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Capítulo 4


A Corte estava toda ali. Discretamente, escoaram um a um para uma porta lateral, guiados para a grande garagem ou armazém onde os items a leilão esperavam para ser apresentados. A Rainha escortou-a pessoalmente, puxando-a com uma conversa de circunstância até estarem fora da vista do resto dos convidados. Importava-se mais com garantir que ela não se escapulia durante o curto avanço do que com os rumores que decerto encheriam a sala de baile.

A mudança foi instantânea. Assim que estavam longe o suficiente da festa para não serem ouvidas, a Rainha deixou cair o sorriso que até aí trazia na face e calou-se. Agora só olhava em frente, avançando pelo largo corredor com propósito.

Aquele corredor era curto e bem iluminado. Seria fácil transportar até os itens maiores e mais pesados por ali, saindo de rompante pelo portão escondido na outra parede da sala. Neste momento estava vazio, mas era pouco provável que isso durasse; daí a pouco encher-se-ia de guardas e de empregados e das pessoas que eram mercadoria.

–Boa tarde! –A Rainha abriu os braços e sorriu largo ao cumprimentar a sua corte. –É bom saber que está aqui toda a gente que importa.

Era o mesmo grupo de sempre. Leonard, o magnata do sistema de saúde Americano que aproveitava as suas muitas empresas para lavar os fundos dos seus negócios paralelos. O homem que ia pela alcunha de Armeiro, vestido numa camisa desalinhada com botões abertos e mangas arregaçadas para mostrar a pele negra e musculada. Sendo o maior nome no tráfico de armas mundial, e provavelmente o dos que ali estavam a ter causado mais mortes, tinha o aspeto perfeito para a sua marca. A Dragão, uma velha e pequena mulher chinesa que trazia o desprezo por tudo e todos marcado nas rugas da cara, dona de uma rede de tráfico como nenhuma outra e a riqueza a condizer. E claro, a própria Aranha, cuja riqueza não se contava só em dólares mas também em segredos, uma espia completamente desconhecida pela sua precisão e qualidade.

Puppeteer sorriu charmosamente, ajeitando a gravata já perfeitamente direita. –Nunca perco uma boa oportunidade, minha Rainha. E oportunidades tão boas quanto estas não são comuns.

Se não a conhecesse, aquele riso dourado quase pareceria um namorisco. –Certamente! Que tal uma vista de olhos ao que tenho para oferecer?

–Com prazer! –respondeu Leonard, desviando-se para deixar a Rainha destrancar a porta.

–Sabem as regras, disse ela, com a maçaneta ainda na mão. –Comportem-se.

A Dragão grunhiu, pouco impressionada, e Aranha não se deu ao trabalho de esconder o sorriso.

Entraram no armazém. A Rainha foi à frente, seguida de perto por Leonard. O Armeiro deixou que a Aranha tomasse a retaguarda apenas porque estava na conversa com a Dragão, possivelmente a única pessoa do mundo que o conseguia aturar.

Aquele sítio era intensamente diferente da festá que estava a decorrer do outro lado da mansão. Se ali havia janelas estavam bem tapadas, e a única luz advinha das lâmpadas elétricas penduradas no distante teto, que tremiam e faziam um péssimo trabalho a iluminar o espaço. Ao longe ouviam-se choros e gritos baixos, abafados, e o ar húmido e frio trazia-lhes cheiros deveras desagradáveis.

Era um espaço grande, mal iluminado e maioritariamente vazio. Naquela área havia umas poucas caixas tapadas a pano, pousadas em mesas ambulantes para melhor serem levadas à apresentação. Havia pouco onde se esconder, se houvesse necessidade disso, e ela não tinha nenhuma arma com ela para tornar o lutar numa opção mais viável.

–O famoso Rembrandt, –apresentou a rainha, levantando um pano de veludo azul da caixa de vidro que tapava. –Terá de ser leiloado, independente da oferta que me façam aqui. Mas esta peça é igualmente única, se bem que um pouco mais obscura.

Leonard foi o único interessado, mas depois de uma curta conversa, decidiu não comprar o quadro. A Rainha não pareceu minimamente incomodada, voltando a tapar o vidro com o pano antes de passar à mesa seguinte.

