• Trinta e três •
– A noite se aproximava tão depressa, que o brilho da lua já iluminava parte do meu quarto, quando me dei conta do horário. Vesti a saia de renda e a blusa de cetim que escolhera dias antes, com infinitas borboletas ziguezagueando no meu estômago. Ouvi o motor suave de um carro e desci as escadas tropeçando em meus próprios pés. Inspirei profundamente, abri a porta e me deparei com o sorriso mais deslumbrante do universo. Em suas mãos pairava um... – enorme buquê de flores silvestres, completo em minha mente e Bel repete a frase em seguida.
E esse fato é a prova de que se ela alcançasse a proeza de fechar a boca, eu poderia narrar toda a história em seu lugar. Afinal, escutei apenas 357 vezes. Certo, estou exagerando. Eu jamais seria capaz de reproduzir os infinitos suspiros apaixonados que dominam a sua fala a cada segundo.
Há aproximadamente dois meses, Bel resolveu desmaiar de exaustão na entrada da Fruto do Espírito. Como a excelente amiga que sou, corri em busca de auxílio médico. Nesse caso, leia-se, Vinícius Prinz. Santo Deus, se eu imaginasse que tal situação me prenderia a uma romance clichê feito de açúcar e caramelo, optaria por deixá-la desfalecida. Enfim, brincadeiras à parte, eles se tornaram próximos após o momento constrangedor. No entanto, a primeira vez que vivenciaram a experiência de um encontro foi na noite passada, no fatídico 03 de agosto, e devo admitir que agora a Bel habita em algum mundo paralelo entre o incrível e o inimaginável.
– ... e foi assim, Let. Absolutamente perfeito – ela abraça os joelhos, encantada.
– Bom, ao que tudo indica ele é um verdadeiro príncipe – a voz da Let ressoa divertida pelo Skype. – Considerando as atitudes do Vinícius e do Henrique, será que não há mais algum Prinz disponível? Talvez ele esteja preso no Vale? Seja como for, eles aparentam portar uma genética maravilhosa. – Ela mimetiza uma expressão pensativa e não consigo conter as risadas. Muito embora, essa herança familiar ainda represente um mistério ao meu cérebro curioso. – Se eu voltar quero uma atualização detalhada sobre os bons partidos da igreja. Não recordo de haver uma lista tão extensa quando deixei Águas Douradas.
– Ainda não há – Bel revira os olhos. – Posso citar os nomes e não completarei uma mão.
– Não exagere, Isabel – ela se limita a arquear uma sobrancelha em resposta.
– Okay, vamos desconsiderar o seu argumento fantasioso. – Let assente e as duas continuam a temática, tranquilamente.
Cruzo os braços, indignada. Filha de pastor passa por cada humilhação gratuita. Certo, eu admito que não posso criticar os membros dado o fato de ser uma referência aos demais, mas em minha singela opinião, a ofensa foi claramente desnecessária.
– É impressionante como sempre fico impactada com as calorosas palavras e os ternos elogios que lançam sobre mim – declaro com o tom mais irônico que posso sustentar e ambas soltam gargalhadas prazerosas. – Entretanto, devo admitir que conheço um ótimo pretendente – elas me encaram com altas expectativas –, Tales Davis.
– Sendo assim, repense. Não sei se de fato ainda podemos enquadrar o Tales no rol dos solteiros cobiçados, considerando que ele aparenta estar ligado a Alicia Velle por um cordão invisível. Eles não se separam por um único segundo. – As frases escapam por seus lábios tingidas de sarcasmo somado a um sentimento que pode alegrar imensuravelmente o dia de um certo rapaz.
– Cat, é apenas uma sensação minha ou a senhorita Isabel está com ciúmes? – Let questiona, divertida.
– Óbvio que não! Estou somente constatando uma situação recorrente. Sou uma pessoa muito observadora. – Eu diria fofoqueira, mas mantenhamos assim. – Além disso – ela suspira e sua expressão torna-se estranhamente séria –, eu não quero vê-lo magoado. Ele é um amigo incrivelmente doce e amável, não merece que alguém o faça sofrer.
Aperto a sua mão e me preparo para explorar possíveis inclinações românticas, quando o seu semblante adquire um brilho que mescla expectativa e euforia. O momento passou como uma brisa no verão: intensa e rápida.
