Queda
FlashBack.
O vento forte, que trazia algumas folhas junto consigo, havia cessado como se algo o tivesse acalmado. A salvadora chegara a pensar que ele também estivesse se acalmado ou, ao menos, estivesse satisfeito com o desfecho daquela noite... Aliás, quem não estava, exceto por Killian? Regina parecia incrivelmente mais leve. Seus pais, por mais que tivessem levado um choque ao receberem a noticia, aceitaram de bom grado. Henry parecia se controlar para fazer suas cômicas comemorações apenas quando chegasse à casa da prefeita, após seu encontro com Violet. Zelena estava feliz por saber que finalmente fizeram o correto. E Emma se sentia mais leve, como se tivesse tirado o peso de seu casamento das costas.
– Finalmente Swan Mills Family... – Henry achou necessário pronunciar aquelas palavras antes de despedir-se de sua mãe e rumar ao encontro com a garota a quem amava.
– Sempre fomos uma família, Henry. Apenas não éramos um casal... – a loira abaixou o olhar e viu o adolescente sorrir. – De fato está muito feliz com a notícia, não é? – deu um soco de leve ao ombro do filho.
– Digamos que estou muito feliz e desacreditado ainda... Agora vocês duas poderão ir ao boliche juntas, não é? Não precisará de desculpas para que eu vá.
– Henry, aquilo não era desculpas! Precisamos de mais momentos em família, kid, e nunca tivemos essa oportunidade, pois eu e Regina sempre estávamos tentando salvar a cidade de alguma coisa... Finalmente agora que o nosso livro foi fechado e os finais felizes chegaram, podemos ficar mais tranquilas e aproveitarmos esse período de paz que nos foi proporcionado. É relaxante fechar os olhos e saber que está tudo bem... Que não há nada para me preocupar. Precisamos aproveitar isso, não é? Momento em família: mães e filho. – lembrou-se de que Henry havia adquirido uma paixão pela garota de Camelot, e as duas haviam prometido deixa-lo levar a pretendente. – E Violet.
Mais alguns passos foram dados, no entanto, tamanha era a felicidade de mãe e filho, fazendo-os mal perceber que já chegara a hora de Henry se despedir e encontrar-se com Violet de Camelot. Emma, por sua vez, providenciaria de se apressar a pegar alguns pertences.
– Então... – Emma suspirou, fazendo com que o brilho em seus olhos entregasse tamanha felicidade que sentia. Não apenas por ela e Regina, mas sim por seu filho. – Bom encontro. Lembre-se de o que eu te ensinei!
– Não se apressar para começar um relacionamento... Trata-la como ela merece. – rolou os olhos, murmurando. – Aprendi a não apressar para relacionamento com minhas duas mães. Você e minha outra mãe não apressaram nenhum pouco.
– E...? – perguntou Emma. – Qual a outra coisa que lhe ensinei?
– Seja eu mesmo... – suspirou e rolou os olhos. – Seja um cavalheiro... Seja o bom menino que eu sou. – bufou. – Mas eu já estou sendo tudo isso!
– Então está se saindo muito bem... – Emma levou suas mãos ao rosto do garoto e apertou suas bochechas, assim como fazia quando Henry era menor.
– Mãe! – afastou-se, acariciando as bochechas vermelhas por conta dos apertões. – Eu não sou mais uma criança.
– Talvez isso explique o porquê suas bochechas não estão mais tão rechonchudas... – riu, observando-o rolar os olhos e ir de encontro com Violet, que acabara de chegar do outro lado da rua. – Até mais tarde, Kid! – gritou, acenando para o filho.
Após Henry dar as mãos à Violet e desaparecerem em seus olhos, a xerife desbloqueou o celular e abriu um enorme sorriso ao perceber que tinha uma mensagem de sua rainha. Regina Mills havia lhe mandado algumas mensagens:
Sei que você acabou de se retirar, meu amor, – mandou um emoji rindo. – aguardei bastante tempo para chama-la assim... Enfim, eu queria saber se já chegou até a casa do maneta.
Swan sorriu e se arrepiou ao sentir seu estomago ser atacado incontrolavelmente por borboletas inquietas apenas ao ler aquela mensagem, a qual, pela primeira vez, Regina havia a chamado de "meu amor", em seguida, a salvadora respondeu-lhe com uma mensagem:
Oh, majestade, acabei de deixar nosso filho com Violet, e estou entrando na casa... Quero que saiba que está tudo bem. Daqui a pouco estou de volta para você.
