Chào các bạn! Vì nhiều lý do từ nay Truyen2U chính thức đổi tên là Truyen247.Pro. Mong các bạn tiếp tục ủng hộ truy cập tên miền mới này nhé! Mãi yêu... ♥

18. Parapeito

Carla sentiu uma imensa vontade de regurgitar a comida naquele momento.

Seu primeiro pensamento foi que estavam salvos, que os homens fardados viriam resgatá-los, mas ela lembrou do que Lúcio dissera. Ela leu em seus olhos, agora arregalados de um pavor indescritível.

- São eles? - Perguntou, colocando o prato pela metade ao lado do corpo.

Lúcio não respondeu. Ele levantou-se de supetão, fazendo a filha reclamar baixinho, e adentrou a chuva, aproveitando da escuridão que os encobria para aproximar-se da beirada do prédio.

Caubi não esperou um segundo para ir atrás dele, junto de um e outro curioso.

- É o exército? - Ele perguntou, tentando manter a voz calma.

- É. - Lúcio tensionou os ombros. - Como se já não tivéssemos problemas o suficiente.

Caubi procurou no horizonte a origem dos tiros, mas só ouviu quando eles se misturaram aos grunhidos das criaturas.

- Ok, novo plano. - Lúcio saiu de seu posto e puxou Caubi consigo, voltando para a parte coberta onde todos os olhavam com um paralisador espanto. - Vamos sair daqui agora. Escondam dentro dos carros tudo que indicar que estivemos aqui e vamos dar no pé.

- O quê? - Sabrina perguntou, mais à procura de explicações do que indignada.

- Você disse que eles saem à noite. - Nina complementou.

- E daí?

- E daí que está de noite!

- Não foi você mesma quem disse que eles já sabem onde estamos? - Pela primeira vez, Pitt ficou ao lado de Lúcio na discussão.

- Lúcio. - Mário tentou evitar os confrontos daquele grupo. - Por que estamos fugindo dos iguais a nós? Eles são mais, são treinados, têm armamento...

Lúcio levou as mãos à cabeça. Não queria ter que explicar tudo de novo. Noa o salvou.

- Pense que você esconde um segredo. Um puta segredo, do tipo que se vazar pro mundo pode causar até uma guerra mundial. - Noa comentou, com sua voz ao mesmo tempo doce e incisiva. - Não caçaria e mataria até o último que soubesse do seu segredo?

Sua metáfora calou à todos.

- Isso significa que... - Mori coçou a cabeça, engasgando com a verdade. - Ouro Cinza foi um massacre.

Ali onde estavam, dispostos em círculo, um demorado minuto de silêncio foi feito. Um minuto de luto que não deixou de carregar esperança em cada suspiro de cada indivíduo. Esperança de que os familiares estivessem a salvo de algum modo. Esperança de que os que decidiram não segui-los percebessem que estavam errados e ajudassem a abrir os olhos das pessoas.

- Qual o novo plano? - Com os olhos marejados de quem tentava se manter forte, Sabrina perguntou.

- Vamos deixar que eles se matem lá e vamos continuar nas sombras. Se não souberem que estamos aqui, não seremos caçados. Se à noite está tão perigoso quanto de dia, vamos andar à noite e aproveitar o sol para descansar. O sol nos denuncia, a noite nos encobre.

- Como vamos levar Mendes? - Nádja perguntou.

- Acho que eu vou ser o burro de carga. - Pitt deu de ombros.

Mendes não demonstrou o medo que estava de ser deixado para trás. Agradeceu mentalmente por terem se lembrado dele, o peso extra.

- Podemos usar o carrinho do supermercado. - Mori sugeriu.

- Vi uma loja que vendia aquelas botinhas ortopédicas, deve ter uma cadeira de rodas.

- Ok, andem e parem de especular! Eles vão chegar logo. - Lúcio gritou, impaciente. - Escondam tudo o que usamos e... vamos dar o fora daqui. Me encontrem aqui mesmo em meia hora, no máximo.

Os sobreviventes jogaram - com peso na consciência - os restos de arroz e feijão dentro dos carburadores dos carros, embaixo de assentos e qualquer outro lugar que pudesse esconder que estiveram ali.

Lodi fez o que sempre teve vontade - com uma pedra de enfeite do hall do shopping, quebrou a vitrine da loja que havia visto outrora. Ela agradeceu por ter encontrado a cadeira de rodas ali, em perfeito estado, esperando por eles.

Nádja voltou ao supermercado apenas para arrancar da parede o que a fascinara por horas. Ela embrulhou o pedaço de papel e o guardou dentro da calça.

Não demorou muito para que estivessem todos reunidos ali novamente, onde há poucos minutos atrás tiveram uma refeição minimamente tranquila.

- Não podemos desfazer a barricada lá embaixo. Vai ficar na cara que estivemos aqui. - Lúcio começou.

- E acha que tem outra forma de sair daqui? - Mori perguntou.

- Claro que tem. Sempre tem pelo menos mais uma entrada. Se descermos a rampa do estacionamento a gente chega na rua. - Thiago deu de ombros, ligando novamente a câmera e deixando que ela filmasse tudo ao redor.

- Não podemos ir pra rua. - Lodi comentou, abaixada em um canto, espiando o movimento lá embaixo.

Aos poucos, os outros se aproximaram dela, mirando a avenida principal lá embaixo.

