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❛ 𝟎𝟏: ━━━ capítulo um.

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( CAPÍTULO 01 )

Loki Odinson se lembra tão perfeitamente da primeira vez que o viu quanto da euforia por manusear uma flâmula esmeraldina entre seus dedos delgados; um menininho com bochechas encovadas, magro e pálido, com cabelos loiros escorridos que assemelhavam-se ao mesmo tom de seus olhos dourados brilhantes. Sua expressão torceu alguma coisa na alma de Loki, cutucando-lhe; era completamente vazia de qualquer substantivo.

Ele era neto de um infame criminoso retido por infligir desordem ao reinado pacífico de seu pai — Loki não sabia qual era seu crime. Ninguém parecia saber, na verdade; o mago estava completamente esquecido através das grades. Até que o filho, em um balbucio oscilante que não afetava nem ao menos um lobo em sua tenra idade e má formação, buscou ir contra o Pai de Todos para libertar o mago que estava sabe-se lá quanto tempo trancafiado em masmorras Asgardianas, conseguindo, assim, a própria morte. Um covarde que não receberia seu assento em Valhalla ao lado dos deuses, eternizado para apodrecer debaixo da terra.

As Nornas o condenaram por seu ato precipitado; estando prisoneiro no purgatório de Niflheim e detendo da mesma habilidade mágica das Deusas do Destino, tal impulsividade as envergonhara profundamente, como uma mácula em sua perfeita reputação estabelecida entre os Nove Reinos assim que Vídar criou um levante contra Odin, modelando seu caminho pelo Poço de Urd, lugar que as três residiam.

Entretanto, Vídar, filho de Eldred, também deixara sua própria prole abominada para caminhar entre os Nove Reinos; o nome dele era Daínn.

Mate-o, foram tantas as vozes a conspirar contra sua vida. Dizem que um filho suga o ódio do seio da mãe, mas a estúpida mulher partira deste mundo na cama do parto, talvez uma coisa boa para que não vistoriasse a ruína de sua família; então supuseram que ele alimentaria a mesma ira do pai e, eventualmente, revoltaria-se contra Odin.

Os juízes exerciam seu julgamento, até que ela surgiu; madeixas refulgindo como ouro liquefacto, perpetrando a denominação que incutiram para si; Deusa da Fertilidade, Amor e União.

Sua mãe, Frigga, abaixou-se rente à face franzina do garoto e elevou uma mão invasiva até sua bochecha.

— As feiticeiras de Asgard cuidarão dele.

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Quando Loki estava sozinho, seus pensamentos mesquinhos e ardilosos pareciam o corromper languidamente, cutucando uma ferida purulenta que crescia junto consigo. Ele aprendeu que, mesmo exaurindo-se até que estivesse fatigado, com cortes revelando o cerne rosado de sua pele pálida a mostra e a respiração tão descompassada — pulmões queimando, aflito, uma mente tempestuosa prestes a colapsar — nunca receberia a mesma vanglória direcionada a Thor quando este viesse a se apossar do mesmo esforço. Ele estava cercado por bajuladores que o importunavam vagamente e, ainda sim, nunca seria o suficiente para suplantar o irmão em algo.

Ele odiava Thor e o amava tanto ao mesmo tempo, sensações tangíveis que o perturbavam; era um sentimento que ele não sabia compreender, pois não pensava ser possível sentir dois extremos pela mesma pessoa. E enquanto para Thor, receber um elogio do pai deles era apenas mais um acréscimo em sua ampla lista, para Loki, quando Odin o encarava com o olho azul pálido e intenso sorrindo-lhe afável, uma sensação de como se ele fosse um andarilho com sede em meio a Muspelheim e encontrasse água o preenchia, balançando seu peito, acalentando seus pensamentos ruins.

Loki não se sentia pertencente, quase como se estivesse ali por engano ou pura alteração do destino. Ele tem tantos pensamentos ruins, corrosivos, que o influenciam cegamente. Importunar as pessoas, trapacear, tornou-se uma forma de garantir a atenção, mesmo que fosse consternada.

Ele não consegue se lembrar da última vez que fez realmente algo por si — tudo em sua vida orbitava em escalar a pirâmide que faria todos olharem para ele um dia, com admiração.

Ele assistiu taciturnamente o pequeno coelho à sua frente, as orelhas longas do bichinho estavam eriçadas e seu pelo branco tinha uma e outra mancha de terra dos jardins. Loki inalou profundamente enquanto se concentrava, tentando esvaziar o tumulto de si.

Sua mãe o habituou com uma mágica carregada pela vertente de truques fáceis, considerando que ele teria longos milênios pela frente para habituar-se com outras; mas, entre as que ela lhe ensinou, encontrava-se a transfiguração. Loki sabia que possuía a habilidade elevada de simplesmente apenas transformar objetos em outros objetos. Por isso, sua determinação em testar seus limites estava tão eufórica.