Após a breve mensagem, ela bloqueou o telefone e seu seus passos sobre o caminho de pedras, que direcionava até a casa.
Emma olhou para a casa erguida diante de seus olhos, percebendo que Killian talvez tivesse voltado do hospital, pois algumas luzes estavam acesas. Lembrou-se das palavras de alerta que sua amada lhe dissera antes que saísse junto com Henry, fazendo-a estremecer antes de girar a maçaneta da porta de entrada.
Tudo exatamente da mesma forma que estava na noite anterior, assim como naquela manhã, quando retornara para conversar com seu ex-marido. Talvez a prefeita estivesse pouco errada ao seu respeito, pois não havia índice de violência ou quaisquer coisas quebradas por conta da raiva, que indubitavelmente o homem sentia... Principalmente após a queda que levou.
– Você o subestima demais! – Emma deu seus primeiros passos, observando a enorme casa, aparentemente, vazia. Não iria pagar para ver do que Killian Jones era capaz de fazer quando estava embriagado, sendo assim, subiu às pressas até o segundo andar. – Eu sei de que ele é capaz. – as palavras de alerta de Regina ecoavam em sua mente, causando-lhe uma breve dor de cabeça, que fora ignorada ao adentrar em seu quarto e pegar alguns de seus pertences. – Não sabe quem é o homem que conheci na floresta encantada.
Em seu guarda-roupa havia uma bolsa que caberia algumas coisas, tornando-se útil para o transporte da pequena mudança de Emma para a casa de seus pais. Pelo menos por aquela noite. Sendo assim, pegou tudo o que precisava e fechou a bolsa, preparando-se para sair daquele quarto.
– Okay, Miss Mayor, estou voltando para você... – Emma sussurrou e abriu um sorriso. –... E nunca mais sairei do seu lado.
Assim como na entrada, a salvadora evitou fazer qualquer alarde. Andou pouco apressada, a fim de sair daquela casa, porém, cuidadosamente para não ser a responsável por ruídos sobre o piso de madeira. Olhava para os quartos que possuíam naquele corredor, e todos aparentavam estar vazios, fazendo-a suspirar por alivio.
Por mais que tenha feito de tudo para seu corpo ficar leve, quando posicionou o pé sobre o degrau, acidentalmente deixou escapar o som de sua bota contra a madeixa. Sem que percebesse, prendeu a respiração numa tentativa de não mostrar o quão ofegante estava dada as batidas aceleradas de seu coração. Agia como num daqueles filmes em que deve ter o maior cuidado e silencio para que saísse viva. E era praticamente isso que estava acontecendo ali. Ela não saberia qual seria a reação de Killian bêbado, vendo-a após a noticia de que ela estava apaixonada pela prefeita.
– Love, você voltou? – Emma paralisou, pois a voz de Killian fez-se presente bem atrás dela. – Eu... Pensei, por um segundo, que você realmente havia sido tola o suficiente para largar seu marido, sua família e escolher Regina Mills... Essa brincadeira realmente foi muito convincente. – o pirata correu em sua direção, abraçando-a por trás.
O pirata apertava sua cintura e apoiava a cabeça aos ombros da loira, que sentia todo o hálito que o entregava: Ele ainda bebia.
– Ei – sussurrou –, Killian, eu voltei para pegar algumas coisas minhas... – desvencilhou-se do abraço que o homem dava, olhando-o pouco desconfiada. – Eu não estava brincando, Hook. Pensei que não estivesse em casa, mas já que está... Preciso saber como é que você está. Preocupei-me contigo ao vê-lo desacordado, por isso, transportei-o diretamente para o hospital.
Killian suspirou desapontadamente.
– Sabe, Swan, um dia conheci uma mulher e me apaixonei pelo olhar dela... Céus! Foi um incrível dia, no entanto, por que fui me apaixonar? Você é o motivo que tem me feito chorar desde a noite que te vi dando as costas para mim e indo ao encontro de Regina. Isso... Dói muito! Por que fez isso comigo? Por que eu me apaixonei por seus olhos?
– Porque eu... Eu tentei me negar aos sentimentos, que eram tão evidentes, mas não consegui. Eu a amo.
