Capítulo 15
Dias ruins
—Já fazem três dias que ele não vem para a aula e nem aparece nos treinos, fui na casa dele ontem e ele não estava lá... – Ethan fala e olha para o celular preocupado. Fazem exatos três dias que Josh não vem para aula e nem responde as mensagens que deixamos, no começo achamos que ele estava triste e por isso tinha faltado, depois Ivi e eu achamos que ele poderia estar doente, até que Ethan foi na casa dele chama-lo para vir para a aula e não encontrou ninguém.
Então resolvemos aproveitar que não teríamos a aula de biologia para sentarmos em um círculo e começar a cogitar todas as possibilidades possíveis.
As mensagens que mandamos para Josh não chegavam a ser recebidas, as ligações, caiam direto na caixa postal e seu silencio começou a me fazer cogitar que Josh estivesse prestem a desistir de tudo, até mesmo de sua vida. Encarar essa possibilidade fazia meu coração doer.
— O que vamos fazer? – Ryan pergunta passando as mãos pelos cabelos
— Vocês já tentaram falar com o Nico? Talvez ele esteja lá – Falo sentada com as pernas dobradas a as mãos no joelho
—Falei com ele ontem durante o treino, ele disse que Josh não apareceu e que não respondeu as suas mensagens – Ivi fala e solta um suspiro
—Talvez ele tenha ido para casa de algum parente dos pais dele – Ryan fala
— Os parentes dele moram longe daqui – Falo e os olhos de Ivi enchem de tristeza
—Será que ele foi embora em se despedir? – Ivi pergunta abaixando o olhar
— Ele não iria embora sem se despedir da gente – Ethan fala tentando nos acalmar
— O que você acha Samy? – Ryan pergunta e eu respiro fundo
— Acho que ele não iria embora sem nos avisar...temos que achar ele – Falo e o sinal para sairmos da escola toca e levantamos para ir para casa
Antes de ir para casa, passei na casa de Josh, bati algumas vezes até a vizinha falar que ele tinha saído com uns amigos no começo da semana e que não tinha voltado, quando perguntei se ela conhecia esses amigos, ela disse que nunca os tinha visto antes, mas que não pareciam ser muito amigáveis, mandei mensagem para Ryan e Ethan falando sobre isso assim que cheguei em casa.
Durante o treino Sensei Klaus perguntou sobre Josh, Ivi me ajudou a inventar uma doença que justificasse a sua falta aos treinos e aparentemente ele acreditou. Minha mente e meu coração concordavam que, mentir para ele, era errado, porém, Josh valia a mentira e a bronca que viria quando o achássemos, meu medo, também cercava meus amigos, se Josh realmente estivesse encrencado, precisávamos achar ele antes que algo pior acontecesse, e encontrar ele estava parecendo cada vez mais distante.
A três noites atrás, meus fantasmas haviam retornado para me assombrar, para me fazer lembrar de tudo que tentei esquecer em três anos, agora uma onda de dias ruins pareciam estar chegando novamente, como uma tempestade, que machucaria pessoas com suas frieza eu a conhecia bem, conhecia a dor que ela era capaz de causar, mas Josh, Josh estava vivendo em meio a breve trégua que ela lhe deu, e agora ela estava prestes a desabar novamente, eu não sabia se seria apenas uma tempestade que faria mais barulho do que feridos ou se seria silenciosa como a saudade e destruiria corações.
Ryan insistiu em ir comigo até em casa, quando cheguei, minha mãe estava terminando de arrumar a bolsa para mais uma noite de plantão no hospital local, depois de me despedir dela com um abraço, entrei no banho e confesso que demorei mais do que o esperado, a preocupação e o medo não me deixaram sozinha nem no banho, depois de pentear meus cabelos enquanto olhava as redes sociais de Josh, andei até a cozinha e coloquei meu prato de panquecas no micro ondas, meu celular começou a tocar no mesmo instante.
