Chào các bạn! Vì nhiều lý do từ nay Truyen2U chính thức đổi tên là Truyen247.Pro. Mong các bạn tiếp tục ủng hộ truy cập tên miền mới này nhé! Mãi yêu... ♥

As entranhas da terra

5

   Eu me lembrava das noites onde os pesadelos vinham me assombrar, sempre estava frio, os ventos uivavam como lobos e o céu era cinza, caminhava sozinha por um tapete branco que cortava meus pés enquanto o silêncio gritava em meus ouvidos. Eu estava sozinha, perdida em um inverno sem fim.

Mas dessa vez era diferente.

   O céu estava escuro, não havia tapete branco machucando meus pés, apenas lama e pedras. Não havia silêncio, apenas gritos e acusações. Mas ainda continuava frio. Eu não sabia ao certo onde estava, ou o que tinha acontecido, a última imagem que vi foi o rosto de Rafael e o ódio que seus olhos emanavam antes de tudo se banhar em uma escuridão profunda até que inúmeras árvores surgissem junto de uma pequena multidão com tochas e foices nas mãos.

O que está acontecendo?s

   Meu corpo estava molhado e sujo, havia lama para todos os lados, de joelhos buscava pelo semblante das pessoas que por muitas vezes vi nas ruas do comércio, mas a única coisa que encontrei foi a indiferença e o desprezo em seus olhares. Com um pequeno esforço para me colocar de pé senti um peso extra em minhas mãos, eram cordas, grossas e escuras que apertavam meus pulsos.

O que é isso? — minha voz estava fraca — O que é is-

—Calada feiticeira!

   Não contive um grito ao sentir um forte puxão de cabelos que me obrigou a olhar para cima onde um rosto familiar estava contorcido em fúria.

—Carla?

—Já falei para ficar quieta!

   Outro puxão.

—Como ousa falar meu nome com essa boca suja?!

   Mal podia reconhecê-la, suas roupas estavam ensopadas com a chuva assim como o cabelo, os olhos brilhando de raiva e medo enquanto sua mão se mantinha firme nos fios que saiam da minha nuca.

—Por favor me solte, eu não fiz nada...

—Nada?!

   Olhei em direção a outra voz reconhecendo Rafael.

—Você chama de nada o que fez?!Eu vi a luz!Vi suas mãos ensanguentadas e o brilho que vinham delas assim que tocou na garota!

—Eu não fiz nada, por favor acredite em mim! — Olhei para o restante da multidão — Por favor, vocês me conhecem, sabem que não fiz nada disso.

   Insultos e vaias começaram a ecoar de todos os lados.

Parem...

   Minha cabeça girava.

Parem por favor!

   De repente um silêncio profundo e espesso caiu sobre todos enquanto uma figura barbuda em roupas de seda se aproximava lentamente, ao seu lado oito homens com máscaras o seguiam em silêncio abrindo espaço entre a multidão, demorei um pouco mas os reconheci, eram os carrascos do reino, responsáveis pelas execuções dos considerados criminosos, e pelo grande número deles aquilo só poderia significar uma coisa.

Não...

   Olhei assustada ao redor onde tiras de panos brancos estavam amarradas, cada uma bordada com símbolos diferentes mas inconfundíveis. Eram as Icolis, conhecidas por demarcar o caminho até o poço.

—Caros habitantes de Jowery!

   Ouvi a voz do grande líder ecoar alto pelos troncos da floresta, mas minha atenção ainda estava nos tecidos espalhados pelo lugar.

—Fui acordado com uma terrível queixa feita por vocês mesmos.

   Seu corpo ia de um lado para o outro na multidão, olhando nos olhos de cada um enquanto falava, eu porém não conseguia fazer outra coisa se não procurar, incessantemente por aquilo que aterrorizava a todos.

—Incrédulo com a notícia vim o mais rápido possível averiguar a situação, e que terrível situação meus caros, ah, lastimável...

   Com a garganta seca continuei procurando até que meus olhos alcançaram uma estrutura de pedras onde uma tampa de ferro cobria a boca do poço. A visão das quatro correntes em uma das laterais do objeto fez meu sangue gelar.

Não, não, não...

   Tentei ficar de pé e correr para longe dali mas fui impedida por várias mãos que me empurram de volta ao chão.

—Essa garota! — um dedo foi apontado no meu rosto — Foi vista cometendo um ato de feitiçaria! Presenciado pelos olhos desse rapaz que pode comprovar!

Rafael se aproximou balançando a cabeça.

—Sim, é uma feiticeira, definitivamente!

—Não...não, eu não sou...

—Quieta!

Senti novamente ter os cabelos puxados.

—De acordo com nossas leis, aqui, diante de todos, sentencio a pena máxima para essa que tentou trazer as maldições e perigos da feitiçaria para nossa cidade!

   Vários gritos se ergueram em coro junto das tochas e foices.

—Não!Por favor!Eu não fiz nada!Nada!

—Abram o poço!

  Com extremo terror vi quando os homens encapuzados foram em direção a estrutura de pedras, de dois em dois suas mãos agarraram as pesadas correntes puxando-as com toda a força.

Pelos céus...

