Perdendo o Controle
Narrador
Há momentos em que parece que estamos com um enorme iceberg fincado em nosso estômago. Um misto de ansiedade e felicidade responsáveis pelo tal iceberg, que gela a barriga, causando arrepios.
Os galhos de árvores arranhavam violentamente os vidros da janela, fazendo com que Regina lembrasse que deveria cortar aqueles malditos galhos antes que Bryan viesse morar com ela, aliás, todo aquele estrépito acabaria por acordá-lo cada cinco minutos. Já estava imaginando a decoração daquele quarto de hóspedes, que cairia muito bem para o novo filho de ambas. Observava a cama possuinte naquele cômodo, e imaginava, em seu lugar, um enorme berço; brinquedos espalhados por toda a parte.
A prefeita havia saído do hospital após conversar rapidamente com Emma, e ambas concordaram que seria uma boa ideia que fosse pegar o presente que comprara para Bryan um dia antes da sinuca. Mesmo que ainda fosse madrinha daquele serzinho que acabara de nascer, num parto muito mais que prematuro, acabou o amando mesmo que odiasse o pai. Levaria consigo até o hospital uma roupinha que uma vez foi de Henry. Aliás, Bryan beirava apenas cinco meses, e mal tinha roupas em seu enxoval.
Após escolher algumas roupas de bebê e um pequeno urso de pelúcia que guardava em seu guarda-roupa, checou se tudo estava em perfeita ordem e, em seguida, saiu de casa e se preparou para trancar a porta de chave.
Tinha total consciência de que Killian estaria uma pilha de nervos, furioso por seus dentes quebrados e livrando-se de uma ressaca daquelas, talvez zanzando por Storybrooke carregando uma raiva incessante. Pudera crer que alguma hora iria até a mansão Mills para culpá-la pelos últimos acontecimentos. E embora nunca tivessem se dado bem, tudo aquilo a entristecia, pois por mais que não gostasse daquele maneta, ela sempre desejou que ele realmente encontrasse a redenção. Ela sempre desejou para que, no fundo, ele realmente tivesse mudado.
— Sis!
Virou-se em direção à voz de Zelena, que marchava enfurecidamente com seu carrinho de bebê em sua direção com seu rosto, que normalmente é incrivelmente branco, em um tom avermelhado patenteando sua raiva.
— O que houve, Zelena, está com uma cara de quem viu um fantasma. — zombou, rindo.
— Sim, e eu realmente vi! — exclamou, pousando as mãos em seu próprio rosto. Ela respirava fundo, deixando o carrinho de Robin ao lado de Regina. — Um fantasma sem dentes. Bom... E não é bem um fantasma!
— Killian? — perguntou deixando a irritação tomar conta de si. Eu não acreditava que o maneta realmente estragaria tudo assim, quando havia dado uma melhorada. Zelena assentiu em resposta. — Esse desdentado não me dá um dia de folga!
— Então é verdade? — Zel riu, aliviando um pouco sua feição enfurecida. — Você quebrou os dentes dele?
— Para dizer a verdade, não. Ele mesmo o fez ao sair correndo bêbado pelas ruas molhadas. Pois bem, poupou-me o trabalho.
— Por um minuto achei que você havia finalmente quebrado os dentes dele! Por que não o fez? Me seguro até hoje para não passar o carro por cima... e quando ainda possuía minha magia, eu me controlava para não o transformar num rato.
Nenhuma das duas pôde esconder os risinhos, fazendo-as gargalhar vista a ideia que Zelena dera. Afinal, transformá-lo num pequeno e asqueroso rato não seria uma péssima ideia, aliás, ela não estaria matando ninguém. Muito pelo contrário, estaria ajudando a humanidade.
— No entanto, sis, o delineador afirmou alto e claro que você quebrou os dentes dele! — imediatamente parando as risadas, Zelena afirmou seriamente. Killian certamente estava se fazendo de vítima para culpar sua irmã. — Por um instante acreditei que realmente havia dado o que ele merecia. E percebi que, embora os encantados tivessem duvidado que você seria capaz disso, eles me pareciam chocados com a informação.
— Como que aquele maneta disse isso? — gritou alterada.