**Ligação...**
Samy: Alô?
Josh: S.S. Samy
Samy: Josh, onde você está? Você está bem?
Josh: Pre...preciso de ajuda Samy ...
Samy: me fala onde você está ...
(Silencio...)
Samy: Josh....Josh....
Josh: estou...em...casa
Samy: eu chego em cinco minutos, tente ficar acordado
**Ligação encerrada...**
Quando Josh desligou o telefone, corri para fora a porta de casa, tranquei ela e comecei a caminhar em direção a casa de Josh, enquanto caminhava rapidamente, disquei o número de Ivi no meu celular, Ivi atendeu no terceiro toque.
Liguei para Ivi e contei a ela sobre a ligação, a mesma chamaria a ambulância e iria para a casa do Josh assim que possível.
Guardei o celular no bolso e comecei a correr em direção a casa de Josh, quando cheguei, notei que a janela havia sido quebrada, girei a maçaneta da porta e a abri ela, escutei uma tosse de leve vindo da cozinha, corri até ela.
Minhas pernas pareceram não ter forças para lidar com a situação que vi diante de meus olhos, Josh estava sentado no chão da cozinha encostado na parede, seu rosto estava com hematomas roxos e sua boca sangrava bastante, quando tossiu pela segunda vez, cuspiu sangue no chão da casa, suas mãos machucadas estavam em cima da sua costela direita e sua roupa totalmente ensanguentada.
—Josh... – Falo tocando seu rosto, ele apenas gemeu de dor
—Samy... – Josh fala com dificuldade
— Calma...Ivi já deve ter ligado para a ambulância – Falo sentando ao lado de Josh e apoiando sua cabeça no meu ombro
—SAMY! – Escuto Nico gritar da porta
—NA COZINHA! – grito de volta
A expressão de Nico ao ver Josh foi ainda pior que a minha, Nico me olhou esperando uma resposta que eu não poderia dar a ele naquele momento. Minutos depois a ambulância finalmente chegou, Nico que estava na frente da casa de Josh, guiou os paramédicos até onde Josh estava, um dos médicos fez sinal para que eu saísse de perto de Josh, segui suas instruções e fui para fora da casa com Nico, enquanto os médicos davam instruções entre si, liguei para minha mãe e disse que Josh estava ferido e seria encaminhado ao hospital, ela me garantiu que estaria com a sua equipe a nossa espera.
Minutos depois os paramédicos levaram Josh para a ambulância na maca, Nico foi até sua moto sem dizer uma palavra, entrei na ambulância junto com os paramédicos, sentei ao lado de Josh e segurei sua mão até chegarmos no hospital.
A expressão no rosto da minha mãe ao ver Josh desacordado na ambulância, mudou completamente, ao lado dela estavam dois enfermeiros e o Doutor Hall, os olhos dele também pareciam preocupados quando pararam em Josh, Josh soltou alguns gemidos ao ser tirado da ambulância.
—Tudo bem-querido, vamos cuidar de você – minha mãe fala com os olhos atentos em Josh
— Preparem a tomografia ... – O Doutor Hall fala e começa a dar ordens para os enfermeiros
Nico já estava sentado na sala de espera quando entrei atrás dos médicos que levavam Josh, quando comecei a andar em sua direção ele levantou e me deu um abraço apertado, apoiei minha cabeça no seu ombro e deixei seu perfume invadir minha mente, Nico suspirou e me abraçou mais forte.
Quando finalmente me acalmei, meus olhos encontraram os de Nico por longos segundos até que eu me soltasse de seu abraço, confesso, que senti falta da calma de seu abraço no instante que o soltei e caminhei em direção a cadeira na sala de espera. Nico sentou ao meu lado e depois de passar as mãos pelos cabelos e soltar um longo suspiro finalmente perguntou.
