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• Quarenta e quatro: parte dois •

Coragem, Catarina. Está na hora de derrubar uma muralha. Se Josué conseguiu, precedente pelo menos a gente tem.

Com um inspirar profundo, retiro a pequena caixa de veludo da bolsa e a deposito em suas mãos. Seu rosto assume uma expressão notadamente intrigada.

– Obrigado... eu acho.

Curioso, ele abre o embrulho em segundos. 

– Não pode ser – declara, descrente. Cada linha da sua face desenha um sentimento diferente: emoção, nostalgia, surpresa. É interessante e... novo. – É ela? Quer dizer, é realmente a mesma?

Assinto. Com delicadeza, remove a concha perolada com raias azuis e a perpassa entre os dedos.

– Você a guardou durante todos esses anos?

– É claro. Ela é muito valiosa. – Me aproximo dele e coloco a mão espalmada contra a lateral do rosto, sussurrando as palavras como se compartilhasse um segredo. – É a concha da promessa.

– O que?

Levemente astuta e inesperadamente confiante, tomo a sua mão direita e deposito um pequeno pedaço de papel, já amarelado pelo tempo.

– Bom – mordo o lábio inferior –, você alegou que eu não precisaria voltar a chorar...

– Já entendi – com um semicerrar de olhos, ele cruza os braços e mimetiza uma expressão desconfiada. – O que você quer, Akachan?

Sorrio. Sim, foi exatamente para isso que vim até aqui, certo Pai?

– Eu quero que sejamos livres.

Por favor, Catarina, não chore, não chore, não chore... tarde demais.

– A forma como você visitará o passado é uma decisão sua, porém o modo como enxergo você daqui para frente é uma escolha minha.

Isso, garota. Mentaliza o equilíbrio emocional de Daniel: o homem dormiu com os leões, na paz.

– Eu garanto que não voltarei a questionar ou explorar o que ocorreu naquela noite. Em meu coração, hoje me despeço e encerro esse capítulo. Não vou apagá-lo, ou reescrevê-lo, apenas arquivá-lo.

Para a minha surpresa, minha voz soa firme e estável. Espera, sou realmente eu que estou falando?

– Para ser franca, há oito anos, não sabia nomear o que sentia por você, mas agora eu sei. Nobu Akira, você é um dos meus melhores amigos. E ainda que não almeje o posto, tudo bem. Porque caso algum dia decida mudar de opinião... estarei aqui por você.

Com a face séria, ele se aproxima de mim. Sinto uma ansiedade crescente me dominar, enquanto ele mimetiza a minha ação anterior e coloca a mão de encontro a lateral do rosto.

– Você promete? – Sussurra, seguido por um belo sorriso travesso.

Alguém pode me trazer um frasco de soro? Francamente, tenho sorte de não ser cardíaca.

– Apenas se prometer me avisar antes de partir para o outro lado do planeta – brinco, sentindo o céu ser convertido em um algodão-doce, leve, azul e gigante.

– Parece justo – com movimentos suaves, ele seca o meu rosto com o polegar. – Nesse caso, eu prometo. Prometo que no instante em que precisar de um amigo – céus, jamais gostei tanto de uma palavra –, também estarei aqui por você. Inclusive – ergue a mão, e um pequeno objeto brilha entre os seus dedos – juro solenemente pela concha – declara com uma seriedade fingida, e não consigo conter as risadas.

Com um gesto afável, ele me envolve em um abraço carinhoso.

– Senti sua falta, Nobu.

– Eu também senti a sua, Akachan.

E assim, a cada segundo que a verdade da nossa reaproximação domina o meu interior, o meu coração é lavado de toda mágoa, culpa e arrependimento que me impediam de olhar para trás.

Ah Pai, o que darei ao Senhor por tamanho amor e bondade?

Os raios do sol brilham contra a minha face, eternizando o momen...  Rei Eterno! Como assim já existe sol? Olho para o relógio. Okay, é hora de dar tchau. E rápido, de preferência.

– Acho que está na hora de voltarmos, Nobu. Não quero que os meus pais terminem...

– Descobrindo?

– Eu ia dizer, apreensivos.

– Claro que ia. Você é uma filha tão amável.

