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𝕻𝖗𝖔𝖑𝖔𝖌𝖔: 𝕷'𝖎𝖑𝖑𝖚𝖘𝖎𝖔𝖓𝖊 𝖉𝖊𝖑𝖑𝖊 𝖋𝖎𝖆𝖒𝖒𝖊

Este capítulo pertence à nova versão. Não se esqueçam de votar e comentar, ficarei encantada em ler suas opiniões, reações e teorias.



Though the pressure's hard to take

Embora a pressão seja difícil de aguentar

It's the only way I can escape

É o único jeito de eu escapar

It seems a heavy choice to make

Parece uma escolha difícil de se fazer

But now I am under all

Mas agora eu estou abaixo de tudo

Never Let Me Go, Florence + The Machine



Vale de Aosta, Itália  

Dezenove anos atrás


    Era uma vez é um conceito superestimado, especialmente quando o "felizes para sempre" se revela uma mera ilusão. Na realidade, histórias de amor surgem como chamas ávidas que penetram no âmago de cada alma, consumindo a sanidade, desafiando crenças e moldando o futuro, de maneira semelhante às labaredas em sua essência. No início, essas chamas oferecem calor, irradiando um brilhante laranja, resplandecente e único em sua forma, como uma vela que, ao derreter, dá origem a um novo molde.

    Numa noite serena, em que o manto escuro do céu ocultava estrelas tímidas, o destino entrelaçava seus fios invisíveis ao redor de uma nobre mansão, aninhada entre as majestosas montanhas do Vale de Aosta. Enquanto o vento sussurrava segredos entre o jardim florido de jacintos, envolvendo duas famílias que compartilhavam uma aliança até então inquebrável e uma amizade que perdurava por décadas. No segundo andar uma vela solitária dançava na janela, lançando sombras audaciosas pelas paredes.

    No salão de piso imaculadamente branco, um vaso pintado à mão foi arremessado com violência contra a figura de estatura média, cujos cabelos escuros se assemelhavam à noite. O vaso se despedaçou ao atingi-la, espalhando terra marrom e flores de jacintos pelo ambiente, como se simbolizasse a desintegração de uma família que, outrora vista como um bastião de santidade e união, se desfazia diante dos olhos das empregadas e dos filhos.

— Eu cuidei de você, mesmo sem te amar no início de nosso casamento, administrei os assuntos da sua família após a morte daquele maledetto vecchio¹ e, apesar de todos os rumores diários sobre um amante, construímos uma família. E para quê? — O terno escuro e bem alinhado, que antes exibia capricho, exibia alguns rasgos ao se aproximar da esposa. Seu hálito quente, impregnado pelo forte cheiro de uísque, misturava-se próximo aos lábios dela, confundindo sua mente. — Para que você fosse vista, expondo sua beleza e desfaçatez nas capas dos jornais, de mãos dadas com Rocco no Matterhorn², como se ninguém fosse notar? Agora, sou visto como um homem que aceita ser traído por toda a cidade e, acima de tudo, dentro do Clan Figli della Morte³. Diga-me, aquela criança é filha dele, não é?

    Os olhos escuros, perplexos diante da acusação do marido, se arregalaram ligeiramente, revelando a surpresa inesperada provocada pela recente descoberta de um segredo envolvendo a família Negri. Sua pulsação acelerada denunciava a agitação que persistia, mesmo enquanto buscava refúgio na expiração fugaz.

— Durante todos esses anos, acusei meu irmão e ele sempre me alertou que você não era quem aparentava ser, que sua suposta ingenuidade escondia, na verdade, uma cobra traiçoeira, pronta para me trair e desrespeitar as regras da nossa família!

    O silêncio absoluto da ausência de resposta o impeliu a desferir um tapa, cortando o lábio inferior dela com o anel de ossos no último dedo. Ela desabou sobre o sofá, enquanto abaixava o rosto para conter o sangue que aflorava, suas mãos trêmulas tentavam estancar o fluxo.