— Como você soube que ele precisava de ajuda – Nico fala se referindo a Josh
— Ele me ligou, falou que estava em casa e que precisava de ajuda, sai correndo de casa e no caminho liguei pra Ivi...foi ela quem chamou a ambulância, e provável que deve ter chamado você também – Falo e ele suspira
— Ela me ligou, pediu para que eu fosse para casa dele te ajudar – Nico fala e eu forço o sorriso
Trinta minutos depois ouvi os passos de uma das enfermeiras que estavam com a minha mãe vindo em nossa direção.
— Acompanhantes do paciente Josh Aniston! – A enfermeira me chama e eu levanto o olhar para ela
— Ele está bem? – Pergunto indo até ela
— O que aconteceu com ele? – Nico pergunta parando ao meu lado
— O estado que Josh chegou era preocupante, por isso levamos ele para a tomografia, seu amigo fez o uso de algumas substancias .... ele também quebrou quatro costelas e teve uma hemorragia interna, Doutor Hall e a Doutora Salt Berg, estão com ele na sala de cirurgia para tentar controlar a situação, a Doutora me pediu para que eu viesse dar notícias para vocês – A enfermeira fala e abaixa seu olhar novamente em direção a prancheta em suas mãos
—Tem previsão para a saída dele da cirurgia? – Nico pergunta
— Ainda não querido, tudo que vocês podem fazer agora é torcer para que ele consiga resistir a cirurgia – a enfermeira fala e eu suspiro segurando as lagrimas
—Nico... – Falo me virando e abraçando o mesmo, Nico retribuiu na mesma hora em que o abracei, segurei as lagrimas até voltarmos as cadeiras da sala de espera, só então, me permiti chorar enquanto o abraçava, sentei a respiração de Nico pesar durante o tempo que ficamos abraçados, e então, quando escutei seus soluços, percebi que ele também se permitiu deixar de ser forte e desabar por alguns instantes. Ali, sentados em uma sala de espera de um hospital, esperando que nosso amigo saísse vivo da sala de cirurgia, nos permitimos encarar nossos medos e deixar que o outro os visse também. Nos mantemos abraçados para que lembrássemos de que, apesar de estarmos lidando com nossas próprias mentes, não estávamos mais sozinhos, pelo menos não naquele momento, não quando nossos corações voltaram a sentir medo, naquele momento, o abraço nos reconfortou, sem magoas, por mais que soubéssemos que elas estavam dentro de nós em algum lugar, nos permitimos dar apoio um ao outro, em meio ao silencio de corações barulhentos.
Minutos depois, resolvemos sair do abraço, entretanto, Nico entrelaçou nossas mãos, não me afastei de seu toque, pelo contraio, me permiti deixar que ele fosse reconfortante, apoiei minha cabeça em seu peito quando Nico encostou a cabeça na parede, e ali, vulneráveis, dominados pelo medo, nos permitimos sentir tudo sem falar nenhuma palavra.
Conheço Josh desde que tinha dez anos, quando seus cabelos ainda eram compridos e eu cismava em fazer tranças neles durante as aulas, naquela época ainda não entendíamos o que era ser forte, nossas únicas preocupações envolviam, brigar para ser um dos Power ranger, Josh sempre escolhia o Power ranger preto pois dizia que ele era o mais forte de todos, eu no entanto, sempre escolhia a amarela, pois ela sempre era a melhor amiga do preto e também aquela que colocava a amizade e as pessoas que amava a cima de tudo.
Com o passar dos anos, Josh e eu crescemos, e Josh realmente se tornou mais forte que eu, Josh sempre foi a pessoa que recorri nas horas em que senti medo ou que precisei de um colo, mas algo em minha mente, gritava que quando esses momentos chegaram para Josh, eu estava ausente.