Sorriu largamente, com a mão sobre o pano e os olhos sobre o Armeiro. Ele cruzou os braços, fingindo não estar incomodado, mas não pôde evitar espreitar a caixa ainda tapada.

–Por razões que serão imediatamente óbvias, –disse a Rainha, finalmente puxando o pano para revelar uma caixa negra e pesada coberta de avisos. –não vou poder abrir este contentor. Têm a minha palavra e minha garantia de que aqui dentro estão 5 kilos de plutónio.

Mesmo sabendo que teoricamente não estava em perigo, Aranha não se sentia particularmente segura ali. O Armeiro deu um passo em frente, curioso.

–Estou disposta a vendê-lo aqui e agora, se me derem um preço sufucientemente lucrativo. Assim não há necessidade de expormos o público lá de fora a este medo, não acham?

–Atira um preço, –disse o Armeiro, descruzando os braços.

–Vais acabar por ser a causa do fim do mundo, –gozou o Titereiro, relaxado.

–O que os meus clientes fazem com o que lhes vendo não é problema meu.

–É problema de todos! –respondeu, examinando as unhas perfeitamente arranjadas.

–Estão interessados? –interrompeu a Rainha.

Armeiro respondeu que sim. Leonard riu.

–Acho que vou poupar para construir mais uns bunkers. Pu achas que quando a bomba acabar por ser construída eu já estarei entre os seletos de Washington DC?

A Rainha escondeu a irritação com a destreza de um nobre treinado, e voltou o seu sorriso e a sua voz para a doçura do mel. –Não duvido! Armeiro, quanto estás disposto a pagar?

A negociação que se seguiu não foi interessante. Ela aproximou-se do Titereiro que tentava espreitar para as ainda-tapadas caixas seguintes.

–Tens ideia de onde ela arranjou aquilo? –perguntou-lhe ele, dirigindo-lhe os olhos frios.

Aranha encolheu os ombros. –Nem tudo o que vai a leilão é dela.

–Isso é a tua maneira de dizer que não sabes, –sussurrou ele, sorrindo. Depois encolheu os ombros e voltou a focar-se na discussão de preços. –Não é que faça diferença. Ia acabar nas mãos do Armeiro eventualmente e, pelo menos assim, temos um aviso prévio.

Ela não respondeu. Aproveitou o silêncio para avaliar o espaço, para decorar as posições dos guardas armados semi-banhados em sombra, tentando decifrar o porquê de serem tão poucos. Talvez a anfitriã achasse que a reputação que a protegia fosse também capaz de proteger o inventário. Isso não seria particularmente surpreendente. Mas não era por os olhos aguçados da Aranha não serem capazes de encontrar defesas adicionais que elas não existiam.

Não gostava nada de ser apanhada desprevinida.

Passaram por mais umas quantas exposições. A Dragão, pragmática como era, surpreendeu-a ao tomar interesse numa espada medieval de execussão. Aranha tomou interesse num segredo de um influente político chinês, descrito pela Rainha como "importante o suficiente para que ele não hesite a cooperar". Acabou por decidir que se precisasse mesmo de o saber conseguiria encontrá-lo por si mesma. O Armeiro não licitou em mais nada. Leonard negociou a compra de uma escultura romana dita autêntica, desconhecida o suficiente para a poder mostrar ao público que vivia dentro da legalidade. Depois, enquanto avançavam para a zona mais caótica do armazém, comprou uma centena de pessoas em quem fazer testes clínicos de uma nova droga que estava a desenvolver. Tinha em si a naturalidade de quem comprava uma raspadinha no café.

Então era ali que estava a maioria dos guardas. Ela puxou de uma simples máscara de plástico para cobrir a cara, escondendo-se dos cativos que enchiam jaulas e prisões. A Rainha tinha a sua própria máscara, feita de ouro esculpido, que só lhe decorava os olhos e cobria as sobrancelhas, a parte mais distintiva de qualquer facr. Leonard, sendo dali o que mais receava ser reconhecido, tinha vindo preparado com uma máscara que lhe cobria a face toda. Desta vez era de porcelana, decorada com penas de pássaros exóticos.

O Armeiro gozou-os. Quer ele quer a Dragão não tinham nada a temer se fossem reconhecidos, e por isso não se preocupavam em esconder as suas identidades.