– Voltando a lista, sem dúvidas, o melhor partido atualmente é Nobu Akira – Bel continua, animada. – Ele é cristão, líder de um departamento, inteligente, talentoso, gentil e extremamente bem colocado na minha escala feição e porte.
Sorrio. De fato, não posso discordar. Descrever o Nobu é simples: ele parece recém-saído de um clássico Dorama coreano. Seus cabelos são escuros e lisos, seus olhos, pequenos e puxados, e os contornos do seu rosto são marcantes, com o queixo quadrado e sobrancelhas anguladas. Me volto para a Let e ela exibe um olhar astuto. Prevejo tempestades e rajadas de vento.
– Realmente não podemos negar que ele é muito bonito. A única pergunta importante nesse caso é: será que o coração do nobre chef encontra-se verdadeiramente disponível?
As duas me encaram fixamente e as minhas engrenagens mentais precisam de um minuto inteiro para alcançar a compreensão do quadro.
– Vocês estão sendo ridículas – declaro, por fim, em absoluto choque.
– Acredita mesmo nisso?
– Com certeza – reviro os olhos, exasperada.
No que elas estão pensando? Uma ideia completamente desvairada. Afinal, o Nobu ainda nutrir qualquer sentimento por mim depois de uma negativa e anos de separação é impossível, certo?
– Se você diz – Let dá de ombros com um tom que reconheço independente da distância. Ela o aplica todas as vezes que aceita encerrar uma discussão, mas não está convencida.
Pressinto o retorno do assunto em um futuro breve, e decido afastá-lo com a primeira frase que surge em minha linha mental produtora de desculpas.
– A propósito, devemos nos apressar para o jantar organizado pelo Nobu.
Ela ergue uma sobrancelha e percebo que poderia ter me empenhado um pouco mais na escolha da alteração da temática.
– Sim, por favor. Eu estou mergulhada em curiosidade – com as pernas inquietas, Bel ostenta uma face tomada de ansiedade. – Hoje pela manhã ele ligou nos convidando para jantar na Fuji Sushi House, porque precisava compartilhar uma novidade magnífica. Não consigo parar de conjecturar infinitas hipóteses.
Rio ao lembrar da cena. Bel gastou exatos dez minutos ao telefone, tentando persuadir o Nobu a cancelar o evento e passar a informação por um meio mais rápido e prático. Foi uma batalha épica convencê-la do contrário. Honestamente, eu mereço um prêmio por esse feito heroico.
– Não está um pouco cedo para jantar, ragazze*?
– Definitivamente, mas faremos uma visita ao Henry primeiro. Nobu solicitou que eu o convidasse já que não conseguiu contactá-lo.
Let assente, despede-se de nós e desliga a chamada. Enquanto calço os saltos, mil pensamentos perambulam pelo meu coração. Sinceramente, eu não visto o estilo namorada psicótica, mas há dois dias o Henry está simplesmente desaparecido. Ele não responde as mensagens e não retorna as ligações. E embora o Vini tenha tentando me tranquilizar garantindo que ele está bem, apenas atolado em trabalhos e projetos, retenho firmemente a premissa de que há algo errado. Não, eu conheço o meu namorado e independente do que o seu primo deixe transparecer, esse não é o meu Henrique.
Desço as escadas e me deparo com um pequeno entrave: o meu carro decidiu falecer. Aparentemente, a minha querida irmã esqueceu algumas luzes acesas. Decido ir caminhando até a casa do Henry, que dista pouco mais de quinze minutos da minha, enquanto a Mari e a Bel esperam pelo Matias. A cada passo, sinto o ar invadir os meus pulmões e os meus pensamentos mais desorganizados serem ajustados. Provavelmente, eu estava sendo dramática, o que é um traço bastante notável da minha terna personalidade. O Henrique está apenas ocupado... e fim. Eu admito que posso ter exagerado um tom ou dois.
A bem da verdade, desde o episódio com a foto, há dois meses, estou enxergando mistério e suspense em absolutamente tudo. Pareço imersa em uma teoria da conspiração contínua. E em parte, isso se deve as minhas ressalvas quanto ao relacionamento entre o Vinícius e a Isabel. Temo sinceramente que ambos estejam envoltos em uma equívoco emocional e uma ilusão mútua.