— Estávamos no hospital, sis, e ele bateu no peito que tinha o direito de ver Emma e o bebê, que julga com todas as letras felizmente que "o filho é dele". — fez aspas com as mãos, fazendo uma pequena careta, junto com Regina. — Ainda tivemos uma discussão quando ele disse que o pequeno Bryan precisava do pai!
— Depois de tudo o que ele fez, ainda acha que seria um ótimo pai... — revirou os olhos bufando. — Tenho que voltar ao hospital imediatamente! Não confio em nem um passo desse maneta, principalmente se for para perto de Emma ou Bryan.
— O que você pretende fazer, hm?
— Eu não sei ainda... Talvez ter alguma conversa civilizada, embora seja mais provável que aquele hospital pegue fogo. — deu uma risada para descontrair, e esperando sua expressão triste e angustiada desaparecer, para que voltasse ao hospital aparentemente bem. — Sei que quando vê-lo, irei enxergar apenas o homem que derrubou Emma da escada... Não sabe a raiva que sinto por ele. Por mim, eu criaria um mundo prisão apenas para aquele homem. No entanto, não posso tomar sozinha a decisão de que ele não chegue perto de Bryan. Por enquanto eu irei mantê-lo distante do pequenino, até que Emma se recupere totalmente.
— Não te julgo por todo o ódio. Eu mesma já teria arrancado os dois olhos dele! Principalmente depois de tudo o que ele fez. Quanto a proibi-lo de ver Bryan, eu dou total apoio... O pobrezinho não merece o pai que tem!
— Ele mal veio ao mundo, e já passou por tanta coisa. — suspirou, sentindo que a ruiva analisava cada linha de expressão desenhada em sua face, para que tivesse total certeza dos sentimentos de Regina. — Bom, agora devemos voltar, não é? Dessa vez, sem um automóvel lento como um carro. Precisamos de alto mais eficaz, tipo minha magia. — deu uma piscadela, sorrindo junto à Zelena, e, em seguida, transportando-as diretamente à porta de entrada do hospital de Storybrooke.
Ao chegar lá, Zelena teve de se ausentar para trocar fraldas da pequena Robin, que choramingava no carrinho.
Killian se sentia transtornado depois que viu: seu filho, tão pequenininho na UTI neonatal, tão frágil, tão inocente. Todos os acontecimentos da última noite fizeram com que ele se sentisse o pior dos homens. Por culpa dele, Emma sofreu acidente que quase custou a vida de seu filho, que, aliás, ainda corria risco de vida. Seu arrependimento era tão grande, que se ele pudesse voltar no tempo, jamais teria bebido demais. Ele amaldiçoava a maldita bebida, mas a raiva que ele sentia de Regina era maior que seu arrependimento... Por culpa dela, ele perdeu sua esposa e quase seu filho.
Tamanha era sua raiva sentida naquele instante, que se ele pudesse a mataria com as próprias mãos, ou, para ser mais exato, com seu gancho.
Hook caminhava a passos lentos pelos corredores do hospital. Sua boca ainda doía – mesmo que ainda tivesse tendo que tomar bastante alimento gelado –, assim, ele aproveitaria que estava no hospital para pegar mais analgésicos.
O pirata estava na metade do corredor, quando todo seu corpo travou ao ouvir o som de salto alto clicando sobre o piso, e com certeza todo o hospital também pudera ouvi-lo. Ele sabia quem era.
Quanto mais ela se aproximava, mais o som ficava alto, o salto batendo no chão, mostrando o quão imponente a mulher era.
Por mais que Regina estivesse estruturalmente abalada, ela ainda desfilava sobre o piso do chão, com a cabeça erguida, e com a feição de quem não chorou nenhum pouco.
Regina estava ansiosa para ver Bryan, e em suas mãos estava o pequeno embrulho... Seu presente ao seu amado filho, isso a fazia se sentir melhor. Ela estava chegando ao seu destino até adentrar o corredor. Imediatamente seu corpo parou. Seus olhos castanhos se chocaram com os olhos azuis de quem ela menos queria ver no momento.
Killian de um lado, e a prefeita do outro.
Os olhos de ambos não se desgrudaram um segundo sequer, como se duas faíscas de fogo estivessem prestes a se juntar, tornando um incêndio maior, até explodir.
