Capítulo 14
Os olhos de Nico cruzaram com os meus quando virei e andei até onde eles estavam, seus olhos estavam, pela primeira vez, indecifráveis.
— O que é isso na sua mão? – Josh pergunta
—Machuquei – Falei me sentando na calçada junto a eles
— Que porra você estava fazendo com o Mayson, Samy? – Ivi pergunta me olhando com seu olhar, eu diria, que severo
—Mayson me viu no corredor da escola...ele me ajudou – respondo desviando o olhar severo de Ivi
—tem certeza que você se machucou sozinha Samy? – Ethan pergunta olhando para as faixas nas minhas mãos
— Claro que ela se machucou sozinha, do Mayson, ela não tem medo...pelo menos não dele – Nico fala e revira os olhos
— Por que você se importa tanto com ela? – Ryana pergunta olhando seria para Nico, Sensei Klaus chegou e Nico levantou e lançou seu olhar mais duro em minha direção
— Eu não me importo – Nico fala e entra no Dojô logo atrás do Sensei
Ryana estava arrumando o cabelo quando seu olhar raivoso se direcionou a mim, desviei o olhar e me concentrei em trocar de roupa, Ryana não saiu do vestiário até que eu e Ivi estivéssemos prontas para sair.
—Ivi querida, você pode me deixar a sós com a Samy? – Ryana perguntou, mas sua voz fez Ivi entender que não se tratava de um pedido.
— Claro, vejo vocês no tatame meninas – Ivi fala com ironia e revira os olhos ao sair
— Olha aqui garota, não sei o que você e o Nico tiveram e muito menos o que ele viu em você, fique bem longe dele, não queremos outra morte na equipe! – Ryana fala e eu a encaro
—Ryana, você e eu sabemos que Nico e eu não tivemos nada e pode ficar tranquila, a decisão de ficar longe do Nico foi minha – Falo e saio do vestiário com a pior expressão possível, Sensei Klaus me fitou por alguns segundos depois que subi no tatame, mas não falou nada
Durante os alongamentos, Ivi ficou ao meu lado e logo começou a sussurrar
—Samy, oque Ryana queria com você? – Ivi pergunta e eu me obrigo a sorrir com tamanha curiosidade vindo dela
— Ela queria me mandar ficar longe do Nico – Falo e Ivi me encara
—Samy, Nico Daria tudo para ficar com você e você sabe! – Ivi fala e eu bufo
—Ivi, a decisão de ficar longe dele foi minha! – Falo e escuto o Sensei Klaus forçar uma tosse
—Meninas, querem dividir o assunto com o resto da equipe? – Sensei Klaus fala nos olhando
—Desculpa Sensei – Falo e ele concorda com a cabeça
— Que não se repita – Sensei Klaus fala e continua o treino
Depois que o treino acabou, convenci Ivi de que ela não precisava me levar em casa e que eu chegaria viva se fosse andando, ela riu e disse que iria me deixar ir pois sabia que eu precisava pensar, se tem uma coisa que odeio em Ivi é o fato dela me conhecer como a palma da sua mão. Assim que sai do vestiário e passei pela porta, alguém puxou meu braço me fazendo olhar para trás imediatamente.
— Quer companhia para ir á casa? – Ryan pergunta e eu sorrio para ele
—Não precisa Ryan – Falo e ele me abraça
—Ryan eu te amo, mas está tudo bem, não se preocupa, eu fico melhor sozinha – Falo e Ryan sorri
— Enquanto eu viver, você nunca vai estar sozinha Samy – Ryan fala e eu o abraço ainda mais forte
—Me promete? – Falo colocando meu dedo mindinho a nossa frente
— Prometo! – Ryan fala entrelaçando nossos dedos
— Posso ir? – Pergunto e ele sorri
—Deve, se cuida! – Ryan fala e eu me despeço dele com mais um abraço e começo a andar em direção a minha casa.
No caminho de volta para casa, meus pensamentos voaram até Nico, até suas palavras de hoje mais cedo, "ela não tem medo, pelo menos não dele" e por algum motivo só agora elas me atingiram, o fato de Nico ter feito o que eu pedi, fez algo em mim doer.
Minha mente gritava que eu tinha tomado a decisão certa ao deixa-lo ir embora e
Talvez ela estivesse certa, talvez eu realmente acabasse machucando Nico ainda mais, talvez eu estivesse destruída demais para pedir para Nico ficar e por isso o mandei embora e ele foi.
Mas mesmo com a minha mente gritando tantas coisas, ela dificilmente conseguia fazer meu coração concordar com seus pensamentos.