Quando cai de bicicleta pela primeira vez, Josh correu até mim e disse que se eu chorasse alto, todos iriam ouvir, e que, a dor iria parecer maior do que era, depois de falar isso, Josh me ajudou a levantar, limpou minhas lagrimas e me convenceu de tentar novamente, quando tentei, não voltei a cair e comemoramos tomando sorvete e comendo a torta de limão que sua mãe havia feito antes de nos levar ao parque. Depois de tantos anos, as palavras de Josh finalmente fizeram sentido e ecoaram em minha mente, durante longos minutos, o seu breve silencio, também começava a fazer sentido, Josh era o tipo de pessoa que raramente chorava, raramente permitia que as pessoas o visem desabar e eu passei a admirar isso ao longo de nossa amizade, era isso que tornava Josh, diferente de todos nós, era isso que o tornou tão forte em minha mente, mas talvez, em algum lugar dentro dele, algo estivesse tão destruído, que fez ele finalmente, se permitiu desabar e ficar de frente para a escuridão que havia dentro dele.
Ter uma amizade como a de Josh na minha vida, parecia ter trago a ela uma pequena âncora, nos momentos em que minha tempestade desabou e eu pareci querer ir com ela, Josh se manteve firme e me fez encontrar uma esperança de que, por mais que a tempestade machucasse, teria algo bom no final dela.
Nesse momento Josh estava enfrentando a própria tempestade, e meu maior medo, era que ela tivesse finalmente conseguido cegar seus olhos com a tristeza e feito com que ele esquecesse de encontrar uma esperança e que, por mais que eu quisesse, talvez, minha amizade não fosse o suficiente para ajudá-lo a enfrentar e manda-la embora, prometi a mim mesma que se Josh saísse da sala de cirurgia com vida, eu jamais o deixaria sozinho de novo.
As horas pareciam passar mais devagar na sala de espera, o barulho do relógio se misturava com o barulho da porta que se abria para a entrada e a saída de pessoas, as vozes dos médicos e enfermeiros se misturavam com as dos pacientes.
Quando Josh fez doze anos, ele me convenceu os pais dele de que queria ir para um acampamento de férias, e os pais dele, naturalmente convenceram minha mãe a me deixar ir junto.
No meio da primeira noite, após sermos divididos entre meninos e meninas e montarmos as barracas, fomos dormir sozinhos em nossas barracas, mas antes de nos separarmos, Josh me garantiu de que, seu eu sentisse medo, poderia piscar minha lanterna três vezes do lado de fora da barraca, que ele iria acordar e vir até mim, eu estava quase dormindo quando ouvi um pequeno sussurro vindo do lado de fora da minha barraca, em seguida, a luz de uma lanterna piscando iluminou o lado de fora da minha barraca.
Quando abri o zíper que impedia que bichos entrassem na barraca, vi Josh enrolado em seu cobertor de Super. Heróis, segurando a lanterna em suas mãos. Os olhos de Josh estavam marejados e seu rosto vermelho por conta do choro, fiz sinal para que ele viesse para a minha barraca, sem excitar, Josh entrou e se deixou no colchão em que eu estava.
Naquela noite, Josh disse que tinha sido uma péssima ideia ir para aquele acampamento, e que estava com medo, quando deitamos no colchão disse a ele que ele poderia segurar a minha mão até dormir e que na manhã seguinte eu ligaria para os nossos pais irem nos buscar, Josh não soltou minha mão até que finalmente pegasse no sono e na minha seguinte, Josh desistiu de ir para casa e disse que eu ter segurado sua mão durante a noite, o ajudou e perder o medo e ser forte para lutar contra ele.
Esse foi o motivo de eu não ter largado a mão de Josh quando estávamos na ambulância, queria que Josh soubesse que não estava sozinho e que mesmo que a dor fosse grande, ele tinha que lutar contra ela e poderia lance-la.
Cinco minutos depois, fechei meus olhos e me permiti dormir, com esperança de que quando acordasse Josh estivesse bem e que tudo isso fosse apenas um pesadelo.
....