Ele conseguiria.

Loki sabia o que deveria fazer; manter sua mente limpa. Enfornar seus pensamentos maliciosos em um canto obscuro de sua cabeça e mantê-los ali até que tudo estivesse feito; a mão deveria permear no ar cuidadosamente, o pulso levemente retorcido. Após isso, sentiria a formigação na ponta dos dedos e uma coisa curiosa se agitando dentro de si.

O que ele iria fazer encaixava-se no objetivo de uma transformação literal. Transformar um ser vivo em algo inanimado. E, seguindo tudo o que a mãe costumava demandá-lo, ele pensou nos cavalos de madeira que costumava esculpir quando era menor. As vigas esfumadas para remeter a crina, as rodinhas que moldava com arame — Frigga sempre o repreendia quando aparecia com a ponta dos dedos ensaguentadas.

Um guinchar agudo o fez abrir seus olhos cerrados. Loki os arregalou, rapidamente, e observou quando o coelho, que antes se refugiava entre dois arbustos aparados, caiu no chão. Como um cavalo de madeira.

Loki conseguiu.

Desembaraçando-se das roseiras da mãe, curvou os lábios em um sorriso satisfeito enquanto dava leves batidinhas para tirar o franzido da roupa.

Encaminhando-se para pegar o cavalo, firmou os pés no solo ao soltar um suspiro de surpresa com a figura que surgiu bem na sua frente. Daínn empurrava os arbustos com as mãos e arqueou uma sobrancelha para Loki quando seus olhares se cruzaram, brevemente.

— Sua mãe está procurando você. — Ele informou, seguindo o olhar de Loki, que oscilava entre os olhos bonitos e dourados do menino para o cavalo de madeira jogado despretensiosamente na relva. O antigo coelhinho.

E então Daínn estava com sua mãe.

Loki não negaria que sentia, sim, ciúmes dele com Frigga — diferentemente de outros, a mãe nunca o colocara em segundo plano e não exercia tal gesto agora, mas era incômodo ter que repartir a atenção dela com terceiros. Ela também estava ajudando Daínn a manter sua magia controlada; incentivando-o a demonstrar seus dons, estudá-los profundamente e descobrir qual submersão atingiam. Se era uma mágica de cura, defensiva, ou uma inclinada para truques como a dele.

— Você sabe como transformar Garm de volta, não? — O garoto redarguiu quando Loki não o respondeu. — Ouso dizer, senhor; Thor ficaria muito chateado em perdê-lo.

— Você estava me vigiando? — O príncipe implantou outra questão, porque, veja bem; era a primeira vez que ele fazia aquilo com uma coisa viva. Sabia, sim, que havia a possibilidade de transformá-lo de volta, só nunca exerceu a prática.

Thor enlouqueceria, ele pensou, sentindo uma faísca de culpa por querer rir. Aos doze anos, regozijando de um porte alto, parecia uma sátira que seu irmão fosse justamente tão afetuoso com um coelhinho fofinho quando poderia ter lobos, corvos — como os gêmeos Hugin e Munin — de seu pai.

— Percebo não ter notado, príncipe — Mesmo que Dáinn fosse mais alto, Loki o olhou sobre a ponta de seu nariz, sardônico. — Mas estava em um lugar anexado à perfeita visão do pátio de feiticeiros.

Disfarçadamente, Loki levou um olhar enviesado para sua esquerda. E merda. Havia um enorme galho de folhas de menta que brotava da terra, mas sua forma esguia só escondia parcialmente a visão do canteiro da mãe.

O filho de Frigga fez o favor a si mesmo de manter-se em silêncio.

— Resolvo isso depois. — Rebateu, desviando o olhar do de Daínn. Aprumou-se, deixando a postura ereta. Então, acrescentou, provocativo: — O que a senhora minha mãe deseja? Deve saber, afinal, age como se fosse o Ratatoskr da rainha.

Loki odiava como nunca conseguia furtar a razão de Daínn, trazendo-lhe discórdia e semeando sua impaciência. Quando Loki direcionava a ele qualquer comentário que seria considerado ultrajante — se ele não fosse filho do líder do clã de deuses Æsir — torcia para que o filho de Vídarr mostrasse uma reação mordaz, retraisse suas feições sempre ensaiadas. Ao contrário de suas expectativas, Daínn comprimia os lábios, sem deixá-los tão retorcidos por insinuar que engolia o que não se deve e sorria com os olhos.

O Odison via aquilo como um desafio a ser vencido, para depois deleitar-se em sua conquista. Todos em Asgard persistiam a discursar sobre o neto de Eldred, protegido da Deusa-Mãe Frigga e como ele parecia morto por dentro, atuando como um bonequinho.

