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I

                 Consigo sentir a liberdade em meus cabelos, sinto o meu corpo dar pequenos pulos pela velocidade dos galopes do cavalo. Uma sensação indescritível, galopar por um campo verde e amplo, poder usar roupas de montaria e me comportar como um homem, tipo de coisa odiado pela minha madrasta que escolheu desde o momento que me conheceu a fazer de minha vida um inferno.

                Meu único refúgio é estar fora de seu alcance, até mesmo um simples passeio nos jardins é estressante. Aprendi a andar a cavalo desde muito pequena, e digo que foi uma das melhores escolhas, assim posso sair do alcance dos olhos dela. pensei comigo mesma que talvez as coisas iriam melhorar no momento em que ela tivesse um filho, mas suas tentativas de esfregar em minha cara que não sou mais a herdeira da coroa são contínuas.

              Porém, hoje é um dia especial. Iremos comemorar o baile de primavera em homenagem a minha mãe, talvez... talvez seja por esse motivo que o dia amanheceu tão bonito, os pássaros cantaram de forma mais alegre, as flores floresceram com formosura, até mesmo os servos estão mais contentes. E digo que hoje, hoje irei dançar até meus pés não aguentarem mais, comerei doces até não aguentar mais ver um docinho em minha frente, dançarei com um belo rapaz e talvez até me apaixonarei, irei comentar os trajes das pessoas com as minhas amigas, pois hoje... hoje é um dia especial e sei que se minha mãe estivesse aqui ela viveria esse dia intensamente e esqueceria de tudo e de todos e faria tudo o que pretendo fazer, pois a imagino desta forma, uma mulher alegre que via beleza e bondade em tudo e em todos, com a alma tão pura quanto de um passarinho.

              Estou passando pela aldeia de Valhaha, a antiga aldeia de minhas amigas Amber e Cristyna. Talvez um dia ela teve alguma formosura, mas hoje vive apenas na escuridão, depois de tantos ataques entendo as pessoas serem inseguras, é triste não saber a qual momento irão ser atacados ou não. Por esse motivo as convidei para morar na aldeia de Solarian, das terras de meu pai. A fome estampada no rosto dessas pessoas me deixa com pena, queria poder ajudar mas meu pai proibiu pois se trata de território inimigo, infelizmente eles vivem com um tirano no poder, os extorquindo com os seus altos impostos. Me pergunto como eles vão poder pagar os impostos se nem a terra deles é mais fértil para o plantio e o rei não presta segurança de seu povo.

             Os portões do castelo estão abertos para a passagem das carruagens com mercadoria que não param de chegar, temperos, tecidos... gosto de ver o castelo movimentado e animado com o baile. Consigo ver ao longe minhas amigas sentadas no jardim, provavelmente à minha espera, doidas para escolherem seus vestidos e conversar sobre algum rapaz que viu na aldeia. Peço para um dos servos para levar meu cavalo ao estábulo, normalmente eu mesma faria isso mas quero ir ao encontro de minhas amigas o mais rápido.

- Olá meninas!

- Rosalie! Estávamos a esperando para irmos escolher nossos vestidos - disse Amber.

- Seu irmão veio tentar cantar a gente - disse Cristyna soltando uma risadinha - Ele nunca desiste.

- É uma criança, patético - fiz careta.

- Rosalie, ele não é tão criança assim, dezesseis anos é uma idade considerável - falou Ember entrelaçando seu braço ao meu.

- Só se for para você.

- Então para você tem que ser como? - perguntou Cristyna segurando o meu outro braço.

- Não sei, e não quero conversar sobre isso. Vamos ver nossos vestidos para a noite de hoje! - Saímos correndo pelo jardim e subimos as escadas tropeçando umas nas outras.

                    Estou no salão principal do castelo recebendo os convidados que vem certamente de vários lugares. O sol já está se pondo e as luzes dos castelos estão começando a ser acesas, olho para trás e vejo meu pai sentado em seu trono e ao seu lado direito minha madrasta e o esquerdo meu irmão. Para mim é o suficiente me sentar com qualquer um dos convidados, meu pai não faz questão de me deixar sentar ao seu lado como a princesa de Notolia. Me pergunto por quê ele ainda se dá o trabalho de continuar realizando os bailes se ele me despreza e certamente já se esqueceu de todo o amor que uma vez sentiu pela a antiga rainha.