– É sério, Swan? Você vem até nossa casa. Você vem até a casa que escolhemos e construímos nossa família e simplesmente me diz que ama Regina... Agora retorna para pegar suas coisas em minha frente e eu não posso dizer nada. Simplesmente tenho que aceitar? Como acha que estou? – ele falava um pouco embolado e acabou fazendo com que Emma percebesse que sua boca estava inchada. – Você despedaça meu coração em todo nosso casamento sempre trazendo Regina para nossa vida! Quando finalmente acho que terei o final feliz ao seu lado, com nosso bebê, você destrói minha alma... Você acaba com a coisa que eu mais estimava: nosso relacionamento. E eu não posso fazer nada a respeito... – o homem engole o choro, porém, não consegue esconder sua voz embargada. – Vou vê-la criar nosso filho, dormir todas as noites na mesma casa que ele... Eu irei ter que suportar todos os eventos em família vendo você, a mulher que me mudou para melhor, em um relacionamento justo com a prefeita.
– Eu realmente não queria causar nada disso, Killian... Desculpe-me.
– Para piorar meu dia, estou cheio de dor... Tomei remédios na veia, Swan, por sua culpa! Você e a Rainha má destruíram minha vida... Minha dignidade. Você me traiu com uma mulher... Como se já não bastasse eu ter sido traído, você me trai justamente com a prefeita! – esbravejou e fez uma cara expressando a dor, em seguida, tentou acariciar sua boca. – Dou muito azar mesmo... Eu quebrei dois de meus dentes, e agora estou aqui SEM MINHA ESPOSA E SEM MEUS DENTES!
– Eu não te traí! – Emma protestou em pulso firme. Por mais que sempre tivesse demostrado ter uma ligação com a prefeita, e por quase ter a beijado na noite da sinuca, ela não o fez. Regina havia parado a tempo, e ela agradecia por isso. Jamais se perdoaria se tivesse o traído. –... Espere. Você quebrou os dentes?
– Sim, mas não quero falar sobre isso. – suspirou. – Emma, deixe-me chegar ao ponto: eu te amo. Eu não aceito o nosso término... Eu não aceito ter sido traído justamente por você, a pessoa que menos esperei que me magoasse. Imagine como ficarei ao ver meu filho crescer longe de mim, ou o que será de mim sem tê-la ao meu lado? Swan, olhe como estou! – a salvadora percorreu com o olhar pelo corpo inteiro do homem. Ele aparentava estar embriagado, seus olhos estavam inchados, mas não era pela queda, e sim pelo longo dia de choro interminável, sua boca inchada pela queda e, consequentemente, a anestesia. – Eu não sou ninguém sem você... Eu fico fora de mim sem você.
– Não há mais volta, Killian. Não tirarei seu direito de ver ou acompanhar seu filho, mas se eu lhe dissesse que talvez tivesse a chance de voltar para você, eu estaria apenas alimentando a ilusão em sua mente. E eu não quero isso! Eu gosto muito de você e tenho bastante respeito e apego, mas... Quem eu realmente amo é Regina Mills.
Após aquelas ultimas palavras pronunciadas por Emma, que deixou bem claro os seus sentimentos, Killian pareceu desistir de importuna-la, pelo menos por aquela noite. Seu semblante entristecido e destruído foi substituído por uma expressão séria, como se realmente estivesse a pensar em tudo aquilo que ouviu. No entanto, ele era totalmente contra ter sido supostamente traído, e tudo apenas piorava, pois não aceitava que sua mulher estava o deixando para que ficasse com outra mulher. Aquilo, definitivamente, ia contra todo o seu modo de pensar. Aquilo feria seu ego de uma forma descomunal. Ele foi largado para que sua esposa ficasse com outra mulher? Era abominável para o pirata que tanto se deitou com mulheres, conseguindo, mesmo que tivesse que embebeda-las, tudo o que queria.
– Blergh. – o homem expressou nojo ao olhar novamente para sua ex-mulher. Emma, por sua vez, nada falou apenas constatando que alguma hora ele se acostumaria. – Está sentindo esse cheiro, Swan?
– Cheiro? – Emma arqueou as sobrancelhas, respirando fundo numa tentativa de absorver o tal cheiro que ele dizia sentir. – Que cheiro? Não estou sentindo...
– O cheiro do couro... Impregnado em você! Eu sabia que uma hora isso poderia acontecer! – o homem levou uma de suas mãos até o próprio nariz, alegando que o cheiro era insuportável. – Esse é o resultado de andar com Regina Mills. A própria é o couro puro!
