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• Trinta e oito: parte dois •

Lis encara a janela, pensativa. Com uma pontada no peito, percebo que o sol ainda se encontra a pino no céu. Impossível! Depois de uma enxurrada de sentimentos e revelações, supunha eu, inocentemente, que já estivesse próximo da grande estrela luminosa nos dar adeus. Ledo engano. Ao que parece, ele permanece firme e determinado em desvendar todos os segredos do nosso coração. Que fofoqueiro! Lis suspira profundamente e a abraço mais uma vez. Ela solta um sorriso sem cor, antes de prosseguir.

– Quando voltei para casa, dois dias depois, vovó Beatriz me aguardava. Ela deixou Monte Velho assim que soube do ocorrido. No entanto, enquanto os meus pais transpareciam desespero e ansiedade, ela emanava uma paz inexplicável. Recordo de que na tarde da minha chegada, ela caminhou calmamente até o meu quarto, depositou duas batidas suaves na porta e com um sorriso singelo soltou uma única frase: "e então, querida, está pronta para iniciar a reabilitação agora?" Parecem palavras confusas, certo? Mas no instante que elas deixaram a sua boca foi como se algo encaixasse no meu cérebro, e um clique me alertou de que finalmente eu tinha entendido. Sim, eu precisava de tratamento. Porque sim, eu estava viciada... no Arthur.

Ela aguarda a minha reação, entretanto, mal consigo piscar. Os meus neurônios decidiram que não são capazes de comandar o meu corpo e processar a história simultaneamente. Portanto, como terríveis curiosos que são, abandonaram os meus órgãos a seu bel-prazer. Elise opta por continuar independente de mim. Sábia escolha.

– A verdade, Cat, é que o Arthur funciona como uma droga para mim. Cada vez que nos vemos, a sua presença invade o meu organismo e intoxica o meu cérebro. Eu não consigo pensar claramente ou agir de modo racional. Tudo o que desejo é ter mais. – Repentinamente, a sua face séria e compenetrada é transfigurada por uma risada de escarnio. – Isso é de fato engraçado.

– O que, Lis? – Pelo amor do Pai, o que neste relato macabro pode ser engraçado?

– Eu sempre julguei o Art por ser tão irremediavelmente apaixonado por você. Sempre achei o seu comportamento exagerado e um tanto desvairado, mas veja, no fim, a louca era eu – ela ri despretensiosamente.

Me limito a mimetizar uma expressão constrangida, embora não consiga deixar de imaginar o que o Art pensaria de ser taxado como desvairado: "Como assim eu ganhei em segundo lugar? Correr atrás da minha melhor amiga de infância em uma igreja que sequer pisei por nove anos não é o suficiente para me dar o troféu? Exijo recontagem dos votos." Não consigo conter o sorriso.

– Foi por isso que veio para Monte Velho? – Decido mudar de assunto, antes que o meu senso de humor ácido azede a amizade recém estabelecida entre nós.

– Sim. Eu precisava me afastar de tudo, principalmente do...

– Art – completo, gentil.

– Exatamente. A propósito, soube que tivemos a mesma ideia. – A encaro, confusa. – O Arthur também deixou Águas Douradas, certo? – Oi?

– Como você...

– Ele me contou – declara placidamente, como se falasse acerca do clima.

O seu tom soava como: "não acha que a brisa está muito agradável hoje?". Estranhamente, aos meus ouvidos, a sua frase seria mais bem aplicada em: "vocês souberam que Cuba disparou mísseis contra os Estados Unidos?". Enfim, eu não tenho o título de rainha do drama à toa.

– Elise, eu não entendo... – Mais alguém está perdido ou sou apenas eu como de costume?

– Após o acidente, o Arthur veio a fazenda e me pediu perdão – as linhas de expressão do seu rosto suavizam e percebo que o Art alcançou o que almejava. – Afirmou que entre tropeços e erros, finalmente havia encontrado a razão certa para viver. – Sorrio. Não importa quantas vezes ouça a respeito, sempre fico impactada com a sua conversão. – Disse que reconhecia a necessidade de se manter afastado e que, sendo assim, partiria de Águas Douradas.

