente.
O cheiro de mofo bateu contra seu rosto, ardendo em seu nariz, teias de aranhas cobriam o teto, como arabescos antigos junto de galhos envelhecidos que abraçavam as pilastras fracas.
Foi então quando viram uma grande porta no fim daquele breu escuro, e Eris continuou.
A madeira bamba se abrirá para ele, tombando para o lado com um único toque fraco,
Sua boca secou e seus olhos se arregalaram, um arquejo sufocado saindo de sua garganta. Rapidamente todos o seguiram ao destino final, nenhum deles puderam esconder os olhos espantados e horrorizados.
no centro da sala, uma grande mesa de ferro estava, e em cima dela, com correntes prendendo e cercando quase todo o corpo nú.
Estava ela
— Enya... — Eris dissera baixo , a voz fraca e perdida.
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