Loki pensava diferente.

— Contrariando suas associações, príncipe, lamento dizer que não é nenhuma informação grandiosa como as que Ratatoskr carrega. — Daínn informou, encolhendo os ombros. — Ela apenas deseja sua companhia.

Loki finalmente olhou para ele, e, coincidindo com o que pensava, havia aquele mesmo sorriso com os olhos. Inalando uma respiração brusca, ele caminhou para frente. Daínn deu um passo para trás, soltando os arbustos que o príncipe segurou antes que se debatessem. Saltitando para o piso de mármore escuro, bateu com as solas da bota no chão para retirar o excesso de terra do canteiro planificado, cuidando para que não se arrastasse pelos pátios.

Ele passou por Daínn e, não sabendo se era a coincidência por onde estava, sentiu o cheiro de jasmim — entretanto, recordou-se rapidamente que sua mãe não plantava jasmins —, folhas de menta e bergamota no ar, misturados em uma fragrância floral e amadeirada que perfurou suas narinas.

É um antecedente de colapso? Porque o príncipe sentiu-se confuso quando uma mão contornou seu ombro, arrastando-o de volta para fitá-lo nos olhos.

Daínn o encarou, grandes olhos dourados. Pupilas oscilando, cílios longos piscando. O cheiro ficou mais forte, como se evaporasse de seu pulso que agora prendia Loki e estava perigosamente próximo de seu rosto.

— Não esqueça Garm.

Ele ergueu o bonequinho de madeira. Claro. O maldito coelho. Loki precisaria dizer à mãe o que havia feito para que Thor não fosse encontrado chorando mais tarde.

O príncipe preparou um resposta maliciosa na ponta da língua, mas—

Segurou-a, engolindo em seco e girou os pés, desprendendo-se do aperto.

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Nada atenua a obscuridade crescente que passa a tomar conta de seu coração.

Ele está em uma peregrinação possessa para a biblioteca enquanto luta contra a própria insatisfação, as unhas pequenas findando-se na palma, como se buscando suavizar a respiração vertiginosa. Deuses, ele amava sua mãe, a luz de sua vida e a pessoa que Loki mantinha em maior estima, mas o apoquentava o modo que ela se refreava quando o assunto tornava-se ensiná-lo, ajudá-lo a assimilar a respeito das extensões de seu poder que ele podia sentir fluindo em suas veias, efervescente, intenso como uma correnteza em seus trechos íngremes. Frigga era uma das maiores ilusionistas vivas e, ainda sim, não compartilhava seus conhecimentos consigo.

Ela não confiava nele? Pensava que Loki não teria o controle para manusear corretamente? Era sua mãe, deveria reproduzir seu nome através de sua criança.

Loki acreditava, egoistamente, que jamais emparelharia-se no topo se persistisse a aquiescer para tudo que outrem consideravam.

E, ao atrever-se a manifestar seu aborrecimento, o pai riu — o que ele considerou uma zombaria — e ressaltou que Loki não possuía doze anos, ou seja, ainda não poderia considerar-se maduro, apenas uma criancinha imberbe e reclamona que não detinha o senso de coordenar as próprias decisões.

As palavras corrupiavam incessantemente em seus ouvidos, ecoando profundamente. Eram capazes de lhe invocar vergonha e raiva, deixando um gosto azedo pairando em sua boca.

Quando atravessou a porta, não importou-se com o ruído repentino causado, mas seus olhos se apertaram com a luminosidade. Erguida no ponto alto do castelo, a biblioteca de Asgard possuía estantes de cristais maciços que abrigavam pergaminhos e tomos encadernados em couro envelhecido, espalhados em dezenas de milhares de prateleiras. As paredes eram costuradas em tapeçarias que narravam a epopéia de todos os clãs; em algumas que ele não duvidava favorecer o pai.

Com cinco anos, aquele local tornou-se um refúgio para ele e seu irmão quando eram travessos demais e sabiam que a fúria do pai chegaria até eles, mas, até então, teriam tempo de pensar entre os corredores até que os encontrassem. Obviamente, ele daria um jeito de jogar a culpa em Thor pela possível brincadeira que os levou a estarem ali e no período escondidos, passavam toda à tarde transcorrendo a ponta dos dedos pelas figuras, modelando-as e ponderando como fora para o pai quando este, em troca da sabedoria, ofereceu um de seus olhos a Mimir, o guardião, e permaneceu, durante extenuantes noves dias, pendurado na Yggdrasil ao mesmo tempo que estava ferido por uma flecha.

Adiantou os passos para o corredor que sabia especificar livros com feitiços e rituais. Pensara que ler o “Oráculo de Yggdrasil” esclarecia sua mente, mas as informações eram simplórias e ele rapidamente conseguira as dominar, mais influenciando em feitiços de cura do qualquer coisa. Loki os achava entediantes, mas poderiam lhe servir futuramente.

