Assumir
P.O.V Regina
Afastamo-nos vagarosamente ameaçando em nos abraçarmos e nos beijarmos novamente. Aqueles orbes esverdeados, quase como a água de algumas praias, conseguia fazer com que eu me paralisasse ao observa-los, e me afogasse com maior prazer naquelas brilhantes órbitas que ora estavam verdes, ora azuis. E, naquele momento, estavam azuis como o céu acima de nós duas.
– Uau... – sussurrou Emma, com um sorriso ainda maior que o meu.
Emma Swan, quando chegou à Storybrooke, se tornou um problema a meu ver. Não apenas por ser a filha da minha antiga pior inimiga, ou por ser a salvadora. E, sim, por seu jeito instigante, que não apenas me provocava ao revidar em minhas tentativas de manda-la embora da cidade, mas, também, era excitante vê-la retrucar com seu ar justo, o que me diferenciava dela. Talvez tenha sido isso o que havia me atraído, e por isso tanto temia que ficasse mais um dia na cidadezinha que criei com a maldição. Ela poderia fazer com que eu mudasse, e realmente fez.
Recordo-me perfeitamente de quando ela tentava me proteger do espectro que Gold mandou atrás de mim. Eu, por estar aqui nesse reino sem magia, consequentemente estava sem conseguir ter acesso à minha magia. No entanto, foi apenas o tocar da mão de Emma em meu braço, que instantaneamente senti uma corrente elétrica passar rapidamente por meu corpo; senti a magia percorrer por minhas correntes sanguíneas, e, consequentemente, o chapéu funcionar. Nunca conversamos a respeito daquele dia, pois eu, inicialmente, recusei-me a aceitar aquilo que estava estampado para todos ver: eu e Emma tínhamos uma ligação forte e mais poderosa que qualquer outra coisa. E hoje tenho certeza de que, o motivo do chapéu funcionar foi o amor. O amor que, talvez, ainda não soubéssemos que tínhamos pela outra. O amor que escondemos por todos esses anos, que começou como uma simples atração, desde a primeira vez que permiti olhar fundo naqueles olhos verdes da loira que bateu na porta de minha casa trazendo Henry de volta para meus braços.
Agora, após Emma simplesmente me beijar, eu estava me sentindo tonta por mal conseguir acreditar que ela pronunciou aquelas palavras.
Eu fui a escolha dela! Emma Swan me escolheu para fazê-la feliz.
– Espere... Então quer dizer que... Hoje você escolheu ser livre e abrir mão do seu casamento para ficar comigo? – perguntei emocionada e tentando segurar as lágrimas, que me venciam e desciam pelo meu rosto.
– Na verdade, eu... Desde que cheguei aqui sinto uma atração por você, mas aos poucos fui percebendo o como eu realmente me importava contigo. E tudo ficou claro em minha mente quando me entreguei às trevas por você... Eu simplesmente não poderia deixar as trevas tomarem conta de você outra vez. Algo dentro de mim clamava por salva-la! Sem contar que pouco antes eu havia presenciado sua morte naquela floresta encantada em que o antigo autor nos enviou. Eu realmente pensei que você iria morrer; que você iria me deixar aqui sozinha... Jamais iria querer imaginar o dia em que eu me despediria da minha prefeita. Então, quando as trevas vieram para te levar, eu senti outra vez tudo o que havia sentido ao vê-la sangrar e morrer em minha frente.
– Por que simplesmente não me contou isso? Você se casou com Killian mesmo depois de sentir isso tudo.
– Você estava com Robin! – exclamou abaixando o olhar. – E, eu não tinha certeza de que era aquilo... Eu achava que era uma confusão ou o medo de perder alguém muito querido. Até conversei com Killian sobre isso, mas ele me disse que... Por eu ter te visto morrer, eu fiquei com medo de perder você. Afirmou com todas as letras que isso era algo normal entre amigas... Disse-me que mais uma vez fui a salvadora, e que graças a mim você teria seu final feliz com Robin, aliás... Robin Hood era seu amor verdadeiro?
– Eu estava com Robin, e você com Killian... Assim nunca iriamos descobrir que, o que sentíamos era correspondido. – a partir daquele momento eu comecei a me arrepender de temer tanto o amor. O medo fez com que eu me acovardasse e perdesse anos para finalmente descobrir que Emma também sentia algo por mim. – Verdade... O pozinho mágico de sininho apontou que Robin era meu amor verdadeiro, no entanto o que vocês não sabem é que, após o pó apontar para ele e eu sair correndo da taberna, Sininho me foi clara: o pozinho mágico me direcionou até a pessoa com maior possibilidade para mim naquele instante.
Pude notar em seu olhar uma confusão, quase como se estivesse escrito em sua face que não havia entendido muito bem.
– Sininho me disse que, ao lançar o pó no alto de minha cabeça, percebeu algo que jamais havia sentido antes. O meu verdadeiro amor não estava na floresta encantada, tampouco naquela linha do tempo... Então, o pozinho me enviou até a pessoa presente naquele lugar e linha do tempo com maior possibilidade para me fazer feliz.
– Ela te falou como você iria saber que encontrou o seu verdadeiro amor? – perguntou curiosa.
– Não, Miss Swan. Sininho me dizia as coisas sempre pela metade, acho que para que eu descobrisse-as sozinha. No entanto, disse que de alguma forma eu iria ter a confirmação de que achei a pessoa que o pozinho ansiava em me mostrar.
– Ela não te disse mais nada? Mais que bela informação ela te deu... Muito útil! – zombou.
– Pouco me importo mais para essas palavras de Sininho. – dei de ombro, lançando palavras sinceras. – Até o dia de hoje nada me comprovou que ela estava certa! E agora pouco me importa, pois estou ao seu lado!
Naquele momento me perguntei diversas vezes se aquela sensação era a de plena felicidade. Ou talvez fosse a fusão de felicidade e paixão. Eu já não temia dizer que a amava em voz alta, tampouco em gritar para que todos nos escutassem e pudessem se alegrar com nossas risadas. Sentia-me em um mundo onde só estivéssemos nós duas, naquela amena manhã de outono, declarando o doce som de nossas vozes para que pudéssemos escutar que nosso amor era correspondido. Nosso amor era sofrido de forma diferente, porém, guardado alegremente em cada espaço de nosso coração. A felicidade e paixão nos faz sentir mais leve como se estivesse sobrevoando as nuvens?
– Eu aguardei por esse momento desde que te conheci, Emma. – declarei, desmoronando todas as minhas barreiras. – E agora posso dizer que não preciso de mais nada para ser feliz.
– Regina, desculpe-me por fazê-la esperar e sofrer por tanto tempo. A partir de hoje, jamais a deixarei. Eu juro. – estendeu o dedo mindinho, gargalhando junto comigo. – Juro de dedinho... Vamos, Miss Mills!
– Emma, isso é sério? Jurar de dedinho? – arqueei a sobrancelha, gargalhando e amando ver o brilho estampado em seus olhos. – Nem Henry faz mais isso!
– Mas nós duas iremos fazer... Jurar de dedinho. Sempre nos escolher e proteger! Construirmos um relacionamento inesquecível entre a salvadora e a rainha. Entre a xerife e a prefeita. – teimou outra vez, erguendo o dedinho e o aproximando para próximo do meu.
– Mas... Nós já construímos o mais bonito dos relacionamentos, Miss Swan. – respondi com calma, talvez mais calma que nunca antes. Meu coração batia tão calmamente, assim como minha respiração. O momento de euforia dentro de mim havia chegado ao fim, dando as boas vindas ao momento de paz interna. – Sem que percebêssemos construímos uma aproximação extraordinária muito antes desse nosso primeiro beijo no meu jardim... E, - olhei para seu dedo mindinho, ainda aguardando o meu para que ela pudesse jurar. – okay. Iremos jurar de dedinho.
Nós duas, com enormes sorrisos em nossos rostos e em uma enorme troca de olhares, entrelaçamos nossos dedos mindinhos, que era um sinal de promessa. Eu nunca me senti tão completa em toda a minha vida, pois não me faltava mais nada para que eu atingisse a felicidade que sempre desejei. Eu tinha minha irmã, minha sobrinha, meu filho, e, agora, Emma. Não precisava de mais nada.
– Pronto, Regina, eu juro de dedinho que sempre irei escolhê-la... Não quero ser responsável por mais lágrimas. Nunca mais. – disse Emma, e, em seguida, finalizou o enlaço de nossos dedos.
– Sabe que jura de dedinho não pode ser quebrada. – disse eu, já sentindo a ausência de ar em meus pulmões, dada a quantidade de gargalhadas.
– Exatamente por isso... Eu tomei a decisão certa, e eu sinto isso. Por isso eu sei que não irei vacilar contigo, e eu me praguejaria caso o fizesse.
Percebi em sua voz que me falava a verdade. Emma jamais se perdoaria, e, conhecendo a salvadora, tentaria se redimir caso me ferisse outra vez.
– Swan, sabe que todos os relacionamentos têm suas complicações, não é? Sempre surge algo, e é assim que sabemos que realmente nascemos para ficarmos juntas. Através das lutas. E agora, o próximo passo que temos que tomar, se você quiser, é você falar com Killian, e eu com Snow e Charming. – engoli em seco.
– Fa-falar que estamos juntas?
– Misericórdia Emma! Eu pensei que você iria dizer algo para minha coragem aumentar, mas pelo visto nem você pensou em que falar para eles! – desesperei-me em pensar o que falaria para Mary e David, e qual seria a reação do casal. – Ai meu pai! Quais palavras iremos usar para dar a notícia? Sua mãe vai me matar, Swan!
– Olhe, eu estou preparada para dar o próximo passo, mas não sei como dar a notícia para Killian e para minha família... Não sei como Killian reagiria, muito menos meus pais.
– Se eu conheço muito bem esse maneta, sei que não irá aceitar facilmente...
– Obrigada, Miss Major, ajudou muito! – exclamou com sarcasmo em sua voz.
– Está sendo sarcástica? – perguntei, vendo-a dar uns passos para longe, como se estivesse prestes a entrar em minha casa novamente. – Emma, para onde você vai?
– Alguma de nós tem que ter coragem para assumir os sentimentos e contar para todos, não é? – ela finalmente se virou, esperando que eu fosse até ela, enquanto a mesma colocava as mãos dentro dos bolsos da calça jeans. – Uma de nós tem que ter coragem para fortalecer a outra, não é? Então... É o que estou fazendo! – deu de ombros. – Temos que falar com Killian, Mary e David. – suspirou.
Finalmente a alcancei e segurei em sua mão, observando seus cachos dourados dançarem conforme a brisa fria de outono tocava em seus cabelos. Emma se aproximou lentamente e depositou um beijo estalado em meus lábios, e, em seguida, afastou-se e sorriu abertamente.
– Vamos falar com Killian juntas, não é? – perguntei, vendo seus olhos esverdeados fitarem o chão.
– Não, Regina. Eu preciso conversar com ele a sós... Eu devo fazer isso.
Eu assenti, aliás, não iria contrariar sua decisão. Contudo, eu iria espera-la do lado de fora, para caso ele reagisse mal – coisa que sei que iria acontecer – eu estivesse lá para ajuda-la.
– Eu te espero do lado de fora então, okay?
– Esperar aonde? – levamos um susto ao sermos pegas em desprevenidas por Zelena, que surgiu com o celular na mão. – Desculpe-me por estragar o plano de vocês, – Zel deu uma pausa, intercalando seu olhar para nós duas, como se soubesse de algo. – mas Mary e David estão a fim de fazer um jantar em família... Típico de Mary Margaret, sempre querendo unir a família! Vocês sabem que ela não irá aceitar não como resposta.
– E por que recusaríamos ir a esse jantar? – perguntei sem conseguir esconder o nervosismo em minha voz. Aquela era a chance de nos pronunciarmos para toda a nossa família, e não poderíamos perder essa oportunidade.
– Tem certeza? – Emma me perguntou, já entendendo o que eu iria fazer naquela noite.
Eu respondi que sim com a cabeça, e sorrimos. Sabíamos que aquela atitude nos deixaria aliviadas, embora, antes de fazê-la, estivéssemos temerosas, nervosas. Zelena, como a melhor irmã do mundo, percebia que conversávamos apenas com o olhar. E não duvido nada que ela percebeu o que acontecera logo que se apresentou naquele jardim.
– O que vocês estão tramando? – perguntou. – Estão escondendo algo, e eu consigo sentir. Regina pode pensar que me esconde algo, mas está muito enganada! – olhei para suas órbitas cor de safiras, e sorri. Da próxima vez lembrar-me-ei de jamais mentir ou omitir algo, já que deu para todos perceberem quando escondo algo. – Agora, vamos, macaquinhas, digam-me o que irão fazer de tão sigiloso? Bom... Do jeito que vocês estavam cochichando, dar-se a entender de que é algo que não querem que ninguém saiba. – pousou a mão abaixo do queixo, como se estivesse pensativa.
– Sinto muito, Zelena, mas todos irão saber juntos. Exceto uma pessoa a qual irei contar exatamente agora. – pronunciou-se por mim sendo encarada por Zel, que, logo, mudou seu olhar para minha direção.
– Sis, eu sinto muitíssimo, mas não poderei lhe contar! Antes irei tomar um banho quente, e, logo após, nós iremos fazer o que decidimos fazer hoje. – disse eu, depositando um beijo na bochecha de Zel, e correndo para dentro de casa, parando apenas para exclamar. – Não se esqueça de confirmar minha presença no jantar de Mary!
Emma
Após eu aguardar pacientemente por Regina, que inventou de demorar quase duas horas no banho e em se arrumar, que por sinal preparou-se impecavelmente, entramos em meu fusca amarelo. Desculpei-a por sua demora, pois após uma demora daquelas, ela estava encantadora. Embora, para mim, Regina Mills sempre fosse atraente. Seus cabelos até a altura dos ombros, uma calça preta social a combinar com a blusa branca e um sobretudo preto, e, para finalizar, duas coisas inseparáveis: seu aroma de maçãs que eram tão natural como se realmente emanassem de sua pele – nunca saberei ao certo se ela realmente tem essa fragrância ou se usa algum perfume – e seu batom avermelhado tingindo perfeitamente seus lábios, fazendo com que sua cicatriz se mostrasse ainda mais aparente. Tudo nela era perfeito, e tinha o poder de tirar minha concentração de uma maneira que quase tirava minha atenção da rua.
Paramos em frente a minha casa com Killian, e, bom, estava tudo silencioso como se não tivesse ninguém em casa, o que me trouxe certo alivio. Tempos se passaram desde que não há paz em nossa vida de casados. Todas as vezes em que me esbarrava com Regina nas ruas, e suspirava – o que sempre acontecia quando a via – sentindo todo o bem estar que sentia ao estar ao seu lado, Killian sempre chegava cortando nosso contato visual. Chegou a reclamar algumas vezes, alegando que eu deveria ir para o departamento de xerife, ou ver como estava a casa. E após minha gravidez, a maior desculpa foi que eu deveria descansar. Senti-me, por todo esse tempo, morrendo aos poucos dentro de um relacionamento o qual todos apoiavam e julgavam ser amor verdadeiro. Confesso que, se Regina não tivesse reaparecido e quebrado todas as barreiras que Killian colocou entre nós eu teria morrido. Não fisicamente, mas espiritualmente.
– Tem certeza de que realmente quer fazer isso sozinha? – olhei para Regina, que possuía um olhar preocupado em seu rosto. – Eu posso entrar lá com você...
Fechei meus olhos e respirei fundo, buscando as forças dentro de mim para terminar de uma vez por todas com tudo o que me prendia.
– Fique do lado de fora... Eu quero ir sozinha.
– Okay. – Regina, sentada no banco do carona, me abraçou e aproximou nossos rostos, porém não para me beijar. E, sim, para dar apoio ao beijar o alto de minha cabeça. – Lembre-se de que ele tentará de tudo para que você não termine...
Eu assenti e levantei a cabeça olhando para seus olhos.
– Sei disso... Sairei de lá bem rápido, e só retornarei mais tarde para pegar algumas coisas minhas e retornar para a casa de meus pais, okay? Não se preocupe.
– Impossível não ficar preocupada! No entanto, se aquele maneta encostar em um fio de cabelo seu, eu arranco a única mão restante que ele tem! – rosnou olhando para fora do carro, em direção às janelas abertas em minha casa.
– Apenas relaxe, que em breve estarei aqui. – desvencilhei nosso abraço e me retirei do fusca, iniciando minha curta caminhada pela passagem trilhada a pedra até finalmente chegar à porta da frente. E, como um sinal de que tudo estava bem, virei meu olhar para o carro em que Regina estava e acenei com a mão, dando um curto sorriso.
Com todo cuidado para não fazer alarde girei a maçaneta para abrir a porta e, em seguida, entrei em minha casa. Tudo estava exatamente do jeito que eu havia deixado, exceto o fato que uma música suave tocava em tom pouco alto, que desse para escutar em quase toda a casa, porém, não incomodasse os vizinhos. Sem dúvidas Killian havia colocado uma faixa de musicas para se acalmar, já que o mesmo passou a escutar músicas quando se irritava. Este fato indicava que ele estava uma pilha de nervos, então todo o cuidado é pouco.
Direcionei-me seguindo a trilha sonora do piano que se elevava pela casa. As notas musicais combinavam perfeitamente com o som que tocava no rádio, e ele parou de teclar apenas quando sentiu minha presença metros de distancia de si.
– Emma! – o som do teclar no piano cessou, e só pude escutá-lo exclamando meu nome com a voz aparentemente embriagada. – Pensei que iria voltar ontem... – virou-se em minha direção e olhou para o chão. –... Quando não voltou, pensei que você realmente não iria retornar tão cedo. – continuei a dar meus passos vacilantes e me mantendo atenta a qualquer movimento que ele fosse dar. Killian, então, reparou meu olhar para a quantidade enorme de garrafas de bebidas vazias.
– Você está bêbado, Killian! – esbravejei. – Você mente para mim todo esse tempo? Você me jurou que tinha diminuído a quantidade de bebida! Mas, olhe para você... Em sua voz e em seu odor consigo perceber a embriagues.
– Desculpe-me, love, eu... – atrapalhou-se para falar, e, ao se levantar, tropeçou quase caindo sobre o tapete. – Eu não queria te magoar! Eu juro que minha intenção não era me embebedar. Mas, eu estava irritado e quando me dei conta já tinha bebido demais... Eu só queria esquecer tudo o que estava me fazendo mal, Emma. – disse se sentando no sofá e passando as mãos em suas têmporas.
Respirei fundo, enquanto pensava nas palavras exatas para pronunciar, mas antes eu deveria acalma-lo, pois era evidente quão perturbado estava. Sentei-me ao seu lado e dei um curto sorriso, acariciando seus cabelos negros.
– Love, desculpe-me por ontem... – disse Killian. – Desculpe-me por exigir conversar contigo exatamente na hora que você ia à sinuca. Eu só não queria ficar brigado contigo, entende? Nunca quis isso... Não suporto isso! Principalmente quando o motivo é a rainha má. – percebi a forma asquerosa a qual pronunciou "rainha má", e, em seguida, rolou os olhos. – Não sabia que aquilo te magoaria tanto a ponto de não voltar para casa...
– Killian, eu perdoo o acontecimento de ontem... – sorri lhe dizendo com a maior sinceridade. Tirando o fato de embarreirar meu contato com a prefeita, ele não me magoara.
– Love, eu não quero mais discussões... Eu quero que voltemos a ser o casal feliz que sempre fomos. – engoli em seco, pensando: eu jamais estive tão feliz como estou agora. Teria, eu, criado uma ilusão em sua cabeça? – Quero que cuidemos do nosso pequeno capitão e salvador que está por vir. Mas, para nós voltarmos a ter nossa felicidade sem que ninguém atrapalhe, precisamos nos mudar...