Reviro os olhos e ele ri – sozinho, já que não vejo a menor graça na minha preocupação autêntica com os meus queridos genitores –, enquanto coloca a pequena caixa de veludo no interior do bolso do seu sobretudo.

– Por favor, guarde-a com cuidado. Além de possuir um valor afetivo, essa concha é poderosa: traz muita sorte.

Nobu ergue a cabeça de súbito.

– A concha, inanimada, traz sorte? – Questiona, incrédulo e levemente irônico.

– Sim. E caso não nutra mais respeito, a concha da sorte não vai funcionar.

– Achei que fosse a concha da promessa.

– Da sorte e da promessa. Por quê? Existe alguma legislação que impede as conchas de terem um nome composto?

– Se existe, desconheço.

– Como eu disse – declaro, triunfante.

Nobu solta uma gargalhada.

–  Você só pode estar de brincadeira, Cat.

– Claro que não – disparo, relativamente ofendida. – Saiba que esta pequena concha me acompanhou nos momentos mais marcantes com pessoas importantes. A propósito – e estranhamente –, estava comigo no instante em que conheci o Henrique – alego, altamente abismada com a informação que deixou a minha boca.

– Não me diga.

Okay, alguém mais ouviu um certo ceticismo nessa frase?

– É verdade. Eu não lembro bem o motivo... algo como mostrá-la a uma colecionadora de conchas na Fruto do Espírito... – Meu Deus, só eu estou chocada com esse aparente acaso? – Não importa, a questão é que ela é infalível – finalizo, resoluta.

– Para ser franco, eu sempre desconfiei que possuía alguma participação no seu enlace com o Henrique, mas jamais supus que detivesse tamanho poder.

– O que quer dizer com isso?

– Nada, estou apenas brincando.

Estranho.

– Bom, que seja! – Okay, estou com zero paciência para mistérios hoje. – Cuide dela com carinho e talvez, lhe traga alguém especial.

Ele assente, perdido em devaneios.

– No que está pensando? Em usá-la? – Sugestiono.

– Em vendê-la, na verdade.

Oi?

– Não pode fazer isso!

– Tem razão. – Com certeza. – Preciso testá-la primeiro. – O que? – Vê-la em ação para definir o valor exato.

– Nobu Akira! Você não ousaria...

– Mas como? – Ele coloca a mão sobre o queixo, pensativo. – Já sei. Vou levá-la ao culto amanhã.

– Quem você deseja encontrar amanhã?

– Na verdade, está mais para quem eu não quero ver.

– Sério? E quem ser... – Abro a boca, sem acreditar no seu descaramento. – Nobu, você não estaria se referindo ao Art, certo?

Ele sorri, malicioso.

– Qual o problema? A regra é clara: a sorte é minha, não dele.

– Sua bondade me comove. Agora, me devolva a concha, você está fazendo mal uso dos seus poderes. – Tento tomar a caixa, mas ele a tira do bolso e ergue o braço me impossibilitando de alcançá-la. Céus, os orientais não deveriam ser baixinhos? Brincadeira. – Vamos, devolva.

– Jamais. Se ela me livrar do Arthur, prometo que construo até um monumento em sua homenagem.

Inacreditável.

– Muito cristão da sua parte. – Dai-me forças, Senhor. – Agora que pertencem ao mesmo Corpo, e possivelmente ao mesmo Ministério – ele bufa e cruza os braços, descontente –, poderiam usar essa oportunidade divina para fazerem as pazes, não acha?

– Catarina, graças ao Pai, a vida cristã é uma caminhada. Damos um passo de cada vez até o fim da estrada. Portanto, esse ponto em específico, prefiro guardar para a linha de chegada. Obrigado.

Diante da sua face plena, não consigo conter as risadas. Todas as vezes que imagino ter encontrado o limite da desfaçatez, as pessoas me revelam o quanto estou enganada. Cristo.

– Agora esqueça isso e vamos. Vou levá-la para casa, senhorita Benedetto.

Ele estende a mão, e deposito a chave no centro dela. De fato, até poderia voltar dirigindo, porém considerando que estou dormindo em pé, evitemos ser chamados para a Glória antes do irmão liberar perdão na vida do colega.

Já diante da porta do passageiro, lembro de um pequeno – não tão pequeno – detalhe, que nos passou despercebido.