Ele estava seguindo em frente quando, em um olhar traiçoeiro, olhou despretensiosamente para o lado e para sua surpresa, Daínn encontrava-se esparramado no chão. Um enorme livro de marroquim vermelho estava estendido entre as pernas e seu cabelo loiro — que crescia constantemente, Daínn nunca o cortava — cobria seu rosto propiciando poucas frestas livres da pele bronzeada. Ainda sim, Loki o reconheceu. E não gostou disso.

Estava prestes a seguir em frente, ignorá-lo, até virou o rosto, mas a vozinha sobressaiu-se importunamente e ele—

— Posso ajudá-lo em algo, senhor? — Daínn indagou e Loki, oscilando, virou-se para observá-lo. O rosto enfornado no livro subiu, curioso.

— O que você está fazendo aqui? — Loki substituiu a pergunta, cruzando os braços e apoiando-se em uma das prateleiras.

Daínn ergueu uma sobrancelha.

— Até onde sei, a biblioteca é pública? — Soou titubeando entre pergunta e resposta. Os vitrais da janela refletiam-se em tons de rosa, azul, verde e roxo, projetando formas axadrezadas no piso. Braseiros incineravam-se, ornando o espaço com um calor bem-vindo.

Loki revirou os olhos.

— Não é isso. Não deveria estar com suas estimadas feiticeiras? — Indagou, sardônico.

Loki invejava Daínn — apenas em como ele era favorecido, versando-se da aurora para o alvorecer, rodeado pelas mulheres mais experientes em magia de Asgard — pois não desejava ser um órfão criado pelo carrasco de seu pai que o mantinha por perto apenas para que ele não desenvolvesse o mesmo ódio desenfreado por eles, embora Loki se questionava se já não tivesse. Ele, ao menos, desejaria a morte de todos. Talvez, o fato de Daínn ser tão pequeno quando tudo aconteceu tornasse suas memórias enevoadas sobre a verdade que o rondava. Convivia com os assassinos de sua família.

Loki não confiava nele.

— As senhoras me concederam descanso, por hoje. E em partes. Ainda tenho de estudar isso. — Redarguiu, caindo para trás e deixando às costas ainda rentes a prateleira. O material mal rangeu, como se o peso do menino não interferisse em nada. Daínn, opostamente a indicar o livro que estava no colo, tirou um que estava jogado do outro lado, longe da visão de Loki.

— Renegando as regras de anciãos? — O príncipe perturbou, relaxando um pouco mais a postura rígida e inclinou a cabeça para o lado. Em seguida, apertou os olhos com uma força excepcional quando avistou o vislumbre de um leve tremular nos lábios do outro menino; acreditou não ter visto direito.

Esse — Continuou a segurar o que estava na mão, explicando distraidamente. Não olhava para Loki, parecendo preso na própria mente.  — Tem mais descrições, reações. E esse — Indicou o do colo e, finalmente, ergueu os olhos para observá-lo por um instante. — É um grimório. Encantamentos, rituais verossímeis.

De repente, o príncipe de Asgard se empertigou.

Encantamentos? — Avançou alguns passos, desfazendo-se de sua posição anterior.

— Não possui nem a datação de quando foi escrito. — Daínn prosseguiu a tagarelar. Loki aproximou-se dele, cautelosamente, surpreendendo a si mesmo e com um suspiro, escorregou ao lado do menino.

— Que conveniente. — Loki falou secamente. — Parece altamente improvável que um texto antigo e reverenciado fosse deixado escondido.

Daínn desviou os olhos para ele. O que ele expressava por acaso era surpresa? Possivelmente pelo príncipe contestá-lo. Loki o avaliou um pouco mais e, por fim, concluiu que não, não era isso. Talvez fosse surpresa pela aproximação invasiva? Loki fora um pouco mais para o lado oposto de Daínn.

— Na verdade, não. Ylva me disse que a maioria dos feiticeiros em Vanaheim nunca assinam seus nomes ou qualquer pseudônimo. — Vanaheim. O mundo em que Dáinn nascera, onde primeiro o avô fora banido para que depois a mesma desgraça acometesse o pai. Loki gostava de pensar em Ylva como a preceptora principal de Daínn, este que explicava, mantendo seu tom de voz sempre controlado, tão pouco perturbado com a incongruência de Loki quanto se esperava dele.

Vanaheim e Asgard sempre foram aliados. O clã dos Vanir eram solicitados para apaziguarem a maioria dos conflitos entre os reinos, conhecidos por suas habilidades em forjar alianças e negociações. Naquele momento, Loki considerou que a boa postura sempre presente de Daínn não devia-se à aquela característica oriunda de sua terra.