A Bel se apaixonou pelo Vini no segundo em que o viu. Não que eu seja capaz de julgá-la, ele é realmente admirável. Possui uma personalidade amável, um caráter excelente e uma crença firme, no entanto, eu tenho medo de que ela esteja encantada pelo reflexo ao invés do ser humano diante do espelho. Não raras vezes, experimento a sensação de que ela substitui a pessoa real por uma imagem desenhada em sua própria mente.
Por outro lado, o Vini... Bom, eu acredito fortemente que ele aprecie a companhia da minha amiga, somente tenho a impressão de que ele não é capaz de amá-la. Certo, eu admito que não sou a maior expert em romances, dado o meu histórico, porém, o relacionamento deve estar atrelado a uma convicção cristã inabalável e não ao desejo de fugir de sentimentos incertos. Posso estar absolutamente errada, mas ainda assim não consigo remover esse peso do meu coração.
Exalo profundamente e percebo que passei duas casas da entrada do Henry. Retorno e cruzo a pequena cerca de madeira que dá para o jardim. Atravesso o curto caminho de pedras em silêncio, e noto a porta principal entreaberta. Sorrio e me preparo para surpreendê-lo, quando uma voz exaltada e furiosa prende a minha atenção. Ela pertence ao... Henrique? Impossível! Ignorando completamente a educação dada pelos meus pais, espio o interior da sala.
– ... e não me importa mais – o tom do meu, habitualmente tranquilo, namorado é uma mescla de raiva e desdém. – Por mim, pode arrastar tudo para sete palmos debaixo do chão. Espero, inclusive, que ele lembre de encomendar um caixão maior – de costas para mim, ele cruza os braços tomado por uma indignação faiscante.
– Não diga tolices, irmão – distingo a voz do Vinícius. Controlada, porém vacilante. – Se for necessário, eu farei – as suas últimas palavras soam mais baixas e dolorosas que as demais.
– Não – declara, resoluto.
– Mas, Henry...
– Chega! Eu não permitirei que você se sacrifique novamente. Não vale a pena.
– Isso não é verdade, as pessoas...
– Pensaremos em uma outra solução. Esqueça isso, entendeu? Vinícius, você está me ouvindo? Acabou.
E embora eu não consiga vislumbrar a sua face, imagino o quão séria deva transparecer, considerando a aspereza que imprimiu em cada sílaba.
– Ainda não – ele aparenta ponderar a próxima frase. – Você vai contar para ela, certo?
Um silêncio sepulcral domina o ambiente e prendo a minha respiração. Não desejo ser notada. Eu sei que estou errada, mas preciso ouvir até o final.
– Eu não posso.
– Henrique....
– Você não entende, não a conhece. Ela ficará muito decepcionada comigo – sua voz expressa uma dor lancinante.
– Irmão, o medo jamais é um bom conselheiro, enquanto a mentira é sempre uma péssima estratégia – ele toca o seu ombro de modo afetuoso. – Além disso, ela está realmente preocupada com você. – Henry baixa a cabeça e seca lágrimas que, mesmo distantes da minha visão, eu sei que estão presentes.
– Eu não consigo. Como ela vai me enxergar depois da verdade? Eu preciso tentar retornar ao ponto de partida mais uma vez. O lugar perfeito em que éramos apenas eu e...
Bom, aparentemente, eu deveria fazer um curso com Josué e Calebe, porque como espia, deixei muito a desejar. Céus!
Antes que finalmente o Henry concluísse a sentença, o doce animal da vizinha resolveu colocar as patinhas na minha vida... literalmente. Ela prendia a coleira, quando o cachorro me viu. Somos amigos de longa data, mas admito que não estava interessada em cumprimentá-lo no momento. Em todo caso, ele correu em minha direção e passou a latir desesperadamente. Assim como eu, ele é dado à dramas teatrais.
Levanto rapidamente, ponho o Louis no colo e me apresso para a entrada da casa. Quando os dois rapazes cruzam as portas para conferir a razão do alarde, eu já estou afagando as orelhas do fofoqueiro serelepe. Henry me encara com uma estranheza genuína e com toda a força do meu coração, oro ao Pai que resguarde a minha mente das leituras precisas do meu namorado.
– Cat... – Seus olhos captam e analisam minuciosamente cada movimento meu, visível ou não. – Eu não esperava encontrá-la.