– Nobu, e o seu carro?

Ele para e coloca a mão de encontro a testa.

–  Verdade, Cat, esqueci completamente dele. – Cristo! Eu sabia que a privação de sono ia mandar a conta. Só não imaginava que custasse um valor tão alto. – Mas não se preocupe. Eu tenho uma ideia.

– Sério? Qual? 

Ele segura os meus ombros e me posiciona de frente para si.

– Está prestando atenção? – Assinto, concentrada. – Meu plano é o seguinte: vamos deixar a concha sobre o para-brisa. Com sorte, ela será gentil o bastante para levá-lo em segurança.

Me perdoa, Pai, porque eu vou pecar. Não tem condições.

– Você é ridículo.

O empurro sem um pingo de amor no coração, e ele se equilibra no muro atrás de si.

Que pena.

– Qual o problema, Cat? A concha pode ser da sorte e da promessa, mas não da direção? A profissão de motorista é muito digna, sabia?

Decido ignorá-lo e retorno ao carro, enquanto ele se dobra em risadas.

Senhor, como me faria feliz vê-lo engasgar e ser transportado para os Teus braços. Já dizia Paulo que o morrer é lucro. Nesse caso, definitivamente eu sairia ganhando.

Após um minuto, ele ocupa a posição do motorista, com os olhos ainda marejados.

– Devo ligar o aquecedor? – O retribuo um olhar puramente homicida. – Bom, ao que tudo indica temos fúria o suficiente para contribuir com o aquecimento global... então, não.

– Só para que fique ciente, teve sorte de estar com as minhas chaves.

– Por quê? Levaria o carro sem mim, Akachan?

– Não, passaria com ele por cima de você.

E fim. Aparentemente, a minha frase era a cereja que faltava para destravar a gargalhada que ele tentava conter, sem grande sucesso, vale ressaltar. Me limito a revirar os olhos, irritada.

– Vamos, não fique tão chateada comigo. Farei um café da manhã especial para você como recompensa.

– Não quero – devolvo, ranzinza.

O que ele está pensando? Que pode me comprar com comida? Até parece que sou assim tão fác...

– Posso fazer panquecas. – O encaro de soslaio. Não, seja forte, Catarina. – Waffles com calda de chocolate. – Sinto a minha boca salivar. Contenha-se, mulher.  – Muffins, talvez?

– Ah, não, eu adoro muffins.

Ele sorri, vitorioso. Sim amigos, é difícil a vida do cristão que ama se alimentar. É cada luta.

– Nesse caso, farei aquele pão caseiro e...

– Não posso – o interrompo de súbito. Cristo, como fui esquecer? A bem da verdade, a culpa é do chocolate. Ele sempre consegue roubar o ínfimo foco que me resta. – Prometi ao Henrique que tomaríamos o café da manhã juntos.

– Ora, não seja por isso. Marque com ele no restaurante então. Se me recordo bem, é um grande apreciador da minha culinária.

Não posso discordar. Do mesmo modo que sou escancaradamente apaixonada pela Sweets & Books, não é segredo para nenhuma alma sequer em Águas Douradas, que o restaurante favorito do Henry é a Fuji Sushi House. Ele seria capaz de comer salmão a qualquer hora do dia, sem distinção de horário. Se gostasse mais do proprietário, faria do lugar em questão sua residência.

– Bom – levo a mão a nuca, buscando uma forma de sair do problema em que o meu estômago desenfreado me meteu –, nós já tínhamos combinado de encontrar outra pessoa.

– Quem?

Claro que ele deseja saber o nome do ser humano. As pessoas podiam ser menos curiosas, não? Um exemplo de puro desinteresse com a vida alheia, tal como eu.

– O Arthur – solto de uma vez.

Loops eternos me fazem gaguejar e passar vergonha gratuita.

– Ah – é tudo que escapa por entre os seus lábios, antes de um silêncio levemente embaraçoso dominar o carro.

Encaro a estrada. Art e Nobu nunca foram exatamente fãs um do outro, então não posso dizer que ele conseguiu a proeza de me surpreender. 

– Que seja, cozinho para ele também.

Okay, agora ele conseguiu.

– O quê? – Questiono, em parte chocada, em parte desconfiada da real integridade da minha sanidade mental.

