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• Trinta e nove •

Reconheço que ao longo da minha célebre existência, experimentei uma série de revelações desoladoras e frustrantes.

Aos sete anos, descobri que a Disney é uma farsa. Se a Ariel realmente morasse no fundo do mar, precisaria de guelras para respirar. E, em nome do Pai, que ser humano em sã consciência se casaria com um peixe? Além disso, falando francamente, se o pé da Cinderela fosse realmente tão pequeno, não sustentaria sequer o corpo de um recém-nascido, quanto mais de uma adolescente em regime escravo. Aos nove, descobri que o coração serve basicamente para bombear sangue. Ou seja, quando alguém afirma que teve o seu coração roubado, há menos romantismo e muito mais tráfico de órgãos nessa frase. Quem ama é o cérebro, não o coração... Paciência.

Aos doze, descobri que quando olhamos para uma estrela, há uma grande probabilidade de ela já ter morrido. Em outras palavras, você investe horas encarando um funeral para o qual sequer foi convidado, e ainda sente prazer nisso. Meus parabéns. Entretanto, foi aos vinte e quatro anos que vivenciei a mais aterradora entre todas as descobertas: o meu melhor amigo me deixaria para sempre. E nada que eu fizesse poderia trazê-lo de volta. Nada, exceto...

– Katzen, Katzen, Katzen... – A voz do Henry ressoa preocupada ao meu lado. Ergo o rosto em sua direção. – Você está bem? – Assinto vagorosamente, como se o mundo se processasse em câmera lenta. – Não vai cumprimentar o seu amigo?

Arthur me encara com uma postura relaxada. Diferente do Henry, seus olhos exibem um tom claro de diversão. Aceno mais uma vez. Sempre que fico chocada, as palavras se tornam um obstáculo e retorno a linguagem primária dos bebês: os gestos. Bom, considerando que a outra opção seria o choro, acho que estou indo muito bem. Deixando a inercia da minha posição, me aproximo do Art a passos lentos.

Cinco passos. O assisto ajustar os ombros e respirar profundamente. Quatro passos. Seus lábios se curvam em um sorriso luminoso. Três passos. Seus olhos brilham como uma noite de céu estrelado. Dois passos. Ele abre os braços. Eu paro. Sinto a mão do Henry contra as minhas costas.

– Tudo bem, minha pérola. Você pode abraçá-lo. – Um passo, e finalmente... desfiro uma forte tapa contra o seu tórax. – Ou não. 

– Arthur Gardien, você enlouqueceu?

E aí está. Meses de preocupação, incerteza e sentimentos acumulados explodem em um acesso de raiva e inconformismo. Como assim ele desaparece intempestivamente da minha vida e retorna subitamente sem qualquer aviso prévio? Está tentando me enlouquecer, por acaso?

Pois bem, a todos os que acreditavam que eu correria feliz e saltitante em direção ao Art, após me livrar do peso da angústia, lidem com a decepção: a culpa acabou. E a minha única pretensão imediata é torcer o pescoço do ser humano chocado a minha frente.

– Será que o buraco negro para o qual você foi sugado não tinha telefone? Não havia acesso à internet? Me diga, você viajou no tempo ou mudou de dimensão? Foi parar em Nárnia, por acaso? Só pode, porque até onde eu sei, você está um pouco velho demais para ser aceito em Hogwarts.

– Você sabe o que dizem: nunca há idade para a mag...

– Não ouse brincar comigo, Arthur – ergo o dedo indicador e baixo a voz, ameaçadora. – Não é nada saudável e muito menos seguro... para você.

Instantaneamente, ele fecha a boca, assombrado. Com a visão periférica, busca o apoio do Henry, que não aparenta empenhar o mínimo esforço em conter as risadas. Aliás, caso não o conhecesse, diria que está sentindo um certo regozijo com o sofrimento alheio. No entanto, o meu namorado é muito sobrelevado para gastar tempo com sentimentos banais como vingança, não é mesmo? Cruzo os braços, irritada. Honestamente, se fosse o Arthur, não arriscaria um confronto comigo no momento. Até Mike Tyson teria medo de mim.

– Bom, Cat, você sabe que eu precisei me afastar de...