                    Decido ir ao meu quarto para buscar o colar que ganhei de minha mãe antes dela morrer, ter parte dela comigo em seu dia me trará felicidade. Dizem que o castelo um dia foi assim como o dia do baile de primavera, cheio de vida, pessoas felizes, até mesmo os servos tinham prazer em trabalhar aqui. Mas depois que minha mãe morreu o reino passou por um luto terrível, e quando meu pai resolveu se casar novamente a rainha atual trouxe consigo a tristeza, a escuridão e todo o medo. As flores não brotam mais como antes, os pássaros não cantam mais e os servos trabalham com uma escuridão em seus olhos, como se tivessem roubado algo deles. Felizmente pela falta de amor de meu pai me fez poder sair além do muros para cavalgar e sair do alcance dela.

                     Chegando ao meu quarto vou direto a minha penteadeira onde guardo todas as minhas jóias e lá está ele, um colar com uma ametista lapidada em forma de um coração. O coração, o amor dado de minha mãe para mim, quando o uso sinto minha mãe, é como se ela estivesse aqui e todo o mal se vai.

               Passando pelo corredor para retomar ao salão principal sou pega desprovida pelo pescoço, e minhas costas são jogadas com força contra a parede de pedra fria. Quando olho vejo a minha madrasta com suas garras enfiadas em meu pescoço com força, por um momento sinto medo, mas isso acontece com tanta frequência ultimamente que estou me acostumando a esse tipo de tratamento.

- O que eu fiz? - perguntei tentando levantar meu rosto para aliviar a dor das suas unhas de metal contra a minha pele sensível.

- Não é o que você fez, é o que pretende fazer - ela apertou mais suas unhas contra minha pele - Se por acaso fizer algo para atrapalhar meu filho hoje, você vai sentir muito mais que minhas unhas em você.

- Eu não pretendo fazer nada, ficarei longe o bastante - suas unhas estavam começando a machucar minha pele, estou ficando assustada pela situação.

- Fique longe de nós durante todo esse baile patético, darei um jeito desse ser o último - ela apertou meu rosto com mais força o marcando e logo o soltando - Olha, é o colarzinho dado pela mamãe morta? - ela passou uma de suas unhas pelo o meu pescoço até o colar, o subindo levemente - Que patético! - ela soltou o colar e saiu em direção ao baile.

                    Arrasto minhas costas pela gelada parede até o chão, tentando recuperar todo o ar que perdi naquele momento, levo as minhas mãos com pressa ao meu colar o segurando com força, agradecendo por ela não o ter partido. Meus olhos estão se enchendo de lágrimas, talvez pelo susto, mas não posso deixar que ela perceba que tenho medo. Seco qualquer resquício de lágrima, ergo a minha cabeça e vou em direção ao meu destino, não me deixarei abater.

                     O sol já se pôs e as estrelas estão vividas no céu, a comida já está sendo servida junto com as bebidas, a música está animada e há muitas pessoas dançando pelo centro do salão. Vejo ao longe minhas amigas na mesa de docinhos os atacando, irei me juntar a elas, um pouco de doce depois daquilo cairia muito bem. Me enfio no meio delas sem falar nada e já enfiando pelo menos uns cinco docinhos em minha boca.

- Calma! - disse Cristyna soltando uma risada - Alguma decepção amorosa?

- Não, só a minha madrasta sendo ela mesma - enfio mais uma em minha boca.

- Aquela cobra, um dia vai pagar por tudo que está fazendo com você - ela olha em direção a rainha.

- Enquanto isso não acontece, vou me matar comendo esses doces - ela riu.

- Pelo menos beba algo, vai ficar entalada desse jeito - diz ela pegando uma bebida rosa para mim.

- Quero vinho!

