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Corações Esperançosos

Tessa chegou em casa e encontrou a porta do seu quarto arrombada. Alguém, que ela sabia muito bem quem, fuçou na fechadura até conseguir abrir. Depois fechou cuidadosamente, na tentativa patética de disfarçar o arrombamento.

Suas coisas estavam reviradas, algumas desapareceram – blusas, meias, e sapatos... O dinheiro que ela vinha guardando para o aluguel desapareceu. Não era a primeira vez, mas a sensação de tristeza e dor por ser roubada pela própria mãe... Era como uma punhalada no coração. A cada vez.

Foi até o quarto da mãe, onde ela estava assistindo televisão e disse: – Devolve.

– Não sei do que está falando – respondeu Iara, sem tirar os olhos da televisão. – Devolver o quê?

– O dinheiro. Devolve – Tessa começou a vasculhar as coisas da mãe, com lágrimas saltando dos olhos. – Se eu não pagar o aluguel atrasado, vamos ser despejadas.

– Ei, não se atreva a revirar as minhas coisas! São minhas! Não lhe dei permissão!

–Mas revirar as minhas coisas pode, né? – Tessa continuou vasculhando para tentar achar o dinheiro que faltava para o aluguel. Mas, ela desconfiava que a mãe já tinha gasto o dinheiro com suas coisinhas inúteis.

– Ah, eu sou sua mãe! Eu posso tudo! Tenha respeito, sua vagabunda, puta desgraçada, ordinária, que não vale nada! Saia já do meu quarto, se não quiser que eu jogue alguma coisa na sua cabeça!

Tessa tentou se fazer de surda para os xingamentos que já ouvia com muita frequência. Acabou encontrando o dinheiro na gaveta do mesinha, mesmo com a mãe a estapeando nas costas. Pegou o dinheiro, virou a tempo de receber um chute na coxa. Levou uma garfada na mão e saiu antes que ela enfiasse o garfo em seu olho. Já levou uma paulada na testa, certa vez, e foi por muito pouco que não ficou cega.

–Ah, você vai me pagar, ouviu bem, sua vagabunda? Deus está vendo o que você faz com a sua mãe – disse ela, jogando objetos na filha. De repente, um sapato acertou a boca de Tessa e o sangue jorrou.

Isso fez com que Iara se assustasse, mas logo se recompôs, argumentando: – Olha só o que você me obrigou a fazer!

Ato contínuo, pegou um pano de chão sujo e tentou limpar a boca da filha. Tessa, horrorizada, afastou a mão da mãe e correu para o quarto.

–Vê se cuida desse corte, filha – teve a coragem de dizer. – Que menina desastrada! Vive se acidentando!

Sentindo uma dor horrível na mão e na boca, Tessa sentou na cama e começou a chorar, em meio à bagunça em que sua mãe deixou o quarto.

Lá embaixo a campainha tocou. Desesperada, Tessa revirou os olhos. Que hora excelente para receber visitas!

– Tô vendo minhas novelas – gritou a mãe, como quem diz: "Se vira!"

Desarvorada, Tessa pegou o dinheiro, achando que era a senhoria que veio cobrá–las. Colocou uma toalha na boca para disfarçar o corte e o inchaço que já estava visível. No entanto, quando chegou à porta, para sua total humilhação, deparou–se com Ernesto.

Ele ficou em choque ao ver o rosto dela. Mas o choque durou apenas um segundo. – O que aconteceu?

– Nada, eu... Escorreguei e bati o rosto.

Não foi a desculpa que não colou, mas o modo como foi dita. Além do mais, ele conhecia muito bem sua história de vida. Para não fazê–la se sentir mais humilhada do que estava, ele se conteve.

– Sua mãe não está em casa para lhe fazer um curativo? – Perguntou, já sabendo a resposta, porque o volume da televisão dava para ouvir lá debaixo.

Tessa meneou a cabeça, seu rosto contraiu de dor.

–Vamos até o hospital – ele quis levá–la.

–Não – disse ela, soltando a mão, morta de vergonha. De repente, ele percebeu os furos do garfo sangrando no dorso da mão dela.

–Então me deixe tratar desse corte. – Ele a empurrou escada acima. – Tem kit de primeiros socorros?

–Tenho só alguns itens no banheiro.

Com a presença de Ernesto na casa, Iara desviou os olhos da TV. – O que esse homem está fazendo aqui dentro? Agora deu de trazer homens para cá, é, sua puta?

Tessa se encolheu.

– Sou eu, Ernesto, Dona Iara – disse ele, friamente. – Um antigo amigo da família.

–Ernesto? Não pode ser? Você era só um frangote! – Ela riu, sem acreditar.

– Não sei se reparou, mas sua filha está machucada. – Ele começou a tirar os itens que achou no armário, atrás do espelho do banheiro.