As jaulas estavam dispostas em linhas certas, com corredores entre elas e distantes o suficiente umas das outras para impossibilitar a passagem de items entre os cativos. Havia pelo menos trinta jaulas, as mais pequenas com menos de um metro de área e as maiores a, com sorte, medirem o mesmo que uma cela de prisão.

– Há novidades, este ano? –perguntou o Puppeteer, avançando por entre as filas de jaulas.

Era fácil discernir os cativos recentes dos vendidos como "treinados". Notava-se na forma como um grupo de adolescentes gritava, agarrado às barras com mãos ensanguentadas e tentava estender os bracinhos malnutridos para atacar os seus captores. Na jaula imediatamente ao lado, marcada com a mesma placa que os marcava como trabalhadores físicos, o grupo tentava dormir aninhado uns nos outros, depois do que teria sido um processo longo para os treinar a obedecer como animais.

Aranha deu um passo ao lado, elegantemente evitando o monte de merda quente que uma das crianças lhe atirou juntamente com os insultos. A Rainha fez um sinal discreto, e quando um guarda se aproximou de arma erguida os gritos de ira rapidamente se transformaram em pânico. Os cativos já treinados congelaram no lugar, com olhos cansados, e uns poucos até taparam os ouvidos ao saber o que seguiria.

A Corte virou as costas à cena, dessencitibilizados, continuando a seguir a Rainha e a olhar para as pessoas em jaulas como se fossem animais de zoo.

Ela sempre balouçara entre achar que a Rainha contratava os melhores mercenários e pensar que os guardas com que protegia o palácio tinham um dia vivido naquelas mesmas jaulas, treinados até à idade adulta para obedecer e não questionar ordens. Se não fossem mercenários mas sim escravos, a sua dona tinha feito um ótimo trabalho a treiná-los, porque o homem nem hesitou.

–Eu sei que há quem prefira treinar os próprios empregados. Não percebo bem porquê, quando os meus métodos são tão eficazes! – disse a Rainha, virando-se para a fila que a seguia e abrindo os braços para as jaulas mais próximas. –Mas eu sei que vós sois gente ocupada e, por isso, só posso mesmo recomendar este grupo.

Aqueles estavam limpos, apresentáveis até. O treino era evidente na forma como, apesar das expressões aterrorizadas, estavam em pé, virados para os compradores de olhos postos no chão. E quietos, assustadoramente quietos. Estas celas tinham menos gente, provavelmente por causa das perdas durante o tempo de treino, e as placas eram de metal gravado com detalhe.

Crianças: prostituição. A jaula assim marcada estava cheia de meninos e meninas, mais meninas que meninos e todos pré-adolescentes, vestidos com apenas uma bata branca do mesmo tamanho para todos. Os mais baixos e mais novos estavam à frente e os mais altos atrás, para que todos fossem visíveis à Corte que agora se separava para escolher o que comprar.

Crianças: serviço doméstico. Estes eram mais velhos, e as roupas serviam-lhes. A placa publicitava que tinham treino nas mais distintas áreas, desde culinária a limpeza a jardinagem, e as mãos calejadas confirmavam-no. Havia procura para escravos desses, e a Rainha era das poucas que conseguia criar oferta. Havia menos daqueles, provavelmente por causa da dificuldade do treino.

Do outro lado do pequeno corredor, as jaulas com adultos tinham ainda menos gente. As jaulas tinham, além das categorias iguais às das crianças, uma extra.

Adultos: guardas e militares. Eram quase exclusivamente homens. Tinham os troncos nus, tornando a musculatura em publicidade para os compradores. As suas expressões eram completamente neutras; tinham-se tornado ótimos a esconder o medo. Ou talvez já não o tivessem? Ela não duvidava que, de todos os grupos, aquele fosse o mais difícil de controlar. Eram vendidos pela força que tinham, e por isso seria impossível torná-los fisicamente fracos para melhor os dominar. Devia dar muito trabalho quebrar-lhes o espírito para garantir o melhor possível que a ideia de fuga nem lhes passasse pela mente.

– O do costume?, – perguntou a Dragão, examinando os homens com o dobro do seu tamanho com desdém na face.

– O preço do ano passado ajustado por inflação e arredondado para o múltiplo de cinco mil mais próximo? – respondeu a Rainha, de olhos da Corte.