- Mas sabe que não pode tomar, seu pai não permite.

- Meu pai não se importa, e hoje eu mereço - pego uma taça de vinho da bandeja de um dos servos que estão rodando pelo salão e viro tudo em um só gole, Cristyna e Amber me olham assustadas.

Quando me viro para pegar mais outra taça, vejo meu irmão vindo em nossa direção, como toda aquela arrogância dele acompanhado pelos cabelos loiros e olhos verdes.

- Calma meninas, acho que os convidados também vão querer - falou soltando uma risada.

- Há há, engraçadinho - falei com deboche, pegando outra taça de vinho.

- Você sabe que não pode beber, né?

- Desde quando alguém aqui se importa com o que eu faço ou deixo de fazer? Ah não, pera - dei um gole grande do vinho - sua mãe se importa, infelizmente só se importa para depois me punir.

                      Ele saiu sem dizer mais nada, não gostou de ter mencionado sua querida e preciosa mamãe. Meu irmão era um menino, mas sua aparência dava a entender que eu era a mais nova. Ele é um menino bom, apesar da má influência de sua mãe em querer o corromper, querendo colocar ideias ruins em sua cabeça, mas ele não se deixa levar. Gentil, às vezes bem arrogante e metido, mas apesar disso tem um coração bom.

                    As meninas foram tiradas para dançar, dois rapazes muito charmosos por sinal, vi o sorriso delas estampados em seus rostos. Conheço os dois rapazes, são dois duques, duque de hylarian e o outro duque de Versalhes. Ficaria muito feliz se as cortejar e as desposar, saber que viveriam bem por mais que você distante de mim me traria muita felicidade. Ainda estou de pé ao lado da mesa de docinhos, mas se eu comer mais um doce os meus dentes irão cair, preciso de algo salgado. A mesa de salgadinhos estava ao lado e logo vou em sua direção, não sei o que está acontecendo comigo hoje mas estou com uma fome terrível, talvez causada pela ansiedade.

- Princesa! - um dos servos se direciona a mim.

- Pois não?

- O rei requisita a sua presença agora! - assenti com a cabeça e saí indo até o grande altar, feito e decorado para o grande rei. Quem se importa.

- O que deseja majestade? - o termo majestade é essencial ser usado em momentos como esse, estou estritamente proibida de o dirigir como pai.

- Chegue mais perto... - fiz o que pediu - O seu comportamento está fazendo as pessoas ficarem comentando, você é da realeza, aja como uma!

- O que eu fiz? Estava apenas comendo.

- Como os porcos? Se quiser na próxima refeição você irá comer com eles.

- Como desejar papai! - dei de costas sem me reverenciar, pouco me importo, tudo bem que estava comendo sem etiqueta alguma mas me comparar com os porcos?

O que eu tinha imaginado fazer hoje foi tudo por água abaixo, não estou suportando ficar aqui nesse salão, preciso sair daqui. Aperto os meus passos até a entrada, desço as escadas com pressa quase tropeçando em meus pés e tudo que eu consigo pensar é que droga de vestido! E que droga de salto! Os retiro e os taco o mais longe possível e corro em direção ao meu estábulo.

Lá estava meu cavalo, de pelagem negra como a escuridão da noite, sua crina reluzia com a luz das lamparinas. Busco logo uma cela para o montar, no caminho acho um arco e flechas de um dos guardas e o pego, nunca se sabe o que pode encontrar por aí. Irei aproveitar que é dia de baile e sair a noite não será um problema já que os portões estão abertos para os convidados, é apenas isso que preciso para mim, um pouco de ar puro em meus pulmões, longe de toda a maldade desse reino.

Já estou fora dos muros, consigo sentir o ar mais leve. Daqui dá para ver o brilho exorbitante da lua junto às estrelas, a constelação da minha mãe é a mais brilhante do céu, sempre senti que ela sinalizava uma direção, apontando com o seu arco. Minha mãe era uma arqueira muito habilidosa, talvez seja por essa razão que me apaixonei pelo arco. Pena que ao decorrer dos anos meu pai me limitou a saber mais sobre minha mãe, e a minha curiosidade só aumentou com isso, saber se me pareço com ela.