Nenhuma palavra foi dita, fazendo-os sentir aquele momento – de confronto – por determinado tempo, provocando uma luta apenas pelo olhar.
Regina sentiu seu corpo esquentar, como se seu sangue tivesse virando lava quente, fazendo com que o sentimento de raiva percorresse depressa por suas veias; seus olhos se transformaram do castanho para roxo, do roxo para o castanho, e sua veia da testa permanecia saltada em sinal à sua fúria.
Killian não estava diferente. Seu rosto, de branco, estava vermelho, deixando a raiva evidente em sua expressão corporal.
Qualquer movimento de ambos seria fatal.
— Majestade — disse o pirata, entredentes.
— Desdentado... — debochou Regina, olhando cinicamente para a boca do outro.
Ele apertou o punho com força, controlando sua vontade de afundar seu gancho na prefeita, vingando-se de todo o sentimento de rejeição – por ter sido largado – e ódio.
— Ora sua... — ameaçou atacá-la, no entanto, o mesmo parou e respirou fundo. Ele tinha que dar um jeito de sair por cima, e ele sabia muito bem como fazer isso.
Com um sorriso maligno, Killian destila seu veneno. — O que veio fazer aqui, Regina? Me informaram que somente a família pode estar aqui... E você não faz parte dela. Você, majestade, é só uma coitadinha excluída que os encantados e minha mulher tem pena, e por isso eles te incluiu nas festividades da MINHA FAMÍLIA — Killian fez questão de enfatizar as últimas palavras, arqueando uma de suas sobrancelhas como se a desafiasse.
O pirata, então, não esperava o que viria a seguir. Ele esperava uma reação da prefeita, só não esperava aquilo.
Regina, em um ataque de fúria, mal sentiu seu braço se mover e seu punho ir direto na cara do Pirata.
Em um baque surdo, Killian se chocou no chão, atordoado pela força do golpe, sentindo sua cabeça girar sem parar. Ele não sabia o que acertara em sua cara... Se foi uma marreta ou um punho.
Regina mal sentia seus dedos, ela não esperava batê-lo com tanta força. Na hora da raiva tudo veio com tanta intensidade, e quando viu, seu punho já estava na cara de Killian.
A força do golpe foi tão forte, que o pirata mal conseguiu se levantar e, a tentativa de se equilibrar era quase nula. Sua cabeça latejava, seu olho mal abria, sua boca naquele instante doía mais que antes.
— Seu Pirata maldito! Você se acha o melhor não é, só porque se casou com Emma, mas, saiba seu projeto de pinguço, Emma nunca te amou, e nunca vai amá-lo. Sabe o porquê? Por que você não é homem o suficiente pra ela. Você é um pirata imundo, que só cheira a rum. — com desprezo, Regina cuspiu cada palavra na cara de Killian, que ainda continuou no chão atordoado. — Emma só se casou com você pelo simples fato de não querer ficar sozinha e não por amá-lo... Por ter dúvida de nosso sentimento. — cada palavra dita pela prefeita era uma facada no peito de Killian. — e mesmo assim você não soube valorizá-la. Apenas a usava como objeto para esfregar na minha cara que havia conseguido a salvadora. Tratou-a como nada, tirou a essência dela; você a manipulava e abusou da bondade dela... Você nunca soube amá-la com esse seu amor doentio. — Regina respirou com dificuldade depois de falar tudo de uma vez.
Killian, um pouco recuperado, se levantou com rapidez, com seus olhos carregados em fúria, ora olhando para seu gancho afiado, ora para a prefeita. Em um único movimento seu gancho vai em direção da mulher, ao mesmo tempo em que ele berra de ódio, lançando-se contra Regina. Porém, a prefeita foi mais rápida, e, com um único movimento de mão, Killian foi parar no final do corredor.
Ele gritou de dor pelo baque das costas na parede, sentindo o ar fugir de seus pulmões; sentindo como se a vida saísse de seu corpo. Agora, então, todo seu corpo gritava por ajuda. Mas ele não daria esse gostinho a prefeita.
Mesmo sentindo uma dor absurda nas costas, na cabeça, nos olhos, na boca, ele tenta se erguer.
— Não terminei com você ainda, delineador — zombou Regina, caminhando majestosamente até Killian.
