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Corações Calejados

Ernesto caminhou devagar até o apartamento de Dita, perto da rádio onde ela trabalhava.

Tessa viu quando ele passou todo arrumado para um encontro. Escondeu-se atrás do poste, para que ele não achasse que o estava xeretando.

Na verdade, foi uma infeliz coincidência... Tessa se esqueceu do material de estudos sobre a mesa de trabalho e teve que voltar ao escritório para buscá-lo. Acabou acessando a aula lá mesmo para não a perder. Saiu muito tarde. Bem no horário em que a sessão do cinema estava preste a começar.

Ela parou para ver os cartazes, um passatempo antigo seu, especialmente quando não tinha dinheiro para comprar um ingresso. De repente, lá vinha Ernesto de novo, rindo e conversando com Dita, pendurada em seu braço. Outra coincidência infeliz de cidade pequena.

Seu coração afundou no peito. Torceu para que os dois não a vissem. Por sorte, entraram logo, levando pipocas e refrigerantes.

Por um momento, censurou–se por ter alimentado esperanças de que voltariam a ser como antes. Como sua mãe costumava lhe dizer, nasceu fadada a viver sozinha e fracassada...

Triste, Tessa arrastou os pés de volta para casa.

–––

Naquela noite, Ernesto e Dita fizeram sexo. Ele racionalizou, dizendo a si mesmo que era homem e estava precisando. Que Dita estava interessada e disposta – aliás, ela deixou isso mais do que claro. Além do mais, foi satisfatório e os dois saíram ganhando... Ponto final.

Ele partiu antes que Dita acordasse. Já tinha deixado avisado que partiria, antes de pegarem no sono. Portanto, não era como se tivesse agido feito um ladrão saindo no meio da noite, depois de conseguir o que queria. Ernesto se orgulhava de ser brutalmente honesto com suas parceiras de cama.

Mas, para prevenir, tomava todos os cuidados para que nenhuma delas alimentasse esperanças de um relacionamento duradouro. Nem a ideia louca de que um filho acidental iria amarrá-lo ao pé da cama. Primeiro, porque um filho não o amarraria de jeito nenhum. A paternidade é uma coisa, mas o casamento é outra. Os truques do tempo da vovó não colam em caras inteligentes.

A prevenção é sempre importante porque do contrário, a gravidez indesejada torna–se uma dor de cabeça para o resto da vida.

No entanto, passado o alívio da transa casual, ele agora caminhava pela rua adormecida, sentindo–se mais só do que nunca. Devia estar se sentindo bem, mas não estava.

Com tal ânimo, alcançou a zona de casinhas enfileiradas num conjunto habitacional. Algumas, como a do tio, ficavam em cima das garagens.

Roberto convertera a sua em oficina.

Ernesto subiu pela escada lateral, pé-ante-pé, tentando não fazer barulho. Alcançou a porta e usou a chave.

O tio já estava acordado.

Que droga...!

– Bom dia! – Cumprimentou o rapaz, num tom cuidadosamente leve.

O tio, descabelado e de roupão, virou–se para ele. Mediu–o dos pés a cabeça e disse bem devagar: – Ora, ora... Bom dia! Pelo visto a noite rendeu...

– Rendeu sim – Ernesto caminhou rapidamente para o quarto dos fundos, mas antes jogou a chave no porta "trecos". – Vou me vestir e já desço para a oficina.

– Claro-claro...

Desgostoso, Ernesto concluiu que o tio possuía a habilidade de demonstrar o que pensava das coisas, com tão poucas palavras.

– Ah, que se dane! – Resmungou, trocando de roupa e pegando as luvas do trabalho. O macacão ficava pendurado lá embaixo para não trazer sujeira para dentro de casa.

Ernesto saiu do quarto como um tufão.

– Espere um pouquinho, Ernesto. Tome um café com o seu velho tio – foi o comentário de Roberto, enquanto Ernesto atravessava o corredor.

Com um suspiro derrotado, o rapaz avistou as duas xícaras na bancada, à espera... Voltou em seus passos e pegou a chaleira fumegante, servindo a xícara do tio primeiro e depois, a sua. Os dois se sentaram e ficaram beliscando os pães amanhecidos. Uma mania de família – pegar o pão, esmigalhar e carregar de manteiga em cada pedacinho... "Ótimo para o colesterol" – costumava ironizar o pai de Ernesto.

– Então – começou a dizer Roberto. – Como está ficando a Kombi?

Surpreso pelo tio não questionar sobre o seu encontro, Ernesto sentiu certo alívio. – Está ficando muito boa, na verdade. Acho que já tenho quarenta por cento do trabalho feito. Se não houver imprevistos...

Ele comentou, empolgado, de sua ideia de fazer giratória a torneira da cuba. Assim, se passar pela janela da cozinha, torna–se um chuveiro externo; e serve para lavar qualquer coisa do lado de fora do veículo. O tio concordou, sugerindo que uma mangueira poderia ser conectada a ela.