Estou chegando em Solarian, consigo ver ao longe as lamparinas acesas e algumas pessoas andando pelas ruas. A maioria das pessoas estão no baile, e prefiro assim, minha vestimenta daria para perceber que sou a princesa e não gosto desse tipo de atenção voltada para mim, por isso sempre uso minhas roupas de montaria e uma capa sobre minha cabeça. Mas minha necessidade de sair de lá foi tão grande que nem me importei com minhas roupas.

Vejo pessoas deitadas no chão, talvez bêbados ou desabrigados. Nunca percebi que a noite esse lugar ficava com um ar estranho. Aumento os galopes do cavalo para sairmos o mais rápido, mas ao longe surgem quatro homens fazendo uma barreira no caminho, tento desviar mas sou cercada por eles.

- Será para onde está indo uma moça tão bonita como você? - um deles fala soltando um sorriso, consigo ver alguns dentes de ouro. Isso me faz revirar o estômago. Tento novamente romper por eles, mas sou impedida.

- Calma, não vamos te machucar - disse outro com um sorriso virando o odre em sua boca. Provavelmente ali contém vinho.

- Diga isso por você - o terceiro afirmou.

- Me deixem passar - falei, tentando não transparecer medo.

- Mas por quê a pressa? Vamos nos divertir um pouquinho - falou o primeiro homem dos dentes de ouro.

- Não, muito obrigada, mas não gosto desse tipo de diversão!

- Venha, desça desse cavalo - falou se aproximando, meu cavalo estava ficando cada vez mais agitado.

- Fique longe de mim! - gritei.

- Calma amor, prometo que irá gostar - soltou uma risada se aproximando ainda mais. Logo saquei meu arco apontando para sua cabeça.

- Não se aproxime ou irei te fazer se arrepender - estiquei ainda mais o arco, tentando ao máximo observar todos ao mesmo tempo.

- Você não teria coragem, pela sua vestimenta é apenas uma garota mimada, a filha de uma puta qualquer!

Ouvir aquilo sobre a minha mãe me fez ferver por dentro, não pensei duas vezes, mirei em seu ombro esquerdo e soltei a flecha de meu arco, tudo aconteceu de forma rápida, mas para mim parecia que tudo tinha ficado lento. A flecha o acertou de forma rápida e ágil, atravessando seu ombro e o fazendo cambalear para trás e logo ouvi seu grito de dor acompanhado com xingamentos.

- Jamais duvide de mim! Não sou a filha de uma puta qualquer como você - logo peguei outra flecha armando meu arco - Quem vai ser o próximo? - eles recuaram alguns passos.

- Larguem de ser idiotas, é só uma garota! A derrubem daquele cavalo!

Os homens começaram a se aproximar de mim, tento atirar em um deles mas erro por conta do movimento do cavalo, ele está começando a dar pulos por conta da proximidade desses estranhos. Tento acalmá-lo mas minha tentativa é em vão, e seus pulos estão ficando mais altos dificultando meu equilíbrio. Em um único pulo o cavalo fica em duas patas me fazendo se soltar dele e batendo minhas costas no chão. Enquanto tento recuperar todo o ar de meus pulmões e a minha visão sinto os homens se aproximar, consigo sentir suas mãos ásperas e grotescas em mim, estou tentando gritar mas me falta ar, tento novamente e só consigo pronunciar o "socor". Enfim, consigo encher meus pulmões com ar e recuperar parte da minha visão.

- Socorro! - gritei o mais alto que minha garganta conseguia.

- Cale a boca!

- Socorro! - grito mais uma vez arranhando minha garganta com a força do meu pedido, meu corpo está se agitando em pânico, estou tentando manter a calma mas está muito difícil. Até que sinto algo pesado em meu rosto, recebi um tapa forte, minha bochecha está começando a arder em fogo, as lágrimas estão preenchendo meus olhos, só consigo lembrar das coisas que minha madrasta me fez e me lembro de dizer a mim mesma para não ter medo, mas estou me sentindo tão venerável nesse exato momento.

