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Corações Próximos

Ernesto começara a trabalhar na kombi antes do amanhecer, aproveitando que era sábado. Movera uma parte delicada da lataria para tratar e estava reencaixando.

– Bom dia!

Ao ouvir o suave cumprimento, Ernesto interrompeu o movimento de girar o parafuso na lataria. Virou a cabeça em direção à porta do galpão.

Tessa veio... Sua presença lhe causou um agito inesperado na boca do estômago e algo mais. Foi surpreendido pela sua iniciativa, outra vez. Imaginava que jamais fosse aparecer. E se aparecesse, levaria dias, ou semanas para se decidir...

Ele limpou calmamente as mãos num trapo, depois puxou uma cadeira capenga para ela se sentar.

– Ora... – Indicou-lhe o assento. – Não é que você veio?

– Pois é... Eu vim.

Ela ignorou a cadeira, fascinada pela Kombi. Ernesto bem podia imaginar o que se passava em sua mente, diante daquela beleza vermelha e branca. O sonho deles, desde sempre.

– Que tal um tour? – Ele ofereceu, estendendo–lhe a mão. – Vem.

Tessa hesitou meio segundo, mas aceitou... A mão dele, forte e quente, envolveu a sua tão fria... Ela se sentiu estranhamente confortada.

Não seja tola, raciocinou de si para si. Concentrou-se no que estava vendo...

Claro que, por dentro, a Kombi não estava bonita como por fora. Repleta de fios espalhados e emaranhados, pequenos recortes de lataria e de madeira, além das ferramentas. Um verdadeiro canteiro de obras.

Tentando ver pelos olhos dela, Ernesto chegou a outra conclusão: Zona de guerra!, Refletiu, com certo divertimento.

Ele lhe mostrou a distribuição dos espaços. Onde estava armando a estrutura da cama; onde estava marcado para começar o banheiro; os armários nas laterais; a mesa retrátil; os bancos; onde ficaria o fogão e a geladeira... A estrutura da cama estava mais avançada, pois a fiação seria instalada por baixo do tampo. Ele ainda precisava conectar os canos – movendo a água dos tanques às torneiras. Um trecho de cano também passaria pelo painel ao lado da cama.

De resto, todo o espaço estava definido apenas pelas marcações.

Ernesto foi explicando o progresso de seu trabalho, desde o dia que trouxe a Kombi do leilão. Depois deu um tempo a ela para absorver o cenário e as informações. Tessa ficou calada, apenas olhando para o veículo com uma expressão sonhadora. Mal podia crer em seus olhos.

O espaço interno da Kombi era exíguo. Conscientes demais um do outro, afastaram-se alguns passos... Ernesto começou a falar do tratamento que estava prestes a aplicar na madeira.

– Estou passando isolamento para que fique resistente à água – disse, saltando para fora da Kombi.

Tessa tentou se recuperar do clima que pintou entre os dois, fingindo prestar atenção às explicações. Permaneceram os dois, olhando atentamente para a madeira que Ernesto comprou para utilizar no deque do teto e no banheiro.

– Quer me ajudar hoje?

Ela desviou os olhos da madeira para ele, sem entender.

– Vai ser divertido, prometo – Ernesto sorriu.

Ela concordou, devolvendo o sorriso.

– Acha que consegue passar duas demãos nessa parte – ele mostrou o retângulo de madeira separado.

– Claro!

– Mas você vai precisar usar isso aqui – ele pegou uma máscara antigás e delicadamente encaixou no rosto dela.

– Aêê! Prontinho... – riu, afastando-se um pouco. – Ficou sexy!

Tessa ficou é constrangida, isso sim... Teve necessidade de tirar a atenção de si para outra coisa – como, por exemplo, o teto do veículo.

– Sempre achei que o espaço em cima da kombi devesse ser especial...

– Especial? – Ele se aproximou dela e olhou por sobre a lataria. – Como assim? Ali vai ficar a placa solar.

– Mas poderia ter um baú embaixo, com a placa fixada sobre a tampa para poupar espaço.

Ele meneou a cabeça, concordando. Era uma ótima ideia. Na infância, eles falaram em aproveitar o teto como terraço e ficar contemplando as estrelas à noite toda, abraçados um ao outro. Ele sacudiu a cabeça, espantando aquela lembrança.

– O teto também pode dar sustentação para levantar uma tenda – ela conjecturou. Sabe, tipo um segundo dormitório.

– Oh-oh, espera! – Ele estreitou os olhos, ainda sorrindo. – Como é que você sabe que podemos colocar uma tenda na parte de cima...?

Não escapou a Tessa que ele disse "podemos", e não "posso". No entanto, era apenas uma forma de expressão. Não permitiria que o coração galopasse no peito, só por causa disso.

– Andei namorando algumas kombis na internet – Tessa acabou confessando.

O coração dele falhou uma batida quando ela disse: "eu andei namorando"... Numa fração de segundo, visualizou–a saindo com um cara. Não gostou da imagem. Balançou a cabeça em silêncio.

– Quer dizer, me desculpe! – Ela se atrapalhou, interpretando o silêncio dele erroneamente. – A Kombi é sua, foi só uma sugestão.

Ele não disse nada, ainda abalado. Aproximou–se do veículo e lhe mostrou a parte de cima.

–Vou prender um toldo aqui. Daqueles que desenrola. Que acha?

– Muito legal! –Ela elogiou, imaginando como seria esticar o toldo e fazer uma refeição diante de uma linda paisagem. Uma praia ou floresta. – Sabe... Estou vendo que você é um ótimo montador de motor home. Eu vi alguns trabalhos na internet e o seu acabamento não deixa nada a desejar.