– Sério? – Emma o olhou desacreditada.
– Eu sinto o cheiro de couro de longe... Agora, se me der licença, retire-se imediatamente de minha casa! Não sou obrigado a sufocar com esse cheiro. – Killian apontou para que ela descesse as escadas.
– Ainda no final da semana voltarei com meus pais para levar meus pertences. – Emma sentia-se como a salvadora de antes. Desafiadora e independente, sendo assim, aproximou-se e o desafiou com o olhar. – Você querendo ou não, terá que suportar "meu cheiro" outra vez.
A loira virou-se de costas a fim de descer pelas escadas, fazendo o ato se tornar magnifico, pois o praticava perfeitamente com um toque de desafio. Ela não estava disposta a simplesmente abaixar a cabeça e obedecê-lo outra vez, e havia deixado claro isso. Killian, carregado por uma raiva interna, quase a esmurrou pelas costas, mas apenas a respondeu:
– Quem você pensa que é? A partir do momento que você não mora mais aqui, não pode simplesmente sair invadindo.
– Eu não estou invadindo, Killian. Eu estou o comunicando, pois, querendo ou não, minhas coisas ainda estão aqui.
A raiva subiu à cabeça do pirata, fazendo-o ficar vermelho por conta da fúria. O homem apertava suas próprias mãos com força, controlando-se, pois em sua corrente sanguínea se misturava dois componentes que não combinavam muito: o álcool e a raiva.
– Vai ser a prostituta da Regina e deixe eu em paz em minha casa! – gritou, fazendo-a se virar para ele novamente.
– O que você disse? – Emma esbravejou, olhando-o olho no olho e o empurrando contra a parede.
– Agora você será a vadiazinha da Rainha má. Será um trunfo ter em sua lista a salvadora... – retrucou. – Imagine! Você entrando na lista mental de Regina. A Rainha má não conseguiu destruir Snow, mas ficou com a filha dela.
– Killian... Eu realmente colocava minhas apostas em você, debatendo com todos e dizendo que você havia mudado, mas acabo percebendo que não. Você me enganou. Você mentiu até em seus votos de casamento, pois agora vejo que nem eu fui capaz de muda-lo. – Emma suspirou, soltando-o e voltando a caminhar a fim de descer as escadas. – Regina, sim, mudou. – finalizou.
– NÃO ME COMPARE COM REGINA! – o homem foi guiado por uma raiva incontrolável, fazendo-o se descontrolar e não conseguir ficar quieto por mais tempo.
Num impulso, completamente guiado por seus demônios internos, avançou contra a salvadora, pegando-a em desprevenida. Killian virou, impetuosamente, a loira para que ela olhasse a raiva emitida em seus olhos azuis. Suas veias saltadas e toda a força que fazia para sacudi-la sem se importar com a dor que sentia, eram sinais de que estava completamente fora de si. Emma permaneceu estática, sentindo as mãos de o homem apertar seus braços enquanto a sacudia sem parar. Ela não acreditava que havia se casado com uma pessoa assim... Que ousou a comparar Regina Mills ao pirata, dizendo que ele havia mudado.
– Nunca ouse me comparar com a Rainha má! – gritou, segurando-a pelos braços e sacudindo-a com mais força.
– Killian, solte-me agora! – esbravejou, porém, mantendo-se calma. Por mais que não amasse o pirata ou estivesse em relacionamento com ele, Swan se sentia traída. Sentia-se entristecida por ver quem ele estava mostrando ser, e aquilo era difícil para ela. Recusava a acreditar que aquela era a verdadeira versão do homem a quem partilhou anos de sua vida. Não usaria sua magia contra ele. – Solte-me!
Killian sentia seu peito queimar, assim como todo o seu corpo em uma fúria constante. No entanto, foi necessário apenas o ouvir da voz da salvadora para que sentisse suas pernas estremecerem e as lágrimas caírem. O que a bebida fazia com ele? Aumentara sua raiva a ponto de estar a machucando. Ainda balançando, porém, hesitando para solta-la, largou-a abruptamente resultando no impulso involuntário do corpo de Emma para trás, fazendo com que a mesma caísse do alto da escada.
– Emma! – o pirata gritou em desespero, guiando as mãos até a altura da boca.
FlashBack Off.
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