Sinto meu vestido ser rasgado, todo o tule, o corset. Isso é tão desesperador, porque não consigo reagir? Suas mãos nojentas sobre minha pele sensível, consigo sentir o ar gelado pelas minhas pernas descobertas. As risadas, aquelas palavras sujas sobre mim, minhas lágrimas que começaram a escorrer pelo meu rosto, o pânico.

- Por favor, não façam nada comigo - minha voz estava falhando, meu corpo tentava fugir dali mas era apenas um contra quatro.

- Olha, a menininha corajosa está chorando - falou dando uma risada rouca e breve - Deite ela no chão, irei fazer isso aqui mesmo. Calma meu amor, irei ser romântico - disse acariciando meu rosto, meu estômago está quase sendo posto para fora pelo nojo dessa situação.

- Soltem ela, agora! - falou um homem que estava ao alto de uma casa.

- E por quê eu faria isso?

- Bom, se caso quiser permanecer com a cabeça em seu corpo... fica a sua escolha - conseguia ver o sorriso dele, talvez imaginando como seria essa cena.

- Você é apenas um, e nós somos quatro.

- Patético! - ele saltou de cima da casa como se pulasse um degrau. Conseguia ver o sorriso em seu rosto quando puxou sua espada de sua bainha. Uma lâmina brilhante e longa, com alguns cristais incrustados.

- Vamos, o ataque! - o homem apontou para o homem misterioso, logo sacaram adagas de suas bainhas e correram para o atacar.

O homem misterioso estava com um sorriso ansioso, o primeiro cara o atacou e ele logo defendeu segurando a espada contra a adaga do homem. Com um chute ele o empurrou para longe o suficiente e em um único movimento sua espada seu moveu contra o pescoço do homem de forma tão rápida que só percebi que ele tinha arrancado sua cabeça quando o corpo do mesmo caiu no chão e a cabeça rolou para longe do corpo. Os outros dois tentaram atacar juntos, o seu sorriso aumentou como se estivesse gostando daquilo. Brincando com sua espada atravessou o peito de um e com outro movimento ágil tirou uma adaga da sua bainha e a enfiou no pescoço do outro.

- Entediante - disse ele limpando suas lâminas nas roupas do morto - Vocês miseráveis não tem um pingo de graça de matar - falou certificando que limpou bem a lâmina.

- P-por favor senhor, não me mate, não me m-mate - disse o líder deles de joelhos implorando pela própria vida.

- E por quê eu não deveria te matar? - ele se aproximou.

- Por favor, senhor, tenha misericórdia - ele se curvou segurando os pés do homem misterioso.

- Patético, pede misericórdia pois tem medo da morte, mas momentos atrás estaria disposto a acabar com a vida de uma pessoa... Pessoas como você, o lixo dessa terra não merecem misericórdia! - ele chutou o homem.

- Por favor senhor - ele implorou aos berros.

- Está bem, terei misericórdia de você se caso prometer não fazer mais isso...

- Claro senhor, obrigado, obrigado - disse beijando seus pés.

O homem maldito se levantou do chão e começou a correr, o homem misterioso por sua vez pegou meu arco e flecha, o armou e o atirou contra o cangote do maldito, que caiu no chão agonizando.

- Achou mesmo que teria piedade? - ele soltou uma risada de escárnio.

Ele estendeu sua mão em sinal de ajuda e sem hesitar a peguei, me levantando, retirou sua capa e cobriu meu corpo.

- M-muito obrigada - falei gaguejando pelo medo e o frio.

- A levarei de volta a seu castelo.

- C-como sabe... que moro em um castelo?

- Eu sei de tudo princesa... - falou me pegando em seus braços e me levando ao meu cavalo. Ele me colocou sobre o cavalo e puxou as rédeas para o cavalo o seguir.

- Como sabe que sou a princesa?

- Como eu disse, eu sei de tudo...

- Irá caminhando daqui até o castelo?

