Hank
"Eu sou muito burro." Foi o que Hank pensou voltando para perto da Zander. "O que está acontecendo? Por que tantos policiais em um ponto só?" Ele começou a ouvir as sirenes e viu os policiais que a garota mencionou na entrada do beco. Eles apontam as armas para os dois. Antes que Hank consiga dizer qualquer coisa para eles, a Zander apenas bufa.
- Eles não aprendem sobre magnetismo na escola?- Ela perguntou, revirando os olhos. Formando um círculo com o braço, todas as armas escapam das mãos dos policiais e as fivelas de seus cintos giram e os puxam para trás.
A garota corre, quase empurrando Hank no chão, ele a segue depois de ver se os policiais estavam vivos. Hank estava frustrado consigo mesmo, ele mal chegou em Marillion e seu plano de ser discreto foi para os ares. A Zander olha para ele por cima do ombro com a expressão fechada e continua correndo.
Os dois ficam lado a lado, correndo em direção à outra rua. A Zander passa pelas pessoas sem pedir licença, desviando da maioria e empurrando quem não entendia sua urgência. Ela atravessa a rua e passa por outro beco, Hank quase a perde de vista.
- Que bela armadilha, hein?- Ela provoca. - Nem aprendeu nada no dia em que eu invadi seu carro.
- Cala a boca! - Hank grita, irritado por todos os seus planos para essa viagem serem arruinados. - Não fui eu!
- Então quem foi?- A garota berrou antes de levantar o punho para a frente, bem na hora que a parte da frente de uma viatura aparece no final do beco. O veículo é erguido como se subisse em uma rampa em alta velocidade, voando por cima dos dois quando eles passam, e capotando rua abaixo.
Hank refletiu sobre isso, ninguém veio a mente. O senhor Febe não sabia, a senhora Candace também não e ele não contou nada à ninguém sobre a Zander e a pasta que ela trouxe. A não ser que alguém estivesse vigiando ele ou... "Burrice é a palavra que me define." O rapaz teve uma ideia do que pode ter sido: o cartão. Hank também tinha um cartão, não era do mesmo nível que a da Zander, mas tinha bastante dinheiro para emergências. Ele não usava com frequência, mas usou para comprar a passagem. E não apagou o histórico do computador...
- Me rastrearam! - Hank acaba gritando consigo mesmo enquanto corriam, eles atravessaram mais uma rua enquanto a Zander forçava os carros a pararem.
- Mas que tipo de soldado é você?- A filha da regicida grita entrando em outro beco mais estreito e subindo por uma escada de incêndio.- Todos de Gedeon são burros assim?
As sirenes se aproximavam, mas não chegaram a entrar no beco pela passagem ser muito estreita. Estavam cercando o prédio. Hank refletiu se seria tão ruim caso entregasse a Zander para a polícia, ele poderia explicar a situação e não ser preso. Ele com certeza ficaria de castigo e teria que procurar outro objetivo na vida, e Sophie Zander era apenas um peixinho na família que poderia ser usado para atrair os grandes tubarões. E Hank poderia usar ela muito bem. Sophie tinha sorte por ser útil, e só. Ele chega no topo do prédio enquanto a Zander está na beirada, fazendo a escada por onde subiram se contorcer.
- Com certeza somos espertos o suficiente para não ficar em plena vista quando está sendo perseguido.- Hank rebate, mas a garota ri.
- Mas não o suficiente para parar de seguir quem faz isso, não é? - Zander devolve com um sorriso de canto. Ela corre em direção ao outro prédio, Hank pensou que ela iria fazer uma loucura que não acabaria bem, mas ao invés disso, a garota consegue pular para a outra ponta.
Zander rola no chão e para, dando uma última olhada em Hank antes de pegar as saídas de ventilação ao seu redor, criando uma passarela de discos para o prédio do outro lado da rua.
"Você não vai a lugar nenhum!" Hank pensou ao concluir o que ela estava fazendo. Fugindo e o deixando para trás. Ele também pula para o outro lado, com a mesma facilidade que a Zander, porém menos do que um escariano treinado. O rapaz por pouco não consegue usar as plataformas que a garota estava criando, pulando deles segundos antes da Zander colocá-los à frente dela.