– A torneira apropriada custa caro, comentou Ernesto.

Os fardos que chegaram pela transportadora, também. Ele havia encomendado madeira de lei para o deque do teto e para contornar a bancada da pia da cozinha e o chão do banheiro. Os próximos passos envolviam a instalação das caixas de água debaixo do veículo e a soldagem da escada lateral, para alcançar o teto. O tio objetou, dizendo que ele não precisava perder tempo soldando a escada. Seria bom que ela fosse do tipo que coloca e põe, para o caso de ele precisar pendurá–la em outro lugar. Ernesto ficou em dúvida quanto a isto, pois não queria gastar espaço dentro do veículo para carregar a escadinha.

Seu maior problema agora era economizar para comprar as chapas de compensado naval, as de fórmica. Bem como os outros materiais que ele iria precisar.

– MDF de 15 e 18? – sugeriu o tio.

– E também de 06 – concordou o sobrinho, empolgado. Seus olhos brilhavam tanto, que o tio ficou feliz em vê-lo contente, concretizando o seu projeto especial. – Ainda preciso juntar uma grana para comprar as chapas de ACM para o banheiro e para forrar as portas da Kombi.

– Não seria melhor o corvinho para o revestimento das portas? – Sugeriu Roberto.

Ernesto inclinou a cabeça, pensativo. – Boa ideia, tio.

Eles conversaram um pouco mais sobre os materiais usados. A cor das pastilhas a serem coladas na cozinha e no banheiro... A cola 100% borracha... As caixas de 60 litros, a serem fixadas por baixo do veículo... Os cabos...

– Então, ainda vai levar alguns meses para colocar o pé na estrada – comentou o tio, depois de ouvir todos os progressos.

– Verdade.

– Precisa de ajuda?

–Não, obrigado. Estou indo bem... E gosto de ficar sozinho no galpão trabalhando...

Roberto não iria dizer ao sobrinho que o amigo Pedro (que por sinal também era mecânico), avistou Tessa saindo do galpão. Não, mesmo!

Ernesto provavelmente passou a noite com Dita, já que anunciou ontem que ia ao cinema com ela... Mas não podia perguntar o que estava rolando. Já tinha se metido demais na vida amorosa do sobrinho. Conhecia-o muito bem, e se começasse a forçar demais, ele iria se fechar como uma ostra.

– Aposto que está se roendo para saber como foi a minha noite – provocou Ernesto, rindo baixinho, enquanto passava mais manteiga no pedacinho do pão.

– Eu não disse nada – Roberto balançou a cabeça, falando suavemente.

–Eu estava com a radialista, a Dita. Ela estava atrás de mim há algum tempo e eu pensei... Por que não? Já que estou aqui... E foi algo sem compromisso.

Roberto lutou para esconder a decepção. Quando Ernesto olhou para ele atentamente, respondeu: – Que bom, meu sobrinho! O gosto é o regalo da vida, não é mesmo?

Em resposta, Ernesto estreitou os olhos.

Fingindo não perceber o seu ar desconfiado, Roberto esfregou as mãos com entusiasmo.

– Acho que você vai ficar contente em saber que o Ademar quer uma revisão completa no bebê dele.

– O Rolls? – Ernesto se esqueceu do assunto anterior. As sobrancelhas erguidas em sinal de espanto. Afinal, Ademar, o milionário da cidade, não entregava o Rolls a qualquer mecânico... Só Roberto metia a mão no bebê, como chamava o seu veículo favorito, um Rolls Royce da Década de 1960.

– Eu estou dando o serviço a você – disse o tio, em tom solene. Ernesto quase se engasgou com o café. Era uma grande responsabilidade. Não que ele não estivesse à altura, e a grana iria ajudá-lo a comprar os materiais para o seu motor home. Mas...

– Nada de "mas" – Roberto leu sua expressão.

Emocionado, o rapaz respondeu:

– Não vou decepcioná-lo, tio.

Roberto sabia que não. Ernesto era o melhor mecânico que já conheceu! Estava orgulhoso do sobrinho e de seu talento natural para lidar com qualquer máquina que lhe caísse nas mãos. Mesmo assim, riu e zombou:

– Acho bom mesmo! Se Ademar não gostar, eu te frito em azeite oliva!

Ernesto entortou os lábios.

– Se ele gostar vai trazer o motor clube inteiro da cidade para o nosso lado – comentou, demonstrando que entendia muito bem a oportunidade que a oficina do tio estava recebendo.

Roberto acenou com a cabeça e terminou de tomar o seu café. Seu sobrinho era um bom rapaz e merecia ser feliz. Roberto só torcia para que fizesse as escolhas certas, inclusive, no amor...

Ele tinha que aprender a perdoar se quisesse ser feliz de verdade... Mas isso é algo que só a vida ensina, refletiu, torcendo que o rapaz não descobrisse tarde demais.

–––

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