– ... mim, Arthur... de mim. Agora qual é o seu problema com o resto do mundo? Não podia informar se estava vivo aos demais 9.999 habitantes que residem nessa cidade? Ligação, mensagem, telegrama, sinal de fumaça, código Morse, pombo-correio, não interessa. Qualquer meio de comunicação seria mais eficiente em comparação ao que você usou: nenhum! Você tem ideia do quanto ficamos preocupados? A Lety quase volta da Itália, sabia? Até a Lis...

– Lis? Então finalmente foi vê-la? – questiona com o tom repleto de entusiasmo, porém desprovido de qualquer surpresa.

Agora como esse ser humano sempre adivinha os meus próximos passos é um mistério que tenho plena convicção de que jamais desvendarei.

– Não mude de assunto, Sherlock Holmes. Você nos deixou completamente no escuro. Mal sabíamos para onde enviar o convite de casamento, Arthur. Será que você percebe que iria faltar ao momento mais importante da vida da Mari? – Ele encara a minha irmã por poucos segundos e baixa a cabeça, constrangido. A resposta, embora silenciosa, é óbvia: não, ele não imaginava. – E então, o que tem a dizer em sua defesa?

Ele morde o lábio inferior e, ao erguer os olhos, cada centímetro do seu rosto transmite um pesar genuíno.

– Eu sinto muito. Não era a minha intenção deixá-las preocupadas e muito menos decepcionar alguém que amo tão profundamente. – E sim, estou certa de que essas palavras não são dirigidas a mim. – Eu prometo que isso não acontecerá novamente. Será que são capazes de me perdoar?

Um milésimo de segundo. Esse é o tempo necessário para a minha irmã abandonar a dignidade, cruzar o espaço que os separa e o abraçar fortemente. Ótimo, ele conseguiu o perdão da Miss Mundo Colorido. O que convenhamos, não é lá nenhuma conquista. Infelizmente, para o seu azar, não estou disposta a me render tão facilmente. 

– Cat, por favor – viro o rosto. Honestamente, quando decido ser teatral, deixo qualquer líder de torcida de clichê adolescente, orgulhosa do meu comportamento. – Catarina, eu já descumpri alguma das minhas promessas?

Pondero por uma média de sessenta segundos. Não, nada. Nem uma mera lembrança sequer... Pena. Por fim, aceno negativamente. A contragosto, diga-se de passagem. Me aproximo dele lentamente e fico a centímetros de distância. Meu tom é baixo e perigoso.

– Arthur Gardien, se você resolver deixar Águas Douradas novamente e não compartilhar o destino, eu prometo que será a sua última viagem neste plano. Fui clara? – Ele concorda rapidamente. – Ótimo. – Ameaça feita e fúria aplacada, o envolvo em um abraço carinhoso. – Seja bem-vindo de volta, Art. Senti muito a sua falta.

– Verdade? – questiona, colocando os braços ao meu redor. – Difícil acreditar quando até a polícia federal procurando drogas na minha bagagem seria menos assustador. Pare de rir, Henrique. A culpa de tudo isso é sua. Agora sei por que me arrastou até aqui. – Oi?

– Não me dê os créditos, Arthur. Eu não imaginava essa reação – ele ergue uma sobrancelha –, nem nos meus melhores sonhos. – Art o empurra, e os dois riem.

Mas que amizade é essa, Deus? E porque, pelo precioso sangue de Jesus, o meu namorado convenceria o meu ex-pretendente a retornar à cidade? De novo não. É um fato já estabelecido de que a cada dois mistérios que soluciono, ganho mais cinco perguntas sem resposta. Por que eu, Pai?

– Bom, agora que estamos aqui reunidos e felizes, e que as devidas explicações já foram dadas...

– Na verdade, não foram...

– ...  e que tudo já está esclarecido – prossegue e reviro os olhos –, vamos desfrutar de um delicioso e farto café da manhã juntos. Estou faminto.

– Você não comeu no avião? – a voz da Mari transparece estranheza.

– Eu tentei, irmãzinha, porém, infelizmente, não serviram nada além de amendoim, água e frustração. E como se não bastasse, ainda limitaram os suprimentos como se estivéssemos em The Walking Dead. Eles me negaram quando pedi mais amendoim, acredita? Quem nega algo tão básico?