- Me deixa em paz, seu inútil!- Ela gritou quando aterrissou no outro prédio com mais leveza do que no anterior, como se pulasse de um degrau de uma escada qualquer.
Hank se agarra na beira do prédio, evitando uma terrível queda, se esforçando para subir.
- Não vai conseguir despistar eles.- Ele diz, parado onde estava ouvindo as viaturas parando abaixo dele.
A garota coloca uma mecha de cabelo atrás da orelha e franze a testa. Ela olha para a diagonal e... assente?
- Sophie Zander, em nome da memória do nosso rei, ordenamos que se renda. - Uma mulher lá embaixo disse usando um megafone.
A Zander arregala os olhos em fúria e enche as bochechas de ar, como se estivesse prestes a cuspir fogo pela boca.
- É HAUSER! - A garota berra para a mulher lá embaixo, andando até a beira do prédio e apoiando um pé a frente. - MEU NOME É SOPHIE HAUSER!
Duas viaturas se ergueram, suas sombras cobriam Hank completamente. Ele também ouve alguns policiais gritando e mandando os civis por perto correrem.
- Não conhece o sistema, não conhece os protocolos para despistar eles.- Hank continua, subindo para a segurança.
- CALA A BOCA! - Ela grita. - Eu sei me virar!
- Eu conheço muito bem, posso te ajudar com isso, garota.- Hank se levanta e assume uma postura mais digna de alguém que quer negociar.
- Agora você quer me ajudar?- Ela deixa os carros caírem no chão.- Não pareceu capaz nem de ajudar a si mesmo há alguns segundos.
- Não vai conseguir ir muito longe sem mim.- Hank diz querendo segurar o braço dela, mas a Zander desvia rápido e ri.
- Claro que eu vou. Não subestime o meu poder de escapar de encrenca.
Mais metal se contorce, um cano fica flutuando acima da rua ao lado deles. A garota mostra um último sorriso e corre em disparada, pega impulso em uma placa de metal que ela formou e pula até o cano. A garota consegue chegar ao outro lado.
Hank se perguntou como ela conseguiu fazer isso. Ela não era como os Zander que Hank conhece, não tinha treino nem habilidade como o resto da sua família. Como ela teria habilidade para isso em poucos meses?
A resposta era óbvia.
Mesmo com arrogância e falta de educação, Sophie Zander era uma escariana.
Todos os escarianos, ou quem tem sangue de um e nasceu em outro país, são fisicamente mais fortes e resistentes do que qualquer outro ser humano.
E diferente dos escarianos facilmente identificáveis, os Zander não têm pele azul. Seus traços marcantes são o cabelo grisalho, os olhos pretos estreitos, o tom rosado na pele e o poder sobre o metal.
As Três Famílias Primordiais de Escarion têm traços únicos que os identificam. Os Febe, o cabelo branco; e os Minori têm a pele azul escura como o céu a noite, cabelo preto e chifres.
Sophie acena para Hank e desce pela escada de incêndio do outro prédio. O rapaz ficou sozinho ouvindo os policiais arrombando a porta, eles cercam Hank em segundos. A mulher que está no comando, magra e alta, pele morena e cabelo raspado, fica na frente dos seus homens.
- Hank Fowller.- Ela diz o nome dele com a voz burocrática.- De joelhos com as mãos atrás da cabeça.
Ele olha em volta, procurando uma alternativa de escapar, mas não vê nenhuma que a Zander tenha deixado. Seu joelho se dobra automaticamente enquanto alguém se aproxima para colocar as algemas.
- Está preso por induzir pânico entre os civis e terá que responder o que uma Zander estava fazendo com você.- A mulher começa a falar, sem perceber uma das saídas de ventilação esquentar.
Hank vira a cabeça e pega algo em um bolsinho em sua jaqueta que se parece com uma jujuba.
