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Capítulo 15


Quando ele acordou, ela já lá não estava. Espreguiçou-se na cama vazia, aproveitando o sol da manhã que fugia janela a dentro, atravessando as cortinas só para o iluminar. Os mosquiteiros estavam fechados, tal como a porta, como se ninguém tivesse por ali passado.

Não havia ali um único indício dela. Nenhum sapato deixado ao acaso, nem cuecas penduradas da mesinha de cabeceira, nem sequer o mais leve cheiro dela no ar. Ele rolou até à parte dela da cama e, ao já a sentir fria, perguntou-se há quanto tempo ela tinha saído. Era mesmo como se ela nem estivesse estado ali, como se a noite anterior não tivesse acontecido, como se fosse tudo uma ilusão que não tinha mesmo acontecido.

A única dúvida que ele tinha era se ela o fazia de propósito para gozar com ele, para o fazer duvidar das próprias memórias e achar que estava a namorar com um fantasma... ou se aquilo lhe era de tal forma segunda natureza que nem sequer tinha pensado no que é que apagar todos os indícios da sua existência podiam fazer a uma pessoa.

A custo, Leonard empurrou os lençóis para trás. Suspirou, ganhando coragem para abandonar também o conforto das milhentas almofadas ao se sentar. Passou os dedos pelo cabelo despenteado, pensando no dia que tinha pela frente para tentar distrair a mente.

Ele gostava dos Leilões, a sério que gostava. Podia desaparecer do mundo por um dia ou dois, dormir em quartos quase tão chiques quanto os dos melhores hotéis, e talvez voltar para casa com um knick-knack ou dois na mala do carro. Gostava de festas, também, e a gente que frequentava aquelas era muito mais interessante do que os lobbyistas de D.C. ou os colegas de New York. Esses falavam de investimentos e de casamentos de conveniência; os convidados da Rainha falavam de tecnologias que ainda não existiam, trocavam histórias de guerra ou, em vez da discutirem a ética de alterar o ADN de embriões humanos, discutiam-no em termos de lucro e de consequências. Eram pessoas más, claro, vestidos em fatos italianos ou com vestidos designer enquanto licitavam por produtos que tinham a possibilidade de salvar ou de destruir milhões de vidas. Mas pelo menos eram honestos quanto a isso!

Ele vestiu-se sem muitas preocupações. Era só um pequeno-almoço informal, e como não devia demorar muito até ser chamado, ele não queria desperdiçar muito tempo naquilo. Quando saísse dali iria passar a manhã dentro de um todo-o-terreno a tentar voltar à civilização, e queria todo o conforto que podia arranjar. Por isso é que, em vez do fato de corte inglês que tinha usado na noite anterior, tinha trazido um de corte americano para hoje.

Uma empregadinha veio bater-lhe à porta a chamá-lo para o pequeno almoço pouco depois. Ele saiu do quarto, já aprumado, e seguiu-a corredor abaixo para voltar à sala se jantar.

–Bom dia, –cumprimentou.

As meninas já estavam sentadas, a comer. A Rainha estava na outra ponta da mesa, desta vez, mas os lugares estavam organizados da mesma forma. Ele sentou-se à sua esquerda dela. Teve de se controlar para evitar tocar na Aranha, quando ela estava tão próxima de si. Nem lhe olhou a face, e tentou até desviar o olhar da camisa branca que trazia semi-desabotoada, a roupa mais casual que havia naquele grupo.

–Bom dia, –respondeu Branca de Neve, sentada à sua frente. Mordiscava um scone com manteiga.

Aranha estava à direita dele e, da forma mais leve possível, usou o pé para o tocar sob a mesa. Leonard conteve-se por fora, mas por dentro estava derretido por aquela mulher. Pelo menos agora sabia que não tinha alucinado tudo aquilo!

–Suponho que tenham planos para voltar a casa? –comentou a Rainha.

Nem ela se tinha conseguido aperceber do que se passou. Ótimo.

–Sim. Do meu lado, já está tudo tratado. Agora é só uma questão de aguentar sentado por toda a viagem, –riu ele.

Mas ela não respondeu. Aliás, ninguém respondeu. Leonard estava a tentar fazer conversa, mas o público parecia não estar interessado. A Aranha analisava Branca de Neve, procurando falhas naquele exterior imaculado. Ela sorria-lhe de volta, um sorriso amargo. Era difícil saber se era de propósito que o fazia assim, para dissuadir os olhos indissuadíveis da rival, ou de apenas denotava falta de treino, falta da perfeição treinada da sua mentora. Aquelas duas moças pareciam estar trancadas num combate silencioso em que ele decidiu não se meter.

A Rainha, por sua vez, estava distraída. Ela que costumava ser tão atenta, tão detalhada, e a única pessoa que ia na conversa de Leonard e que jogava o mesmo jogo, hoje tinha o olhar desfocado enquanto bebia um copo de chá preto sem mais nada a acompanhar.