Loki olhou para o livro, então. Repetindo a conversa dentro de sua mente… Percebeu que era a primeira vez que ouvia Daínn dizer algo de si mesmo. Mencionar o próprio mundo. O príncipe fechou a boca que desgrudou-se em súbita surpresa.

— O senhor pode pegá-lo após eu finalizar minha leitura. — A voz de Daínn, próxima a si, não o surpreendeu. Loki olhou para ele, piscando, enquanto O menino aguardava pacientemente a resposta do príncipe, que coçou sutilmente o pescoço.

— Não acredito que darei ouvidos a um ratinho de biblioteca.

O canto dos lábios de Daínn tremeram. De novo. Ele iria rir?

— Ainda com aquela coisa de Ratatoskr?

— Combina com você.

As coisas ficaram, definitivamente, muito estranhas após isso.

Loki leu o grimório. E então, praticou todos os encantamentos que absorvera dele. Com Daínn.

Tendo como escopo aborrecer Thor, ele próprio conseguira transmutar-se em uma cobra; assim que o irmão, tendo um gosto peculiar por aquelas víboras venenosas, detectou-a e a apanhou entre as mãos para admirá-la, Loki retornou a forma natural e o apunhalou em uma esfoladela breve no ombro.

Fora hilário.

Entretanto, rendeu-lhe uma espécime de castigo; estaria proibido de praticar com a mãe durante meia-dúzia de dias, embora concomitantemente, ocasionara em sua aproximação com Daínn — mas tudo devido a vindita que sofria. Não por sua escolha. E porque estava entediado sem conversar com mais ninguém.

Como não tinha o direito de usar magia — caso contrário seria punido pelo pai — alimentou-se das páginas de mais livros do que poderia contar ao lado do outro menino. Era uma pena seu pai não ter previsto que, com um material decente para extrair, Loki não necessitava da explicação de ninguém, a exceção de seu conhecimento. Como a mãe lhe negava tal, precisou aprender a se virar.

Com isso, uma das coisas que aprendeu era que Dáinn optava pelo pôr do sol ao amanhecer.

— Por quê? O dia está acabando, ou seja, mais um que você viveu e mais um próximo à morte.

Foi naquele exato momento que Loki vira o sorriso de Daínn pela primeira vez. Era gentil e resvalava dois buraquinhos, um de cada lado das bochechas — que engordaram e não assemelhavam-se mais à dois buracos na cara —, e mesmo que não fosse um sorriso divertido, e sim contemplativo, uma sensação presunçosa recaiu em si por ter conseguido externar algo do menino.
 
— Não é isso que todo guerreiro deve almejar? — Daínn apenas interpelou, contínuo de um momento em silêncio pensativo.

— Não parece ser alguém que aprecia tanto o campo de batalha como terceiros.

— Nem você.

Loki deu de ombros.

Não mesmo. Apenas a glória que vem com ela.

A segunda coisa difundiu-se da maneira mais idiota possível. E Thor, obviamente, deveria estar incluso.

— Isso é marfim? — Thor indagou enquanto dedilhava os desenhos das tapeçarias.

— O que, senhor? — Daínn aquiesceu pacientemente.

— A cor.

Loki revirou os olhos.

— Não existe cor marfim, idiota.

— Claro que existe! — Seu irmão rebateu em um tom ofendido. Burlou os próprios afazeres para estar ali, dizendo sentir saudades de seu pequeno irmão. Honestamente, Loki não pôde ver aquilo além de um infortúnio para infernizar seus nervos que encontravam-se limitados.

“É entediante não ter meu irmãozinho para fingir que está desmaiando”, Thor confessara. Loki quis chutá-lo na cara, pois ele sempre era o irmão que estava desmaiando — em uma posição muito humilhante.

— Não, não existe. — Loki foi incisivo, levantando-se do chão e aproximando-se do irmão. Afundou o indicador na mesma textura que o irmão estava tocando. — Vê? É um castanho claro.

— Não, é marfim. — O irmão, irredutível, buscou Daínn, mais uma vez. — Você não acha que é marfim?

Daínn ergueu os olhos, parecendo estancar um riso. Loki, então, naquele momento, percebeu que não sabia qual era o som da risada dele.

— Na verdade, marfim é sim, uma cor.

Loki ergueu uma sobrancelha para o menino. Thor o cutucou no quadril, soltando uma risada escandalosa.

— Viu só? Você só liga para verde e preto. — Encarou Daínn por cima do ombro. — E você, qual prefere?

— Azul.

— Um sujeito de bom gosto.

E Thor perturbou Daínn pelo resto da tarde, utilizando-o para desfavorecê-lo em alguns momentos — o que deixava o irmão incrivelmente desapontado quando não conseguia — contudo, parecia ter encontrado uma coisa divertida para fazer e Loki apenas ficou ali, escutando.