– Deve ser porque você comeu apenas seis pacotes – Henry maneia a cabeça, descrente.

– Espera, amendoim? – Finalmente, compreendo a surpresa da Mari. O Art sempre desfruta de ótimas refeições, porque... – Você não costuma viajar de primeira classe? O que fazia com os meros mortais da econômica?

– Pergunte ao seu namorado sovina.

– Não seja indelicado, Arthur – Henry retruca rapidamente. – Nem todas as pessoas conseguem manter o seu padrão de vida.

– Claro, falou o pobre príncipe do Império Prinz. Quase senti compaixão por você, Mister Sofredor. Quase. – A bem da verdade, estou ciente de que o Henry é, digamos, abastardo. Mesmo ausente dos recursos paternos, ele herdou uma grande quantia após a morte da mãe que, colocando em termos suaves, o permite encarar a vida sem grandes preocupações financeiras. – Vamos, diga a verdade. Assuma que você não quis trocar a passagem porque chegaria apenas ao entardecer e estava ansioso para rever você sabe quem. – Aponta em minha direção com o queixo. Como se fosse necessário. Quem mais seria? Voldemort?

– Não sei do que está falando – Henry ostenta sua expressão mais neutra.

– Honestamente, Henrique, deveria considerar tratar essa sua carência afetiva. Não é muito saudável.

– Percebe a ironia de ser você a me dizer essas palavras, certo?

– Não sei do que está falando – Art devolve com o peso do sarcasmo brincando em sua voz.

– Bom, tenho que admitir que daqui para frente Águas Douradas ficará muito mais interessante – Vini, que até então assistia a conversa em silêncio, decide se pronunciar. – Muito prazer, Vinícius Hansen – declara, estendendo a mão para o Art, que a aperta animadamente.

Fico abismada e Henry sorri ao meu lado. Desde que pisou na cidade, essa é a primeira vez que ouço o meu cunhado se apresentar com um sobrenome diferente. Pode parecer um gesto simples, mas após a nossa pequena aventura, percebo o quanto essa singela alteração simboliza uma enorme transformação. De dentro para fora e aos poucos. Que orgulho, Vini.

– Pois bem – bato as mãos, interrompendo a conversa que se iniciava entre os três rapazes –, em que apertado casebre os pobres integrantes do proletariado desejam se alimentar?

Okay, somente entre nós, porque jamais admitirei em voz alta ainda que sob tortura, a plebeia sou eu mesma. Não aguento mais assisti-los gastar tempo à toa, quando a cada minuto me aproximo de perder um rim para pagar a fortuna que é o estacionamento do aeroporto. Se demorarmos mais, sairemos a pé, porque o carro ficará para saldar a dívida. 

– Okay, quero ir à Fuji Sushi House.

Repentinamente, sinto que mergulhei em um universo paralelo. Encaro o emissor da frase, porque não confio plenamente em apenas um dos meus sentidos. Não, minha audição não falhou. Art realmente proferiu a sentença calmamente como se lesse um belo livro em uma tranquila cafeteria.

– Como? – Interrogo para ter certeza de que não fui puxada para uma dimensão alternativa.

– Por que a surpresa?

– Porque você detesta comida oriental, além disso... bom... é o restaurante dos Akira.

– E? Eu não posso desejar reencontrar o Nobu?  Eu soube que vocês voltaram a ser amigos, não acha que ele ficará demasiadamente satisfeito com o meu retorno? – Ele sorri e sinto um humor ácido preencher as suas palavras.

– Art, o que está aprontando?

– Nada, somente almejo desfrutar de uma boa refeição. A propósito, é mais prudente não avisar que estamos a caminho. Faremos uma surpresa. E assim, talvez cheguemos no exato instante em que ele fatie um salmão. Soube que as facas são muito afiadas. Não queremos roubar a sua concentração antes do tempo, não é mesmo? Afinal, o que é perder um dedo ou dois?

– Arthur!

Deus da Glória. Eu não posso acreditar que...

– Pensando bem, Katzen, as opções servidas no café da manhã não são tão orientais assim.

– Henry, é um restaurante japonês.

