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Corações Angustiados

Tessa dormiu mal.

Acordou, não querendo ter acordado.

Mas, o mundo não para de girar... Ela precisou extrair forças para levantar e se arrumar. Afinal, o trabalho a esperava todos os dias... Das oito às doze e das treze e trinta às dezoito.

Que agonia... A depressão que a envolveu era algo sem controle. Quando não se vê perspectivas e o mundo pessoal fica sem cor. Tessa se sentia anestesiada; sem energia e sem ânimo para prosseguir. E pensar que no dia anterior, achava que poderia haver luz no fim do túnel...

A psicóloga havia alertado para os altos e baixos. A montanha–russa emocional...

Com um suspiro, arrastou os pés até o banheiro.

Ligou o chuveiro e permitiu–se mergulhar a cabeça no pinga–pinga gelado. Daí, a lembrança do cheque especial e do cartão de crédito interferiu no seu breve interlúdio. Logo não teria dinheiro nem para pagar a conta da luz, quem dirá consertar a resistência do chuveiro. Desfrutar do chuveiro elétrico era um sonho que não se permitia realizar há mais de três anos.

Ela fechou o registro. Pegou a toalha, enxugou–se e se enrolou nela; então, foi para a cozinha.

A mãe continuava roncando alto no quarto. Não demoraria a acordar; ligaria a televisão no último volume, pegaria qualquer coisa para comer e deixaria a louça empilhada para Tessa lavar ao final do dia. Não moveria uma palha o dia todo, a não ser para fazer as coisas a seu modo.

Provavelmente varreria o chão e a própria cama com a vassoura; sairia para dar uma volta no shopping, onde compraria algum badulaque sem utilidade, e comida (muita comida) "engordiet"; e na volta, limparia a maquiagem na toalha branca de Tessa. Não na própria toalha, porque suas coisas são sagradas e ninguém tem permissão de tocá–las. E se achasse o lençol da cama muito sujo (depois de uns trinta a quarenta dias sem trocá–lo) jogaria num canto e compraria outro novinho.

Por isso, Tessa passava boa parte dos sábados diante do tanque.

Iara não lavava a roupa, ela comprava nova. Se lavasse, jogava no balde com a metade do sabão em pó e não tinha paciência para enxaguar mais de uma vez. As roupas ficavam duras e manchadas.

Assim, Tessa se via obrigada também a lavar, passar, varrer, espanar, porque a mãe não contribuía com nada. Sentava–se na frente da televisão e só saía para comer, dormir, ou ir ao banheiro. Como se estivesse num hotel. Considerando que gastava mais do que ganhava, não contribuía com nada e ainda jogava as dívidas para cima da filha.

"Acorda, Tessa!" – veio o pensamento súbito e cortante. "Você é filha e não mãe dela".

Desanimada e preocupada, Tessa preparou o café, deixou o bule cheio para a mãe, e pegou uma torrada. Embora fosse magra, emagreceu ainda mais nos últimos meses. Ernesto deve ter reparado. Não foi à toa que lhe disse: "Cuide-se".

Olhando para o espelho, enquanto colocava a jaqueta, Tessa lembrou–se das coisas que sua mãe costumava lhe dizer: "já passou do ponto"; "que homem vai te querer, se não sabe nem cuidar da própria mãe"; "você precisa de um homem que lhe dê uma surra por dia, sua vagabunda". Os ombros da jovem vergaram sob o peso da negatividade. Sentiu–se sem atrativos ao perceber as pálpebras inchadas de tanto chorar.

"Se você ainda tem energia para se revoltar, então faça alguma coisa!", outro pensamento súbito. "Mexa-se! Reaja! Você nasceu para ser capacho?"

Esse pensamento causou-lhe um sentimento de humilhação. Por chegar à conclusão de que se permitiu assumir esse papel.

Ela empurrou alguns pedacinhos da torrada para dentro da boca, com um grande gole de café preto, e foi se trocar. Pegou a primeira calça, a primeira blusa, a primeira jaqueta e os primeiros tênis que avistou. Deu uma ajeitada na cama e trancou a porta de correr. Não podia deixar o quarto aberto, do contrário, a mãe iria fazer a festa, revirando tudo, em busca de dinheiro, ou qualquer coisa que achasse interessante (leia–se: passível de ser vendida).