– Você pode convidar o Arthur para o nosso café da manhã – declara com todas as letras, como se menos do que isso não fosse capaz de me convencer. Bom, errado não está.

– Por quê? – Franzo o cenho, confusa. Pondero por um segundo e levo as mãos a boca. – Meu Deus, pretende envenená-lo?

Ele solta uma gargalhada.

– Até que não seria má ideia. Porém, não é esse o plano inicial. – Ele baixa o tom. – Há muitas testemunhas no local. Sou inteligente demais para algo tão óbvio, não acha?

De fato.

– Nesse caso a razão seria...

– Jesus está voltando – solta, com um dar de ombros. – Já basta o Gardien ter sido um obstáculo para a minha vida terrena, permitir que seja também para a eterna é meio estúpido.

Ergo as sobrancelhas, aguardando a explicação oficial plausível. Okay, essa me divertiu, mas não me convenceu.

Nobu pressiona as mãos contra o volante. Seus olhos estão fixos na estrada a frente, no entanto seus pensamentos parecem vislumbrar uma imagem muito mais distante.

– A verdade é que você mudou, Cat. E nesse caso, se trocar as lentes para revisitar o passado foram capazes de alterar o seu presente, talvez Deus esteja simplesmente me conduzindo a fazer o mesmo. Honestamente, ainda não compreendo como o Arthur e a sucessão de escolhas idiotas que fiz na adolescência vão mudar o meu futuro, mas quando disse "sim" a Cristo, o acordo implícito envolvia confiar e não entender – um sorriso suave estampa o seu rosto. – Estou pronto para abrir a porta desse cômodo, um tanto obscuro e empoeirado, para Ele.

Sorrio e aperto a sua mão, radiante.

– Acredite em mim quando digo que você não poderia me fazer mais feliz.

– Ótimo. Vou manter isso em mente quando sentir a necessidade de testar o meu novo conjunto de facas em uma carne mais firme do que salmão. E algo me diz que vou sentir – finaliza, com um longo suspiro.

Maneio a cabeça, porém em meu interior admito que ele está certo. Henry, Art e Nobu em um mesmo ambiente é uma mistura explosiva que se localiza entre o inacreditável e o apocalipse. Céus.

Olho através do vidro, e a luz do sol que fornece brilho às nuvens brancas e multiformes se espalha calma e solene pelo azul celeste extenso. A despeito da ameaça iminente da terceira guerra mundial, experimento uma paz imperturbável.

É curioso como ainda na infância, somos ensinados que as nossas escolhas estão subjugadas aos nossos sentimentos. Como se o fato de nos apaixonarmos fosse de tal modo precioso, que a partir desse instante, cada futura decisão devesse ser destinada a conservar essa rara emoção intacta. Para ser franca, sinto que fui enganada. Afinal, desde o exato momento no qual abrimos os olhos para a vida, é certo que iremos nos apaixonar inúmeras vezes. Seja por culinária, arte, sonhos, profissões, lugares, hobbies, e claro, pessoas.

Desse modo, não posso acreditar que relacionamentos amorosos devam se firmar exclusivamente sobre o questionamento: "estou apaixonado?" Se assim fosse, do que serviriam os direcionamentos bíblicos deixados pelo Pai? E se somos escravos de emoções, onde reside a liberdade prometida, então?

A verdade é que um dia realmente estive apaixonada pelo Nobu. Porém, ao não ser alimentado e regado com expectativas e desejos, esse sentimento esvaeceu como neblina em dias chuvosos, assumindo a cor mais sutil e profunda da amizade.

Para ser justa, admito que a paixão pode ser arrebatadora e por vezes involuntária, entretanto a vida a dois segue um caminho bem menos incerto e movediço, se firmando sobre a fé, a esperança e o amor. Em outras palavras, se apaixonar é maravilhoso, quando marca o princípio de uma trajetória que dois, sendo um, escreverão com Cristo.

Mais uma lição aprendida hoje. Anotado, Pai.

– Catarina, coloque os pratos brancos com detalhes azuis – minha mãe instrui da cozinha, enquanto finaliza o jantar. Aceno e passo a organizar a mesa, tranquilamente. – Isso, é claro, se a senhorita concordar. Considerando que as suas ações atuais revelam o quanto ignora a opinião dos seus pais, imagino que prefira a louça vermelha – bufa, sarcástica.