Sinto o meu sangue congelar. Então, não fui a única pessoa que moveu o Art a ir embora? Ao que parece, ele possuía motivos mais profundos do que deixou transparecer. Arthur e seus mistérios. Ah, Deus, há realmente fatos que nunca mudam.

– No entanto, alegou que seria mais benéfico se não compartilhasse o seu destino. – Bufo, indignada. Há semanas, passou a me irritar a ideia de ele esconder a nova residência. Afinal, o Art deixou a cidade ou escapou da polícia? – Você também não sabe para onde ele foi, correto? – Nego. Elise sorri. – Ele realmente a conhece bem. Não daria dois meses para que fosse atrás dele. – Como assim? Óbvio que nunca. – O Art fez a escolha certa por nós duas, especialmente por você.

Ergo a sobrancelha, cética. Só para constar: discordo fortemente.

– Vamos, Cat, sejamos francas.

– Até parece que você conhece outra forma de conversa. – Cruzo os braços, aborrecida, e ela solta uma gargalhada.

Há algum prazer oculto em me ver irritada que desconheço? É fato já estabelecido que as pessoas costumam rir. Humilhante, para dizer o mínimo.

– Sendo assim, é meu dever de amiga informá-la de que você detém o péssimo hábito de carregar a culpa semelhante a um acessório indispensável. Comumente se responsabiliza pelas escolhas das pessoas, como se fosse capaz de amenizar as consequências dos seus atos falhos – sua voz assume um tom suave e afável. – Não pode segurar a nossa mão para sempre, Cat. O Art optou por gostar de você e eu dele, é a vida. Por mais que se esforce, não pode amortecer a nossa queda e reduzir a nossa tristeza sofrendo no nosso lugar. Todos cometem equívocos um dia. Não é justo você viver refém das nossas escolhas erradas ou mesmo das suas.

Refém da culpa? Por que sinto que estou escutando isso pela segunda vez hoje?

– Como você pode ver, senhorita Elise, eu não sou perfeita como imaginava – sorrio.

As palavras do Henry jamais fizeram tanto sentido quanto nesse instante. Lis aperta a minha mão.

– Nesse caso, acho que tenho uma chance – a encaro, confusa. – Cat, eu vim a Monte Velho com o único intuito de recomeçar a minha vida. Entretanto, logo percebi que o lugar pouco interfere nessa mudança. Porque, a bem da verdade, eu não preciso simplesmente apagar o passado, mas aprender com ele, tirar as amarras e seguir adiante. E não posso fazer isso sozinha. Não, eu simplesmente não quero mais passar por isso sozinha. E hoje, finalmente, entendi que não preciso – ela inspira profundamente. – Cat, eu quero ter um encontro com Deus.

– Lis... – sem a menor capacidade de emitir palavras inteligíveis, me limito a abraçá-la.

Há uma festa tão grande em meu íntimo, que eu poderia correr milhares de quilômetros... imaginários, claro. O meu físico não acompanha o meu espírito... pena.

– Você acha que... acha que – ela morde o lábio inferior, constrangida –, Ele vai me receber?

– Acredite, ninguém está mais animado para esse encontro do que Ele. Inclusive, você nem precisa marcar hora, sabia? Com Deus é assim: é só chegar.

Ela ri abertamente e a acompanho com prazer. Lucas nunca esteve tão certo: "porque para Deus nada é impossível".

– Sim, podem baixar os escudos. Obrigada pelo apoio, Swat, mas a troca de farpas acabou. Entre mortos e feridos, salvaram-se todos – Vinicius adentra o ambiente, usando o relógio como um comunicador. – Isso, parece realmente serem risadas. Copia, águia dois? Sim, risadas felizes e não aquelas sádicas que se seguem aos assassinatos a sangue frio. Também estou chocado. Seria o fim dos tempos?

Caminho até ele e o presenteio com um tapa no braço esquerdo. Ele sorri, divertido.

– Fico feliz que tenham se entendido, meninas. E vejam só, em apenas duas horas. – Ironiza com uma sobrancelha arqueada. – Deus é testemunha de que se eu recebesse mais uma aula sobre as diferentes espécies de galinha, seria capaz de botar um ovo. – Lis e eu nos entreolhamos e soltamos risadas abafadas. – Claro, estão achando graça porque não foi com uma de vocês. Muito bem, continuem a não demonstrar o menor indício de compaixão pelo irmão desesperado. Céus, aí vem ela novamente. Por favor, me escondam.

