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• Trinta e cinco: parte dois •

Sustento o copo de água entre as mãos com tamanha força, que aos observadores menos esclarecidos, pareceria ter ele o poder de salvar a minha vida. Henry me encara com preocupação enquanto repasso as últimas novidades em minha mente exaurida e confusa. Um, Henry mentiu para mim. Dois, eu o encontrei em um restaurante com a Emma. Três, o ponto mais importante e surpreendente, eles jamais foram namorados.

– Você está bem, minha pérola? – Seu tom doce e gentil provoca um ziguezaguear serelepe de borboletas no meu estômago.

– Estou – declaro, embora saiba que não é exatamente verdade. No entanto, afasto as emoções mais perturbadoras e expresso um sorriso tranquilizador.

– Devo prosseguir?

Assinto, determinada. Preciso chegar ao fim dessa história. A minha sanidade mental agradece.

– Pois bem, Emma e eu nos afastamos definitivamente após aquela conversa. Passei a me concentrar no trabalho e na igreja, e soube que ela fez o mesmo. Inclusive, ampliou os horizontes e deixou o país em busca de uma evolução na carreira empreendedora. Ela é formada em administração. Aprendi a lidar com a sua ausência, e os sentimentos murcharam de uma forma natural. A bíblia diz que há tempo para tudo e, bom, a possibilidade de travar um relacionamento romântico com a Emma não ocupava mais o meu coração. Eu sentia saudades dela, mas não como um apaixonado, e sim como um amigo. Algo em mim ainda se culpava por ter encerrado a nossa amizade de uma forma tão abrupta e melancólica.

Sinto uma sensação estranha reverberar em meu íntimo. Mais forte que a compreensão, mais intensa que a empatia. É engraçado como em uma palavra, posso facilmente nomear esse sentimento como identificação. Há meses, eu passara por uma situação semelhante com o meu melhor amigo. Perdera o Art por uma negativa, e o assisti partir, sem certeza de retorno, para um lugar que desconheço. Foi um das escolhas mais dolorosas que já fiz e, agora, sou capaz de supor a culpa inconsciente que pesava sobre o coração do Henry.

– Então, imagine qual foi a minha felicidade ao vê-la surgir no meu aniversário de vinte e cinco anos, ladeada pelo meu primo. Não houve alguém que me oferecesse um presente melhor. Lembro de ter agradecido infinitamente a Deus naquela noite – ele solta uma risada de escárnio, desprovida de alegria e cor.

– Eu me senti transportado ao paraíso, especialmente pelo aparente acaso envolvido. Ambos haviam se encontrado na África, enquanto o Vini fazia missões e ela aprendia acerca de investimentos externos. Emma imediatamente comunicara a ele que não portava mais qualquer resquício de ressentimento e que desejava reatar os laços perdidos, assim como eu almejava. Um sonho as portas da perfeita realização, correto? – Ele arqueia uma sobrancelha.

– Ah... Sim? – Respondo, indecisa.

– Foi exatamente o que pensei. Pedimos perdão um ao outro e retornamos de onde paramos. Nos reconectamos, sem receios ou mágoas, e seguimos adiante gratos ao Pai pela Sua bondade e graça. Linda história caso esse fosse o término, entretanto, não é – ele me encara, frustrado.

As suas últimas palavras assentam densas e pesadas entre nós. Deus, quanto os acontecimentos podem piorar?

– Pouco mais de um ano são suficientes para que eu passe a observar alterações notórias no meu amado primo. Ele parecia calado, pensativo e sério. Questionei inúmeras vezes e, no entanto, ele optou por manter sigilo. Até que por fim, em uma noite escura e chuvosa, há três semanas do meu aniversário de vinte e sete anos, ele assume que está apaixonado pela Emma. Declara que centelhas de emoções surgiram ainda na África, porém, por respeito a mim, ele as abafou imediatamente. Entretanto, ao compreender que a nossa trajetória não abria mais espaço para o romance, voltou a nutrir esperanças. Naquele momento, ele solicitou o meu parecer sincero – Henry se interrompe e fecha os olhos.

Vislumbro o seu corpo ficar rígido, e ele deglute todo um mundo de ressentimento e arrependimento. Quando torna a falar sua voz é amarga e fraca.

– Dentre as minhas recordações mais vívidas, lembro desse dia claro como um brilhante nascer do sol. Em meu íntimo, eu sentia que havia algo errado, um ponto fora da curva, uma linha ausente do seu devido lugar. Um incômodo crescente e inexplicável me dominava. No entanto – seus olhos exibem pesar –, eu me calei. Lavei as minhas mãos e o deixei seguir, me eximindo de qualquer responsabilidade. Quanta estupidez – ele suspira desgostoso antes de avançar.

