𝐂𝐎𝐍𝐓𝐎 𝐓𝐑𝐄̂𝐒 - 𝐎 𝐔́𝐋𝐓𝐈𝐌𝐎 𝐀𝐁𝐑𝐀𝐂̧𝐎
Na pequena cidade de Elden, o outono se vestia com uma paleta vibrante de laranjas e dourados. As folhas dançavam ao vento, caindo suavemente das árvores, como se quisessem se despedir de um verão que já se ia. Ali, entre ruas tranquilas e casas de madeira, vivia Clara, uma artista cuja vida sempre foi marcada por cores e traços.
Clara se apaixonou por Felipe numa tarde ensolarada, quando os dois se encontraram em um café local. Ele era um músico sonhador, com um violão sempre à mão e um sorriso que iluminava até os dias mais nublados. O amor deles floresceu rapidamente, como as flores silvestres que brotavam nos campos ao redor da cidade. Juntos, passavam horas caminhando, discutindo sobre arte e música, e criando sonhos que pareciam infinitos.
Mas a vida, com seu jeito cruel e implacável, tinha outros planos. Um dia, Felipe começou a sentir dores constantes. Após exames e mais exames, o diagnóstico veio como um golpe: câncer. Clara ficou paralisada. O mundo que ela conhecia desabou em um instante. No entanto, a força do amor que eles compartilhavam a fez resistir. Clara decidiu que não deixaria que a doença definisse a jornada deles.
Nos meses seguintes, Clara se transformou. Cada pincelada em suas telas era uma tentativa de capturar a essência de Felipe, de preservar a beleza do amor em meio ao sofrimento. Ela pintou o brilho de seus olhos, a forma como a luz dançava em seu cabelo e a música que ecoava em sua risada. Felipe, por sua vez, escrevia músicas que falavam sobre amor e esperança, mesmo quando a dor parecia insuportável.
Conforme o outono avançava, Felipe começou a perder peso e energia. A cor de seu rosto se apagava lentamente, e as noites se tornaram longas e silenciosas. Clara não desistiu. Ela organizou concertos na cidade, arrecadando fundos para o tratamento dele e, acima de tudo, para manter a chama da esperança acesa.
Um dia, enquanto observava o pôr do sol pela janela, Felipe segurou a mão de Clara e disse: "Se eu não conseguir ficar, quero que você viva intensamente. Não deixe que minha partida te prenda." Essas palavras penetraram no coração dela como um golpe, mas ela sabia que ele tinha razão. A dor da perda era inevitável, mas o amor que compartilhavam deveria perdurar.
O inverno chegou com uma ferocidade inesperada. A neve cobriu a cidade, e a vida parecia ter desacelerado. Felipe, agora muito frágil, estava internado. Clara passava horas ao seu lado, lendo para ele e contando histórias sobre os sonhos que ainda tinham. Mas, com cada dia que passava, a luz dele se apagava um pouco mais.
Naquela manhã, enquanto a neve caía suavemente do lado de fora, Felipe olhou para Clara e sorriu. "Eu sempre estarei com você, mesmo quando não estiver aqui", sussurrou, e, naquele instante, Clara sentiu que o mundo parava. Ele fechou os olhos pela última vez, e ela sentiu a perda como um buraco imenso em seu peito.
O funeral foi uma celebração de vida. Amigos e familiares se reuniram para lembrar de Felipe, compartilhando histórias e músicas que ele adorava. Clara, em meio às lágrimas, decidiu que não poderia deixar que a dor a consumisse.
Com o tempo, ela começou a pintar novamente, agora capturando a essência da perda e do amor que perdurava. Cada obra era uma homenagem a Felipe, um lembrete de que, mesmo na ausência, o amor nunca desaparece completamente.
Os meses passaram, e a primavera finalmente chegou a Elden. Clara começou a ver a beleza nas pequenas coisas: as flores brotando, o canto dos pássaros e o sorriso dos estranhos na rua. Em seu coração, ela sabia que Felipe sempre estaria com ela. A dor da perda nunca desapareceria, mas com o tempo, ela aprendeu a carregar essa dor como parte de sua história, um testemunho do amor que eles compartilhavam.
Em uma tarde ensolarada, enquanto pintava em seu estúdio, Clara começou a trabalhar em uma nova tela. Era um retrato de Felipe, não apenas como ele era, mas como ele a fez sentir: amada, viva e, acima de tudo, esperançosa. O amor e a perda se entrelaçaram em cada pincelada, formando uma obra que falava mais alto do que palavras poderiam expressar.
E assim, Clara aprendeu que o amor verdadeiro nunca morre; ele se transforma, continua a viver nas memórias e na arte, e sempre ilumina os caminhos, mesmo nas horas mais sombrias.
Fim.
Escrito pela Autora Júlia (AutoraLorenzin)
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