O inverno arrastou-se congelando até os ossos, sucedido pela primavera que diluiu o frio congelante e prosperou no verão ensolarado, apaziguado pelo outono áureo, folhas de fulvo empoeiradas nos galhos das árvores para todo o processo reprisar-se.

Nesse período, as coisas transpuseram-se de singulares para… naturais. Ele passou a buscar Daínn para conversar porque gostava — Loki jamais, em hipótese alguma, admitiria aquilo em voz alta — e era um sujeito que não se interessava nenhum pouco em bajular seu outro irmão ininterruptamente, o que lhe propiciava uma certa sensação de bálsamo. O menino tornou-se mais expressivo, sua máscara partindo-se em milhares de micro pedacinhos. Daínn ria. Compartilhava o pouco que se lembrava de Vanaheim — narrando lembrar-se das folhas das árvores sempre de um verde intenso, das longas colinas montanhosas e picos tomados pela névoa… — e porque, instintivamente a isenção de Thor, era o mais próximo que já teve de um amigo.

Loki, no entanto, persistia a questionar sua passividade nos cantos remotos de sua mente. E não fora necessário verbalizar o assunto para que Dáinn lhe confidenciasse, espontaneamente — e ao menos, parcialmente, — como sentia-se.

— O pôr do sol em Vanaheim sempre oscilava contra as árvores de folhas fulvas. — Daínn inclinou a cabeça para o lado. — Elas balançavam conjuntamente a brisa tácita do fim de dia.

— Você é tão passional sobre o pôr do sol que até me sinto coagido por não enxergar nada tão esplêndido. — O príncipe, então, franziu a testa, de fato, pensativo. Ao seu lado, o menino de Vanaheim soltou uma risadinha, aquele som com o qual Loki ainda se acostumava.

— Minha tia tem grande participação nisso. — Daínn possuía uma tia? Uma pontada de dor floresceu em seu pescoço quando o girou depressa, um pouco atônito pela informação também íntima fornecida por Daínn.

Claro que deveria ter, imbecil, admoestou-se mentalmente. Ele não poderia sobreviver à puerícia sem a preponderância de alguém.

Sua tia? — Indagou, quase em um sussurro.

Sinto falta dela. — Ambos estavam empoleirados na ponta do canteiro de Frigga, que desabava para uma queda longa, observando o sol se pôr atrás da grande montanha. Abaixo deles, um rio atravessava, a visão embaçada ainda sim proporcionando a visão das pequenas ondulações em relevo. Optaram por um espaço que não era enfileirado pelos vasos cerâmicos da rainha e nem de suas árvores moderadas. Garm, atrás deles, residia escavando a terra com as patinhas minúsculas.

Coelho ridículo.

Loki não soube o que responder, então ficou quieto, permitindo que Dáinn progredisse. Não era do tipo proveniente do sentimentalismo dos outros e, já vislumbrando o sol se pôr no limiar junto dele, para agora ser abatido com tal aclaramento, quase atingia seu limite.

— O nome dela era Vigdis. Sempre atuou como a pessoa mais participativa em minha vida, e às vezes mal consigo me lembrar do rosto dela. — O menino murmurou com uma honestidade arrebatadora que fez Loki remexer-se.

O príncipe sentiu a respiração engatar na garganta. Seus olhos desfocaram, complacentes.

— Disse “era”... — As palavras saíram carregadas, pesadas, de seus lábios. Loki arrependeu-se de as emitir no momento que percebeu o cenho de Daínn ficar franzido.

— Não, não, ela está viva. — Ele respondeu rapidamente ao compreender o que as reticências de Loki simbolizavam. — Só não vejo ela… desde… — Uma serenidade hedionda os atravessou por um momento. A palma da mão de Loki formigou, até que Dáinn seguiu, após um longo suspiro: — Bem, desde que me trouxeram para cá.

— Sabe que eu não tenho palavras para isso. — Loki brincou, tentando vigorosamente desprender-se dos próprios pensamentos. E Daínn sorriu-lhe estranhamente, trazendo ao príncipe uma assimilação obstinada; ele habituara-se consigo, com suas palavras ardilosas e humor ainda pior.

Mais uma vez, o menino parecia adivinhar quando poderia permanecer falando.

— Ela me criou. Eu nunca conheci minha mãe. Assim como meu pai. Sempre ouvi falar deles pelas línguas de outras pessoas.

— É por isso que para você… — O príncipe pausou, prolongando, em busca da palavra correta. — É… suportável esquecer de tudo?

— Não pode lembrar do que nunca teve, Alteza.

E aquela havia sido a primeira vez — e não seria a última — que deslumbrou a tristeza inflexível nos olhos de Daínn, carregados de tormento. O brilho que Loki sempre considerara natural assumira uma representação opaca, as pálpebras trepidantes. Seu coração estremeceu sob os sentimentos transparentes do outro.