– Não seja tão inflexível, minha pérola. Acredito que vale a pena você conhecer, Arthur. Inclusive, ele geralmente fica de cabeça baixa por trás do balcão, então se você der passos curtos e leves...

– Henrique!

– O que? Eu estou apenas tentando ajudar. Perceba, o grande Van Gogh só ficou famoso após perder uma orelha. Talvez seja esse detalhe que falte ao nosso querido Nobu para alcançar a fama.

– Como você é generoso – cruzo os braços, descrente.

– O que posso dizer, é um dom – Henry dá de ombros e os outros dois se divertem.

– Já chega, vamos a Sweets & Books e ponto final. A Sra. Monteiro ficará feliz com o retorno do Art, já que desconhece o seu caráter duvidoso.

– Não seja estraga prazeres, Cat – o tom do Art ressoa falsamente amuado. – Porque você sempre protege o Nobu?

Vini me lança uma piscadela sugestiva e retribuo um revirar de olhos irritado.

– Na verdade, estou protegendo vocês dois da cadeia. Formação de quadrilha ainda é crime, sabia? A propósito, fique longe do meu namorado. Você não é boa influência para ele.

Henry concorda, exibindo a sua expressão mais inocente. Art solta uma risada de escárnio e se prepara para mais um comentário. Vislumbro o meu futuro sem um rim e uma parte do fígado, e passo a estimulá-los fisicamente a se mover. Puxo o Henry pelo braço e empurro as costas do Arthur.

– Vamos, eu não tenho o dia todo – para ser franca, tenho sim, mas gosto de possuir todos os órgãos. Então...

– Katzen, vão vocês três, está bem? Voltarei com o Vini.

Sinto o meu corpo paralisar subitamente e os meus pés não se moverem, como se encarasse uma promoção relâmpago de sapatos que não posso perder. 

– O que? Por quê?

– Eu tenho trabalho. – Repentinamente, esqueço do estacionamento, do restaurante e até mesmo das pessoas ao nosso redor. Céus, essa frase me persegue e definitivamente não me traz boas lembranças. Henry se apressa em completar. – O Sr. Caio precisa que finalizemos hoje à noite a campanha da Light Revolution. Ainda faltam detalhes importantes e devo terminar antes do culto. Afinal, o genro do pastor não pode se ausentar no domingo, concorda?

Assinto, mas não estou confiante. Da última vez que ele afirmou precisar trabalhar, não foi exatamente verdade. Ele desvenda meus pensamentos com perfeição e sinto os seus braços me envolverem afetuosamente.

– Está tudo bem, minha pérola. Por favor, me avise assim que estiver livre, okay? A propósito, não acreditou que eu voltaria mais cedo movido simplesmente por saudade, certo? – Ele encosta os lábios de encontro a minha orelha esquerda. – Acha mesmo que sou assim tão apaixonado por você? – O empurro de leve e ele beija a minha testa. – Agora alimente esse rapaz, antes que ele passe a roer a tinta das paredes.

– Ótimo, alguém lembrou que um ser humano faminto ocupa o recinto. Quem diria não ser a minha amiga de infância a primeira a demonstrar empatia? – Com um sorriso no rosto, ele se despede dos amigos.

Analiso a cena, um tanto emotiva, diga-se de passagem. Pela primeira vez, desde que iniciei o namoro com o Henry, o Arthur não transparece qualquer sinal de desconforto quanto ao nosso relacionamento. Pelo contrário, ele aparenta estar perfeitamente bem e satisfeito. Antes, o simples fato de coabitarmos no mesmo espaço era massacrante, no entanto, agora tudo mudou. Ele está diferente. Da sua postura aos seus olhos, emana uma paz quase tangível. Isso só pode significar um fato: o meu melhor amigo não é mais apaixonado por mim. Finalmente ele me esqueceu, certo?

Hellooo amigos,
E aí, será que o Art realmente esqueceu a Cat e seguiu adiante?! Ou nunca never jamais?!
Aiai, ansiosa para saber o que o futuro nos reserva. Eita que esse livro tem mais babado que novela mexicana... SIMBORAAAA!!

Se está gostando dessa estória, que tal deixar uma estrelinha tão brilhante quanto você?!

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