Segundos depois, a Sra. Beatriz entra na sala de estar segurando um copo de leite, que de tão grande seria capaz de alimentar toda a cidade.

– Vini, querido, você esqueceu sobre a cerca – ela aponta o copo na direção do rapaz, que parece suar de tão nervoso. – Aproveite que tirei agora mesmo da Mimosa e beba enquanto está quente. Isso te dará força extra para trabalhar, sim?

Os olhos do Vini saltam nas órbitas e ele abre e fecha a boca repetidamente, sem saber ao certo o que dizer. Pobre, homem. Posso ver as engrenagens da sua mente funcionando desesperadamente em busca de uma desculpa. Me esforço para não rir. Vinícius é um ser um tanto dramático quando se trata de microrganismos e bactérias. Em sua concepção, o processo de pasteurização dos alimentos não é uma opção, e sim uma necessidade. Consumir leite advindo diretamente da vaca não está entre as suas metas de vida, definitivamente. Decido ajudar, afinal, sou uma alma muito bondosa.

– Na verdade, Sra. Beatriz, o Vini não gosta de leite puro. – Ele se volta para mim, sem acreditar na minha súbita crise de consciência. Rapaz esperto. – Portanto, tenho plena convicção de que ele ficará imensamente grato se a senhora colocar no café, certo, Vini? – Questiono com o meu semblante mais inocente.

Com um sorriso forçado, Vinícius deglute a frustração e o desejo homicida, e assente. Quase me apiedo de sua condição... quase. Com a mão esquerda, ele discretamente ergue o dedo indicador em minha direção: um ponto. Céus, ele está marcando? E que se iniciem os jogos.

Ainda internalizo o fato de que pagarei pelo atrevimento, quando noto a troca rápida de olhares entre ele e a Lis. Mas o que...

– Vovó, a senhora sabe que o Vinícius não merece o ouro da Mimosa. Ele é muito preguiçoso.

– Na verdade, devo lembrá-la de que sou o melhor pediatra da comunidade.

– Claro, você é o único – ela solta, debochada. – Vamos, vovó, deixe o leite para quem trabalha de verdade.

Com uma velocidade digna dos melhores maratonistas olímpicos, ela consome o líquido até o final em segundos. Ao meu lado, Vini respira, aliviado. A Sra. Beatriz apenas maneia a cabeça e se dirigi para cozinha, enquanto suspira: "ai, essas crianças". Da minha parte, me limito a assistir a célebre interação em silêncio, enquanto me pergunto de onde saiu tamanho entendimento mútuo.

– Me deve uma, doutor. E só para constar, tenho um processo de adoção bem complicado em andamento, que vai precisar de um certo auxílio – ela aponta para a enorme pilha de papeis, a qual se dedicava quando cheguei.

– Considere feito, senhorita. Afinal, trabalhar com uma advogada tão brilhante é uma honra imensurável.

– Bajulador.

Ele solta uma piscadela em sua direção, antes de seguir para a cozinha, provavelmente atraído pelo aroma delicioso e inebriante de bolo quentinho. Repentinamente, uma chave gira em minha mente. Será que...

– Lis, você também participa do projeto "Um Salto para o Futuro"?

– Com certeza. Para ser franca, a minha visão mudou completamente quando passei a me dedicar as pessoas. Cuido da área dos direitos da criança e do adolescente. Já lidei com casos bem difíceis, como estupro e abandono. Vinícius me auxilia na parte médica. – Perfeito, agora tudo faz sentido. Não estou interessada em voltar para casa hoje com pontas soltas e peças mal encaixadas. Já basta, obrigada. – Sabe, desde que nos conhecemos ele não cessou de falar de Deus para mim. Quando se unia a minha vó, então... impossível detê-los – ela revira os olhos, mas vislumbro um brilho suave iluminar a sua face.

