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A garota nobre

21

Eylef demorou um pouco para voltar, nesse meio tempo puxei o máximo de panos limpos, ou quase limpos, que estavam jogados por ali em direção ao buraco do teto, aquele era o único lugar onde eu tinha certeza que nada iria desabar sobre mim.

—O que está fazendo?

—Garantindo minha sobrevivência.

—Vai acabar se molhando.

—Não vi tempo de chuva.

—Eu vi.

A contra gosto puxei o amontoado de panos para perto de uma das paredes.

—Vai demorar muito tempo para anoitecer?

—Um pouco.

—Se eu cochilar você me acorda?

—Não garanto nada.

Revirei os olhos.

—Você conhece esse lugar?

—Sim.

—Então já esteve aqui antes?

—Sim.

—Consegue responder com uma frase inteira ao invés de uma única palavra?

—E você consegue ser menos irritante?

—Não, não consigo.

Bufando o vi sentar no mesmo banquinho, boa parte do corpo oculta pelas sombras deixando apenas a máscara branca visível na luz.

—Eu só queria conversar um pouco — falei depois de um tempo, o livro ainda nas mãos — Tem muita coisa que eu gostaria de saber, e no momento você é a única pessoa que pode ajudar com isso — esfreguei o polegar na capa verde — Mas já que eu sou a chata da história, vou ficar na minha até achar alguém legal para conversar!

—Não seja tão dramática.

Virei o rosto para o outro lado me acomodando melhor nos panos velhos quando ouvi sua voz.

Pegue.

De esguelha vi um cacho de frutas roxas ser estendido na minha direção.

—O que é isso?

—Comida.

—Ah — revirei os olhos — Pensei que fosse algo que pudesse me matar.

—Talvez mate.

Parei minha mão a poucos centímetros das bolinhas, o olhar prateado fixo ao meu, como se estivesse se divertindo.

—Só há um jeito de descobrir então.

Agarrei o chacho jogando três frutas na boca, o sabor era doce e levemente amargo. Depois de engolir as três, vi Eylef me encarar com seriedade.

—Não deveria confiar tanto assim em qualquer pessoa.

—Que bom que você não é qualquer pessoa.

Joguei outra frutinha na boca, essa estava mais doce.

—Idiota!Não percebe que está arriscando a própria vida?

—Preocupado comigo? — provoquei.

—Obviamente não.

Sua resposta foi tão rápida que, por um momento, aquele não pareceu ser o mesmo Eylef arrogante que eu conhecia.

—De qualquer forma, acho que venho arriscando minha vida a muito tempo...

Me lembrei do decreto daquele homem, minha ida até casa da Maria com os emplastros e principalmente da garota mutilada, ainda um pouco mais longe lembrei do frio cortante de um inverno sem fim.

—E acredito que você não iria me matar envenenada, não quando pode me enterrar até o pescoço quando eu estiver dormindo — sorri.

A misteriosa raposa ainda me observou por mais alguns segundos em silêncio antes do som alto de uma ventania passar uivando pelo telhado seguido de uma chuva fina que logo se intensificou. Vi as gotas d'água caírem pelo buraco do teto enquanto a velha cabana era rodeada pela penumbra; com as nuvens no céu não iria demorar muito para anoitecer.

—Aqui, pegue.

Dessa vez fui eu que estendi um dos longos tecidos na sua direção, surpreso Eylef apenas me encarou.

—Você me trouxe aquelas frutas e... bom, está molhado aqui dentro.

Por algum motivo não consegui olhar para os olhos da raposa.

—Vamos!Meu braço está doendo!

Demorou, mas logo senti o peso sumir das minhas mãos.

—Aliás, obrigada pelas frutas...

Me acomodei de novo aproveitando o som da chuva quando uma voz baixa preencheu o ambiente.

—Obrigado, Sophie.

Mesmo com os olhos pesados e o sono me invadindo permaneci acordada, e se não fosse Eylef eu teria dormido assim que a noite chegou.

—Vamos.

Forcei meu corpo dolorido a ficar de pé acompanhando seus passos pela floresta escura.

—Fique em silêncio e não fale com ninguém.

—O que vamos fazer lá?

—Conseguir informações.

—Sem conversar?

—Sim.

Impossível...

Se não fosse o som do vento eu poderia jurar ter ouvido uma risada.

—Apenas me obedeça.