Ele serviu-se de café e tostas, não querendo sequer pensar no que iria dentro da mente inescrutável daquela mulher. Se ele se preocupasse o suficiente, talvez fosse capaz de a fazer admitir o que lhe roubava a atenção, principalmente quando ela estava com a atenção roubada. Mas não se importava, e não o fez. Preferia ficar preso naquele silêncio desconfortável a ter de lidar com ela.

–O que queres? –perguntou Branca de Neve, despertando-o do semi-transe.

Não foi para ele que falou, foi para a Aranha. A incrível doçura do seu tom quase fazia com que aquilo se parecesse mais com uma pergunta honesta do que com um ataque, mas a rival já andava entre inimigos há tempo suficiente para conseguir ler através dele.

Nem mostrou surpresa antes de perguntar, com igual doçura, –o que queres dizer com isso, Neve?

A outra sorriu em resposta. –Às vezes, a melhor maneira de o conseguir é simplesmente com um pedido.

Leonard escondeu um sorriso, olhando para a Rainha para lhe ver a reação; duvidava muito que a miúda tivesse inventado aquela frase sozinha. Ela estava a olhar para a protegida, sim, mas com os olhos vidrados como se não a estivesse realmente a ver.

Não podia ser ressaca, que a Rainha não bebia, e se fosse apenas sintoma de uma noite mal dormida, ela estaria a beber café, não English Breakfast!

Olhou para ela diretamente, deixando de tentar disfarçar o facto de a estar a ler e a analisar. Ela virou-se para ele, lançou-lhe um pequeno sorriso de resposta, e depois voltou a virar-se para a frente a fingir não estar a ignorar tudo o que via e ouvia. Leonard não acreditava que a Rainha não tivesse reparado no seu olhar até agora, até porque isso era algo que ela parecia quase adivinhar e porque estava no seu elemento, com as superfícies vidradas e refletoras à volta da sala a servirem de espelhos e a lhe darem mais ângulos de visão, especialmente de onde ela estava sentada.

Ali havia gato. Agora era só ponderar o quão útil isso lhe seria.

–Eu vou pedir, então, –disse a Aranha, ainda virada para Branca de Neve. Pousou os talheres sobre a mesa, apoiou-lhe os cotovelos e pousou a cabeça sobre os dedos enlaçados. –Eu quero saber o que é que tu estás a fazer aqui.

Pareceu que o tempo tinha congelado. Neve não reagiu, Leonard susteve a respiração e a Aranha não deixou que a expressão mostrasse a mais pequena pontada de emoção. Aquilo parecia ter finalmente suscitado a atenção da anfitriã, cujos olhos se focaram na aprendiz, à espera de uma reação ou da falta dela. Ele quase que falou, quase que perguntou à Aranha o que raio lhe passava pela cabeça, mas estava demasiado paralisado para agir.

Era perigoso pôr as cartas na mesa daquela forma, mostrar o jogo, especialmente quando a pedido do adversário. Mas a Aranha era a Aranha e, para fazer aquilo, era porque tinha um trunfo escondido algures na manga.

Depois de um momento, um longuíssimo momento de silêncio, Branca de Neve riu.

–O mesmo que tu, Aranhiço! Estou a tentar tomar o pequeno almoço.

Leonard soltou um risinho. Filho de peixe sabe mesmo nadar. Talvez a Rainha não tivesse escolhido a palavra "aranhiço" —se o soubesse, teria usado o nome e, não o sabendo, o título serviria— mas, de resto, parecia algo que pudesse ter saído da boca dela e não da da sua aprendiz. Tinha-a treinado bem!

Aranha encolheu os ombros, tirou os cotovelos da mesa e pegou num scone para o barrar de geleia.

–Vais ter de ser mais específica que isso, Aranha.

Foi a Rainha que falou, fria.

–Oh? –respondeu ela, quase cantarolando, e levou o scone à boca.

A anfitriã sorriu, se possível, mais fria que antes. –Se quiseres uma resposta, vais ter de ser mais específica na pergunta.

Ele trocou olhares com Branca de Neve. A miúda escondia o medo quase tão bem quanto ele, e desviou depois o olhar para o focar na sua mestre. Leonard agradeceu por o fato lhe tapar os braços, porque senão toda a gente naquela sala lhe poderia ver a pele de galinha.

Aquilo até seria bom entretenimento. Noutra qualquer situação ele estaria agradecido por a ira daquela mulher não estar dirigida a ele, e encostaria-se de forma confortável para apreciar o espetáculo. Mas importava-se com a Aranha, e sabia melhor que ela quão perigosa a anfitriã poderia ser, quando queria.