Ninguém naquele setor do hospital se atrevia a dizer e nem tentar impedir o que acontecia ali. Muitos por medo da prefeita, outros por não querer que sobrasse pra eles.
O pirata tentava se manter em pé, encostado na parede, erguendo-se com suas pernas bambas. A falta de ar o impedia de reagir, junto ao fato de sua visão estar desfocada, fazendo-o não ter uma visão total de Regina chegando até ele. O maneta só pôde gemer alto quando as unhas da prefeita seguraram com força em seu maxilar, fazendo-o berrar quando ela o apertou com força excessiva.
— Isso, maneta Jones, são os únicos sons que quero que saia de sua boca desdentada... São seus gritos, enquanto eu te quebrar inteiro — ela falava perversamente, com seu olhar de pura raiva.
Killian, após reunir um pouco de força, tentou tirar a mão de Regina de seu maxilar com seu gancho, mas a única coisa que conseguiu foi ter seu corpo preso na parede.
As órbitas castanhas olhavam para Killian, como uma caçadora pronta para matar sua presa.
Os funcionários do hospital estavam apavorados com o que acontecia em um de seus corredores, resultando em vários deles correndo desesperados. Os cochichos percorriam rapidamente todo o estabelecimento, chegando, enfim, ao casal encantado.
Eles se viram apavorados, pensando que Regina havia cedido ao seu lado negro novamente. Enquanto Henry estava desesperado, embora confiasse em sua mãe para não voltar às trevas, no entanto, também angustiado, ele correu em direção à tragédia, junto de seus avós.
Killian não possuía controle sobre seu próprio corpo, permanecendo imóvel, sem conseguir mover sequer um dedo. O suor descia de suas têmporas, banhando sua face avermelhada – por conta da fúria, que fluía em suas veias –, enquanto seu coração batia desenfreado.
Ele estava com medo, apesar de demonstrar o contrário. Estava preso numa parede e sem poder se mover, totalmente a mercê da prefeita, que tinha um olhar predatório e um sorriso maldoso nos lábios. Regina tinha um olhar de desprezo; de início sempre quis ver o pirata daquele jeito, principalmente após ter sido torturada por ele. Por um bom tempo ela desejou e imaginou como seria acabar com Jones, e agora estava ali. Apesar de tudo o que houve de rivalidade entre os dois, tudo aquilo que estava acontecendo foi por culpa do mesmo.
Se ele não tivesse tirado Swan dela, e a usasse apenas como objeto para magoá-la, se não tivesse zombado dela, se não tivesse manipulado Emma, se não tivesse casado ou tê-la chamado propositalmente para ser madrinha do filho... Eram tantos "se", e, mesmo assim, por um tempo esteve disposta a não se atracarem nunca mais.
Entretanto, mesmo com seu péssimo histórico de pirata mudado, a única coisa que ela agradeceria a Killian era por Bryan, que fora o único resultado bom do antigo relacionamento tóxico entre Emma e Killian.
Regina o analisava de cima abaixo, observando o estado lastimável do homem. Seus olhos pararam no gancho, levando sua mão até ele, pegando em um local onde não pudesse se ferir – pois o gancho era afiado demais. Ela o apertou com força, erguendo a cabeça e o encarando de perto. O homem suava, olhando em seus olhos, fazendo-a ver o pavor, mas também o desafio.
— Essas mãos que você usou para empurrar Emma, sua esposa, da escada, a mãe do seu filho mostra o quão monstruoso você é, Killian — falou calmamente, engolindo em seco a fim de controlar seus sentimentos confusos. Ódio, autocontrole. Era deveras difícil manter-se controlada uma vez que seu coração já havia sucumbido às trevas uma vez. — Eu sempre soube, Killian. Sempre soube que você nunca mudou. No fundo eu sabia que alguém como você jamais iria mudar, e a prova disso é Swan aqui nesse hospital e Bryan na UTI neonatal correndo risco de vida, por causa do monstro que o pai dele é. — numa calma impressionante a prefeita falava, enquanto usava sua magia nas mãos para arrancar o gancho do membro de Killian. — Chegou a hora de você pagar por isso, e eu lhe garanto que vou adorar cada minuto, já você... — Regina deu de ombro, olhando profundamente nos olhos de Killian.