– Eu pretendia fazer uma surpresa, mas o Louis me delatou – declaro com o tom mais natural que consigo sustentar e volto a minha atenção ao animal em uma tentativa de esconder o meu nervosismo.
Entretanto, como uma prova de que não sou a pessoa mais habilidosa em criar distrações, a proprietária do cachorro decide se aproximar no exato momento, me deixando com os braços vazios e os pensamentos perturbados.
– Você chegou agora? – Ele questiona, intrigado, e o meu cérebro congela.
O que eu digo? A verdade? Não, seria trágico e constrangedor. Uma mentira? Imediatamente, recordo as palavras do Vini: sempre uma péssima estratégia. Encurralada, opto por usar a única jogada que aprendi nos meus infinitos anos de filmes clichês.
– Não está feliz em me ver? – Solto e mimetizo um semblante amuado.
Quando você não sabe como responder a um questionamento, lance uma outra pergunta em retribuição. Nos filmes comumente funciona, veremos se a vida realmente imita a arte.
– Claro que estou, minha pérola. Apenas surpreso – ele caminha em minha direção e me abraça. Respiro aliviada. – Estar ao seu lado é sinônimo da mais perfeita alegria – delicadamente, ele encosta os lábios contra a minha testa, e sinto o meu coração desmoronar.
– Na verdade... – Com um passo para trás, amplio o espaço entre nós. O ar ao nosso redor parece denso e pesado. – Eu vim a pedido do Nobu. Ele nos convidou para jantar na Fuji Sushi House. Afirmou ter uma novidade incrível para compartilhar.
– Sim, o Vini me contou. – O Vinicius também foi chamado, mas declinou por estar de plantão, ou pelo menos foi o que ele alegou. Estou com um sério problema de confiança no momento. – Infelizmente, eu não poderei comparecer. – A resposta foi dada de pronto, sem qualquer necessidade de ponderação.
– Por quê?
– Eu preciso... trabalhar – seu tom é hesitante.
Com a minha visão periférica vislumbro o Vinicius manear a cabeça negativamente. Até então ele é apenas um expectador na conversa.
– No sábado à noite? – Questiono, incrédula.
Ele não pode me considerar tão ingênua. Se está tentando insultar a minha inteligência, merece palmas pela conquista.
– São muitos projetos – com uma dor massacrante, eu o vejo deglutir o vazio, e sou dominada por uma convicção aterradora: o meu namorado está mentindo para mim.
– Claro – solto sem conseguir respirar. O ar parece rarefeito e a minha cabeça gira. Controle-se, Catarina. – Eu preciso ir. Não quero me atrasar – me volto em direção à rua, mas ele se põe a minha frente.
– Onde está o seu carro? – Seus olhos varrem em busca de um veículo ausente.
– Em casa. Eu optei por caminhar essa noite. – Inspira, expira... inspira, expira...
– Não pode ir ao restaurante desse modo. O Vini irá levá-la. Afinal, já está mesmo de saída para o hospital. – Excelente, ao menos alguma informação hoje é verídica.
– Tudo bem.
Aceito, por dois motivos: é a única frase que tenho a capacidade de emitir e, sinceramente, meu único anseio nesse instante é me afastar do Henry. Infelizmente, ele parece cultivar um desejo diferente. Com uma mão sobre a minha cintura, me puxa para os seus braços. Ele afaga os meus cabelos e sinto o seu hálito quente contra o meu ouvido.
– Eu te amo, minha pérola.
Assinto, com o coração tomado por desalento e incerteza. Repouso a mão sobre o seu peito e o afasto. Porque pela primeira vez, em oito meses, eu não acredito plenamente em suas palavras.
Entro no carro e o Vinícius conduz a conversa com a sua alegria habitual. Respondo de forma monossilábica e agradeço ao Pai o fato de o restaurante distar apenas cinco minutos. Me despeço com um sorriso sem cor e entro na Fuji Sushi House. O ambiente exala uma serenidade ausente no meu íntimo. Inúmeros clientes interagem, divertidos, enquanto a minha mente reverbera um caos irrefreável.