– Seja lá o que ela te contou, não é verdade. Ela pediu, por isso.

Ernesto lhe lançou um rápido olhar. Sabia muito bem do que aquela mulher era capaz. Graças a ela, descobriu que canalhas, infelizmente, também envelhecem e ficam de cabelo branco.

– Ninguém pede para ser espancado, Dona Iara – disse ele, calmamente. Mas como não estava a fim de conversa, ignorou os próximos resmungos da mulher. Fez Tessa se sentar sobre o tampo do vaso e tratou o corte na boca. O corte ia do lado de fora até o lado de dentro da bochecha. – Precisa levar ponto – disse ele, incomodado.

– Não...

–Sim, senhora! Estou esterilizando – ele passou o cotonete por dentro, e ela gemeu de dor. – Mas você tem que levar pontos e registrar o BO. Vamos!

– Eu preciso pagar a senhoria, eu – ela se apegou a qualquer desculpa patética para não passar pela humilhação de levar o seu problema aos outros.

No dia seguinte, a cidade toda estaria comentando.

Mas Ernesto pensava o contrário. Talvez fosse melhor que a cidade finalmente comentasse. Tessa não podia continuar sofrendo calada e escondendo o caráter volátil da mãe. Já que Iara, muito ladina, não se priva de falar mal da filha para quem quiser ouvir.

Ele puxou a garota pela mão boa e a conduziu para fora. Ouviram a mãe dela dizer: – Fechem a porta quando saírem.

–––

No pronto-socorro, o médico e a enfermeira foram muito gentis. Depois de examinar os cortes, o médico deu pontos e deixou para ela a receita dos antibióticos. A enfermeira lhe explicou como trocar o curativo até que ela voltasse para tirar os pontos. No pronto socorro, eles não tinham pontos que são absorvidos pelo organismo.

– Que objeto foi? – indagou o médico, de repente.

–Um sapato – murmurou Tessa.

Ao lado dela, Ernesto sentiu o sangue ferver.

Quando saíram do pronto-socorro, Ernesto indagou: – Tem onde ficar essa noite?

Ela apenas olhou para ele, sentindo-se desarvorada. – O meu quarto.

–Não pode voltar para lá – ele disse, irritado. Então procurou se acalmar, quando viu que ela se encolheu com o seu tom. – Fique na casa da Lídia.

– Não dá, ela tem marido e filhos.

– Então fique na minha casa.

– Nem pensar.

– Se não ficar na minha casa, na de Lídia, ou de alguém, eu vou entrar naquele apartamento e dizer umas poucas e boas para aquela safada da sua mãe,  com o perdão da palavra. E não me venha dizer que é a idade, a senilidade, porque a sua mãe sempre foi assim. Sempre!

"Além do mais, Iara só tem 65 anos"!

Tessa ficou muito quieta por um momento. – Vou falar com a Lídia.

– Ótimo! – Disse ele, mais calmo. – Agora vamos comprar o antibiótico.

–Não posso, não tenho dinheiro.

– Claro que tem – disse ele, sorrindo pela primeira vez. – Você ganhou o seu primeiro cliente. Meu tio adorou as propostas e já está usando. Ele pediu para saber quanto vai cobrar dele?

–Eu... Bem...

– Querida, você fez o trabalho – ele pousou a mão em seu queixo e o ergueu com suavidade. – E vai receber pelo trabalho.

Tessa então se lembrou da tabela de preços que viu sobre copywriting e deu o valor mais básico.

Ernesto respondeu: – Me passa o número da sua conta – ele pegou o celular, enquanto Tessa gaguejava os números. Ele teclou por um minuto, fazendo a transferência pelo PIX.

–Feito – disse ele, com um sorriso. – Agora se prepare! Você tem uma nova cliente. Vou lhe passar o WhatsApp dela, você pode começar a organizar as mensagens profissionais por este app, que vai ser muito eficaz para o seu começo de carreira.

– Certo. – Ela concordou. Checou o telefone e visualizou o contato de Griselda. Conhecia a vizinha de Roberto, de vista. – Ela vende produtos congelados, não é?

– Sim, basicamente, marmita pronta e congelada para as pessoas que não tem tempo de fazer, nem de sair para comprar. E com a pandemia, o negócio dela deu um boom. Teve até que contratar auxiliar e entregador!

– Que legal! E ela quer que eu organize a conta dela no Instagram?

– Ela já sabe o que fazer. O que ela precisa é que você veja o que ela não está enxergando. Griselda acha que pode ter mais alcance na internet. Ela quer uma proposta de expansão. – Impaciente de novo, Ernesto mudou de assunto: – Agora liga para a Lídia, porque só vou deixar você na porta da casa dela.