—Nico Santini! Que droga você está fazendo de mãos dadas com essa garota! – escuto a voz de Ryana ecoar pela sala de espera
—Ryana, estamos em um hospital! – Nico fala, mas ela o interrompe
—Dane-se se o Josh está mal, já falei que ela não é uma pessoa boa! – Ryana fala quase gritando
— Se ainda quiser minha amizade, sugiro que vá embora Ryana – Nico fala leva Ryana até a saída do hospital
Ryana saiu do hospital furiosa com Nico, quando ele voltou a se sentar ao meu lado, ficou me olhando por alguns segundos.
—Desculpa por isso – Nico fala apoiando as mãos nos joelhos
—Tudo bem, ela está certa, não deveríamos estar de mãos dadas – Falo sem olhar em seus olhos
—Não Samy, eu quero ficar aqui, com você, e um dia a Ryana vai deixar essa raiva de lado! – Nico fala.
Minutos depois Ivi e Ryan entraram pela porta do hospital, o rosto de Ivi estava vermelho e os olhos de Ryan estavam tristes, eu diria, que eles refletiam o medo que todos estávamos sentindo.
— Vocês já têm notícias? – Ivi pergunta me abraçando
—Tudo que sabemos é que ele está na sala de cirurgia! – Falo e os olhos de Ivi começam a encher de lagrimas
— Ele vai ficar bem não vai? – Ryan pergunta
— Esperamos que sim – Nico fala
A preocupação estava estampada em nossos rostos o tempo todo, cada minuto sem notícias sobre Josh se tornava mais aterrorizante, Ivi se sentou ao meu lado e Ryan ao lado de Nico. Ivi chorou durante alguns minutos e quando finalmente parou, Ivi começou a fazer tranças no meu cabelo, não reclamei, pois sabia que essa era a maneira dela de lidar com a tristeza
Quando Ivi Rosewood fica triste demais, mas não se permite chorar, ela começa a tentar fazer algo para esquecer que está prestes a desabar, vi suas lagrimas escorrendo pelo rosto enquanto ela fazia a terceira trança, virei para ela e a abracei, Ivi começou a chorar no mesmo instante.
— Ele vai ficar bem Ivi, Josh é mais forte do que podemos imaginar – Falo e ela concorda entre soluços
— Ele precisa ficar – Ivi fala e continua chorando
As 02:45 da manhã, Ivi estava com a dormindo com a cabeça no colo de Ryan, que tomava seu quinto copo de café, minha mãe finalmente andou em nossa direção.
—Mãe! – Falo levantando da cadeira, Nico, Ryan e Ivi fazem o mesmo
— Por favor, diz que Josh está bem – Ivi fala com os olhos atentos novamente
— Posso dizer que o pior já passou, tivemos algumas pequenas complicações durante a cirurgia mas conseguimos controlar a hemorragia, as costelas estão engessadas mas irão ficar bem – minha mãe fala e todos nos suspiramos aliviados
— A gente pode ir ver ele? – Ryan pergunta
— Vamos levar ele para o quarto no CTI daqui a meia hora, eu vou mandar alguém chamar vocês para irem ver ele – minha mãe fala
— Obrigada por ter cuidado dele mãe – Falo e ela sorri
— Bom, preciso que alguém vá até a casa dele e pegue algumas roupas leves, ele vai ficar pelo menos quatro dias em observação e vai precisar de roupas – minha mãe fala e volta para seus atendimentos
— Samy, pode ser você e o Nico? – Ivi pergunta nos olhando
— Claro – Nico fala e eu apenas concordo com a cabeça
— Então andem logo, tenho que avisar o Ethan, ele está em casa cuidando da irmã mais nova – Ivi fala e sorri para ela
— Vamos Samy? – Nico pergunta
— Vamos – Falo e andamos até a saída do hospital
O ar gelado da madrugada me fez tremer de frio no caminho até a moto, quando chegamos nela, Nico tirou sua jaqueta de couro e colocou por cima dos meus ombros.