Em um movimento rápido, ela arrancou o gancho sem nenhuma piedade. Hook urrou quando sentiu seu gancho sair; sua veia do pescoço saltava pra fora, agora não de raiva, mas, sim, de dor.
O chão, que antes branco e brilhante, agora se encontrava com várias gotas de sangue que se acumulavam.
Regina olhou para o gancho, em sua mão, apreciando seu ato. Aquilo tudo parecia ser o certo a se fazer, aliás, jamais lhe tiraria a vida, pensou ela. No entanto, sabia que aquilo estava longe de ser o certo. Deveria ter apenas o expulsado, mas ela o queria amedrontado para que nunca mais tentasse algo contra sua família.
— Souvenir. — forçou uma gargalhada, que, embora fosse apenas por teatro, foi bem convincente.
Killian engasgou com sua própria saliva, sentindo a dor intensa, e sabendo que seu corpo estava no limite.
— Estou adorando vê-lo dessa forma, como um gatinho amedrontado. Você não sabe o prazer que estou sentindo nesse momento, Killian.— debocha a rainha olhando para outro braço do pirata, sorrindo maliciosamente. — Ah esse braço, esse maldito braço — fala bruscamente. — Com ele, você empurrou Emma escada abaixo.
Usando sua magia, Regina estende o braço de Hook, deixando-o esticado para frente.
Com movimento de torção com a mão, o braço de Killian começa a virar lentamente, enquanto ele começou a ficar agitado. Sabia o que a prefeita faria, tentando, então, se mexer. No entanto, seu corpo não se moveu, tampouco conseguiu falar, pois sua boca estava inchada demais para sair algumas palavras, além de seus gritos de dor.
Regina entediada com a cena, a fim de terminar logo com aquilo, aliás, não queria matá-lo, simplesmente girou seu pulso, fazendo o braço de Hook torcer totalmente.
Suas cordas vocais haviam encontrado forças para, finalmente, emitir algum som, fazendo-o soltar um grito. Quem ouvisse tal som, sentiria um arrepio na espinha de tão aterrorizante que foi.
Regina achou que ficaria surda com o grito, ou que Killian provavelmente cuspiu os dentes no ato.
Ela observou aquele homem acabado em sua frente, sem força, quase sem consciência, pálido. Sabia que ele desmaiaria logo.
Prefeita ainda não satisfeita, olhou para a perna do mesmo. Um sorriso torto saiu de seus lábios pintado de vermelho sangue.
— Sabe, Killian, nunca fui como a sua cara, se bem que isso não é novidade. Você também nunca escondeu de ninguém, que nunca foi meu fã. Em uma coisa estamos quites: Nunca escondemos de ninguém que nos odiávamos. Mas ao contrário de você, eu realmente mudei, e é pra provar isso que vou deixá-lo vivo. Um pouco quebrado, mas vivo — confessa Regina, usando sua magia pra ferir o joelho de Hook.
Não houve som, não houve nada. Killian já havia desmaiado no ato.
Agora sobrara apenas o som do corpo dele se chocando contra o chão. Regina olhou pra cima, fechando os olhos e respirando fundo. Tinha acabado, Killian ficaria fora do caminho delas após todo aquele seu esforço para amedrontá-lo e não matá-lo.
Passos apressados fizeram-se presente naquele corredor, dando-lhes a visão dos encantados abismados com a cena que presenciaram.
David e Mary olham horrorizados para Regina, que ainda se mantinha de olhos fechados, de frente para Hook.
Henry, que estava ao lado dos avós, também estava chocado com a visão de Killian desmaiado sob os pés da prefeita. Entretanto, o mesmo despertara assim que sua mãe se virou, fazendo com que ambos os olhares se encontrassem. Havia muitas coisas naquele olhar, Henry sabia disso, mas ele simplesmente correu até sua mãe, abraçando-a apertado, totalmente aliviado por sua mãe não ter cedido às trevas.
Por mais que Henry nos últimos dias tivesse perdido a simpatia com o Pirata, ele não o queria morto, ainda mais se fosse pelas mãos de sua mãe. Ele sabia que no momento que ela tirasse a vida dele, o arrependimento viria com força, e que as trevas viriam ainda com mais força atrás dela para tomá-la como sua.