— Você deve ter muita coisa guardada dentro de si. — Retrucou, de repente, desenrolando-se dos pensamentos. Porque ele teria, após todas as aprovações e olhares enviesados. Ele tem. O que Loki considerava de mais valioso em si é que ele é hipócrita e não tem problema nenhum em utilizar de sua hipocrisia para favorecê-lo. Daínn passara por pior que ele, entretanto, não utilizava de nenhum dos meios mesquinhos para se sobressair.

Raiva. — Daínn admitiu. Loki virou-se para encará-lo, balançando as pernas distraidamente. Daínn continuava a olhar pela fina camada alaranjada que caía no horizonte, mesclada em um tom púrpura. — Não quero que considere isso como uma ofensa.

— Não considero. — Loki garantiu, repuxando a parte inferior da bochecha. — Me surpreenderia se não tivesse. Só não quero estar em sua futura lista por vingança.

Daínn soltou uma risada anasalada, sincera.

— Creio que a raiva modela-se devido à situação que me cerca. Ser retirado do meu mundo. — Esclareceu, finalmente desviando os olhos para Loki. Brilhavam como âmbares amarelados, acentuados pelos últimos resquícios do sol. — Mencionei que meu pai nunca fizera nada digno por mim ao ponto de eu ter a sede de honrá-lo.

— As pessoas subestimam relações familiares.

— E estou justamente aqui porque preferem manterem-me em uma coleira se algo ocorrer.

Com os olhares cruzados, eles desviaram com um sorriso compartilhado, um segredo.

— Minha vida aqui não é ruim. — Daínn pareceu ter, de repente, sentido a necessidade de esclarecer.

— Mas se detivesse a oportunidade em mãos, não estaria aqui.

Daínn jogou a cabeça para trás, olhando-o com as sobrancelhas erguidas.

— Não irei delatar suas vontades. — Loki gracejou, olhos azulados e travessos.

— Eu sei. — Daínn concordou. — Mas faria se isso o beneficiasse, senhor.

O príncipe assobiou, tentando conter seus lábios que começavam a se curvar para cima.

— Você está certo.

— Vê? O senhor não é tão transparente quanto pensa às vezes.

Loki ensaiou seu melhor olhar de censura.

Eu sou um trapaceiro.

— Então o senhor deveria aprimorar suas trapaças. — Loki estalou a língua, estendendo a mão para sentir a grama amolada em sua derme.

— E Daínn? — Loki chamou. O menino aprumou-se, ergueu uma perna, cruzando-a contra a terra e piscou para ele com um “Hm”. — Meu nome é Loki.

Daínn piscou, atônito. Loki sentiu-se pressionado, um olhar perplexo no rosto do menino que o fez questionar o que havia dito—

Estava prestes a abrir os lábios, mas o oriundo de Vanaheim adiantou-se, com um enorme sorriso na boca, que fez Loki considerá-lo quase tão bonito quanto o da mãe.

— Eu sei, Loki.

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Loki não demorou a alcançar seu limite.

Talvez apenas alguns míseros quatros anos — se fosse ser honesto — e viu-se completando doze.

Ele estava caminhando pelo corredor — e alguns dos soldados de seu pai, com as cabeças alinhadas naqueles elmos ostensivos e mais pesados do que poderiam suportar —, tentavam ignorar as rápidas passadelas do príncipe. Enquanto retirava as braçadeiras douradas que circulavam seus pulsos com toda a agressividade que poderia reunir, ponderava sobre explodir alguém. Seus cabelos escuros haviam se alongado até abaixo de seus ombros, lisos e sedosos. As pernas cresceram, os ombros esticaram e sua certeza da muita incompetência que o rondava se intensificou.

Ele distingue os passos que aproximam-se quando estes já estão quase tão perto que pode sentir o batimento cardíaco dos indivíduos, a respiração. Loki ergueu os olhos, mas as palavras de Daínn já estão sendo vomitadas de sua boca—

— Loki, o que aconteceu? — O príncipe de Asgard piscou, tentando suavizar sua expressão e sabendo ter feito um péssimo trabalho ao visualizar o semblante preocupado de Daínn, persistente e sólido.

Ao lado dele, Ylva, sempre carregando sua expressão severa, mesmo para um rosto tão jovem, olhou-o por cima de seu nariz aquilino. O cabelo ruivo estava impecavelmente trançado, puxando desde os fios que nasciam ao decorrer de sua têmpora.