– Assim, sendo o meu primo um verdadeiro cristão, decidiu orar por confirmação, convicto de que a receberia. Emma acatou prontamente a decisão. Portanto, a foto que você vislumbrou representava a comemoração do meu aniversário somado a dois outros eventos importantes: o futuro relacionamento entre os meus dois melhores amigos e a minha reaproximação com o meu pai. Há meses nós estávamos evoluindo. Ele passou a me convidar para as refeições, a pedir os meus conselhos e até me presenteou com um belo apartamento de 400m² no ponto mais caro da cidade.

A pequena e claustrofóbica residência da qual o Vini falara. Então, foi um presente do pai do Henry? Céus, as novidades não findam.

– Tudo na minha vida parecia tranquilo e perfeito. Infelizmente, o aparente se resume apenas a um falso reflexo de uma realidade oculta, não é mesmo? E foi isso que aprendi na noite seguinte àquela promissora reunião. Decidi que faria uma surpresa ao meu pai. Passei no seu restaurante favorito e segui para o seu apartamento. Solicitei ao porteiro que não o informasse acerca da minha chegada, entrei em silêncio e...

Ele me encara com um semblante inconsolável.

– Há dias que eu sonho em não ter tido essa maldita ideia, em outros, porém, agradeço a Deus por me proporcionar uma revelação da verdade. Ainda que massacrante ao meu coração, foi necessário.

Senhor da Glória, o que houve?

– Escutei vozes e corri para o quarto do meu pai. Aquele tom feminino era bastante familiar aos meus ouvidos desde a infância. Para o meu absoluto desespero e desalento, encontrei o Sr. Vitório Prinz em uma situação bastante indecorosa, diga-se de passagem, com a – ele pausa e exala profundamente –, com a Emma.

– Eu acho que não entendi. O que os dois estavam fazendo juntos no... Jesus Cristo!

O entendimento me atinge com a dimensão e força de um gigantesco tsunami e abismada, levo as mãos a boca. Não pode ser verdade.

– Exatamente – seu tom seco e áspero cruza a minha alma, e posso sentir o quanto aquela cena o feriu de uma forma profunda e indescritível. – Eu fiquei completamente transtornado. Eles mentiram para todos. Mantinham um caso secreto há meses. E embora não me orgulhe das palavras que usei, eu cuspi cada frase que ocupou a minha mente naquele momento – ele me encara, sério. – Honestamente, não foi bonito de assistir. Meu pai chamou os seguranças e me expulsou. Na minha saída, devo ter despertado o prédio inteiro, porque não se pode dizer de fato que deixei o ambiente em silêncio.

Meu Deus, eu entendi errado ou o Henrique fez um escândalo? O meu habitualmente tranquilo e calmo namorado realmente gritou ameaças e ofensas, enquanto era arrastado para fora de um prédio? Eu não sei quantas sessões de terapia irei precisar para absorver essa informação.

– Entretanto, nada, absolutamente nenhum instante desde que os meus olhos contemplaram a terrível descoberta, superou o momento em que compartilhei com o Vinícius a novidade. Ele ficou destroçado, Cat. Ele amava intensamente a Emma, e respeitava o meu pai como a um mentor e amigo. A cada sentença, eu o via afundar em sofrimento e tristeza. Eu nunca serei capaz de esquecer o seu semblante. Parecia que a vida havia se esvaído dos seus olhos. Foi desolador.

– Então, foi por isso que você deixou Vale Negro?

– Sim. Após alguns meses, eu não suportava mais a ideia de coexistir no mesmo ambiente que eles. Especialmente, depois que eles tornaram o relacionamento público... miseráveis. Foi quando encontrei o Sr. Fontenelle no centro da cidade. – Fico surpresa.

– Esse não é o pai do Sr. Caio, proprietário da Desing e Marketing Digital?

– Exatamente, e foi ele que me ofereceu o emprego em Águas Douradas, na empresa do filho. Disse que Deus tinha grandes propósitos para mim, eu precisava apenas confiar nEle. Ele é um grande amigo do meu avô materno.

Repentinamente, duas engrenagens giram e encaixam na minha mente.

– Então, quando você declarou que amava gamão...

