Epílogo
A vara de pescar balançou, indicando que o peixe mordera a isca. Lucca começou a puxar a linha de pescar e então a pesca saiu da água, se remexendo em busca de ar.
Esse é o último.
Pegou o peixe e colocou em seu saco com as outras pescarias.
Olhou para o céu. As cores cinzas preenchiam a imensidão, uma visão que já conhecera bem.
Amarrou o saco e se pôs a caminhar de volta ao pico do monte com a vara por entre os ombros.
A casa onde morava era localizava no topo de uma colina em território chileno. Desde o momento em que chegara no local estranhara a localização longínqua e desolada, mas conforme o tempo foi passando passou a se acostumar e até mesmo gostar. Os dias frios, o uso de camadas de roupas para apaziguar o frio e as luvas já faziam parte da sua rotina.
Pode avistar a humilde casa de madeira, informando que andara o suficiente. Seus pés por dentro da bota estavam cheios de calos e doloridos.
Chegou em frente a porta de madeira e girou a maçaneta. Ao entrar, dirigiu-se direto para a cozinha, pondo o saco com a pesca sobre a mesa.
Em seguida foi para a sala. Vaar se sentava em sua poltrona familiar, lendo um livro. Seu título era "Batidas da paixão, um romance mágico". Como não tinham energia e nenhum sinal chegava ao lugar, ele passava a maioria do seu tempo lendo, quando não fora para uma missão.
Sentou no sofá em frente a lareira. Tirou as luvas e aqueceu as mãos com o calor advindo da fogueira.
Vaar tirou seus olhos do livro e o olhou.
— Como foi a pesca?
— Hoje foi boa, mas estou começando a acreditar que os peixes estão ficando mais espertos. Ultimamente poucos tem mordida a isca.
Voltou a vestir as luvas.
Vaar deixou o livro de lado e se ajeitou na poltrona.
— Lucca, o tempo está próximo... — disse ele deixando subentendido aquilo que sabia bem. — Logo chegará o dia. Espero que você esteja preparado para o que temos que fazer.
O olhou determinado.
— Você sabe que estou pronto!
— Não duvido, mas eu preciso repetir as consequências que nossas ações causarão no mundo todo.
Ele juntou as mãos e estalou os dedos.
— Se tudo ocorrer conforme o planejado seremos duramente perseguidos, e se por acaso nos pegarem... Bom, você sabe.
Sentença de morte.
— Eu não me importo. Estou disposto a fazer tudo.
— Eu sei disso, mas a sua irmã...
— A opinião de minha irmã não importa.
Ele sempre arranjava um modo de enfiar a sua irmã na conversa, como se ela pudesse influenciar em qualquer coisa sobre sua vida.
— Você sabe que se algo acontecer com você ela não me perdoaria nunca. Eu já sinto que ela não confia em mim, e isso já dura algum tempo. — disse ele. — E ainda estaremos envolvendo ela em nosso plano. Isso não é um jogo, vidas poderão ser perdidas no caso do menor erro.
— Minha irmã quer o que é melhor para mim — respondeu Lucca. — E ela sabe que não existe nada que eu queira mais no mundo do que destruir a União dos Magos!
— Bom, já que você não vai mudar mesmo de idéia... — Ele levantou e pegou um caderno e uma caneta. Voltou a poltrona e começou a escrever.
Ao terminar arrancou a folha e o entregou.
— Preciso que você envie uma mensagem para Triz com essas palavras exatas.
Leu a carta e então sorriu.
— Então o dia está próximo mesmo.
O dia pelo qual tanto se preparavam.
— Se a sua irmã conseguir fazer tudo como manda o roteiro, estaremos a um só passo.
Sabia que sua irmã conseguiria depois de todo treino que possuíram. Ela não era alguém a se subestimar, e isso é provado pelo fato de ela ter obtido a pena do dragão com sucesso e os entregado.
— O chefe vai ficar muito contente. É capaz até de ele nos promover. Os outros se morderão de inveja!
— Não comemore antes da hora, isso dá azar — Vaar cortou seu barato. — Agora você precisa partir hoje, caso não quiser pegar uma nevasca.
Seu sorriso se desfez. Como moravam em um lugar inóspito tinham que viajar durante dias a cavalo para poder, só então, usar o wi-fi de uma cidadezinha pequena. Era a única forma que tinham para se comunicar com o mundo exterior.
— Eu ainda não entendo o porquê de você simplesmente não invocar um portal...
Vaar era uma mago especialista em portais. Sempre achava que ele poderia teletransporta-se para qualquer lugar do mundo em um piscar de olhos. Só precisava de um ponto de conexão e, em questão de segundos, seu corpo viajava de um local para outro.
— Já disse, não podemos arriscar sermos localizados. Aquele pombo correio foi o máximo que consegui aceitar, se nos descobrirem está tudo acabado.
Deu de ombros. Então imaginou o que sua irmã pensaria ao ler as palavras.
Sua irmã não imaginava nem metade do que se passava com eles. Vaar decidira que ela ainda era muito nova para entender o esquema, mas havia prometido que uma dia a levaria para uma das reuniões.
Na verdade, se não fosse por Lucca ela nem teria aceitado a tarefa. Teve que apelar ao sentimentalismo para manipular-lá. No fim, conseguira a fazer repensar e concordar. Precisavam de um infiltrado na escola e Triz era a sua melhor opção.
Só esperava que nada desse errado, do contrário, temia pela segurança dela.
Tudo pela revolução.
Naquele mesmo dia Lucca montou a cavalo e partiu.
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