Sorrio. Bom, então agora é fato de que não fui a responsável por apresentar Deus a Lis. Na verdade, apenas reguei uma terra já preparada muito antes por agricultores super dispostos. Enquanto me preocupava, inutilmente, diga-se de passagem, o Pai cuidava de todos os detalhes. Que lição valiosa, certo? É inútil lutarmos por um controle que não temos. Se até mesmo as situações negativas se tornam matéria-prima para belos quadros nas mãos do Pintor Eterno, por que viver presa a erros antigos? Qual o valor da culpa, afinal? O passado é um ótimo professor, mas um péssimo senhorio. E já passou da hora de eu aprender essa lição.

Após o lanche da tarde, nos reunimos para orar pela Lis. É fato que chorei dois ou três... litros, e o Vini precisou interferir uma dúzia de vezes para garantir o entendimento geral da mensagem, mas, no fim, sinto que cumpri exatamente o propósito dado pelo Rei. E como é de Seu costume, Ele fez infinitamente mais do que imaginei ser possível.

Agora, enquanto deixo Monte Velho para trás, penso nas mudanças operadas em meu coração nessas últimas horas. Cheguei à cidade com a alma repleta de ansiedade e ressentimento, no entanto, parto com o espírito convicto da bondade e do amor do Pai. Porque assim é a caminhada cristã: cada passo que damos em direção ao alvo, não nos aproxima do fim, mas de um novo começo. E hoje é o início de uma nova história... para todos nós. Obrigada, Deus.

Encaro as portas de vidro com grandes expectativas, há trinta minutos. Curiosamente, sempre me questionei a razão de as pessoas ficarem paradas feito estátuas frente a elas, como se algo inesperado e majestoso fosse brotar subitamente das paredes ou do chão. Se os monitores exibem a hora exata, por que há continuamente pelo menos duas dúzias de seres humanos congestionando a saída? A resposta ainda é um mistério para mim. No entanto, aqui estou eu, de pé e com os braços cruzados, mais imóvel do que segurança de shopping, representando orgulhosamente essa população ansiosa e incompreendida.

– Cat, você acha que está perto? – Mari questiona, animada, enquanto mastiga algo não identificado que tem como único intuito manter a sua boca nervosa ocupada.

Com o fim do chá de panela, a mente da pobre Mariana Benedetto não consegue se desligar nem por um segundo do próximo incrível e temido evento que a aguarda: o casamento.

– Acredito que sim, irmãzinha. Ali na tela está escrito que ele já está desembarcando – devolvo com placidez e serenidade, embora em meu íntimo sinta as borboletas iniciarem uma festa de arromba no meu estômago.

Há dois dias, Henry havia partido para Vale Negro com o objetivo de comparecer ao casamento do pai. Agora, nessa ensolarada manhã de domingo, retorna sozinho à Águas Douradas, já que a Bel resolveu de última hora permanecer por mais tempo na cidade. E embora eu desconheça os detalhes, suponho que essa decisão deva estar atrelada ao sucesso do seu plano inicial de reaproximação familiar. Amém, Deus.

– Cat – o tom da minha irmã emana uma curiosidade nítida... Pai, me ajuda. – O que você acha que o Henry te trará de presente?

– Não sei, Mari. Eu não preciso de...

Presente. Porque a maior alegria que ele pode me dar é a sua presença – uma voz ressoa, propositadamente melosa, às minhas costas.

– Adivinhação e telepatia não combinam com você, Vini – declaro para o doutor que recém-saiu do plantão apenas para me atormentar.

– Interessante, romantismo açucarado também não faz o seu estilo, cunhadinha – solta uma piscadela sugestiva.

Reviro os olhos e ele se diverte. Céus, não tenho paz com esse ser humano.

– Eu ia dizer que não preciso de nada, mas não vale a pena discutir com você. Por hoje, vou ser caridosa e culpar a privação de sono pela sua falta de bom senso – dou de ombros, com superioridade. Ele solta uma gargalhada.

Embora jamais admita enquanto vida houver em meu corpo, eu realmente não me importo com presentes. Sinto muita falta do Henry e tudo que desejo é que ele volte o mais rápido possível.

Encaro a tela de informações novamente. O Henrique já deveria ter desembarcado há dez minutos. Começo a considerar que aconteceu algo, e... O mundo fica escuro. Sinto um aroma cítrico e amadeirado dominarem os meus pulmões. Inspiro profundamente contra as mãos que fecham os meus olhos e sorrio. Meu corpo é rotacionado e envolvido em um abraço apertado.

– Minha pérola, como senti saudade – E fim.