Nada podia me convencer que tínhamos um bom plano, mas ainda sim fiz como Eylef mandou e o segui em silêncio até que uma pequena cidade tomasse forma, diferente do vilarejo onde Alie e as crianças moravam ali as casas eram feitas de tijolos e barro, o teto coberto por palha seca e as ruas ladrilhadas com pedras pontudas, pendurada nos postes e varandas algumas lamparinas emitiam uma luz amarela que faziam nossas sombras dançarem de forma macabra.

—Não gostei daqui...

Shh.

O ambiente era pesado e o ar fétido, dos becos escuros podia ouvir o som de lamentos e gemidos ecoando pelas paredes.

Agache-se.

Nem cheguei a pensar no quão estranho seria fazer aquilo quando me joguei no chão junto de Eylef, segundos depois alguns homens passaram por nós gargalhando alto.

—Que lugar é esse? — sussurrei o mais baixo que eu era capaz.

Eylef apenas ergueu um dedo na frente do rosto.

Tudo bem...

Levei alguns segundos para entender o que estávamos fazendo, foi então que me dei conta, sentados próximos a vielas, o rosto sujo e as roupas rasgadas, os fios de cabelo desgrenhados e a aparência magra de quem não come direito a dias. Éramos mendigos, pobres coitados abandonados à própria sorte e esquecidos por todos. Ninguém fazia questão de olhar para nós, era como se não existíssemos.

—Um pé no saco...isso sim!Quase perdi o pescoço para conseguir aquilo!

Dois homens se aproximavam, com a fraca luz das lamparinas e sem erguer muito o rosto pude ver o brilho de algumas facas reluzir no cinto de um deles, a pele morena e o cabelo vermelho criando sombras do outro lado da rua.

—E o que você esperava?Um agradecimento?

O outro aparentava ser alto, não tanto quanto Eylef mas ainda sim alto, no seu cinto havia um chicote de couro e em uma das mãos uma garrafa de vidro.

—Imperadores não devem nada a ninguém, tem sorte de ainda estar vivo.

—Eu sei idiota!E porque diabos está me seguindo?!

—Estou indo me divertir com as garotas da estalagem, e esse é o caminho.

Quanto mais eles se afastavam mais baixa era a conversa.

Fique aqui.

Mal tive tempo de assimilar a voz de Eylef para que o mesmo ficasse de pé se esgueirando pelas sombras, sumindo silenciosamente na mesma direção daqueles dois.

Ótimo...

Encolhi mais ainda o corpo.

Sozinha em lugar assustador...

De esguelha observei o fraco movimento da rua, algumas vezes gatos pulavam suavemente pelos muros e telhados se fundindo com a noite e em outras cães uivavam de lugares distantes. Afastando a imagem de vários animais de olhos vermelhos me contentei em observar o céu, as nuvens de chuva já haviam sumido e a lua brilhava junto das estrelas. Inconscientemente me lembrei dos olhos de Eylef e por algum motivo me senti mais calma. Distraída, acabei esticando uma das pernas quando um vulto tropeçou no meu pé caindo com tudo no chão.

Pelos céus!

Senti o pânico subir pela garganta. Se fosse um daqueles homens com certeza eu estaria morta.

O que eu faço?!O que eu faço?!

Já estava me preparando para fugir quando uma voz delicada ecoou pelas ruas.

—Aí...

Ainda sentia meus músculos rígidos quando uma mão de dedos finos com alguns anéis reluzentes se apoiou no chão.

—Isso doeu...

Uma garota!O que uma garota está fazendo sozinha em um lugar como esse?!

Ironicamente afastei aquela coincidência assim que um grito distante chegou até nós.

—Onde ela foi?!

—Ah não...

Vi quando seu capuz caiu revelando um rosto delicado de contornos finos. Eu não precisava ser desse mundo para reconhecer um nobre, as características seriam as mesmas em qualquer lugar.

Por favor...

—Procurem!Temos que achá-la!

—Por favor, me ajude...

—Encontrei!

Antes que eu me desse conta já havia agarrado sua mão puxando-a pelas vielas escuras da cidade.

Vamos!Atrás dela!

Conseguia ouvir o som de vários passos correndo atrás de nós conforme virávamos esquinas e mais esquinas.

—Rápido!

Apenas seguindo meus instintos continuei em frente avistando a escuridão da floresta, se quiséssemos fugir aquele era o lugar perfeito, porém, antes que a última casa surgisse senti algo atingir meu rosto. Assustada, só tive tempo de empurrar a garota em um beco escuro até que uma dor alucinante rasgasse meu ombro.

—Moça!

—Se esconda!

Continuei correndo até o final do beco, as vozes alteradas ainda me perseguindo enquanto eu segurava firme a flecha cravada no meu corpo.

Droga!