Deu graças a Deus por Iara ainda estar dormindo, quando desceu as escadas.

Caminhou pela calçada, sentindo o vento gelado a lhe acariciar o rosto. Tessa adorava o vento. Era generoso e presente... E porque, não? Era honesto, como tudo na Natureza. O vento insuflava ânimo.

Alcançou a esquina, mas hesitou quando viu a oficina do tio de Ernesto. A porta de enrolar já estava aberta. O som do radinho de pilha indicava que havia gente lá dentro, trabalhando. Ela escutou alguém cantar o refrão da música, seguido do barulho de peças tilintando... Decidiu prosseguir por outra rua. Contornou todo o quarteirão. Isso aumentou a distância até o trabalho, mas era melhor do que dar de cara com ele.

"Covarde", ela chamou a si mesma, mentalmente.

–––

Alcançou o local de trabalho com dez minutos de atraso.

Por sorte, a chefe ainda não aparecera. Quando chegou, foi logo dizendo que queria o texto pronto. Sem "bom dia", nem um "por favor", ou "obrigado".

Ludmila, a chefe, estava em ascensão na empresa, promovendo–se aos olhos dos superiores graças aos textos bem escritos de Tessa. Mas não era Tessa quem recebia bonificação pelo esforço extra. Era a amiguinha da chefa, Elena, sentada à janela para fumar e não fazer mais nada – o dia todo.

Bem... Para não dizer que Elena não fazia absolutamente nada... Sua principal tarefa era ficar de olho no escritório e fazer fofoca dos colegas para Ludmila. E também, claro, era seu dever garantir que Tessa redigisse os textos que Ludmila mostrava aos superiores como se fossem seus.

Tessa se sentia diminuída porque as duas a tratavam como se ela servisse apenas para ser explorada, sem a menor consideração. Nunca a convidaram para os encontros dos funcionários fora do trabalho. Tais encontros eram somente para os escolhidos de Ludmila & Elena; aqueles que a chefe sentisse necessidade de agradar. Algum funcionário útil para o momento, com familiar ou amigo importante. E como Tessa não tinha nada para barganhar um ingresso social... Era tratada apenas como mula de carga.

– Você atura isso porque quer – Lídia lhe disse, certa vez.

A psicóloga dissera o mesmo, só que com mais sutileza: "Se você quiser respeito, precisa se fazer respeitar."

Mas eu dependo do emprego.

"Lembra do seu medo de se arriscar?" A psicóloga questionara. "Com o seu talento e habilidade, você poderia se tornar uma copywriter". Poderia até se tornar uma nômade digital, trabalhando sem que nada lhe prendesse. Onde e quando quisesse!

Tessa lembrou-se de repente dessa conversa, enquanto ligava o computador. Pensou em fazer uma pesquisa sobre esse tipo de trabalho – o de copywriter. Dividiu o seu tempo em escrever os preciosos textos de Ludmila, e estudar o conceito de nômade digital.

Acabou se matriculando em alguns cursos gratuitos online, nos quais poderia ter algumas informações e ferramentas sobre o assunto. Anotou, pesquisou contatos interessantes, e começou a escrever na sua agenda uma espécie de projeto pessoal intitulado: Mudar de vida.

Um dos objetivos específicos: mudar de trabalho.

Entusiasmada pela primeira vez em anos, começou a desenvolver o seu projeto: o que ela queria e o que deveria fazer para conseguir. Chegou à conclusão de que mudar a sua vida envolvia três eixos – mudar de trabalho (fazer algo que a deixasse feliz); mudar sua relação com a mãe (de empregada útil à filha respeitada), conquistar estabilidade financeira para se realizar (fazendo uma viagem, conhecendo pessoas, lugares, aventurando-se, enfim, aproveitando a vida).

Naquela tarde mostrou o projeto para a psicóloga, num papel amassado de tanto ela dobrar e desdobrar. Mal conseguia conter o entusiasmo

A psicóloga comentou:

– Essa é a primeira vez que você toma a iniciativa de olhar para sua vida e pensar em mudanças. Isso é fantástico!

– É... Eu me senti bem em fazer isso... Foi como uma escrita terapêutica.

– Agora você precisa enfrentar o próximo desafio: ir da palavra ao ato.

–––

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