Capítulo 08
Meus fantasmas
Assim que o despertador tocou eu sabia que as coisas ficariam estranhas hoje, sempre ficam nessa data, o aniversário de morte de Louis não era lembrado por muitos, mas infelizmente eu não conseguia tirar essa data da minha cabeça, o dia 18 de setembro era sempre o dia em que a ferida que ficou quando Louis se foi e hoje era o dia em que ela voltava a doer, minha mãe não comentava mais sobre o assunto, ela sabia o que aconteceria, e como eu ficaria o dia todo, infelizmente eu não poderia esquecer que ele se foi, mas o que mais dói é o fato de que eu não queria lembrar dessa data, eu queria que essa data não fosse marcada por isso, queria poder fazer com que ela não existisse, mas infelizmente, ela existe pra me lembrar todos os anos que ele se foi pra sempre.
Encontrei com Josh no caminho para faculdade, conversamos um pouco antes da aula começar, Ivi sentou ao meu lado mas não falou nada durante as aulas, Ivi é esperta o suficiente pra saber que se ela perguntasse eu diria que estava tudo bem, e ela mesmo sabendo que eu estaria mentindo, tentaria achar outro assunto para conversarmos, Ethan e Ryan tentaram me distrair a manha toda, por algumas horas eu estive melhor do que nos três anos anteriores, até ter que voltar pra casa sozinha de novo, mandei mensagem para a minha mãe falando que me atrasaria pro almoço, não precisei falar o motivo, ela sabia qual era, desviei o caminho de volta pra casa na floricultura que ficava a duas quadras do cemitério, comprei uma rosa branca e uma vermelha, segurei as lagrimas, coloquei o capuz e entrei no cemitério, andei no meio dos túmulos até ver a única arvore que existia no cemitério todo, Louis sempre disse que era irônico existir algo tão cheio de vida no meio de tanta morte, no tronco da arvore havia uma pequena placa pendurada onde estava escrito "memorial em homenagem a Louis Clark", fitei a placa por alguns instantes, nos primeiros meses as pessoas encheram o chão de homenagens, agora só restavam três fotos cheias de poeira, limpei uma delas, de todas as fotos de Louis, essa nunca deixou de ser a minha preferida, ele estava sorrindo como uma criança, com as mãos na barriga, mesmo depois de quatro anos, a foto não deixou de ser linda, algumas lagrimas escorreram pelo meu rosto, não olhei as outras fotos, sabia o efeito que elas teriam assim que eu as olhasse, três passos à frente ficava o tumulo de Louis, me ajoelhei ao lado da lapide onde estava escrito " * 1991 – 2020* Louis Clark, filho amado e amigo querido" respirei fundo e coloquei as rosas em cima da grama perto da lapide, as lagrimas aumentaram, respirei fundo de novo, fechei os olhos e o imaginei ali, bem na minha frente, me olhando serio como só ele sabia fazer.
—Naquela noite, queria poder ter dito que te amava pela última vez – Falo e saio correndo
Louis tinha um espaço muito grande dentro do meu coração e quando ele se foi o vazio ficou, essa data servia para me lembrar que esse vazio, não seria mais preenchido por ninguém.
Ouvi o barulho de uma moto se aproximando, mas não olhei para trás, até o motoqueiro começar a diminuir a velocidade e ficar bem ao meu lado, olhei e dei de cara com os olhos do Nico através do capacete, que estava com a viseira aberta, limpei as lagrima que ainda estavam escorrendo pelo meu rosto, mas era tarde demais para negar que eu estava chorando.
— Quer carona? – Nico pergunta estendendo a mão com o capacete
— Acho melhor não – Falo e ele me encara
— Vem Samy, não precisamos conversar, te deixo em casa em menos de cinco minutos – Nico fala e eu pego o capacete e subo na moto, Nico pega minhas mãos e coloca em volta de sua cintura.
Em menos de cinco minutos Nico estacionou na frente da minha casa, desci da moto e Nico fez o mesmo se apoiando nela, tirei o capacete e entreguei para ele
— Obrigada Nico – Falo e ele larga o capacete, segura o meu pulso e me abraça, retribui o abraço, Nico não disse nada, apenas ficou ali por alguns segundos, e mesmo em silencio, eu me senti incrivelmente bem durante aquele abraço.
Nico move suas mãos até elas tocarem o meu rosto, seus olhos fitaram os meus durante alguns segundos, suas mãos mexem delicadamente em meu cabelo, minha respiração acelera, seus lábios tocam os meus, Nico coloca sua mão em minha nuca e me puxa para ele, o beijo acelera, nossas línguas entram em contato e suas mãos descem até a minha cintura, e então paro o beijo e me afasto, os olhos de Nico fitam os meus.
—Samy, eu...- Nico começa a falar, mas eu o interrompo
—Nico, já chega! Isso não vai mais acontecer – Falo e Nico fita meus olhos por alguns segundos
— Por que não? – Nico pergunta
— Por que, cada vez que eu começo a gostar de alguém, esse alguém se machuca – Falo e ele abaixa a cabeça
—Samy, eu sei que você está magoada, mas eu não sou ele, eu não vou me machucar – Nico fala e eu o encaro
—Melhor você ficar longe Nico – Falo e corro para dentro de casa
Nico ficou alguns parado por alguns minutos na frente da minha casa, ignorei suas mensagens, deitei na cama e fitei o teto até ouvir o barulho da sua moto indo para longe.
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