Don! — O rapaz de cabelos enrolados e loiros, com olhos que lembravam o oceano, interveio, posicionando-se entre o casal e encontrando a irmã escondida entre as cortinas, choramingando. — Papai, chega! O que o senhor vai ganhar com isso? Absolutamente nada!

— Quem você pensa que é para se intrometer? Tinha que ser o filho dessa cagna⁴, é por isso que você é assim, repugnante. Deve ser dessa linhagem suja — O homem, de cabelos dourados e rosto bem esculpido sem marcas de expressão, cuspiu com desdém no chão. Seu olhar desafiador fixou-se na esposa, enquanto ela o encarava em silêncio. O filho, imóvel, permanecia à frente do pai, absorvendo as ofensas. — Vá para o seu quarto até que eu descubra o que fazer com você, mas saiba que aquele seu amante a essa hora está servindo de alimento aos vermes.

— O que você fez com Rocco? — Ela perguntou, erguendo o rosto incrédula.

— Está preocupada com seu amante? Fique tranquila, em breve você estará ao lado dele. Desapareça, Cassandra!

    Em passos apressados, dirigiu-se ao escritório, controlando a respiração enquanto admirava a costela de rosas vermelhas entrelaçadas em seu punho. Lembrando da fidelidade prometida desde o momento em que compreendeu o papel e a influência de sua família. Não permitiria que as escolhas da esposa ou a traição de seu sottocapo⁵ — aquele que seu pai, antes, chamava de amigo — ameaçassem as conquistas dos Negris. Sem hesitar, empurrou a porta, encontrando seu irmão mais novo apreciando um charuto entre os lábios.

— Então, ela admitiu? — Perguntou o irmão, sem desviar o olhar do charuto.

— Calada como sempre, certamente se preparando para me dar o próximo golpe — comentou, servindo seu copo com uísque. — Precisei me controlar para não matá-la com minhas próprias mãos.

— Se quiser, posso fazer isso por você. Papai nunca descobriria.

— Ele acabaria descobrindo de algum jeito. Alguém já falou sobre a morte de Rocco?

— Melhor que ainda não saiba — sussurrou o irmão, cujos cabelos castanhos e olhos cor de mel contrastavam com os dele. — Mas o seu consigliere⁶ insiste que Rocco não tinha nenhum caso com Cassandra — um sorriso desdenhoso escapou de seus lábios. — Ele chegou ao ponto de dizer que pretende adotar o filho de Rocco.

— Inacreditável! — Ele berrou, deslizando o braço sobre a bancada de bebidas e derrubando-as no chão. — Dei ordens claras para que a linhagem daquele traidor fosse eliminada, e mesmo assim, insiste em ficar com o cucciolo⁷.

    Ele tomou o uísque de uma vez, pressionando a borda da bancada com a palma esquerda.

— Estou fodido. Deveria ter sido mais firme com minha esposa e filho. Dificilmente ele assumirá os negócios, só se importa com aquele rapaz que conheceu na faculdade — engoliu em seco, balançando a cabeça em negação. — Você tem sorte, sua esposa o apoia e certamente saberá educar Leonardo.

    De costas, ignorou o sorriso sádico que se formava no rosto de seu irmão, que exibiu um semblante de ligeira celebração. Sentiu três palmadas suaves nas costas e percebeu a expectativa ansiosa do outro quanto às próximas palavras, mas encontrou apenas o vazio eloquente do silêncio.

    Determinado a guiar o irmão para uma nova perspectiva, falou com firmeza:

— É hora de relaxar. Vamos embora. Preciso mostrar a você uma "casa de massagem" que vai fazer você esquecer todos os problemas.

    Durante aquela noite interminável, as horas se arrastavam lentamente até a madrugada, e as empregadas da mansão trocavam olhares silenciosos e assustados, como se conversassem em mudez após a prolongada discussão. Enquanto limpavam o piso do salão com cuidado, o ambiente carregava um peso de inquietação.