– Aprendi assistindo o meu avô jogar com o Sr. Fontenelle. – Claro, agora tudo faz sentido. O encaro, animada, no entanto, ele arqueia uma sobrancelha e abre um meio sorriso irônico. Prelúdio de grandes problemas... para mim. – Por que, Katzen? Você achou que com essa afirmação eu estava apenas tentando conquistá-la? – Não, não ouse fazer isso, e... tarde demais. Fico corada com uma tomate madura. Ele dá uma gargalhada aberta e prazerosa. – Desculpe decepcioná-la, senhorita, mas eu realmente jogo gamão.

– Parabéns para você – solto, irritada, e ele se diverte ainda mais. Decido mudar de assunto. – De todo modo, ainda não explicou o que fazia no restaurante com a Emma.

Ele fica sério. Não me orgulho de ter usado esse assunto como pretexto, no entanto, realmente preciso chegar ao fundo dessa história.

– Como eu disse, deixei Vale Negro, mas o Vinícius não. – Oi? – Assim que descobriu acerca do caso amoroso entre os dois traidores, ele procurou o hospital para se demitir, porém, o meu querido e amado progenitor foi mais rápido. Ele convocou uma reunião de emergência com os acionistas e redigiu um contrato, alegando que todas as incontáveis ações, projetos e missões sociais financiadas pelo Hospital Geral Maya Prinz, estariam agora sobre a gerência de Vinícius Prinz e perdurariam exclusivamente enquanto ele permanecesse como integrante do corpo hospitalar.

– Henry, isso quer dizer que...

– Sim, Cat. Em outras palavras, se o Vinícius deixar o HGMP, todas as obras dedicadas a população carente serão imediatamente extinguidas. – Exalo, lentamente, tentando absorver verdades atrozes e lastimáveis. Como alguém pode ser tão cruel? – O Vini não conseguiu abandonar cada sonho construído por minha mãe. – O encaro, confusa. – A doce e bondosa Maya Prinz idealizou a maior parte dos projetos sociais financiados pelas empresas Prinz. Ela criou um fundo para missionários, inclusive, é ele que mantém as viagens do meu primo para a África e a Ásia.

– Eu não entendo. Por que o seu pai deseja tanto manter o Vinícius por perto?

– Pelo mesmo motivo que se reaproximou de mim. O meu pai não pode mais ter filhos, e considerando que o seu único herdeiro nunca apresentou habilidade na área e agora não possui a menor pretensão de agradá-lo, o Vini, médico talentoso e amável, sem dúvidas é a melhor opção para assumir o império Prinz.

Meu coração fica pesado. Não sou capaz de imaginar o sofrimento de contemplar e obedecer diariamente a pessoa que o traiu.

– Henry, isso é horrível – declaro, por fim, com a voz angustiada.

– Com certeza, mas não é o pior. – Céus. – Pouco depois que me instalei em Águas Douradas, descobri que o meu pai pediu a Emma em casamento.

Sinto o meu peito processar inúmeras emoções diferentes. Aflição e tristeza, com um toque de raiva, definitivamente, são as mais prevalentes.

– Após a célebre notícia, o Vini conseguiu uma licença para fazer missões no Malawi. No entanto, assim que recolocou os pés em Vale Negro, a minha tia o informou da mais recente resolução do afável e nada justo, Sr. Vitório Prinz. Desde então, a atmosfera da cidade impediu a sua permanência, e ele decidiu me procurar.

Recordo, imediatamente, a nossa primeira conversa. Vinícius declarou que ao findar a viagem, gastou apenas o tempo necessário para cumprimentar os pais, motivo pelo qual ao chegar, ainda portava incontáveis malas advindas da África. Mais uma peça é encaixada em minha mente confusa.

– Então, qual é a última resolução do seu pai?

Faíscas cruzam o lago dourado dos seus olhos.

– Nada relevante. Ele somente decidiu que caso eu não retorne à Vale Negro para o seu luxuoso casamento, em outras palavras, caso ele não consiga exibir a alegria parental para a alta sociedade ambiciosa e hipócrita que o cerca, ele vai me deserdar. Vai doar a minha parte no hospital para os acionistas ou alguma instituição de caridade, o que seria infinitamente melhor.

– Henry...

– Está tudo bem, Cat. Se ele desejar pode colocar fogo em tudo o que possui. Sinceramente, eu não me importo mais. – Ele cruza os braços, e embora a sua voz transmita exasperação e desdém, sinto mágoa e decepção genuínas preencherem cada centímetro da sua alma. – Eu não vou retornar, e não permitirei que o Vinícius seja submetido a mais essa humilhação, para vender o conceito de Prinz ao quadrado aos seus amigos ridículos. Basta de chantagens e de jogos psicológicos.