- Não vejo porra nenhuma. - Pitt reclamou.

- Então feche a boca e olhe bem, babaca. - Lodi perdeu a paciência.

Eles viram quando se mexeram. Não importava se estivessem camuflados ou mergulhados no breu, as figuras lá embaixo andavam no mais puro silêncio, se movimentando como os humanos que eram, caçando o que quer que se mexesse.

O grupo se afastou dali.

- Não acha melhor ficarmos aqui? - Carla propôs. - Até amanhã, pelo menos. Deixem que passem da gente, deixem que sigam caminho!

- Não, Carla. - Lúcio odiou tomar cada uma das decisões. - Vamos dar o fora daqui agora.

- Pra que correr esse risco? - A mulher perguntou.

- Pra que não corramos mais riscos! Esse lugar já foi um point importante de Gerânio. Se pensarem como a gente, provavelmente já estão tentando entrar.  - Nádja ajudou seu padrinho de consideração. - Como vamos sair daqui se não podemos ir pra rua?

Lúcio sorriu para Nádja por apenas um segundo. Em seguida olhou para fora, para o prédio do lado, próximo o suficiente para que alcançassem.

- Tá brincando, né? - Mori vociferou. - Vamos pular de prédio em prédio? Nesse escuro e nessa chuva do caralho? Que puta ideia suicida!

- E como pretende levar Mendes? - Lodi perguntou, preocupada com o novo amigo.

- Eu consigo. - O grupo olhou para trás ao ouvi-lo. Mendes se levantava, apoiado na pilastra. - Mas não vou ficar pra trás.

Sabrina aproximou-se da beirada do prédio, deixando a chuva gelada banhá-la ao olhar para o edifício do outro lado.

- Não é impossível.

- Vai ter que ser mais que isso, menina. - Mário chegou perto dela, olhando para baixo, para a queda que os esperaria se falhassem. - Tem que ser certeiro.

Os quinze se encararam, até mesmo as crianças.

- Bom, se vamos fazer isso, - Noa cortou o silêncio. Ele soltou os cabelos emaranhados e os arrumou novamente no coque, como se fosse um ritual. - então eu vou primeiro.

Noa respirou fundo. Ele sempre tivera aquele pensamento - se algo agoniante tem de ser feito, então que seja feito o quanto antes e acabe com o sofrimento.

Ele subiu no parapeito, apoiado por uma mão que nem chegou a saber o dono. Noa se concentrou ali, no abismo que existia entre seus pés e o outro prédio.

Sentiu vontade de voltar atrás, de dar um passo em direção ao seguro, ao shopping, e não ao incerto, mas ele sabia que não tinha volta agora. Precisava provar a todos - e a ele mesmo - que era capaz. Que era possível atravessar em segurança.

Noa se abaixou, dando o impulso que sentiu ser necessário para chegar do outro lado. Ele calculou. Sentiu que passaram-se horas quando finalmente um choque de adrenalina o fez saltar para frente.

O garoto sentiu vontade de gritar, mas mesmo que fosse capaz, não o faria. Ele só relaxou quando alcançou a segurança do outro lado, rolando para a frente e estabilizando-se no telhado.

Olhou para o outro lado ainda desnorteado, percebendo que estava vivo quando viu a platéia do outro lado comemorando em silêncio.

Sem tempo a perder e usando toda a coragem que traziam consigo, um por um se dispôs a pular. Alguns com facilidade, como Pitt e Mori e mesmo Caubi, altos e com pernas fortes. Outros tiveram seu bom desempenho, apesar do medo, como Thiago, Lúcio e Mário. As garotas foram se mantendo para o fim, jogando os mantimentos e a cadeira de rodas para o outro lado.

- Não quero que isso soe machista, - Nádja se pronunciou. - mas homem fisiologicamente tem mais força que mulher então... é, eu tô com um puta medo.

- Então me deixe ir primeiro, menina. - Ela ouviu a voz de Mendes, mesmo que tremida. - Se eu passar, todo mundo passa.

Sem esperar uma confirmação, Mendes se apoiou em uma coluna de concreto para subir, usando toda a força que sua perna direita tinha.

O garoto sentiu tontura ao olhar para baixo.

Ele não viu quando Carla juntou as mãos e fechou os olhos, rezando para que seu paciente que acabara de perder boa parte de sangue e estava com uma das pernas destroçadas conseguisse chegar do outro lado.

Mendes sempre fora leve e ágil. Ele olhou para o outro lado, onde Pitt e Thiago o esperavam a postos.

- Caralho... - Foi a última coisa que conseguiu pronunciar antes de se jogar para a frente.


Durante todo o percurso no ar, Mendes sentiu algo além da angústia, que conseguia sobressair-se ao sentimento. Sentiu prazer em voar. Seus pés alcançaram a beirada do prédio e ele sentiu quando as mãos o puxaram para frente. A adrenalina que corria por suas veias não fora o suficiente para anestesiar a dor de sua perna. Ele gritou um grito mudo, misturado com uma risada de vitória e lágrimas indecifráveis.

Pitt ergue os punhos para cima em sinal de vitória e Mori riu, levando a mão ao peito em alívio.

Mendes sentiu tudo de uma vez, mas o que o impactou foi seu pensamento. Misturado à centenas de palavrões, encontrou sua sentença perdida - "talvez eu sobreviva, afinal". 

Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro