℘. ࣪ ׅ 01 ' ❍
: : ❲肉体と精神❳ : :
𝅄 ׁ ˳♱ 𝙲𝚊𝚙𝚒́𝚝𝚞𝚕𝚘 𝟷 ࣭ ֹ 𖤝
▙▚▚▚▚▚▚▚▚▚▚▚▚▚▚▚▚▚▚▚▚▚▚▚▚▜
୨୧
【過去】I'm pretty like a car crash, ugly as a lullaby
You really wanna try it?
— Experiment On Me
Em momentos de desespero, os mais lindos gestos podem ser vistos. As últimas palavras, a última lágrima, o último resquício de coragem. Tudo isso é abundante em lugares onde a morte é tratada da mesma forma que a vida, com zelo. Esse tipo de sentimento é abundante em hospitais. Por isso que, agora, ela se encontrava em um dos corredores ensanguentados, lutando pela vida de outros. E̶ ̶p̶e̶l̶a̶ ̶p̶r̶ó̶p̶r̶i̶a̶.̶
Não era uma pessoa muito altruísta, não exorcizava maldições por amor; até porque, ninguém arrisca a própria vida por diversão; mas alguém tinha que fazer algo e ela era trouxa o suficiente para aceitar o trabalho sujo.
A nunchaku — dois bastões de madeira presos por uma corrente — ricocheteou pelo ar abafado conforme ela gritava o objeto amaldiçoado como a mesma leveza que uma criança brinca com bonecos. Fazia tempo que ela não via uma maldição de nível especial. Ania apertou os dentes avançando às cegas. Chegou perto o suficiente erguendo a arma até a altura da face, então jogou-se contra o monstro.
A criatura rosnou ao sentir uma sensação de formigação subir pelo braço o̶u̶ ̶o̶ ̶q̶u̶e̶ ̶r̶e̶s̶t̶a̶v̶a̶ ̶d̶e̶l̶e̶ sangue e saliva pingavam da boca cortada do pescoço até a barriga. Os dentes pontiagudos se curvavam para fora e a língua balançava de um lado para o outro como um chicote. A criatura ergueu o outro braços, branco como leite azedo, as garras escuras brilharam contra a luz da lua que chegava pelas janelas altas.
Ania poderia facilmente exorcizá-lo se usasse energia amaldiçoada, mas fazia tempo que não se exercitava, talvez agora fosse hora. A mulher contorceu o rosto em um sorriso e se esquivou do ataque dando um pulo para trás. Adorava lutas em lugares fechados. Dava a ela a sensação de que estava presa junta ao inimigo e que não teria para onde ele fugir. E̶l̶a̶ ̶s̶e̶ ̶s̶e̶n̶t̶i̶a̶ ̶p̶o̶d̶e̶r̶o̶s̶a̶.̶ Ela era poderosa, afinal.
— Sugiro que você tome mais cuidado com a sua dianteira, amigo. — Postulou, mesmo sabendo que ele não a entendia.
Havia uma nova distância entre os dois. Um dos antebraços da criatura estava torto e pendia ao lado do corpo como se estivesse sem vida, e de um ferimento animalesco escorria uma gosma escura e fétida. O ferimento parecia grave, ela quase podia sentir a dor em si. F̶i̶c̶o̶u̶ ̶f̶e̶l̶i̶z̶ ̶p̶e̶l̶o̶ ̶b̶e̶l̶o̶ ̶t̶r̶a̶b̶a̶l̶h̶o̶.̶
Algo vibrou em seu bolso, desviando sua atenção por alguns segundos. A criatura pulou contra a feiticeira e ela sentiu pena por ele. Mas apenas um pouco. Ania ergueu um dos braços segurando um golpe seco da maldição como se aquilo não pesasse nada.
Gojo
Não acreditou de primeira assim que puxou o celular do bolso dos shorts. A arma balançava, presa ao cinto. O nome brilhava em uma grafia diferente da que costumava ler, estava em japonês, uma mania que ela preferia preservar.
Atendeu, mesmo sabendo que nada de bom viria em seguida. Era raro receber uma ligação de Satoru e mais raro ainda que o assunto se limitasse a perguntas de como ela estava. Quando ligava é que algo tinha dado errado.
— Já acabo com você, espera um pouco. — Pediu a morena pulando para longe da criatura, a qual grunhiu em desaprovação. — Olá, Gojo.
“E aí, Ania?” Chiou o telefone e ela teve de afastá-lo. Seus tímpanos estavam desacostumados com a gritaria do feiticeiro.
— Faz tempo que não conversamos. — Riu a mulher desviando de outro golpe da criatura. O chão sob seus pés reverberou com o ataque. — Você não me ligou.
“Você também não.” Rebateu e ela pôde ouvir o som do sorriso dele.
— Justo. — Murmurou a mulher rolando para o outro ao notar que a criatura se preparava para avançar. — Bom, e ao que devo a honra de estar falando com você?
“Preciso que venha a Tóquio.” Ele não ria mais. Um som mudo parecia vibrar pela linha telefônica. Seja lá qual fosse a encrenca, parecia ser pior do que ela imaginava, Satoru não tinha motivos para pedir que ela voltasse, exceto se eles estivessem em grande risco.
— Só um minuto. — Ela replicou assim que a criatura trovejou em um grito nervoso. — Você não fica quieto, não? Não vê que estou em uma ligação?
Ela retomou o ataque, puxando a arma do cinto, antes que a maldição tivesse tempo para uma investida. Desta vez, a cubana balançou a nunchaku como num arremesso de peso. Correu e apenas quando um fio os separava ela pulou o mais alto que pode, e arrebentou a cabeça do animal com um golpe limpo. Sangue roxo e gosmento explodiu por todos os lados, manchando do teto ao chão e uma massa visceral escorreu através dos ossos partidos. As paredes brancas estavam agora em uma mistura de roxo e vermelho.
— Sou toda ouvidos. — Suspirou a mulher limpando o sangue sobre o rosto com a manga do casaco.
“Encontramos alguém capaz de suportar Sukuna.” Explicou o homem, a voz parecia mais dura desde a última conversa deles.
— Você vai fazer o que estou pensando? — Indagou a mulher chutando o que restava do corpo da criatura. Ela tinha pena de quem iria limpar toda aquela bagunça. Havia sangue de no mínimo 10 pessoas, apenas em uma das paredes.
“Vou, e preciso da sua ajuda para encontrar os outros dedos quanto antes.” Adicionou o homem, com a voz penetrante o suficiente para fazer os ossos da mulher chacoalharam-se pelo corpo fino.
Naquele momento ela tinha duas opções. Recusar e continuar caçando maldições pelo país, sem nunca sofrer um avanço significativo na quantidade de pessoas que morriam por eles. Ou aceitar e voltar para Tóquio, procurar os outros dedos, destruir o portador e torcer para não morrer nesse período.
É claro que estas não eram as únicas opções, mas os extremos são sempre as melhores formas de tomar decisões, por isso ela trabalhava exorcizando criaturas como esta.
A nunchaku ricocheteou pelo ar, sangue espirrou da arma. Claro que havia outras questões envolvidas em sua ida, ou não, para Tóquio. Mas naquele instante, estas pontas soltas eram de menor importância.
— Chego aí em 24h. — Disse a mulher mordendo o lábio inferior. — Me encontre na estação.
O homem riu ao telefone, o ruído chegou aos seus ouvidos com um certo tom de implicância e deboche costumeiros. Ele não tinha mudado nada.
“Ainda não aprendeu a andar por Tóquio?”
— Cala a boca, Gojo — Replicou a morena fechando o telefone.
Olhando em volta ela vislumbrou a cena horrível, mas seus anos de feiticeira não permitiam a ela que sentisse algo além de um leve ressentimento. E ainda que fosse possível sentir algo mais, ela não podia se dar ao luxo de ficar triste naquele momento. Não tinha tempo a perder. Tinha que pegar o primeiro voo para Tóquio e se juntar a Satoru.
Ania correu até um das saídas do hospital, deixando para trás seu assistente e uma pilha de corpos. "Cuide de tudo enquanto eu estiver fora" Foi tudo o que ela disse entre suspiros, antes de sair apressada em busca de um carro.
Ela sabia que Sukuna era o rei das maldições, um ser tão poderoso que nem mesmo os feiticeiros mais fortes poderiam enfrentá-lo. Ele havia sido selado há mil anos, mas seus dedos ainda estavam espalhados pelo mundo, atraindo outras maldições e causando estragos.
Se fosse verdade o que ele havia dito, e este portador realmente existisse eles teriam um novo possível problema à frente. Caso Sukuna tomasse posse do corpo, existiria uma chance de ninguém ser capaz de detê-lo. E̶r̶a̶ ̶b̶u̶r̶r̶i̶c̶e̶.̶ Era arriscado.
Entretanto, ela sabia que não podia ignorar o chamado. Ela tinha um dever com as pessoas, com os feiticeiros e com ela mesma. Ela tinha que ir para Tóquio, mesmo que isso significasse o seu fim. Ao menos teria feito algo da vida.
A feiticeira pegou o primeiro táxi que encontrou. Enquanto o carro se afastava, ela olhou pela janela e viu a lua se esconder por entre as nuvens, com medo do que viria a seguir. Ela suspirou e fechou os olhos. Ela não sabia o que o futuro lhe reservava, mas estava pronta para enfrentá-lo.
. ◌ ׅ ⩇⩇:⩇⩇ ׅ _ Como prometido no ano passado.
Feliz ano novo.
Espero que gostem. ♡
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