— Mãe! — Regina desabou nos braços do filho.
— Querido, perdoe-me. Eu não fui forte o suficiente. — deu um soluço, contendo o choro.
Henry segurou o rosto de sua mãe com ambas as mãos, olhando fundo nos olhos dela.
— Não tenho o que perdoar, mãe. Você não sucumbiu às trevas, você foi forte, como sempre soube que é. Tenho orgulho de ser seu filho. — disse Henry, beijando a testa de sua mãe e, em seguida, distribuindo beijos por todo rosto da mulher. — Agora vamos ver minha mãe loira, mãe — sugeriu Henry, sorrindo e pegando na mão de Regina, para que saíssem dali.
Todavia, antes de finalmente se retirarem, Regina, apenas com um momento com a mão, transportou Killian para enfermaria.
Regina, que permaneceu por longos segundos observando as próprias mãos, ergueu a cabeça em sinal de que tudo estava bem. Entretanto, todos continuavam olhando-a. Se fosse horas atrás, ela estaria completamente arrependida, no entanto, Killian teve o que mereceu. Alguns ossos e dentes quebrados, apenas, o que não chegava aos pés de o que fizera contra Emma.
— Não duvido nada que o delineador irá gastar uma alta dose de analgésicos. — Zelena, a fim de quebrar o silêncio, afirmou, jogando a cabeça para trás, numa alta risada afim de quebrar o silêncio instalado.
Aquela alta mulher de extraordinários cabelos ruivos estava ali, na entrada do corredor, balançando cuidadosamente o carrinho. Ela havia aparecido durante toda a discussão, e Regina nem percebeu.
— Zelena! — Snow exclamou desacreditada, procurando palavras certas para tudo aquilo. — Regina, desculpe-me perguntar, mas para onde o transportou? — indagou.
— Oras, para onde mais poderia ser? — a prefeita, olhando-os, estreitou os olhos ao perceber minuciosamente que ambos estavam tensos, temendo-a. — Hm, transportei-o para seu navio, que neste exato momento está quase no fundo do mar. — brincou, escondendo uma risada ao ver Zelena arregalar os olhos, enquanto os encantados permaneciam sérios. — É brincadeira! Mandei-o para a enfermaria para tratar de seus ferimentos, aliás, como eu disse, não tiraria sua vida. Pensei que não fosse acreditar em minhas palavras, sis.
— Eu não esperava por essa resposta, Regina. — a ruiva respondeu sorrindo, fazendo a morena assentir.
A expressão nervosa da morena se desfez ao ver Mary e David suspirarem aliviados. Não sabia ao certo se haviam suspirado por ela não ter matado o maneta, ou pela preocupação de ver a prefeita em sua versão maléfica.
A prefeita abraçou seu filho de lado, e ambos caminharam em direção ao quarto de Emma, passando pelos encantados, que ainda olhavam um pouco surpresos para ela.
A cirurgia, a qual Emma enfrentara horas atrás, terminara um sucesso. Mãe e filho estavam bem, e isso era o que importava. A salvadora foi encaminhada para um quarto, onde aguardava pela visita de sua amada, enquanto Bryan precisava ficar alguns dias sem receber visitações – já que, precisaria passar por inúmeros exames e adaptar-se aos aparelhos, uma vez que nascera aos cinco meses de gestação. O estado do pequeno era grave, sim, mas a prefeita havia pesquisado em seu smartfone, e, por mais incrível que parecesse, descobriu que houveram raríssimos casos de bebês que nasceram também com cinco meses e milagrosamente sobreviveram.
E aquela notícia já fora o suficiente para aquecer seu coração, acalmando-a de todos os temores que sua mente inventava.
No corredor do hospital, Whale aguardava, na porta do quarto, pacientemente e preocupadamente por Regina para a visita, observando as pessoas que por ali passavam. Em meio a cada rosto desconhecido que virara aquele corredor, finalmente avistara a figura impecável da prefeita, sendo assim, esperando-a se aproximar.
— Senhora prefeita! — doutor Whale fez questão de cumprimentá-los. — Jovem Henry.