— Veste ela – Nico fala e eu o encaro
—Mas, você vai ficar com frio – Falo e ele sorri de lado
— Eu gosto do frio e prefiro que você use ela – Nico fala e eu coloco sua jaqueta. Quando Nico estacionou em frente à casa de Josh, desci da moto e caminhei a frente de Nico, acendi a luz do quarto de Josh, fitei as garrafas de bebida espalhadas pelo chão e sua cama totalmente revirada, suspirei e abri seus guarda roupas para achar roupas confortáveis.
Nico me ajudou a arrumar as coisas de Josh para levar para o hospital, em si, peguei muitos pijamas, pois sabia que era o que ele usaria só isso durante os dias que iria ficar no hospital.
Quando Nico e eu chegamos novamente no hospital, uma enfermeira nos guiou até o quarto dele no CTI.
Na porta do quarto de Josh estava o número 302, ao entrar nele, vimos Ryan sentado em uma poltrona para acompanhantes e Josh na maca, seu rosto estava pálido e seus hematomas pareciam mais roxos agora, a máscara de oxigênio estava o ajudando a respirar sem dificuldade, suas mãos estavam cobertas por curativos de hospital, no seu braço direito estava a mangueira de soro, Josh vestia apenas a calça do hospital em um tom verde-claro e estava sem camisa por conta do gesso em volta das suas costelas.
— Oi, o Doutor Hall, disse que ele só deve acordar amanhã pela manhã, Ivi precisou ir para casa, o Doutor também pediu para que um de nós fique com ele durante a noite – Ryan fala da cadeira
— Eu fico com ele – Falei chegando mais perto da maca de Josh e passando as mãos por seus cabelos
—Tudo bem, mas se algo acontecer, nos ligue imediatamente – Nico fala
—Mais nada de ruim vai acontecer com ele – Falei e Nico concorda
Ryan se despediu de Josh e disse que iria para casa de taxi, Nico ficou mais alguns minutos olhando para Josh e me ajudando a guardar as coisas que pegamos na casa dele no pequeno armário que havia em seu quarto, depois de terminarmos, Nico decidiu ir embora, ele já estava no corredor quando abri a porta do quarto de Josh depressa.
—Nico! – Chamo ele
— Oi – ele fala parando e se virando para mim, ando até ele e tiro sua jaqueta que eu ainda estava usando
—Sua jaqueta – Falo esticando a mão para que ele a pegue da mesma
Nico não pegou a jaqueta mas segurou minha mão, quando abri a boca para protestar e questionar seu toque, ele passou sua outra mão em volta da minha cintura e fez com que eu chegasse perto o suficiente para escutar sua respiração acelerada, e então, seus lábios tocaram os meus, retribui o beijo ainda tentando entender o que estava acontecendo, quando paramos o beijo, fitei os olhos de Nico, ele sorriu, passou a mão no meu rosto, pegou a jaqueta e saiu do hospital, me deixando de coração acelerado e cada vez mais confusa sobre meus próprios sentimentos e como fugir deles.
Quando sentei na cadeira ao lado de Josh, passei alguns minutos mexendo em seu cabelo enquanto ele dormia calmamente, ali, vendo Josh sendo monitorado por maquinas, machucado, deixei algumas lagrimas solitárias escorrerem pelo meu rosto e então, segurei sua mão como havia feito naquela noite no acampamento, agora, não sei se Josh sentia medo de algo, mas eu, sentia medo de perder meu melhor amigo novamente, dessa vez, sentia medo de não o perde-lo temporariamente e sim, para sempre.
Antes de fechar os olhos para dormir, entendi que alguma coisa em Josh estava em guerra, que sua tempestade tinha trago dias ruins a sua vida, e prometi a ele, mesmo que ele não tivesse consciência de tal promessa, que o ajudaria a vencer a guerra que ele travava dentro de si e que jamais estaria sozinho novamente.
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