A contragosto, Tessa fez a ligação. Ficou aliviada porque a amiga não colocou nenhum empecilho para recebê–la na sua casa. Pelo contrário, disse que já não era sem tempo. Mas quando perguntou o que aconteceu, Tessa desconversou. Não queria que Ernesto escutasse tudo o que houve, desde o roubo do dinheiro. Essa informação, ela reservaria para Lídia.

–––

– Já era esperado que a situação fosse explodir. Até demorou – comentou Lídia, colocando uma fronha no travesseiro de Tessa, enquanto as crianças corriam pela casa. – Desconfio que tenha estourado porque Ernesto tomou a iniciativa. Do contrário, você teria voltado para o seu quarto com o rabo entre as pernas.

Tessa engoliu em seco.

– O apartamento está alugado no meu nome, Lídia, se eu partir e não pagar, vou parar no SPC e no Serasa. Vou ter dívida ativa. Vou...

– Então, trate de rescindir o contrato e fique aqui até se equilibrar. Se você está nessa embrulhada de dívidas, é por causa da sua mãe. Você precisa se afastar dela. Não vê que ela usa você para fazer o que bem entende?

–Ela está ficando idosa, se eu fizer isso... Ela fica sem assistência.

– Ela é uma idosa inteligente, tem pensão do Estado como funcionária pública, e se mete nas dívidas porque quer. Tem condições financeiras de se sustentar. Você é que não tem? O Estado deveria ajudar você a lidar com ela, e não jogar o Estatuto do Idoso na sua cara. Sua mãe coloca tudo no seu nome e arrasta você pela lama para pagar as coisas que você poderia estar gastando consigo mesma. Querida, isso é sistema de escravidão. Não é vida para ninguém. Isso acontece desde que a conheço por gente. Não é justo.

Não, não era. Tessa sabia.

– Olha – Lídia suspirou. – Já não sei quantas vezes tivemos essa conversa.

Tessa não respondeu.

– Ela criou você para ser a empregada dela. Por isso afastou você dos amigos, dos namorados... Você já devia ter dado o fora dessa vida há muito tempo.

–Eu sei, mas...

– Querida, eu sei. Você sofre de dependência emocional. Por isso está fazendo terapia, lembra? – Lídia terminou de colocar a fronha e foi buscar cobertor e lençol. Quando voltou, já foi falando: – Eu conheço uma assistente social que pode orientar você sobre o que fazer para que a mulher não arraste você para o inferno com ela.

Tessa pensou em todos os espancamentos pelo qual passou, e que ninguém nunca soube. Exceto Ernesto, que era o seu melhor amigo. Da vez em que a mãe enfiou a sua cara na privada... Tessa tinha oito anos. Da vez em que a mãe a chicoteou com uma cinta, deixando suas pernas marcadas com manchas horríveis que levaram meses para desaparecer.

Nada disso vazou pelos lábios cerrados de Tessa. Achava que a mãe devia estar com a razão, já que era sua mãe.

Tessa pensou sobre o que a amiga disse. – Vamos ver.

–Tá, a decisão é sua. Pense e depois me diga.

Lídia alisou o lençol sobre o colchão. – Podemos buscar suas coisas amanhã, depois de uma boa noite de sono. Tem espaço suficiente no quarto em cima da garagem pra você se instalar com conforto. Niní pode ser um cara durão, mas ele dá até as calças para ajudar um amigo. Ele não vai encrencar com isso.

Aníbal, o marido de Lídia, não era um cara muito efusivo, mas era gente boa. Recebeu–a com os braços abertos. Não contestou a decisão da mulher. Afinal, os três estudaram juntos. Não era como se Lídia estivesse trazendo uma estranha para dentro de casa.

– Quer dizer – Lídia mudou de assunto. – Que Ernesto se ofereceu para que você ficasse na casa dele, é?

O rosto de Tessa esquentou. – A casa do tio dele – corrigiu. – Foi só um gesto de solidariedade, ele está saindo com Dita.

– O que eu fiquei sabendo é que Dita está com o filho do prefeito agora. Ela estava aos beijos com ele, no restaurante mais badalado da cidade.

– O restaurante do Clube Concórdia ou do Círculo Militar?

– Concórdia.

Uau! Tessa ficou de boca aberta. Aquele restaurante era muito vip.

–Então, Ernesto ainda se importa com o que acontece com você – Lídia voltou ao assunto principal, jogando o travesseiro para Tessa. – Nem tudo está perdido.

–Para – disse Tessa, constrangida. A outra riu, desejando–lhe "boa noite!", com suavidade, enquanto despachava os filhos para os respectivos quartos.

Tessa ficou sozinha na sala. Iria dormir no sofá e estava grata por isso.

Pensou no que a amiga lhe disse sobre Ernesto: "Bem... Nem tudo está perdido".

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