Ignorando a dor avancei o quanto pude até chegar em uma rua sem saída, por ali não havia nada se não paredes sujas e lixo.

E agora?!

As vozes se tornavam cada vez mais altas, não ia demorar muito para me alcançarem.

Pense, pense Sophie!

—Ela correu para cá!

Em pânico não prestei atenção onde pisava quando acabei tropeçando em alguma coisa.

—Pelos céus...

Levei as mãos até a boca tentando não vomitar. O corpo de uma garota estava caído ao meu lado, completamente nua e com um ferimento profundo no peito, os olhos opacos e a pele pálida, mas o sangue vermelho que escorria pela pele indicava que a morte era recente.

Aqui!Ela só pode estar aqui!

Sem tempo para me preocupar com um possivél assassinato arranquei a flecha do meu ombro contendo um grito de dor pouco antes de cravar a mesma no ferimento do corpo da jovem, em seguida só tive tempo de cobri-la com meu manto antes de me esconder em meio a pilha de lixo e entulhos.

—Aqui!

Prendi a respiração quando um homem encapuzado se aproximou, logo atrás outros dois vieram, um carregando uma tocha e o outro uma aljava.

—Não é ela.

—Imbecil!Não saia atirando assim, precisamos dela viva!Por sorte, matou uma qualquer!

—Vamos, a garota ainda deve estar por perto, continuem procurando.

Esperei os três homens sumirem pela passagem escura antes de soltar o ar preso nos pulmões, assim que tive certeza de que se passou tempo o suficiente sai do meio dos entulhos tentando não olhar para a garota morta, muitos menos pensar que sua fatalidade acabou evitando a minha.

Caminhar pelas ruas não foi fácil, meu braço doía e minha cabeça não parava de pensar que alguém ia aparecer a qualquer momento e cravar uma flecha no meu peito, no entanto, assim que alcancei a orla da floresta relaxei os músculos deixando todos os pensamentos ruins de lado.

Consegui...

Moça?!

Levei um susto quando a garota de antes pulou de uma moita vindo me abraçar.

—Pensei que eles tinham te matado!

Suas lágrimas molhavam minha roupa. Sem o manto meu corpo tremia com a friagem.

—Desculpa...desculpa...você quase morreu...

—Está tudo bem, se acalme — acariciei o cabelo macio, ela não era muito mais alta do que Minir e Dimir.

—Obrigada...obrigada...

—Fico feliz por você ter conseguido escapar, mas aqui não é seguro, vamos, eu conheço um lugar em que podemos descansar.

Fungando, a garota concordou em silêncio.

Agora só preciso lembrar do caminho...

Olhei para a escuridão da floresta, estava com medo, me perder ali seria inevitável, mas ficar parada tão perto da cidade não era uma opção.

Por favor...Por favor...

Internamente implorei por ajuda, algo que pudesse me guiar em segurança e em um passe de mágica uma luz branca irradiou do meu peito iluminando o que meus olhos alcançavam. Sem conter o espanto e a alegria sorri para a garota ao meu lado antes de estender o colar na frente do rosto.

—Vamos!

A floresta era assustadora durante a noite, sem dar atenção aos ruídos e sons que vinham do nosso redor, continuei em frente seguindo pontos de referência como pedras grandes e troncos caídos até finalmente alcançar a clareira.

Chegamos...

Senti a garota segurar minha mão, desde que entramos na floresta ela não desgrudou de mim, inconscientemente me lembrei de quando Eylef me guiou até a caverna segurando a barra do meu vestido.

Será que ele está bem?

Moça, moça...

Abri os olhos sem me dar conta de que estava dormindo em pé.

Vamos entrar, acho que preciso de um cochilo...

Assim que atravessei a porta de madeira a luz desapareceu, mas eu estava cansada demais para pensar nisso, a única coisa que fiz foi me sentar em meio aos panos velhos e respirar fundo várias vezes, meu braço estava dormente e minha cabeça girando.

—Moça...você está bem?

—Vou ficar...

—Seu ombro está cheirando a sangue...

—Foi só um machucado...

Com sono, mal senti quando algo me tocou.

—Mamãe me disse para apertar uma ferida que sangra com panos limpos.

Tentei ver alguma coisa na escuridão mas só consegui ouvir sua voz.

—Eu vou cuidar do seu machucado até ele parar de sangrar.

Queria dizer para a garota não se preocupar com isso, não manchar as mãos com sangue, afinal, ela ainda aparentava ser uma criança, no entanto, tudo o que consegui fazer foi escorar a cabeça no amontoado de panos velhos e cair em um sono profundo.

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