   Pensei conforme a multidão se afastava do grande buraco que surgiu assim que a tampa de ferro foi retirada, dessa vez não haviam gritos de aprovação ou desprezo, apenas minha voz, implorando por ajuda enquanto às mãos daquele homem agarravam firme as cordas que prendiam meus braços me puxando em direção ao pesadelo.

—Pare!Por favor pare!Eu não fiz nada!

   Tentei me debater, correr na direção oposta, mas isso só resultava em quedas e mais quedas.

—Rafael!Carla!Eu não fiz nada!Por favor, me ajudem!

Sentia as lágrimas rolarem pelo meu rosto enquanto encarava seus olhares indiferentes.

—Não...por favor...

—Que esse seja mais um exemplo do que acontece àqueles tolos o suficiente que ousam se associar a feitiçaria!

—Por favor!

Supliquei conforme era empurrada em direção a beira do buraco.

—Para o inferno, feiticeira.

  Com as mãos amarradas e incapaz de fazer alguma coisa senti um último empurrão me jogar dentro da mancha escura que inundava as entranhas da terra enquanto meu grito ecoava em meio a escuridão.

  Eu estava caindo, podia sentir o vazio abaixo de mim por longos e intermináveis segundos até que algo duro surgisse junto de uma forte dor que irradiou do meu ombro até o braço, aquilo era insuportável, queria gritar, pedir por ajuda mas eu sabia que ninguém viria ao meu socorro, todos que um dia conheci e considerei como amigos haviam me jogado ali para morrer, era como se os momentos que passamos juntos não fossem mais do que uma mera ilusão criada por mim. Destruída por dentro, tentei levar levei minha mão boa ao lugar ferido até me lembrar de que estavam amarradas. 

—Droga...— sussurrei ouvindo o eco da minha voz se perder em algum lugar daquela escuridão.

  Por ali não havia luz, mesmo que eu procurasse pelo brilho laranja das tochas irradiando por alguma fresta acima da minha cabeça não conseguia ver nada se não aquele breu, no fundo me perguntava se conseguiria ver os raios de sol quando amanhecesse mas pensar nisso só me deixou pior, do que adiantaria ver a luz do sol?Se no final eu estava condenada a morrer naquele lugar. Com um forte aperto no peito me encolhi junto às pedras e desabei no choro. Meus amigos não haviam acreditado em mim, a pessoa pela qual me apaixonei foi a mesma que me condenou sem ao menos querer me escutar. Tudo parecia um pesadelo, um na qual eu implorava para acordar.

Mas não era um sonho...e eu não acordaria.

   Sem que eu me desse conta estava de volta a cidade, ouvindo o pedido de socorro, arrastando a garota mutilada, pegando a pedra em seu bolso e vendo aquele brilho verde emanar até o objeto. Eu não fazia ideia do que havia acontecido, mas estava certa de que aquilo não era obra minha. No entanto, ninguém acreditou, ou sequer me deram a chance de explicar. Me sentindo fraca encolhi as pernas onde apoiei meu rosto, todo meu corpo doía, mas o pior era a sensação que vinha de dentro, a dor do abandono, e principalmente da solidão.

 Enquanto deixava as lágrimas rolarem pelo meu rosto junto aos soluços demorei para perceber que um brilho estranho, o único em meio aquele breu, emanava do meu peito.

O que é isso?

  Curiosa olhei para o ponto luminoso percebendo que era o pingente do colar. Surpresa e com uma estranha sensação formigando no meu corpo estendi os braços até encontrar uma rocha onde esfreguei a corda que me prendia ouvindo as cerdas rangerem até que o peso extra sumisse. Estava livre, pelo menos para erguer a pedra brilhante na altura dos olhos vendo que sua intensidade aumentava conforme a movia em direções diferentes. Por um tempo fiquei assim, parada, o colar estendido à minha frente enquanto sua fraca luz iluminava uma parte das rochas onde eu estava.

Incrível...

  Ainda fascinada com a descoberta fiquei um tempo a admirando até me dar conta de algo, as paredes ao meu redor não eram totalmente irregulares como uma caverna, em alguns pontos estruturas semelhantes a vigas de madeira davam sustentabilidade ao teto enquanto tijolos de aspecto antigo formavam vários caminhos pelo chão onde passagens e mais passagens surgiam, erguendo mais ainda o pingente notei que, a pouco mais de um metro de onde eu estava, haviam rochas fáceis de se escalar que levavam em direção a saída, se não fosse meu braço ferido e altura talvez eu até conseguisse alcançá-las.

Mas e depois?

A lembrança de uma tampa de ferro que cobria a entrada junto de oito homens que foram necessários para movê-la enterrou a esperança que havia brotado em meu peito. Sem muitas escolhas voltei a me concentrar nas passagens escuras que pareciam levar cada vez mais fundo nas entranhas da terra.

—Que escolhas você tem Sophie?

  Respirando fundo estendi o colar em direção aos vários caminhos seguindo aquele onde a luz se tornava mais intensa. Eu não sabia o que iria encontrar a frente e depois de tudo eu simplesmente havia me esquecido do real, e verdadeiro motivo de o fosso ser a pior e mais temível de todas as sentenças.

Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro