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• Trinta e um •

Quando eu era adolescente, assisti um documentário sobre os mistérios ocultos na memória. Os especialistas na área afirmaram que uma incrível estratégia cerebral, que nos auxilia a lidar com frustrações e tristezas, é o fato de as lembranças positivas serem mais duradouras em nossa mente. Bom, existem eventos que ficam gravados em nós como uma tatuagem. E é exatamente assim que defino a recordação da primeira vez que o Henry declarou que me amava... Como se alguém houvesse desenhado essa cena em meu coração com caneta permanente.

Estávamos em fevereiro. A data exata era o aniversário de vinte e oito anos do Henrique. Já namorávamos há pouco mais de dois meses. Após um jantar delicioso na Fuji Sushi House, restaurante da família Akira, fomos juntos ao Rio Dourado. Nos sentamos para contemplar a sua tranquila simplicidade, quando o Henry segurou a minha mão e passou a traçar delicados círculos no dorso, com o polegar.

– Katzen – sua voz era uma brisa suave e seus olhos permaneciam vidrados na lua –, já escolheu a pilastra que prefere?

– Como?

– No gazebo dos seus antepassados, definiu a coluna que deseja gravar as nossas iniciais?

Meu coração acelerou com um trem desgovernado. O fatídico tema "casamento" parecia suspenso no ar por uma cordão invisível e firme. Nervosa e com a respiração falha, soltei a primeira frase com nexo que os meus neurônios perturbados conseguiram formar.

– Pode ser qualquer uma. – Trêmula, senti todo o meu corpo ser dominado por um parksonismo repentino. – O lugar não importa.

Inesperadamente, ele abriu um meio sorriso.

– Isso não é verdade, minha pérola, o local muda tudo. – Fiquei confusa. – Quando estamos apaixonados, desejamos guardar cada segundo em nossa mente. No entanto, quando amamos alguém, decidimos eternizá-la nas tábuas do coração. Dessa forma, a despeito da distância, das perdas e das adversidades, a sua presença é tão constante quanto o ar. Ainda que indistinguível aos olhos, o simples fato de estarmos vivos é uma prova da sua existência.

Com um semblante resplandecente, ele se voltou para mim. Carinhosamente, acariciou o meu rosto e por um minuto eu esqueci como pensar. Sua voz se tornou um sussurro doce e macio.

– Cada batida do meu coração é um lembrete do quanto sou grato ao Pai por tê-la em minha vida e uma prova do que sinto por você. – Impossível, não poderia existir uma estrela mais dourada ou brilhante do que os seus olhos. De modo gentil, os seus braços me cercaram e senti a sua testa contra a minha. – Eu te amo, Catarina.

Fechei os olhos e deixei que cada palavra acalentasse a minha alma. E foi assim: perfeito e inesquecível.

O aroma de caramelo e chocolate da Sweets & Books me puxam do meu devaneio romântico. Frustrada, deixo a minha cabeça cair contra a mesa. Cristo, qual é a dificuldade existente em expressar sentimentos? Porque sim, eu o amo. Não tenho qualquer resquício de dúvida quanto a isso. No entanto, dispor as minhas emoções mais profundas em palavras é como abrir o meu coração e torná-lo acessível. Ele poderá ser lido, desvendado e... machucado. Sinto o meu peito apertar e aquela terrível sensação de medo volta a ganhar espaço em meu interior.

Honestamente, possuo graves problemas com a finitude da vida. No geral, nós, seres humanos, portamos uma sensação de imortalidade que expressa a identidade celestial para o qual fomos gerados: a eternidade com Deus. Entretanto, a minha mente terrena tende a processar exatamente o oposto e me impede de vislumbrar durabilidade em absolutamente tudo.

Não que algo nesta terra seja de fato infinito, entretanto se o objeto da sua afeição é corruptível, o amor é capaz de torná-lo permanente. "Distante dos olhos, perto do coração", é o que dizem. Ainda assim, o que me garante que o Henry simplesmente não vai cansar da minha presença, encontrar alguém melhor e me abandonar? Porque após eu tornar audível a célebre frase que palpita em meu íntimo, a verdade será sedimentada entre nós, e se um dia esse relacionamento encontrar o seu fatídico fim, eu me pegarei com uma alma ferida e um coração partido.

Não! Se o amor realmente abre um caminho para o sofrimento, eu não posso cruzar essas portas. Eu simplesmente não consigo. Cansada, maneio a cabeça em uma tentativa simbólica de eliminar todas as hipóteses perturbadoras.

– Tsc, tsc, tsc, pobre criatura! Por isso sempre me apiedo das almas apaixonadas. – Ouço uma voz ressoar irônica e ergo a cabeça com a convicção clara de quem irei encontrar.

– Boa noite, Bel.

– Olá, Cat. Como está o meu casal número 1? – Devolvo uma expressão angustiada. – Ainda não disse, amiga? – Nego. Com um semblante compreensivo, ela senta ao meu lado. – Está tudo bem. No momento certo, as palavras fluíram naturalmente.

– Mas, e se... – Não consigo concluir a sentença, embora ela seja óbvia. E se ele cansar de esperar?

– O Henrique a ama, Cat. Acredite em mim, ele saberá ser paciente.

Ela me abraça e oro para que esteja certa, porque se o Henry desistir de mim, será um duro golpe ao meu coração. Exalo profundamente e decido alterar o curso dos meus pensamentos. Essa é uma data digna de comemoração, não de lágrimas tolas.

– Bel, o que faz aqui? Hoje é sábado, não deveria estar desfalecida na sua casa?

– Casa? Isso existe ou é apenas uma ilusão fruto da minha mente atormentada e exaurida? Cat, eu não durmo há quase 48 horas. Os meus chefes estão completamente ensandecidos com o último projeto, e se o meu corpo for achado em alguma vala, pode dizer a polícia que eles são os culpados. Não vou para casa há dois dias. Fecho os olhos no sofá do escritório e desperto cinco minutos depois com os gritos exaltados daqueles tiranos desalmados. – Com o meu olhar mais compassivo, afago os seus cabelos. – Eles me pediram para buscar chocolate quente... no meio da primavera. Sinceramente, tenho uma teoria de que eles se alimentam do meu desespero e da minha força vital. – Ela expira pesadamente e desliza na cadeira.

No início do semestre, Bel conquistou uma vaga de estágio na empresa dos seus sonhos: a Beautiful City. Conceituada no mercado é a principal companhia de planejamento urbano da região, sendo responsável pela arquitetura de ruas, bairros e até cidades inteiras. Diferente de mim, que sou encantada pela projeção de casas e edifícios, e a restauração de construções antigas, a Isabel é fascinada pelos desafios e responsabilidades das políticas públicas. Seu maior desejo é atuar no estabelecimento das chamadas Smart City: cidades inteligentes altamente organizadas que se utilizam da tecnologia para a resolução dos problemas da vida cotidiana.

No entanto, como única integrante do programa de estágio e com dois carrascos que fazem a Cruella de Vil parecer uma amante dos animais, ela tem empenhado sangue, suor e lágrimas para suportar a escravidão até o fim do ano, e conseguir o tão sonhado certificado anexado ao currículo. 

– A boa notícia é que após o lanchinho dos ditadores, eu estarei com a noite livre. Vou apenas beijar a entrada da minha casa, me arrumar e sigo para a Fruto do Espírito. – Suas palavras me surpreendem.

– Bel, irá ao culto de jovens mesmo exaurida? – Ela assente com uma expressão solene. – Meu Deus, estou admirada com a sua disposição de coração e... – Repentinamente, uma lembrança reveladora invade a minha mente. Cruzo os braços chocadas. Ah, que descaramento. – Isabel, você quer conhecer o Vinícius, certo?

– Catarina! – Com a mão sobre o peito, ela exibe uma face profundamente ofendida. – Por que me tomas?

–  Claro, claro, essa sou eu fingindo que acredito na sua súbita crise de consciência – maneio a cabeça, descrente. – A sua curiosidade acaba de atingir níveis alarmantes. A propósito, não seria mais simples stalkear a vida do rapaz nas redes sociais? – Questiono irônica, e ela morde o lábio inferior. – Isabel, você comeu os limites no café da manhã, por acaso? Eu não acredito que já fez isso. – Declaro, abismada. 

– Okay, se realmente almeja me julgar, fique à vontade – ela cruza os braços tomada por uma falsa indignação. – Eu simplesmente desejava conhecer o familiar do seu namorado. Estava tentando protegê-la, sua ingrata. – Não consigo conter as risadas frente a sua atuação digna de aplausos. – De qualquer modo, não obtive sucesso, ele é tão misterioso e analógico quanto o Henrique. Em minha concepção, eles podem facilmente ser integrantes de uma máfia.

– Só para deixarmos claro, o seu interesse não está associado ao fato do Vinícius ser um pediatra cristão, de família tradicional, participante do Médicos sem Fronteiras, com missões realizadas na África e no Sudeste asiático, musicista e fluente em no mínimo três idiomas, e sim na minha integridade física, a partir de uma teoria conspiratória que você jamais sequer mencionou?

– Xeque-mate, Catarina. – Assinto, vitoriosa. – Eu quero descobrir se ele é bonito. Satisfeita?

– Extremamente. Não pode esperar até amanhã para sanar a sua curiosidade?

– E conhecê-lo depois de todas as caçadoras de casamento desesperadas? Nunca.  Se o Tales não fosse tão atrapalhado, eu pediria que ele me enviasse uma foto. Mas considerando que a descrição pulou a sua geração, não nutro esperanças de que ele consiga realizar essa simples tarefa. Saudades do Art, que cumpriria essa missão com uma mão presa às costas e... – Diante do meu semblante nostálgico, ela para. – Perdão, Cat.

– Tudo bem, Bel. – Com um sorriso singelo, aperto a sua mão. – Você não tem notícias dele?

– Não. Quando nos despedimos, ele alegou que seria mais prudente se não compartilhasse o seu destino. Afirmou que eu jamais escondi um segredo de você e definitivamente não começaria por esse.

Ultrajada, ela revira os olhos e eu rio... por dentro. Eu não confessarei nem sob tortura, mas o Arthur estava absolutamente certo. Em um ponto eu e Bel concordamos: o Art faz muita falta. Águas Douradas não é a mesma sem ele. Imersa em pensamentos, mal percebo a Sra. Monteiro se aproximar com uma exuberante torta de chocolate com creme de avelã e morangos.

– Aqui está, querida. – Diante de mim, ela dispõe a sobremesa no interior de uma caixa dourada, enlaça uma bela fita vermelha e entrega o embrulho delicadamente em minhas mãos. – Espero que os convidados apreciem, fiz com muito carinho.

– Eu retenho uma convicção irrefutável em suas duas afirmações.

Ela sorri e pressiona a ponta do meu nariz.

– Bel, querida, o seu pedido também está pronto. Extra quente, conforme solicitou.

– Obrigada, Sra. Monteiro. Torço para que os meus chefes queimem a língua. – A pobre senhora retribui um olhar chocado. – É brincadeira. – Até parece.

Bel se volta para mim e encara a torta com um semblante desejoso.

– Perder o jantar que o Henrique vai oferecer ao famoso, porém anônimo primo bom samaritano, não é uma opção a ser considerada. – Suas palavras escapam entre bocejos. – Eu irei sobre uma maca se necessário. – Declara, resoluta.

Após o culto, Henry decidiu receber alguns amigos para celebrar a chegada do Vinícius. Ele mesmo preparou cada prato que será servido, suas habilidades gastronômicas são espantosas. Como fiquei responsável pela sobremesa, e na tentativa de evitar uma intoxicação alimentar coletiva gerada pelo meu talento culinário situada abaixo da linha da pobreza, encomendei uma porção do paraíso à Sra. Monteiro. Animada, me despeço da Bel, e sigo para a casa do meu namorado. Ainda na entrada, ouço vozes altas provenientes do seu interior.

– Você só pode estar brincando. – O tom da frase flutua notadamente entre choque e admiração. – Cinco pessoas? Na empresa inteira? Em Vale Negro, você liderava uma equipe de no mínimo vinte profissionais, apenas no seu setor, de um escritório que deveria possuir quase a dimensão dessa casa. Aliás, para quem tinha um apartamento de 400m², você reduziu bastante a sua necessidade de espaço.

400m²? Para uma pessoa? Claustrofobia definitivamente não era um problema.

– Mais do que ninguém, você deveria saber que dinheiro e fama nunca me trouxeram felicidade, somente decepção e tristeza. – Okay, querido, por que não fala mais sobre isso? – Afinal, é como diz o incrível Antoine Saint-Exupéry: "o essencial é invisível aos olhos", certo? Essa cidade mudou a minha vida, Vini.

– A cidade ou a bela moça que está nos assistindo, curiosa, do jardim?

Ele me viu? Talvez a Bel tenha razão. A ideia da máfia não parece tão absurda agora. Decido entrar na brincadeira.

– Então, a percepção aguçada é uma herança familiar?

– Certamente. É um dom que atravessa gerações. – Ele abre um sorriso, que sem dúvida fará algumas moças na Fruto do Espírito respirarem com dificuldade. – É um enorme prazer finalmente conhecê-la, Catarina. Não sabe o quanto ouvi ao seu respeito. – Ele me lança um olhar sarcástico.

Oh céus, a ironia também é uma característica compartilhada. Que sorte a minha.

– Apenas elogios, suponho? – Arrisco.

– Katzen, não leu na Bíblia que mentir é pecado? – Então é assim, namorado? Com os olhos semicerrados e ignorando o delicado conteúdo, empurro a caixa com força contra o seu peito. Henry perde o equilíbrio temporariamente, precisando dar alguns passos para trás na tentativa de recobrá-lo. – Sempre tão amável a minha pérola. – Cruzo os braços, e ergo uma sobrancelha em desafio.

–  Não acredite em uma palavra desse homem, Catarina. – A voz do Vinícius aponta para uma gozação em andamento. – Na boca do Romeu aqui só existe o seu nome. Eu diria que ele está apaixonado, mas seria um eufemismo. Sinceramente, eu acho que se você emitir uma assobio do outro lado da rua, ele corre ao seu encontro. Vamos tentar?

– Muito engraçado. – Henry revira os olhos, contrariado, e não faço a menor questão de conter as risadas.

Pela primeira vez, não sou o centro da humilhação gratuita familiar. Meu namorado acaba de experimentar do próprio veneno e, meu Deus, que dia glorioso.

– Catarina, não imagina o quanto a nossa família está ansiosa para conhecê-la. Na verdade, a minha mãe enviou um presente para você.

– Presente?

– Sim. Deve ser uma forma de compensação, afinal, você terá que suportar o escolhi esperar aqui durante uma vida inteira. Meus sentimentos. – Irritado, Henry chuta a perna do primo. Vinícius põe as mãos sobre o peito e mimetiza um semblante abismado. – Aparentemente, alguém esqueceu aquele princípio de dar a outra face.

– Eu vou dar na sua outra perna se não fechar a boca.

Assisto os dois trocarem ameaças infantis com um sorriso no rosto. Desde que chegou à Águas Douradas, Henrique integrou e compartilhou a minha família. Agora, entre os seus, vislumbro um aspecto da sua personalidade que eu desconhecia e sinto que nos conectamos mais profundamente.

– Bom, eu não diria que é exatamente fácil aturá-lo. – Henrique me encara, chocado. – Mas é como a Bíblia diz: cada um deve carregar a sua cruz. – Dou de ombros, irônica, e Vinícius se dobra sobre uma longa gargalhada.

– Ao que tudo indica, vocês já estão bastante familiarizados. Não que isso seja algo positivo para mim. – Henry sorri, satisfeito. Consigo ler, facilmente, um prazer genuíno em seus olhos. Unir sob o mesmo teto a namorada e o irmão mais novo é um sonho que ele expressa há semanas. – Vou deixar que se conheçam melhor e trocar de roupa para irmos à Fruto do Espírito. – Ele dispõe a torta sobre a mesa, beija o alto da minha cabeça e segue para o quarto.

– Cat, posso chamá-la assim, certo? – Assinto. – Devo entregar o presente da minha mãe antes que ela ligue e eu termine deserdado... ou morto. Há somente um único problema.

Ele aponta para o sofá e fico abismada. Não é mais possível visualizar o móvel, que está tomado por malas e embrulhos, assim como o tapete ao seu redor, recoberto por incontáveis caixas de papelão cheias até o topo.

– Bom, eu acabo de retornar da África Oriental e passei em Vale Negro apenas para rever os meus pais e reunir suprimentos. Muitas das malas sequer desfiz. Forneci, inclusive, o endereço do Henrique para o envio das doações e elas começaram a chegar hoje. São medicamentos, roupas e brinquedos destinados à população do Malawi. A situação de alguns distritos é bastante precária e é nosso dever cristão amar ao próximo como ensinado por Cristo. – Retribuo com um sorriso sincero e maravilhado. – Okay, vamos formar uma equipe tática. Procure uma caixa quadrada de veludo, rosa seco, com três coroas na parte superior.

– Copiado, Águia 1. Valendo.

E assim, pressionamos o start na busca do tesouro perdido. Inicio por um enorme mala no formato de baú, com belas figuras talhadas, disposta ao lado do sofá. Com dificuldade, a coloco na horizontal sobre o chão e desato as tiras de couro. Abro apenas para me impressionar com o conteúdo, já que, claramente, é uma das bagagens advindas da África. Entre cores vivas e temperos perfumados, um porta-retrato chama a minha atenção.

Na imagem, há quatro pessoas extremamente felizes: três jovens, entre os quais o Henrique e o Vinícius, e um senhor muito elegante e distinto. Entretanto, o que realmente causa impacto é a linda moça posicionada entre os rapazes. De olhos verdes, longos cabelos loiros e sedosos, e um porte capaz de causar inveja a uma modelo internacional, ela sorri de forma encantadora. Olho a data no rodapé: a foto tem pouco mais de um ano.

Viro para questionar o Vinícius e me deparo com um semblante estarrecido. Ele me encara com olhos alarmados e um choque genuíno. Acompanho a sua linha de visão, e a encontro direcionada ao porta-retrato em minhas mãos.

– Onde você... – ele não conclui a frase. O seu tom é abafado e a sua respiração entrecortada.

– Na sua mala, enquanto procurava o presente. – Ele assente, ainda atordoado. É um fato óbvio que há algo oculto nas entrelinhas, eu só preciso descobrir o que é. Aproveito o seu estado confuso para explorar o mistério. – Este é o pai do Henry? – Pergunto, apontando para o sofisticado senhor de terno e gravata.

– Sim. – Ele sorri forçosamente. – Estávamos no aniversário do Henrique.

É admirável, embora vã, a sua tentativa de recobrar a vigorosa animação perdida. As engrenagens da minha mente ativam o modo detetive. Então, no seu penúltimo aniversário, o meu namorado matinha uma relação no mínimo civilizada com o pai. Seja qual foi a causa do rompimento entre ambos, ocorreu nesse meio tempo. Provavelmente algo grave. Decido seguir adiante.

– E quem é a moça?

Ele paralisa. Vejo o sangue esvair do seu rosto, deixando-o pálido como a lua. Ele abre a boca, mas as palavras aparentam não desejar deixá-la.

– É uma amiga. – Declara, por fim, com a voz fraca.

– Qual o nome dela? – Questiono, embora o meu coração já tenha a resposta pronta.

– Emma.

Não podia ser outra. E aí está a razão da sua tensão. Entre os meus dedos está a imagem da mulher que motivou a mudança dolorosa do meu namorado para Águas Douradas e o abandono da vida que ele conhecia. A única pergunta é: por que depois de toda a tristeza e sofrimento que ela causou ao amado primo, o Vinícius guardaria uma foto sua?

O meu cérebro já elabora a pergunta seguinte, quando escuto passos advindos do corredor. Com movimentos precisos e reflexos rápidos, Vinícius retira o porta-retrato das minhas mãos e o joga em uma das caixas. Segundos depois, o Henrique surge na sala. Diante do gesto súbito, meu corpo permanece inerte, sem conseguir programar o próximo passo. Henry caminha até mim.

– Está tudo bem, Katzen?

O que eu digo? Minha mente insiste em manter-se estagnada.

– Tudo ótimo. – Vinícius responde por mim, recobrando a sua simpatia usual. – Eu e a Cat estávamos à procura do presente. Infelizmente, não obtivemos sucesso.

– Deixe que a sua mãe descubra isso. Irá assassiná-lo nem que seja com uma tesoura de cozinha. – Ele sorri, no entanto, o seu olhar permanece fixo no meu rosto. – Algo errado, minha pérola?

Henry me conhece. Não se dará por vencido, a menos que receba uma resposta satisfatória. Vamos, Catarina, você consegue.

– Na verdade...

Olho por cima do seu ombro e a face do Vinícius transparece uma angústia crescente. A súplica por meu silêncio é uma mensagem lida facilmente em seus olhos. Eu estava certa. Há algo mais profundo enraizado na família Prinz do que a superficialidade dos sorrisos tranquilos permite inferir. E mesmo convicta de que aquela foto é a ponta de um iceberg controverso, uma voz em meu interior recomenda que a minha interferência, neste momento, irá causar apenas dor, mágoa e ressentimento. Paciência e confiança, Catarina. Respiro e decido obedecê-la.

– Não, Henry. Tudo está absolutamente perfeito.

Pelo menos, é o que eu espero.

Oiiiiii minhas estrelinhas, o que acharam do Vinicius? As teorias brotam não cabeça mais rápido que piolho, certo? (rsrsrs)

Se está gostando dessa estória, que tal deixar uma estrelinha tão brilhante quanto você?!

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