Capítulo 06
*O preço do passado*
Assim que minha mãe viu o quimono estendido no varal quando chegou do hospital, ela me abraçou como se não me visse a trezentos anos, a alegria dos seus olhos era a mesma dos de Ivi nos últimos dois dias.
Nesses últimos dias eu e Ivi estávamos nos falando praticamente 24 horas por dia, voltamos a ser o que éramos a três anos atrás, na hora do recreio Ethan me contava sobre os campeonatos e sobre os jogos novos que ele tinha comprado nesses últimos três anos, e por acaso não foram poucos, Ryan me contava sobre como ele , Josh e Nico tinham se metido em várias brigas, e de como o Sensei deu bronca neles quando descobriu, meus amigos antigos voltaram a minha vida e ela definitivamente ficou melhor com a volta deles.
Hoje é sábado, Ivi me mandou mensagem logo cedo falando que ela e os meninos viriam até a minha casa pra treinarmos os Klaus que eu havia esquecido nesses três anos, depois de ajudar minha mãe a arrumar a casa, fiquei lendo até escutar minha mãe gritar da sala que eles tinham chegado, fui até a sala e abri a porta a dei de cara com Ivi rindo junto com Ethan e Josh enquanto Ryan jogava Nico na grama, comecei a rir junto com eles, logo eles pararam, Nico levantou do chão e me olhou enquanto sorria, entramos na minha casa e depois que minha mãe fez os meninos tomarem agua fomos pra parte de trás da casa onde tinha um pátio grande com a grama bem cortada, começamos a treinar, depois que treinamos alguns kata's os meninos decidiram lutar, primeiro foi Josh e Ethan, depois Nico e Ryan, e logo em seguida eu e Ivi, Ivi ganhou com a diferença de um ponto.
— Parece que a Samy está enferrujada – Nico fala rindo da minha cara
— Posso até estar enferrujada mais consigo te deixar no chão, novato – Falo sorrindo
— O novato aqui é mais graduado que você – Nico fala sorrindo de canto
— A cor da faixa nunca me impressionou – Falo e Nico se aproxima e para no meu lado
— Vamos ver quem derruba quem então – Nico sussurra no meu ouvido, e estranhamente meu corpo se arrepia, disfarço e coloco meu pé atrás da perna dele e em seguida puxo, Nico cai de costas na grama e eu começo a rir
— E agora Santini? – Pergunto e ele sorri
— Agora eu faço isso – Nico fala e bate com seus pés nas minhas pernas me fazendo cair de costas na grama
Quando me dei conta, Ivi, Ethan e Ryan estavam nos encarando de um jeito estranho, revirei os olhos e levantei do chão, Nico ainda estava deitado
—Me ajuda – Nico fala estendendo a mão
— Você consegue levantar sozinho – Falo e ele me encara
— Qual é Samy, me ajuda aqui – Nico fala e eu dou minha mão para ele e o desgraçado me puxou me fazendo cair no chão
—Idiota – Falo levantando
—É a segunda vez que você me chama de idiota, estou começando a ficar ofendido –
Nico fala e eu fico sem entender
—Segunda vez? Quando foi a primeira? – Pergunto e ele começa a rir
— A primeira foi quando te molhei no dia da chuva – Nico fala e eu o encaro
— Você é o motoqueiro babaca que me molhou – Falo e Nico gargalha
— Sua cara foi a melhor – Nico fala gargalhando e eu fecho a cara
— Vocês já tiveram amigos melhores hein – Falo olhando para os meninos que estavam assistindo tudo de camarote
— Que isso Samy, sem ressentimentos – Nico fala e fazendo uma cara engraçada e eu começo a rir
— Crianças, venham tomar café – minha mãe fala da porta
—Já estamos indo – Falo e fomos para o banheiro lavar as mãos, eu e Nico ficamos por último, ele foi primeiro e saiu do banheiro.
Comecei a lavar minhas mãos bem lentamente, desliguei a agua e fui até a toalha para secar as mãos, quando estava quase terminando de seca-las alguém entrou no banheiro, virei para ver quem era e para minha surpresa era o Nico, ele sorriu de canto e andou até onde eu estava, minha respiração acelerou por algum motivo quando ele chegou bem perto e então passou as mãos para trás da minha cabeça, mexeu na toalha e aproximou sua boca do meu ouvido
— Eu esqueci de secar minhas mãos – Nico fala e sai do banheiro
Quando voltei para a mesa Ivi e minha mãe estavam rindo, sentei com elas e não olhei mais na direção de Nico até ele ir embora, sentei no sofá para assistir um filme qualquer, minha mãe se sentou ao meu lado e sorriu para si mesma por um tempo, abriu a boca algumas vezes, mas não falou nada.
—Fala – Falei tirando minha atenção do filme
— Aquele garoto, o Nico, ele parece gostar de você – minha mãe fala e eu a encaro
—Não é nada disso mãe, somos apenas colegas de equipe – Falo e ela sorri
— Ele não te olha como uma simples colega de equipe – minha mãe fala
—Mas é isso que somos, e não vai passar disso – Falo e vou para o meu quarto sem pensar duas vezes.
A verdade é que eu sabia que minha mãe estava certa, ou pelo menos parecia, e eu não queria que ela estivesse certa, por que dentro do meu coração tinha algo que me fazia gostar dele, me fazia olhar em seus olhos e me sentir segura novamente, mas do lado dessa segurança tinha um vazio enorme que aumentava cada vez que essa segurança vinha, esse vazio me lembrava do que aconteceu a três anos atrás, de como era a sensação de ser amada e de como é a sensação de perder tudo, o amor é complicado quando começa, mas é pior ainda quando termina, e a pior saudade é aquela que vem da pessoa que sabemos que nunca mais vamos ver, sentir que algo em dentro de todo esse vazio queria gostar dele, doía o suficiente pra saber que eu tinha que me manter o mais longe possível.
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