– Então, a Emma veio para...

– Me persuadir a estar presente no casamento. – Deus da Glória. – Ela alegou que tentou convencer o meu pai do contrário, mas foi inútil. Portanto, essa seria a única forma de manter o hospital na minha família. Aquela... senhorita – não acho que esse tenha sido o vocativo escolhido inicialmente –, ousou mencionar o nome da minha mãe.

Ele maneia a cabeça, incrédulo. Explicação após explicação, e o quebra-cabeça final está quase completo. Falta apenas a peça mais importante.

– Henrique – ele se volta em minha direção, e respiro profundamente a fim de conservar uma mente sã e funcional –, por que você mentiu?

– Eu sinto muito, minha pérola. Eu não queria, não podia, desapontá-la – a angústia em sua voz é claramente notável.

– Eu não entendo.

– Eu os odeio, Cat. Eu não consegui perdoá-los e não acredito que um dia vá alcançar essa proeza. Eles são detestáveis, injustos, desleais e, honestamente, tudo que eu almejo é um fim terrível para ambos – as palavras deixam a sua alma, abafadas e sufocadas. Me espanto com o tom áspero e cruel que escapa por entre os seus lábios. Ele me encara e é assombroso o fato de aparentar estar sendo continuamente enlaçado e torturado por pensamentos terríveis. – Como pode ver, não sou perfeito como imaginava – a última frase salta dolorida e melancólica, mesclada por pesadas lágrimas.

– Henry, eu jamais considerei que você fosse... – repentinamente, me interrompo.

Uma sensação atroz e perturbadora em meu interior contradiz de imediato aquela sentença não dita, e me encontro confusa e desnorteada.

– Catarina, entre os infinitos motivos pelo qual adquiri a clara convicção de que era você a resposta das minhas orações, uma delas foi a facilidade que apresentei, desde o instante em que a vi, para desvendar os seus pensamentos e sentimentos. Aos meus olhos, você sempre se apresentou como um livro aberto – ele levanta e se posiciona a minha frente. – E agora, há duas emoções estampadas no seu rosto: surpresa e decepção.

Penso em protestar, no entanto, é inútil... Ele está certo. Em minha mente, revivo silenciosa as incontáveis vezes que repeti com orgulho que o Henrique era absolutamente perfeito. À medida que o nosso relacionamento avançava, decidi de forma inconsciente que eu podia ter problemas, erros e falhas, mas ele não. Incessantemente, me apoiei em seu excessivo altruísmo e amabilidade, e usei esse fato como um escudo para os defeitos que identificava em minha própria personalidade.

Sem pestanejar, o incumbi de uma responsabilidade inatingível ao ser humano: satisfazer em todos os aspectos a imagem de plenitude formada em meu coração. Eu criticara a Bel, entretanto, fizera pior. Sobrecarregara o meu namorado com expectativas fúteis que sabia serem impossíveis de cumprir. Tracei uma ideal em minha alma, e diante do primeira ferimento ao reflexo do homem impecável que supus ser o Henrique, o julguei e condenei sem a menor piedade.

Não, a verdade dolorosa é que eu tirei os meus olhos do Alvo. O único capaz de nos preencher e amar incondicionalmente é Deus, e por um instante, esqueci disso. Dei ao Henry uma missão injusta e uma primazia insustentável. O Pai jamais falha ou nos decepciona, e é nEle, apenas nEle, que devo estar firmada. E não pretendo cometer esse erro novamente.

– Eu sinto muito, Cat. – Ouço um sussurro sofrido, e me deparo com um Henrique ajoelhado, imerso em desespero. – Eu sou uma fralde, e estou tão cansado de sentir isso. Deus deve ter vergonha de mim, não é? – Abro a boca, abismada. – Vou a igreja semana após semana, entretanto, falo de um perdão que desconheço e de um amor ao próximo que não pratico. Eu pensei que ao vir para Águas Douradas, deixaria o meu passado para trás, mas eu simplesmente não consigo. Ele me persegue como uma recordação massacrante do quanto sou injusto e indigno. Que tipo de cristão eu sou?

– Henry...

– Sabe, eu fui encontrar a Emma como uma última tentativa de retornar ao ponto de partida mais uma vez. O lugar perfeito em que éramos apenas eu e... – Como em uma filme, a minha mente me teletransporte de volta ao momento exato em que o filhotinho Loius interrompeu a conversa que eu presenciava entre o Vinícius e o Henry. – Éramos apenas eu e o Pai.