A expressividade aflita refletida discretamente naqueles olhos azuis o entregava para a prefeita. Incendiando seu coração, a tensão para contar a notícia se espalhara ferozmente em todos os seus nervos e veias, deixando-o sem palavra alguma.
— Preciso saber de Emma! Como ela está, Whale? Faz horas desde que não a vejo, e fiz exatamente o que me pediu. — o doutor a olhou, abaixando a cabeça para ouvir o que tinha a dizer. — Não tive notícias até agora.
— Se acalme, Regina, não poderei deixar que a veja até estar totalmente calma. — pediu pacientemente.
— Você ainda não respondeu minha pergunta, doutorzinho... Como ela está?
— A cesárea foi um sucesso. — respondeu, dizendo apenas poucas palavras, hesitando em dizer qualquer coisa que pudesse afetar Henry.
Assentiu, então, nervosamente sem outra opção a não ser a de acreditar em suas palavras. Entretanto, sua consciência lhe dizia que o doutor não contara tudo por Henry estar lá, e tudo foi confirmado ao perceber o olhar do homem para seu filho.
— Então, — Henry vacilou, olhando para a mãe e para o doutor. Embora estivesse com ansiedade a flor da pele, desejando vê-la outra vez. E, claro, não havia passado mais que horas após a cirurgia, mas a vontade de ver se estava tudo bem era imensa. — Já que a cirurgia foi um sucesso, eu posso vê-la?
Regina olhou para o homem, também aguardando uma resposta.
— Hm, certo. — Whale respondeu, sorrindo sem graça, analisando a empolgação do jovem, que espreitava através do vidro embaçado da porta do quarto. — Emma já está um pouco despertada... Pode entrar, Henry, e vê-la. Só não a deixe fazer muitos esforços.
O jovem de cabelos castanhos levou aquelas palavras muito a sério, indo calmamente ao encontro de sua outra mãe. Mal podia se ouvir o eco de suas botas sobre o piso. Mal podia se ouvir sua respiração ofegante. Regina, no entanto, ainda permanecia na porta, analisando aquele olhar azulado e apoquentado do doutor.
— Diga-me, Whale, o que houve? — o doutor olhou-a sem jeito, mirando o olhar para o vidro a fim de observar a interação dos dois. — Emma, afinal, está bem?
— Emma Swan é uma mulher muito forte, Regina. — respondeu prontamente. — Não sei por que ainda se preocupa tanto com ela. Seria muito difícil algo realmente atingi-la. — a prefeita permitiu que seus lábios se curvassem para cima, sorrindo sem mostrar os dentes. — No entanto, ainda estou preocupado com Bryan.
— O que houve com ele? — perguntou exasperada. — Ele não está bem?
— Senhora prefeita, eu não menti uma vez sequer. Eu lhe disse e repito: Bryan Swan, Bryan Swan Jones ou Bryan Mills Swan, como preferirem, é um pequeno forte. — iniciou com as ótimas notícias, elogiando o bebê, que nenhuma das mães puderam ver ainda. — Digo com todas as palavras que a cesária foi um sucesso! Aliás, ter sobrevivido ao parto foi em si um sucesso.
Ela deu um sorriso contagiante, levando, em seguida, as mãos até os lábios, fazendo com que o doutor sorrisse também.
— E por quê está preocupado com Bryan?
— Ele nasceu bem, com apenas quinhentas gramas, o que é super normal dado o desenvolvimento dele antes do parto. — Regina arqueou a sobrancelha, desfazendo o sorriso. Ele parecia tão, tão frágil. — Mesmo tendo sobrevivido ao parto, ele ainda corre bastante risco de vir a óbito. Seu caso é um nascimento prematuro extremo, ou seja, uma criança que chegou ao mundo com menos de vinte e oito semanas.
— Prossiga, Whale! — ordenou.
— Bom... Os bebês prematuros extremos tem maior taxa de mortalidade. — disse com a voz firme, soando extremamente profissional, enquanto Regina evitava se emocionar com tudo aquilo. — Eles podem apresentar vários problemas de saúde ou respiratórios, e até contrair infecções, pois com cinco meses o sistema imune ainda é muito imaturo.
Erguendo a cabeça e meneando-a suavemente, passou a mão pela saia do vestido. Suas tentativas de manter a calma estavam dando certo.