O Armeiro estava de braços cruzados a um canto, impaciente como sempre. O Titereiro estava a divertir-se a aterrorizar as crianças mais novas com a sua simples presença. A Rainha estava no fundo do corredor de jaulas, bloqueando a passagem com as saias.

– Inflação pelas tuas contas ou pelas minhas? – perguntou a Dragão.

– Pelas minhas, como sempre. Tratas do transporte?

A velha ponderou por um momento antes de assentir com a cabeça.

– Temos negócio, então.

Aranha voltou para a cela com as crianças para trabalho doméstico. Já tinha sido uma assassina e, depois disso, já tinha destruído muitas vidas de outras formas. Mas nem ela era capaz de tal crueldade, de ter crianças presas em jaulas para serem vendidas como animais de estimação.

Havia todo o tipo de tons de pele, de cabelos, de olhos e de feições. A única coisa que todos aqueles tinham em comum era o medo que tinham dela.

– Que línguas conhecem? – perguntou à Rainha.

Ela aproximou-se um pouco mais, desbloqueando o caminho. Estava curiosa. A Aranha nunca tinha mostrado qualquer interesse naquele tipo de item.

Na realidade, não tinha qualquer interesse em adotar uma criança. Trabalhava sozinha, nunca ficava num sítio por muito tempo e não tinha qualquer necessidade de um trabalhador doméstico. Mas, se queria descobrir algo sobre o mistério que era a Rainha, teria de espalhar as apostas. Se não conseguisse nada de concreto naquele dia, procurar saber algo sobre como os seus empregados eram treinados podia ser útil. E aquele grupo seria-lhe a melhor fonte de informação: sendo ainda crianças, eram frágeis e manipuláveis e, tendo passado tanto tempo sob a "tutela" daquele monstro era possível que soubessem algo de interessante.

Só teria de pensar o que fazer quando perdessem a sua utilidade.

– Depende. Esse grupo é todo fluente em inglês, mas alguns deles têm ainda a língua de onde nasceram. – Normalmente gostava de controlar os rumores sobre si de uma forma mais apertada. Já via, escondido sob expressão da Rainha, as questões que se punha sobre qual seria o interesse da Aranha num escravo bilingue. – Há algum em específico que a interesse?

– Têm todos o mesmo treino? – perguntou, evitando responder a pergunta.

– Sim.

Ótimo. Se tinham passado todos aproximadamente o mesmo tempo a ser treinados, não haveria problemas em escolher um dos mais novos.

– Que tal... – passou os olhos pelo grupo, ignorando as expressões de medo puro e a forma como os mais velhos apertavam os ombros dos mais novos. – Aquela? – Assinalou uma das raparigas mais pequenas.

A Rainha falou com a miúda, que respondeu com um código qualquer que não devia ser o seu nome.

Só tinha ponderado isso de passagem antes, mas agora, curiosa como estava, pôs-se a pensar. Poderia ser que a Rainha tivesse começado assim, como uma cativa? Isso explicaria o porquê de não ter história, passado nem origem. Explicaria também a falta de sotaque que seria mais tarde aprimorada e o porquê de ser tão difícil encontrar-lhe o verdadeiro nome. Seria essa uma explicação possível?

– Essa fala francês além de inglês. Mas é jovem o suficiente para poder aprender.

Sorriu. Seria que a Rainha achava que ela ia treinar a pequena?

Depois de um negoceio de preços e de combinar que ela própria tomaria conta do transporte da sua nova propriedade, não teve mais interesse em continuar as compras. Em silêncio e discretamente, a Corte voltou para a sala de baile onde o leilão não tarda se iniciaria. Ela tinha a cabeça a trabalhar, procurando soluções para todos os problemas que conseguia ver.

Não lhe valia a pena voltar à sala subterrânea. Os trabalhadores da Rainha já tinham tido tempo de esconder tudo o que lhe pudesse ser talvez útil. Teria infelizmente de aceitar passar a noite, pela primeira vez depois de anos e anos de convites. Agora podia ter um plano B para se não conseguisse sucesso nesse dia, mas a anfitriã estava decerto em alerta ao a ver a agir de forma tão diferente do habitual. Teria de se comportar na perfeição se quisesse descobrir fosse o que fosse durante a sua estada.

E quem a teria contratado? Essa questão não lhe saía da cabeça. Se não a Rainha, quem?

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