Já há anos que a Rainha não agia assim, não sugava todo o ar de uma sala com uma simples frase. Fingia zanga ou desapontamento com mestria, sim, mas há já muito tempo que não a mostrava assim com tanta honestidade. Aquilo era real.

Era uma jogada arriscada, e Leonard não conseguia ver o que é que ela poderia ganhar com aquilo e, ao contrário da Aranha, achava que ela não teria um plano de contingência. Mas a Rainha nunca jogava a perder, pois não? Tinha de haver ali algo que ele não tivesse descoberto ainda.

Mas a Aranha não parecia minimamente incomodada.

–Está cá para fazer negócio, como nós, se bem me lembro do que contou ontem, –disse. –Talvez seja realmente a primeira a merecer o teu lado direito.

A Rainha esperou que ela continuasse. Quando ela não o fez só pousou a chávena sobre o pires e disse –Certo.

Então era aquele o jogo da Aranha. A Rainha dava-se bem nas sombras, no subeterfúgio e nas mentiras, mas agora ia-se ver forçada a responder a uma pergunta direta. Podia recusar-se, claro, mas isso ia também servir de resposta. Também podia mentir —era provavelmente isso que ia fazer, tendo já algo preparado— mas teria de ser uma mentira mesmo muito boa, se ela quisesse manter qualquer controlo da situação que se alastrava como fogo posto, principalmente tendo em conta que a aprendiz estava sentada mesmo a seu lado, olhando-a de perto, espectante.

Aquilo não era algo de que ela conseguisse sair só com um riso cristalino.

Leonard escondeu toda a sua emoção, mantendo-se longe do foco da Rainha e da Aranha, que estava agora no ataque. Aquilo assim já era divertido de ver!

–Há alguma razão para teres escolhido um braço direito agora, Majestade? –O gozo naquela palavra era audível até por um leigo. –Sabemos bem o que aconteceu às anteriores. Nunca ninguém foi bom que chegasse, –acusou, –e agora apresentas de repente uma princesa, não só à Corte como a todo o público do leilão?

A Rainha sorriu. –Não aconteceu nada às anteriores, Aranha. Nunca houve anteriores.

Isso não serviu de muito para acalmar Branca de Neve, e a Aranha não aceitou o isco para responder.

–Sabes que é perigoso mostrar as cart...

–Para-me lá com as metáforas e responde-me à pergunta.

Ela não ia conseguir desconversar aquilo. Mentir seria o plano B.

A Rainha riu-se. Depois encostou-se mais atrás na cadeira e suspirou. Era o mais próximo de uma admissão de derrota que se podia extrair daquela mulher. Nem tentou beber mais um golo de chá para roubar mais uns segundos até ter de responder, nem tentou mais lutar. Aquilo não era dela. Uma tentativa de fazer a mentira ser mais credível, de certeza.

–Estou a pensar reformar-me, –respondeu, encolhendo os ombros. Pela forma como Neve esbugalhou os olhos, era óbvio que aquilo não tinha sido discutido com ela. –Como não estou para deitar fora tudo o que construí, estou a criar provisões para que as coisas continuem a funcionar sem a minha mão no volante.

A expressão da Aranha ficou suave. Aquilo era uma resposta credível, realmente.

–Nunca ninguém saiu do Jogo com vida, –disse Leonard.

Aranha revirou os olhos ao usa daquela expressão, mas a Rainha sorriu de novo, desta vez com mais intensidade. –Que se saiba, não. O que não significa que não tenha acontecido. –Voltou a encolher os ombros, endireitando-se na cadeira. –Seja como for, eu também não estou a planear desaparecer. Posso jogar sem ser uma peça, digamos. Vai tudo continuar a funcionar. Eu não estou prestes a pôr-me em perigo!

Leonard riu. Sim, aquilo era credível o suficiente para até ele estar a começar a acreditar.

–Falando de negócios, –disse a Rainha, desconversando. –Tu disseste que tratavas do transporte da criança que compraste, não foi, Aranha?

Ela acenou com a cabeça, de certeza ainda a processar o que tinha ouvido. –Ela vem no meu veículo.

A anfitriã sorriu, tendo recuperado o controlo da sala. –Ótimo. Acabemos o pequeno-almoço, então! A viagem é longa, e provavelmente querem voltar a casa ainda hoje.

Levantou-se da mesa sem se desculpar. Branca de Neve viu-a sair da sala e, depois de hesitar por um momento, desculpou-se para a seguir.

....

Nota da Autora

Dun dun duuuuun!!

O que foi isto? O que é que a Aranha quer? Acreditam naquilo que a Rainha disse, ou concordam com o Titeiro ao pensar que aqui há gato??

Está na hora das ✨teorias✨ meus amores! Quero saber tudo tudo tudo o que vos vai na mente! Não há respostas erradas :P

Beijinhos e até à próxima!!

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