A prefeita, sem conseguir mais segurar todos os sentimentos dentro de si, pressionou os lábios um contra o outro, sentindo os olhos marejarem.
— Emma já sabe? — perguntou com a voz embargada, sentindo o seu peito queimar com aquela notícia.
— Ainda não, Senhora prefeita. No entanto, quero que saiba que estou dando o meu melhor para que ele saia daqui com vida. Como lhe disse, ele está bem, e não apresentou problema algum. Só estou fazendo meu trabalho de médico, que é passar tudo o que está acontecendo.
Regina não respondeu, não chorou, não se enfureceu, apenas assentiu como se consentisse todas as informações dadas, absorvendo cada palavra despejada dos lábios daquele homem.
— Eu sei que é uma péssima informação, mas... — o homem disse compadecido, penalizado por tudo o que ela deveria estar sentindo.
— Doutor, você fez um excelente trabalho. Emma e Bryan tiveram um ótimo atendimento, assim como o parto. Deu-me essa notícia, está fazendo seu trabalho. — interrompeu-o dizendo-lhe as palavras firmemente. — Todos nós ficaremos bem, e lutaremos para que Bryan fique bem até não podermos mais fazer nada. Portanto, não se lamente por nós, Whale, não enquanto há esperança.
As órbitas azuladas ainda a encarava totalmente admiradas por toda a reação da mulher em todas aquelas ocorrências recentes. Ela estava muito bem, para se falar a verdade.
— Hm, então já que estamos conversados e você está ciente de tudo o que eu tinha para informar, não há motivos para não estar com Emma. — sugeriu, erguendo o braço para um aperto de mãos, que Regina retribuiu imediatamente.
Entreabrindo a porta, e colocando apenas a cabeça ao lado de dentro do quarto, sentiu a temperatura gelada, diferente do lado de fora, e rodeou o olhar por todo o âmbito. Uma janela, que iluminava o local, uma poltrona, e a cama em que a loura se encontrava deitada, olhando-a encantada.
— Regina! — chamou-a suavemente, com seus olhos brilhando intensamente ao vê-la.
Sentia seu coração palpitar desenfreadamente dentro de seu peito, entrando, então, finalmente para a presença da mulher que tanto amava.
"Mulher que tanto amava." Eram palavras que jamais imaginara afirmar sem gaguejar uma vez sequer. Jamais imaginou que estaria assim com Emma Swan, num ponto em que já havia se declarado inteiramente para ela. Desejou infindas vezes, sim, mas nunca imaginou que chegaria a se tornar realidade.
— Emm... — sussurrou, aproximando-se de seu filho, que segurava a mão da loura. — Oh, eu fiquei tão preocupada. Como você está se sentindo?
— Estou bem, meu amor. — respondeu-lhe, deixando a prefeita sorridente ao ouvi-la chamando de amor. — Estou apenas com um pouco de sono.
Em um encontro de seus olhares, e um pequeno sorriso que Regina dera, ela estendeu a mão até o rosto de Emma, colocando a palma sobre sua face, acariciando-a e aproximando seus rostos para conseguir lhe dar um beijo.
— Hm, o que foi isso? — suspirou após seus lábios se distanciarem, e olhar para a feição boquiaberta de Henry. No entanto, ela sorriu.
— Eu fiquei muito preocupada, meu bem. Sinceramente, pensei que iria te perder, justo você, a mulher que esperei em toda minha vida.
Henry sorriu e sentou-se na poltrona, colocando o fone de ouvido para não ouvir a conversa de suas mães. Embora, vez ou outra, pausasse a música para sorrir em ouvi-las felizes. Mesmo com tudo de ruim que aconteceu, ficarem juntas as deixava felizes.
— Você não irá se livrar de mim tão cedo, Miss Mayor! — cruzou os braços, fazendo biquinho, fazendo com que a morena o beijasse sorrindo.
— Não pretendo me livrar de você, nunca.
Eu estou aqui para avisar também que pretendo criar um grupo no WhatsApp, que seria de todas as minhas fics. O grupo serviria também para divulgar a fic de vocês, e nos conhecermos. Então, queria saber a opinião de vocês quanto a isso.
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