Pisquei três vezes, escutando-o atentamente. Eu estava prestes a dizer tudo que eu vim falar, mas precisava saber o que estava em sua mente... O que ele iria querer fazer caso eu o escolhesse.
– Love, tem vários lugares que poderíamos morar... É apenas você escolher. Ou se quiser ficar devemos impor alguns limites entre você e Regina. – eu estava incrédula com tudo que estava escutando. Se eu o escolhesse, ele colocaria mais barreira entre nós duas. – Sei que você não gosta disso, mas, pense... Nossas discussões sempre são por ela, love. Então, diga-me o que você escolhe que o farei! – disse sorridente. – Aceita ir comigo para bem longe e recomeçar uma nova vida apenas eu, você e nosso bebê ou ficar aqui, porém, colocando nossa família em primeiro lugar.
– Eu vou ficar aqui, Killian... – levantei-me do sofá, deixando-o sentado sozinho. – No entanto, não morando aqui contigo. Não tendo de suportar tais regras ou as suas ideias de que Regina quer me tirar de você! Não morarei mais no mesmo teto que você, tampouco dividirei a mesma cama... A partir de hoje, retornarei à casa de meus pais. – pronunciei rapidamente tudo o que tinha a lhe dizer, sem ao menos importar com seus sentimentos. E isso me fez sentir culpada. Eu sempre me importo com o bem-estar de todos, e agora eu simplesmente pouco me importei com o homem que teve um relacionamento comigo por anos.
Por pouco não me juntei a ele para consola-lo, pois seus olhos estavam marejados e sua boca entreaberta ao tentar compreender tudo o que lhe foi dito.
– Mais tarde venho aqui pegar minhas coisas. – disse e me virei, dando os primeiros passos para me retirar daquela sala.
– Vai jogar toda a nossa vida fora só por causa de uma decisão que pedi para você fazer? Emma, o que está acontecendo contigo?
Parei de prosseguir até o final da sala e me virei, olhando, à longa distância, para seus olhos.
– Eu quero ser livre, Killian! – exclamei com a voz embargada. Eu havia feito a melhor escolha, e isso já era notável, mas feri Regina pela demora. Agora estava ferindo alguém que poderia ser um colega, mas não poderia continuar com aquele relacionamento. – Eu quero... Viver um amor inesquecível. Eu quero um amor saudável, Killian. Quero poder sair várias vezes com amigos que não vejo desde nosso casamento. Eu quero poder ir num boliche... Quero poder fazer minhas escolhas!
– Mas eu estou lhe dando uma escolha!
– Não, Killian, você está me aprisionando... Está acabando com minha identidade! – aproximei-me ainda mais, retrucando com o mesmo olhar exasperado. – Você está me dando as opções que você quer! Está me privando de uma das pessoas mais importantes para mim.
– Outra vez Regina! Está desistindo de nossa felicidade por ela? – esbravejou socando a mão na parede.
– Não, Killian... – antes de me retirar de vez, continuei. – Você foi o verdadeiro culpado pelo término de nosso relacionamento. Regina, por mais que você fale mal dela, deu conselhos para nós dois mesmo não apoiando nossa união... – olhei para meu dedo e girei a aliança que o ocupava, em seguida, tirei-a e coloquei em cima da mesinha.
– Swan, eu posso mudar! – implorou entre lágrimas. – Por você... Por nosso bebê!
Sem mais paciência alguma para trocar palavras com ele, virei as costas e me direcionei até a porta central da casa. Senti meu corpo temer e se arrepiar como se algo estivesse para acontecer, principalmente ao ouvi-lo gritar:
– Swan! – sua voz embriagada e enfurecida não ressoava tão alto, porém, na porta da sala ainda era possível escuta-la. – Você será minha outra vez! Eu, você e nosso bebê iremos partir juntos para bem longe... Eu juro que você verá que está errada e retornará para seu verdadeiro lar! – gritou ele, encostando-se na parede logo atrás de nós. – Grave minhas palavras, Swan: você irá retornar para mim.
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