Honestamente, não é necessário que mais nada seja dito. Ele beija a minha testa e sinto que poderíamos permanecer nessa mesma posição eternamente.

– Com licença, mas só para constar, seu primo também está aqui, okay? – Henry sorri, e cumprimenta o Vini e a Mari, sem, no entanto, me soltar completamente.

Coloco o queixo de encontro ao seu peito e absorvo lentamente o seu retorno.

– Então, irmão... – a voz do Vinicius ressoa novamente e o Henry revira os olhos. Que o Vini está nos importunando propositadamente é óbvio, porém, que o meu comumente tranquilo namorado está se deixando aborrecer por isso é algo que eu não esperava.

– O que?

Vini sorri. Ele sabe que atingiu o propósito pretendido e parece bastante satisfeito consigo mesmo pela conquista.

– Antes da sua chegada, discutíamos acerca do presente que você traria para a Cat. Estamos muito interessados em contemplá-lo, certo, Mari?

Minha irmã bate palmas, animada. Como assim? Encaro o Vini, cética pela sua dissimulação, e ele me retribui um semblante inocente. O dedo indicador é erguido na mão esquerda: um ponto. Claro, ele está devolvendo a gentileza. Henry morde o lábio inferior. Céus, ele não trouxe nada. Que situação constrangedora. É melhor que eu mude de assunto, e...

– Na verdade, esperava mostrá-lo mais tarde, porém, se deseja receber agora, sem problemas. – Oi? Então existe mesmo um presente? Com a minha visão periférica, vislumbro os olhos da Mari brilharem de curiosidade. – Que tal assim: como pela sua expressão de choque, você obviamente não esperava presente algum – céus, ele me conhece bem –, darei a você a chance de acertar o que é. Tem direito a três perguntas. Embora, eu não acredite que seja o suficiente – ele ergue uma sobrancelha me estimulando a compor a brincadeira.

Que namorado gentil. Mal voltou e já intenta me desafiar. Bom, se é assim que ele quer jogar, por mim tudo bem.

– Desafio aceito, Henry. Primeiro, eu preciso?

– Eu diria que é bastante supérfluo e dispensável, na verdade – ele dá de ombros, com um sorriso zombeteiro.

Oi? Eu perdi algo?

– Okay, eu vou usar no casamento da Mari?

– Sem dúvidas estará com você – declara com suavidade.

Deve ser um acessório, então. Mari dá micro pulinhos, repleta de expectativa. Posso ler o pensamento que perpassa a sua mente: uma joia. Será, Deus? Encaro o Henry. Seu olhar é gentil e profundo. Ele realmente sentiu a minha falta. Sendo assim, decido perguntar o que importa verdadeiramente.

– Vai me fazer feliz?

– Não é essa a razão de tudo o que eu faço, Katzen? – sua voz é melodiosa e macia.

Ele deposita os lábios contra a minha mão direita e sinto que, mesmo se me presenteasse com um anel de plástico, ainda me faria a mulher mais feliz do mundo.

– Eu desisto. Não faço a mínima ideia do que seja.

– Fracamente, Cat, você já foi mais inteligente. – Paraliso. Encaro o Henry e ele sorri... completamente mudo.

Não, não foi ele que falou. Tampouco o Vinicius. Essa voz... Não, é impossível... Mas, como? Mari solta um grito. Deus, não pode ser verdade... Não pode ser o... Degluto o nervosismo e ergo os olhos por cima do ombro do meu namorado.

Um rapaz alto, vestindo uma camisa branca e calça jeans me encara com um sorriso aberto e olhos verdes astutos.

– Olá, Águas Douradas. Eu voltei!

Contra todas as minhas expectativas e duvidando fortemente dos meus sentidos, percebo que Arthur Gardien está de volta a terra dos vivos. Deus da Glória, como se respira mesmo?

O ART ESTÁ DE VOLTA!! AIAI, RESPIRA E NÃO PIRA!! E então, como anda o coraçãozinho de vocês? Felizes, curiosos, surtando?!?!? Enfim, o que vai acontecer é cena para os próximos capítulos... Dica da autora: fiquem ligados no bafafá!!

Se está gostando dessa estória, que tal deixar uma estrelinha tão brilhante quanto você?!

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