E a paz acabou.

Pois bem, aí está o milésimo comentário ácido e decididamente irritadiço que ouço hoje sobre a minha pequena aventura da madrugada.

É óbvio que sendo eu, uma filha cristã e responsável, contaria aos meus pais o que houve, correto?

Errado.

O lado positivo é que não precisei sofrer por um único segundo com o dilema de manter um segredo, já que mal cruzei a porta e ambos me aguardavam com expressões que fariam o pobre Olaf derreter na sala de estar.

Como eles descobriram? Por conta própria, provando a teoria de que escondido, filho de pastor se destaca mais do que se trajasse dourado em meio a uma multidão vestindo preto.

Aparentemente, o Sr. Hiroshi ligou para o meu pai alegando ter me achado muito bonita e crescida ao me ver em Mar Azul, acabando de forma lisonjeira, diga-se de passagem, com a minha vida, tal como conheço e amo.

Não, os meus pais não me deixaram exatamente de castigo.

Apenas me proibiram de dirigir o meu carro, confiscaram o meu cartão de crédito e estipularam um toque de recolher por duas semanas, o que de certa forma me prende em casa de todo modo. De acordo com eles, posso ir a faculdade, a igreja e sair com pessoas que paguem as minhas despesas e me transportem respeitando friamente as regras, o que reduz o meu ciclo ao... Henrique.

E graças a Deus pela vida dele.

Termino de colocar os pratos brancos, no exato momento em que Mari cruza a sala de jantar.

– Cat, eu não entendi – questiona, com um tom confuso. – Por que os pratos vermelhos?

– CATARINA BENEDETTO, VOCÊ NÃO OUSARIA... – É fácil detectar que o vociferar furioso proveniente da cozinha escapou entre dentes.

Adeus, mundo.

Encaro a minha irmã com olhar homicida, enquanto ela solta gargalhadas abafadas por sua mão contra a boca. Francamente, não acho inteligente ela optar por se divertir às custas da minha desgraça com tantas facas ao meu redor.

Senhor, me perdoe, mas vou assassiná-la.

Me preparo para enviar o seu espírito, quando a campainha toca. Salva pela misericórdia do Pai. Lanço meu olhar mais aterrador e caminho para entrada a passos duros.

Abro a porta e... Cristo Jesus. Dou um passo para trás, surpresa.

Seis belos rapazes estão parados diante de mim, sustentando sorrisos largos. Henrique, Matias, Tales, Arthur, Nobu e Vinicius se espremem para caberem na minha visão.

– Boa noite, minha pérola. Será que podemos conversar?

– Mas o que...

– Catarina, querida – a voz da minha mãe ressoa doce e gentil. Percebam como o poder das visitas é inegável. – São o Matias e o Henry?

Encaro a pequena multidão.

– Bom, não deixa de ser.

– Devo acrescentar mais pratos na mesa, então?

– Deve é comprar uma mesa maior.

– O que?

– Ah, nada. – Os garotos riem e percebo que os mantive do lado de fora. Ótimo, se a minha mãe descobrir, sem dúvida apressará o meu encontro com o Criador. – Por favor, entrem.

Eles cruzam a porta, animados, e passam a tirar os casacos. Esses meninos estão aprontando alguma.

– Então, rapazes – aplico o meu tom mais persuasivo na tentativa de obter uma justificativa com sentido –, a que devo a visita de... todos vocês?

Eles sorriem. Ligeiramente maquiavélicos, na minha humilde concepção.

Vinicius dá voz ao grupo.

– Nós tivemos uma ideia brilhante e precisamos da sua ajuda.

– Minha ajuda para o quê, exatamente?

Eles cruzam os braços, se entreolham e me encaram simultaneamente. Decido pesquisar mentalmente se em algum universo isso pode ser um bom sinal.

Adivinhem a reposta. Céus!

AGORA POTOF!!
Vem babado, vem bafafá, vem coisa grande por aí... E aguardem reviravoltas interessantes!
Enfim, vamos aos próximos capítulos que curiosidade não mata, mas aperreia que é uma beleza hihihi

Se está gostando dessa estória, que tal deixar uma estrelinha tão brilhante quanto você?!

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