Loki abriu a boca, comprimindo-a logo em seguida. Desviou-se de Daínn para Ylva, dando um passo atrás para que a mulher reconhecesse que isso não deveria envolvê-la. Em momento algum Loki fraquejou — mesmo que tivesse vontade, Ylva sabia ser muito intimidante quando desejava, com seus olhos verdes nada calorosos. Acompanhou quando a carranca da mulher se aprofundou, as linhas de expressão na testa em evidência conforme encarava Loki com desconfiança e o príncipe mantinha a mandíbula rígida.

— Bem. — Ylva enrolou a língua nos dentes, começando a bater os sapatos no piso. — Nos veremos amanhã, Daínn. Não esqueça do pergaminho. — Alertou por fim, recebendo um aceno vigoroso do menino. Apanhando os livros que o aprendiz mantinha entre os braços, arrastou-os contra si.

Caminhou sem olhar para trás, deixando um alívio quase instantâneo.

— Como consegue… — Daínn balançava a cabeça enquanto falava, meio incrédulo.

Loki o ignorou, enrolando a mão no pulso do menino e o puxando junto consigo para a mesma direção que ele vinha antes com Ylva, segurando as braçadeiras na outra. Viu, pelo canto do olho, Daínn tentando equilibrar-se e atenuou os passos. Sentiu a mesclagem entre as temperaturas mornas, o suave pulsar vitalício bem sob sua mão.

— Sempre fazem tudo ser sobre ele! — Loki exclamou, estarrecido. — Ambos estamos prestes a ser consagrados como guerreiros gloriosos e aparentemente apenas Thor importará na cerimônia.

Daínn soltou um suspiro de alívio.

— Pensei que algo muito mais grave havia acontecido.

— Algo grave está acontecendo! — Repetiu lentamente, como se tentando fazer o cérebro de Daínn absorver as palavras. — Mas espere. — Loki diminuiu os passos, contestando as palavras. No meio disso, Daínn quase espatifou-se mais uma vez, o que levou o príncipe a girar-se nos pés, jogar as braçadeiras no bolso de seu sobretudo e apoiar as mãos nos braços do menino maior para firmá-lo no chão. — O que você pensou que mais grave do que isso poderia ter acontecido?

Daínn exibiu um sorriso incerto, cativante. Loki sentiu a respiração dele no topo de sua cabeça.

— Talvez que você matou alguém e precisaria de ajuda para esconder o corpo?

— Ainda não, mas agradeço saber que posso contar com você caso isso venha a calhar. — Loki fora sucinto, virando-se antes de encarar a expressão de Daínn dizendo “Não sei porquê ainda espero algo diferente”. — Voltando a minha injúria principal; isso continua sendo um absurdo! Se Thor bater com algum martelo na cabeça, eles irão rir e bater palmas eufóricas.

— É porque isso seria engraçado. — Daínn soltou uma risadinha, que pareceu tornar-se ainda mais escandalosa com a expressão nada amigável formada no rosto de Loki.

— Não é condizente com a atitude de um rei. — O príncipe argumentou, soltando o pulso de Daínn e estranhando a ausência do calor ao arrastar-se para perto do banco da janela.

O outro, ainda em pé, cruzou os braços contra a barriga e o encarou por um longo instante. Loki segurou o olhar — por que as pessoas estavam o encarando com tanta fixação naquele dia? — e desejou retornar ao tempo para alterar o dia em que trocou a primeira maldita palavra com Daínn. Sempre o procurando quando precisava destilar algum sentimento odioso, o rapaz passou a compreender que quando as sobrancelhas de Loki estavam erguidas, na maioria das vezes ele era irônico, não confuso — e seus sorrisos poderiam ser também, ou eram genuínos — seus ombros caídos simbolizavam que não se importava (ou exaustão, ocasionalmente) e os olhos inflexíveis significavam que ele queria algo.

— E você sabe como é ser um rei, Loki? — Daínn desafiou, segurando seu sorriso para que ele não rasgasse o rosto.

— Seria mais exímio se me permitissem demonstrar a prática. — Redarguiu secamente.

— Talvez esse seja o problema. — Loki desviou os olhos para a parede lisa de calcário branco e Daínn suspirou pesadamente. O príncipe escutou seus passos e o ranger do banco quando ele se sentou. — Quero dizer, você sempre está à espera das pessoas voltarem o olhar delas para que possa fazer algo. Por que não age primeiro e aguarda os frutos?

Loki, relutantemente, levantou a cabeça para encará-lo.

— De onde você tirou isso?

— Da minha mente geniosa.

O príncipe de Asgard revirou os olhos, mas com o fantasma de um sorriso brincando em seus lábios.

— Estúpido.

¹Ratatoskr é, na mitologia nórdica, um esquilo que carrega mensagens ao longo de Yggdrasil, a árvore da vida. Em particular, ele transporta mensagens entre a águia sem nome no topo e o dragão Nidhogg que fica nas raízes. No entanto, seus relatos divergem de um para o outro e ascende a desarmonia entre a águia e o dragão.

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