Não consigo conter as lágrimas que rolam por minha face.

– Era um fardo tão leve. Ausente de todos esses ressentimentos, mágoas e culpa. Como Deus ainda pode me amar? Às vezes, quando oro, lembro do peso que carrego em meu coração, me sinto constrangido e desisto. Como falar com o Pai? Cat, estou tão cansado de lutar constantemente e perder. Eu sou um fracasso.

– Não, você não é.

– Sim, sim, eu sou. Sou o culpado pelo que aconteceu ao Vinícius, porque deixei que ele seguisse adiante. Sou uma farsa, porque não obedeço aos 70x7. Sinto o meu íntimo afundado em rancor, porque embora tenha tentando inúmeras vezes, não há vislumbre de perdão em mim – ele me encara, pesaroso. – E eu não mereço você, porque não sou bom. Essa é a verdade.

O ar parece rarefeito e me recosto no sofá, sentindo o amargor de cada palavra. Fecho os olhos e algo salta em meu interior. Torno a abri-los, assustada. O mundo aparenta girar do modo rotineiro, entretanto, a voz suave que reverbera em meu coração, revela que tudo está diferente. "O Henrique não é perfeito, filha. Ele tem muito a aprender". Sorrio. Sim, estranho.

No momento mais caótico do meu relacionamento, eu entendi algo óbvio. Não há acasos nos planos do Pai. O Henry me ensinara lições valiosa, e agora é a minha vez. Ele não compreende o conceito de perdão, certo? Tudo bem. Porque assim como aprendi com Cristo, eu vou mostrar para ele.

Caminho até onde ele está e me ajoelho ao seu lado. Seguro o seu rosto encharcado entre as minhas mãos e o obrigo a olhar para mim.

– Você vai me deixar, não é? – Ele questiona, angustiado. Exibo o sorriso mais doce e gentil que possuo.

– Eu não vou a lugar algum.

Vejo os seus olhos saltarem nas órbitas em absoluta surpresa.

– Mas, eu...

– Não é sobre você, nunca foi. Henrique Prinz, Deus te ama. Ele ainda te ama. Ele não virou as costas para você, e não está irritado. E hoje, o Criador e Rei de todo o Universo quer te lembrar que você é perdoado não pelo que você faz, e sim porque a cruz te tornou assim. Porque você é filho – eu o abraço e o cair das lágrimas, minhas e dele, são o único som audível no ambiente silencioso.

– Eu quero tentar, mas é tão difícil.

– Sim, porque a raiva e o ressentimento ainda são emoções presentes em você. E de fato, a Emma e o Sr. Vitório não merecem ser perdoados. No entanto, o perdão não se trata de um sentimento, mas de uma escolha. Não agimos pelas pessoas, e sim por amor ao Pai. É nEle que encontramos a força necessária. Toda boa dádiva e todo dom perfeito vem unicamente do Alto. E mesmo que pareça inalcançável, a bíblia nos diz que não há impossível para Deus.

Henry escuta o meu pequeno discurso, pensativo. Após um minuto, assisto os seus lábios curvarem em um sorriso singelo.

– Então – ele puxa o ar, lentamente, e seu tom se torna firme e convicto –, eu vou conseguir. – Me lanço em seus braços, animada.

– Nós vamos, porque faremos isso juntos.

– Como?

– Podemos nos reunir para orar, estudar sobre perdão e buscar aconselhamento com um dos pastores. Seja como for, Henry, eu estarei do seu lado até o fim.

– Catarina Benedetto, eu amo você.

Ele coloca a testa contra a minha e, finalmente, posso sentir os nossos corações sussurrem a mesma música: um louvor de adoração ao Pai.

Não existem pessoas ou relacionamentos perfeitos, mas todos estamos caminhando para expressar a verdadeira identidade conquistada por Cristo. Quando confiamos nos propósitos do Pai, sabemos que há tempo para nascer e para morrer, tempo para derrubar e edificar, tempo para plantar e para colher, e hoje, foi o tempo de ensinar e de aprender.

Ai meu coração com esse capítulo... O perdão é realmente uma decisão, não?

Dedico este capítulo, em especial, a você do TeamHenry, que permaneceu fiel ao nobre rapaz até o fim e passou pano com vontade (rsrsrsrs)!!

Se está gostando dessa estória que tal deixar uma estrelinha tão brilhante quanto você?

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