O Peso do Silêncio
Aviso de gatilho: Este capítulo aborda temas sensíveis, como isolamento, baixa autoestima, autoimagem negativa e automutilação. Se você é sensível a esses tópicos, considere pular este capítulo ou garantir que está em um espaço seguro para ler. Caso precise de ajuda, procure apoio profissional ou entre em contato com serviços de apoio emocional. Você não está sozinho.
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Jake sabia que algo estava diferente. A amizade com Heeseung, antes tão leve, agora parecia sufocante. Estar perto dele fazia o coração de Jake bater mais rápido, mas não de um jeito confortável – era um ritmo ansioso, carregado de medo. A cada sorriso, a cada toque acidental, parecia que ele estava à beira de um colapso.
Para proteger a si mesmo e esconder seus sentimentos, Jake começou a se afastar. Ele evitava conversas longas, trocava de lugar na sala de aula e até mudava de rota pelos corredores da escola para evitar cruzar com Heeseung. Era mais fácil assim. Ou pelo menos era o que ele dizia a si mesmo.
— Você está estranho ultimamente — comentou Heeseung uma tarde, enquanto os dois revisavam um esboço do projeto na biblioteca.
Jake continuou olhando para o papel, fingindo não ter ouvido.
— Jake? Estou falando com você.
Ele suspirou, finalmente levantando os olhos.
— Não estou estranho. Só estou ocupado, Heeseung!
A resposta rápida e fria fez o silêncio crescer entre eles. Heeseung olhou para ele com uma mistura de frustração e preocupação, mas decidiu não insistir.
— Certo. Se você diz...
Jake sentiu um aperto no peito ao ver a expressão no rosto de Heeseung, mas manteve sua fachada. Ele sabia que, quanto mais perto Heeseung chegasse, maior seria o risco de descobrir os sentimentos que ele escondia a todo custo.
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Nos dias seguintes, Jake se isolou ainda mais. Ele passava os intervalos sozinho no fundo do pátio ou trancado em um banheiro vazio. Em casa, o isolamento continuava. Ele se fechava no quarto, alegando que precisava estudar, mas, na verdade, passava horas olhando para o teto, perdido em pensamentos que o consumiam.
As noites eram as piores. Era quando o silêncio ficava ensurdecedor e os pensamentos mais sombrios ganhavam força. Ele se olhava no espelho, buscando alguma coisa que pudesse odiar menos em si mesmo, mas tudo que via eram falhas.
Certa noite, após um jantar em que mal conseguiu engolir a comida, Jake trancou-se no quarto e sentou-se no chão ao lado da cama. As palavras dos colegas, os olhares de julgamento que ele achava que recebia e a pressão de esconder quem ele era pareciam esmagá-lo.
Sem pensar, pegou um estilete de sua gaveta. Era uma ferramenta que ele usava para cortar materiais nos projetos escolares, mas, naquele momento, parecia a única maneira de aliviar o peso que sentia.
Jake hesitou por um instante, mas então passou a lâmina devagar pelo braço. A dor era aguda, mas, ao mesmo tempo, trazia um estranho alívio, como se, por alguns segundos, ele tivesse controle sobre algo. Ele observou o pequeno fio de sangue escorrer e sentiu uma mistura de culpa e alívio.
Quando terminou, limpou o corte com cuidado e puxou a manga do moletom para escondê-lo. Ele sabia que aquilo não era certo, mas, naquele momento, parecia a única coisa que o ajudava a suportar.
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Na escola, Heeseung continuava tentando se aproximar.
— Jake, me diz o que está acontecendo. Eu sei que tem algo errado — insistiu durante um intervalo, pegando Jake de surpresa em um canto mais isolado do corredor.
Jake desviou o olhar, os ombros tensos.
— Não tem nada errado. Só me deixa, Heeseung.
O tom seco e defensivo fez Heeseung recuar, claramente magoado.
— Tudo bem... Se você quer que eu me afaste, eu me afasto.
Jake observou Heeseung sair e sentiu o estômago revirar. Ele sabia que estava empurrando a única pessoa que se importava com ele para longe, mas parecia não ter outra escolha. Quanto mais próximo Heeseung chegava, mais perto ficava de descobrir a verdade.
Naquela noite, Jake encarou o estilete novamente, como se fosse um amigo silencioso. Ele não queria continuar, mas, ao mesmo tempo, sentia que era a única maneira de lidar com a dor que carregava sozinho. O peso de esconder quem ele era, o medo do julgamento e o vazio que sentia eram demais para suportar sem um escape, por mais destrutivo que fosse.
Enquanto limpava o corte recém-feito, Jake se perguntou se um dia conseguiria sair daquele ciclo. Por enquanto, tudo que ele podia fazer era continuar fingindo que estava bem, mesmo quando cada parte de seu ser dizia o contrário.
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