Percorro o espaço com olhos exauridos e me deparo com o sorriso largo e radiante do Nobu. Inalo o ar, experimentando o doce sabor de sentimentos genuínos. Ele se aproxima e dado o meu raciocínio lenificado, não consigo processar a minha próxima atitude. Elimino o obstáculo do discernimento e o envolvo em um abraço nada contido. Após um segundo, ele retribui, e os meus neurônios menos desesperados me alertam sobre a dramaticidade da cena. Quando volto a encará-lo, a sua expressão flutua entre preocupação e estranheza. Honestamente, não posso julgá-lo.
– Cat, está tudo bem?
– Perfeitamente – busco carregar a minha voz com uma euforia espontânea, mas falho miseravelmente. – Estou apenas ansiosa pela grande revelação.
Ele ergue uma sobrancelha. Céus, que atuação lastimável. Eu não sou capaz de convencer a mim mesma, que dirá ao Nobu.
– Você tem certeza de que está...
– Sr. Akira – aceno para o seu pai, esperando interromper o possível interrogatório. Não tenho a menor competência para lidar com questionamentos agora. Um senhor de cabelos alvos como a neve caminha em nossa direção. – É sempre maravilhoso encontrá-lo.
– Cat-chan, já soube da grande novidade?
– Pai, eu pretendo...
– O Nobu foi eleito o melhor chef de cozinha da cidade.
–... contar a todos depois – ele completa, com uma risada.
– Meu Deus – levo as mãos a boca, chocada. – Eu estou oficialmente sem palavras... O que é bastante raro. – Tomada por uma alegria verdadeira, o abraço novamente, e dessa vez, excluo o meu emocional abalado da equação. – Você merece, é um profissional fantástico. Parabéns, Nobu.
– Obrigada, Akachan – ele despenteia os meus fios de leve, e sorri.
– Agora eu entendi o motivo do jantar.
– Ótimo, então já pode me explicar. – Ouço uma voz masculina ressoar animada às minhas costas, e me volto para entrada. Tales está parado, com as mãos nos bolsos, ostentando um semblante radiante.
– Com prazer. O Sr. Nobu Akira foi eleito apenas o melhor Chef de cozinha de Águas Douradas.
Tales bate palmas e eu o acompanho.
– Eu ainda não acredito que ganhei da Sr. Monteiro. A Sweets & Books é a minha referência de culinária douradiana.
– Eu não tenho dúvidas de que ela ficará imensuravelmente orgulhosa de você. Recordo perfeitamente de vocês dois cozinhando pratos orientais exóticos quando éramos crianças.
Nobu iniciou o amor pela sua profissão atual ainda na infância. Embora possua descendência coreana e japonesa, a segunda sempre cativou a sua atenção com maior intensidade. Motivo pelo qual ele optou pelo Japão no decorrer dos seus estudos.
– E você comia absolutamente tudo.
– Apenas para não fazer desfeita.
– Obviamente – ele solta uma risada suave. – Mas agora falando em alguém que realmente gosta da minha comida – ele me lança um olhar petulante –, onde está o Henrique? Eu sei que a Fuji Sushi House é o seu restaurante favorito na cidade.
Meu corpo parece pesar uma tonelada. Tento sorrir, mas não sou bem sucedida na tarefa.
– Está... trabalhando – declaro, vacilante.
Meu coração palpita pesaroso, e sou tomada por um fato doloroso: ele jamais esteve ocupado, apenas buscava me manter distante. Não, eu estou exagerando novamente, repito para a minha mente melancólica. Preciso estar.
– Estranho – a voz do Tales ressoa curiosa e sou retirada de um devaneio perturbador. Nobu me encara com preocupação. – Pretende realmente cozinhar durante a sua noite de celebração?
– Você tem alguma outra ideia? – E é isso.
Finalmente, os meus neurônios revelam a capacidade dada por Deus. O plano perfeito com duas facetas: me afastar do Henrique e presentear o Nobu.
– Na verdade – incio com um sorriso astuto –, eu tenho.
E enquanto os dois aguardam as minhas palavras repletos de expectativas, o meu coração palpita uma única oração: Pai, por favor, me ajuda a entender o que está acontecendo. Amém!
*Ragazzae: moças (italiano).
A propósito, alguém lembra o que significa Akachan? Expliquei no Volume 1... Valendo um abraço virtual quentinho da tia Hellena!!
Se está gostando dessa estória, que tal deixar uma estrelinha tão brilhante quanto você?!
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