– Dá pro gasto – ele foi modesto, porém, de fato, estava orgulhoso de seu trabalho. Colocou a outra máscara antigás. – Podemos começar?

Os dois passaram as próximas horas trabalhando em conjunto, ao som do rádio de pilha. Começaram pincelando a madeira com cuidado. Tessa imitava os movimentos dele, até que a madeira ficasse numa cor uniforme e reluzente.

O dia passou rápido. Fizeram apenas duas pausas: almoço e lanche. Quando deram por si, estava anoitecendo.

– Nossa, preciso ir! – Disse ela, tirando as luvas que ele lhe emprestou.

Ernesto assentiu em silêncio, então disse:

– Você me ajudou muito hoje. Obrigado!

– De nada! – Ela olhou para o relógio.

– Compromisso? – Ele tirou as luvas. Colocou–as dentro do balde, em uma solução de água e detergente líquido neutro.

– Pode–se dizer que sim. Estou fazendo um curso on–line de copywriting. – Ela revelou, meio sem jeito. – Quero trabalhar por conta própria. Não estou satisfeita no meu atual emprego, sabe... Mas é tudo o que sei fazer, então, antes de dar um passo tão sério, como sair de lá, preciso aprender a dominar outra profissão. Depois de conquistar uma lista de clientes, daí, posso pensar em me arriscar. – Calou–se, percebendo que estava tagarelando. – Estou indo com calma, para não fazer nenhuma besteira.

– Que maravilha! Não é besteira! Você escreve bem pra caramba! Tem tudo a ver! Sei que vai conseguir! – Disse ele, empolgado diante desta nova Tessa.

E lá estava a velha camaradagem entre os dois, pairando na superfície... Tessa sentiu como um cobertor quente envolvendo-a. Um afago na alma.

– Que tal começar pela oficina do meu tio?

– Hein? O quê?

– Ele bem que precisa de alguém turbinando o seu Instagram. Que tal você usá–lo como sua cobaia? Se der certo – ele riu da cara de espanto dela – você pode colocar esse trabalho no seu currículo.

Ao invés de arrumar um monte de pretextos para não fazer, do tipo "não posso", ou "vai que não dá certo", ou ainda "com que cara eu fico, se"... Ela decidiu que era uma oportunidade.

– Ah, eu posso fazer, sim! Até mesmo para aprender se estou indo no caminho certo. – Ela sorriu sem jeito. – Seu Roberto não vai se importar?

– Eu falo com ele e depois lhe aviso.

Ela balançou a cabeça. De repente, lembrou-se do horário do seu curso. – Bem, tenho que ir. A gente se vê?

O sorriso dele aumentou. – A gente se vê.

Tessa saiu do galpão e o deixou sozinho, pensativo, guardando as ferramentas, retalhos e sobras. Seu celular começou a tocar. Era Dita.

– Alô!

– Oi, querido! Fiquei esperando a sua ligação... – disse ela, num tom queixoso.

– Andei ocupado.

– Mas, hoje é sábado. Que tal a gente sair?

Ele refletiu por um instante. Por que não?

– No que está pensando? – Ele a questionou, quase sentiu o sorriso dela, do outro lado.

– Pensei num cineminha... Depois, a gente poderia esticar a noite, ir anum barzinho...

– Pode ser – ele olhou no relógio. – Passo aí, perto das oito.

– A sessão começa às oito e meia – ela o alertou. – E estou louca para ver esse filme.

– Qual é o filme?

– Alerta Vermelho, com o gostoso do The Rock.

Ele revirou os olhos. Esse tipo de comentário não lhe causava a reação que as mulheres achavam típicas, nos jogos amorosos: "Ai, não fala assim que fico com ciúme", ou "o que ele tem que você tanto gosta?", ou pior: "O que ele tem que eu não tenho"? No caso dessa última, a resposta era fácil: TUDO. Assim, ele ignorou o comentário e encerrou a ligação. – Vou desligar, ainda tenho que tomar um banho. Tchau!

E desligou enquanto ela ainda estava falando. Fingiu não ter percebido. Terminou de guardar tudo rapidamente e trancou o galpão.

–––
Ao chegar na casa do tio, encontrou–o refestelado no sofá. Cumprimentou-o brevemente e avisou:

– Vou ao cinema.

– Com Tessa?

Ernesto fez uma careta. – Com Dita.

Roberto apertou os olhos. – Por que você faz esse tipo de coisa?

– Que tipo de coisa?

– Sai com garotas que levam você a lugar algum...? Exceto o paraíso da amolação.

– Talvez porque não estou interessado em relacionamentos sérios – disse Ernesto, irritando–se.

– Tá, você tem o direito de fazer o que bem quiser. Só não faça porque tem medo, nem para fugir da verdade.

Ernesto ficou olhando para ele, sem acreditar. – Eu não estou fugindo de nada, ok? O senhor não sabe do que está falando, tio. E com todo o respeito, meta–se com a sua vida.

Ele foi para o banheiro e bateu a porta.

Quando voltou para a sala, estava bem vestido, mesmo que de um jeito informal. E também estava arrependido de sua pequena explosão.

– Estou saindo – parou ao lado do tio, para informá–lo.

–Estou vendo – foi tudo o que o tio respondeu, sem tirar os olhos da TV.

–Desculpe-me, tio – disse ele.

Roberto suspirou, olhando para cima.

– Tudo bem, garoto... Fui eu o intrometido. – Sorriu para o sobrinho. – Mas é que me preocupo com você. Prometo tentar me conter.

Ernesto sorriu. – Amo você – e saiu, deixando o tio emocionado.

– Também amo você, garoto teimoso – sussurrou, olhando para a televisão.

–––

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