- Sim, e não, não irei me cansar... vamos dizer que estou acostumado com caminhadas longas.

Vejo ao longe as pessoas se retirando para as suas casas e reinos. Muitos reinos são distantes e logo não podem demorar, há ladrões e malditos espreitando pronto para atacar. O homem misterioso permaneceu calado todo o caminho e eu não tive coragem de fazer mais perguntas, apenas queria o agradecer por ter salvo minha vida.

- Por favor, não vamos passar pelo portão principal... irei chamar atenção indesejada e se... isso... acontecer... - balancei o rosto tentando afastar todos os pensamentos sobre minha madrasta mas era inevitável, "Fique longe" "Não faça nada".

- Como desejar, por onde iremos romper?

- Tem uma entrada pelo jardim, eu o uso para sair daqui quando os portões estão fechados...

Mostrei o caminho para ele e assim o percorreu, passamos pelos jardins que era de frente para o meu quarto. Minha ama deve estar na cozinha junto aos outros empregados, ela irá me ajudar nesse momento.

- Pode me deixar aqui, eu consigo me virar agora... - falei descendo do cavalo.

- Tem certeza?

- Sim...

- Então, até um outro momento princesa - ele se virou para ir embora.

- Espere! - ele parou virando o rosto de lado - Muito obrigada por ter salvo minha vida...

- Não precisa me agradecer princesa.

- Preciso sim... como posso recompensá-lo?

- Talvez ficando longe de problemas, não sei se estarei por perto para te salvar... - disse, continuando seu caminho.

- E como poderei o ver novamente?

- Quem sabe em breve - disse, sumindo entre as sombras.

Abracei meu cavalo feliz por estar nesse lugar que chamo de lar. Infelizmente não tenho um lugar onde eu possa me sentir segura, mas prefiro continuar vivendo um inferno aqui do que aquele que passei momentos atrás...

- Procurando algum refúgio?

Olho assustada em direção a voz, era meu irmão, Arthu.

- Me assustou.

- Desculpe-me, vim procurar você, papai estava preocupado, falei para ele que estaria aqui, já que só há dois lugares que você vai, o jardim e o...

- Estábulo - completei - Vejo que me conhece muito bem - falei tentando disfarçar as poucas vestes, não quero que chegue aos ouvidos do meu pai.

- Impossível não conhecer, praticamente cresci com você.

- Sim... Mas... Só veio saber onde estou?

- Sim... mas o que achou do baile?

- Achei excepcional, nada muito diferente dos demais - menti, menti descaradamente.

- Não sei se posso dizer o mesmo, eu vi como olhava para a minha mãe, Rosalie.

- E o que você sabe? Talvez um grande nada?

- Posso não saber nada, mas sei que há algo entre vocês duas, eu vejo isso.

- Por favor, não quero falar sobre sua mãe, estou cansada, irei para o meu quarto.

- E o cavalo?

- Alguém vai vê-lo aí e irá o guardar - disse dando de costas para ele.

Chegando ao meu quarto, tiro o que sobrou de meu vestido o mais rápido possível, olhar para aquelas roupas me fazia sentir algo dentro de mim que não sei explicar, medo, nojo, pânico. Nunca mais irei romper por esses portões a noite, se aquele homem misterioso não tivesse aparecido não sei o que teria acontecido. E só consigo lembrar que não perguntei seu nome. Visto uma camisola e me jogo na cama, a exaustão por conta de hoje fez meu corpo ficar sobrecarregado. Espero conseguir dormir, ainda sinto toda a adrenalina correndo pelas minhas veias, e com ela vem a ansiedade e me pergunto, por quê isso está acontecendo comigo? Algum tipo de prova maluca que a vida quer me dar?

Só consigo pensar em minha mãe, e no carinho e no cuidado que ela teria comido se isso tivesse acontecido. Talvez nem aconteceria pois não haveria necessidade de eu fugir daqui, já que toda a sua bondade encheria meus pulmões com o ar. Depois de tanto pesar sinto meus olhos ficarem pesados e logo adormeço. Espero o encontrar novamente...

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