    O escritório, por sua vez, estava vazio da presença dos dois homens. No chão, espalhavam-se copos quebrados e garrafas de uísque, cujo conteúdo escorria lentamente, formando pequenas poças de bebida que refletiam a luz fraca do ambiente.

    No segundo andar, cápsulas de remédios estavam espalhadas pelo chão ao redor da cômoda. Enquanto isso, a mulher dormia profundamente, imersa em um sono profundo e alheia às chamas que se alastravam vorazmente pelas cortinas de linho. As paredes brancas do andar rapidamente foram consumidas por uma tonalidade laranja incandescente, e o forte cheiro de fumaça permeava o ambiente.

    Em questão de instantes, as chamas se espalharam por todos os cômodos, atraindo a atenção do filho, que tentava desesperadamente afastar as lembranças dolorosas de seu pai com sua mãe. Seus olhos se arregalaram ao refletir o brilho sombrio das chamas, e um grito se prendeu em sua garganta diante do horror. Agindo por instinto, sem hesitar um segundo sequer, correu para o quarto da irmã e conduziu-a para fora da casa em meio à fumaça.

— A senhora e a bebê ainda estão no quarto! — Exclamou uma das empregadas, assustada.

— Por que não a chamou quando sentiram o cheiro da fumaça? — Ele perguntou, segurando as mãos da irmã com firmeza, visivelmente chocado. — Elas podem morrer!

— Deixe-as morrer — respondeu seu pai, surgindo com um charuto aceso, o rosto impassível.

— O senhor está louco, papai? É a minha mãe! Minha irmã! É a sua família!

— Um dia você vai superar isso. E a pirralha não é minha filha, então pouco me importa.

— Como o senhor consegue ser assim? Eu vou lá e farei o que o senhor não teve coragem de fazer!

— Se você for, saiba que estará sozinho. Eu o deserdarei e você nunca mais me verá, nem assumirá a liderança da família. É isso que você deseja?

— Minha família vem em primeiro lugar, o senhor me ensinou isso. Quer me deserdar? Faça isso! — Ele apontou para a irmã, que estava agarrada à saia de uma das empregadas. — Mas ela vem comigo, afinal, uma filha é útil para ser líder.

— Como desejar.

    O homem virou-se, lançando um olhar de desprezo para a garota. Em seguida, dirigiu-se ao seu carro, deixando o filho perplexo e sem saber como salvar a mãe.

    Assim como em muitas histórias de amor, a ausência de um final feliz tornou-se evidente quando as chamas, antes vibrantes, se transformaram em cinzas. Uma profunda amargura se revelou no processo, deixando para trás apenas vestígios do que um dia foi amor, lealdade, respeito e aliança. Os segredos que nunca deveriam ter sido revelados foram cobertos pela cinzas, entrelaçando seus futuros de maneira irrevogável.


Nota de rodapé:

¹ Maledetto vecchio: expressão em italiano que pode ser traduzida como "maldito velho".

² Matterhorn: uma das montanhas dos Alpes, localizada na fronteira entre a Suíça e a Itália.

³ Clan Figli della Morte: Clã dos Filhos da Morte.

⁴ Cagna: é uma expressão italiana que significa "cadela" em português.

⁵ Sottocapo: é responsável por auxiliar o chefe da família na administração da organização. Suas funções incluem coordenar operações diárias, gerenciar recursos e territórios, resolver conflitos internos e garantir a implementação das políticas estabelecidas.

⁶ Consigliere: é o principal conselheiro do chefe, oferecendo orientação sobre decisões e estratégias. Ele atua como mediador em conflitos internos, ajuda na administração da organização e representa a família em negociações externas.

Cucciolo": é uma palavra italiana que significa "filhote" ou "criança".

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