Quando deitei na cama meus pensamentos voaram novamente, dessa vez, foram parar em Louis, eu sentia sua falta todos os dias, mas a noite, o vazio que ele deixou começava a ficar mais claro e isso doía ainda mais, meu coração gritava que Louis deveria estar vivo, e que se estivesse tudo ficaria bem, por que ele me protegeria do mundo e do mal que ele tem a oferecer, Louis se foi a três anos, mas a dor que eu sentia parecia ainda ser recente.
Tentei não lembrar de como era bom ouvir o som da sua risada, como era seu rosto ao acordar pela manhã, como era bom sentir os seus abraços quando tudo parecia desmoronar e eu juro, que tentei não lembrar, da última vez em que o ouvi dizer que me amava, mas eu falhei em não lembrar dessas memorias, elas eram boas, me faziam o amar ainda mais, e não poder viver mais momentos como esses ao seu lado, me fazia querer chorar ainda mais, entre soluços, por alguns minutos, permiti que a ferida que estava quase cicatrizada no meu coração se abrisse novamente, permiti que a dor voltasse enquanto as lagrimas escorriam, me permiti parar de ser forte por algumas horas, me permiti chorar, por saudade e por medo, medo por saber que momentos ao lado dele não voltariam a acontecer, medo por não poder o ter por perto e por saber que eu não o teria, mesmo que quisesse, mesmo que precisasse, a saudade que Louis causava poderia me fazer querer não viver e as vezes, no meio de noites como essas, onde meus fantasmas retornavam, onde as dores vinham à tona, eu permitia que ela vencesse.
Na manhã seguinte, acordei com o rosto inchado por conta do choro, me obriguei a levantar da cama e ir até o banheiro para lavar o rosto, minha mãe me fitou durante o café da manhã e excitou antes de falar.
—Filha, está tudo bem? – Minha mãe pergunta semicerrando os olhos
— Claro mãe – Falo forçando o sorriso
—Filha, eu ouvi seus soluços durante a noite. – Minha mãe fala e faz uma pausa esperando que eu respondesse
— Eu estou bem mãe, não foi nada – Falo e minha mãe semicerra os olhos novamente — Você nunca chora por nada Samy Salt Berg – minha mãe fala passando a mão em uma mecha do meu cabelo
— Vi Violet ontem, ela cantou na abertura da semifinal de futebol americano – Falo e minha mãe muda seu semelhante
— A irmã de Louis? – Minha mãe pergunta curiosa
— Ela mesma... – Falo respirando fundo
— Acho que isso justifica você chamar por ele ontem à noite durante o pesadelo – minha mãe fala e eu levanto da mesa forçando o sorriso
*Flashback on*
Os olhos de Louis cruzaram com os meus novamente, seu cabelo balançava com o vento que fazia na praia, sua pele parecia mais branca e seu sorriso formou covinhas quando ele andou na minha direção, meu coração acelerou ainda mais quando seus braços me envolveram em um abraço, respirei fundo, deixando as lagrimas escorrerem pelos meus olhos, escutei a risada dele enquanto sua mão fazia carinho no meu cabelo, abracei ele ainda mais forte. Horas depois estávamos sentados em frente ao mar, olhando o sol de pôr, os olhos de Louis tinham um brilho que trazia paz e segurança ao meu coração, beijei seu rosto mais uma vez antes de fechar os olhos e o beijar novamente, quando paramos, Louis pediu que eu deitasse em seu peito, deitei e o abracei, adormeci sentindo sua mão mexer no meu cabelo e ouvindo seu coração bater.
....
Acordei com esperança de que Louis ainda estivesse ao meu lado, mas meu coração doeu ainda mais quando virei para o outro lado da cama e não o vi, abracei meu travesseiro e me deixei chorar ainda mais, em meio as lagrimas quis que Louis voltasse, mesmo sabendo que ele jamais poderia, abri a janela deixando o vento frio da manhã entrar, sentir o vento frio em meus rosto me fazia sentir que a ferida ainda estava aberta, puxei as cobertas até o pescoço e deixei as lagrimas escorrerem até que eu voltasse a dormir.
*Flashback off*
Antes de sair de casa, coloquei um moletom preto por cima do uniforme da escola e limpei as lagrimas que insistiram em escorrer pelo meu rosto, minha mãe estava sentada no sofá quando passei por ela, antes de colocar os fones de ouvido para sair de casa, olhei para ela por alguns segundos.
—Mãe! – Chamei ela me olhou
—Fala – minha mãe responde concentrada no jornal
—Não foi um pesadelo – Falo e saio de casa colocando os fones.
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