- Hank Fowller, cuspa isso! - A mulher diz quando vê a pílula roxa entre os dentes do rapaz.
Ele não dá ouvidos e a explosão pega todos de surpresa, o fogo se espalha e Hank se levanta rápido. Raramente fazia o que estava prestes a fazer, mas teria que funcionar pelo menos para alcançar a Zander.
...
Hank a encontrou na estação de metrô central da capital com um moletom rosa cobrindo o cabelo, a Zander conseguiu se misturar bem entre a multidão e estava intacta. Ela olha para Hank quando ele a alcança e revira os olhos.
- Você está empenhado em infernizar a minha vida, não é?- A garota pergunta e fareja o ar.- Por que você está fedendo a borracha queimada?
- Não te interessa.- Hank responde entredentes.- Estão atrás de você, Zander.
- Você é surdo? Meu nome é Sophie Hauser.- A garota diz irritada.- E eu consigo me virar.
O metrô chega, as portas se abrem atrás de Sophie. Ela olha para o lado por um segundo e entra no metrô, Hank a segue. A Zander senta em um banco perto da janela e ele se senta ao lado dela.
- Me dê um bom motivo para não chutar você. - Ela pergunta observando a estação sendo deixada para trás.
- Eu já disse, eu posso te ajudar. - Hank repete, conferindo se a sua carteira ainda está intacta.
- E quem disse que eu preciso da sua ajuda? - A garota pergunta ainda observando a visão lá fora. - Eu me viro sozinha.
- E para onde você vai? Porque para a sua família, você não pode voltar. Os Zander não toleram falhas. - Hank diz o que ele já ouviu de Magnólia Zander no Palácio Rubro.
- Eu sei bem disso, meu querido. - A garota fala virando o rosto para ele com um sorriso falso. - E você também falhou, não tem moral para falar de mim.
- Os Zander não vão te dar apoio, está sozinha agora. - Hank tenta tocar em um ponto que sempre funciona para convencer alguém. Funcionava várias vezes.
Seu olhar vacila por um instante, mas ela sorri e balança a cabeça.
- Você tem que conhecer as pessoas antes de tentar manipular elas com isso, Fowller. - A Zander sussurra.
O metrô para de repente, Hank é jogado para frente e a garota teimosa consegue se segurar. Hank levanta rápido e olha pela janela, viaturas em volta do trilho e um helicóptero sobrevoando por eles.
- Agora você não tem como fugir.- Ele diz virando para a Zander que estava com os dedos tocando de leve em sua orelha esquerda.
- Você é muito chato, caramba!- A garota diz levantando.
- Me diga, quantas viaturas tem aqui? Quantos helicópteros?- Hank pergunta, ficando no caminho dela.
- Trinta e cinco.- Ela resmungou revirando os olhos.- Tem cinco helicópteros também.
Hank só conseguiu ver dez, mas a Zander conseguia sentir o metal presente. Não tem como discordar dela.
- Como pretende escapar?- Ele provoca.
Para isso, ela não tem resposta. "Finalmente ficou de boca calada."
- Você venceu, seu irritante. Eu me rendo.- A garota diz, levantando as mãos.
- Eu disse que vou te ajudar.- Hank repete pegando a jujuba roxa que tinha usado para enganar os policiais de mais cedo. - Vem comigo.
Os dois correm para a porta no fim do vagão, a Zander a destranca e segue Hank até a parte de cima. Ele segura seu braço e ela tenta se soltar.
- Não me solte! Sob hipótese nenhuma você pode me soltar.- Hank rosna.
- Tá bom! Anda logo! - A garota fala olhando para frente, onde os policiais se aproximavam. Dois helicópteros já estavam acima deles.
Hank joga a jujuba no chão e ela explode, soltando um fiapinho de fumaça roxa. Em seguida, forma um círculo com desenhos de luas e estrelas em volta dele e da Zander. Uma luz os cega, e quando Hank abre os olhos de novo, ouve a última coisa que gostaria agora.
- Meu rei! - Ouve a voz familiar gritando de algum lugar.
- Merda. - Hank resmunga.
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