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5. Fim de Semana

Alex

O mês de fevereiro pareceu andar em velocidade de um caramujo.

Talvez fosse pelo fato de as aulas parecerem durar uma eternidade, ou os inúmeros deveres e revisões os quais tomavam grande parte do dia dos alunos. Alex não podia fazer sequer uma pausa se quisesse acompanhar o ritmo assustador, caso contrário, ficaria muito para trás a ponto de não conseguir alcançar os assuntos ensinados.

A maioria das aulas ministradas foram apenas de introdução, no entanto, isso não poupou os professores de pegarem pesado com os alunos. Eram tantas informações, algumas conhecidas e outras não, que acreditaria que sua mente sobrecarregaria em pouco tempo.

Às segundas havia aulas de História da Magia I, com o falante professor Leon Pasqualli. Ele sempre chegava na sala distribuindo perguntas consecutivas, sem dar tempo para os alunos raciocinarem direito.

— Quais foram as primeiras seis teorias de Merlim sobre a magia? — perguntou uma vez para Harvey ao seu lado.

A sala ficara em silêncio enquanto o garoto procurava em sua mente as respostas. Quando ele não respondeu, o professor tomou a dianteira:

— Logo vejo que não andou estudando o livro, Harvey Azriel, desse jeito não passará desse ano. A primeira teoria considerada pelo mago tomava a magia como uma energia criada no subconsciente humano, quando este possuísse a capacidade de utiliza-la de forma arbitrária... — ele continou o falatório enquanto Harvey o olhava de cara emburrada.

Após as aulas de História da Magia, Alex fazia Botânica Mágica, com a alegre professora Lucy Fields. As aulas aconteciam na estufa e geralmente envolvia a tosa de plantas, alguns cálculos simples relacionados ao tempo de germinação e manuseio de materiais. Na terceira aula chegaram até a cuidar de uma planta carnívora chamada bafo de dragão, com a supervisão da professora. A planta lançava jatos de fogo pela sua gigante flor vermelha que se assimilava muito com uma boca, mas Lucy havia os ensinado que o segredo para cuidar de um bafo de dragão: era necessário borrifar pequenos jatos de pimenta do reino para acalmar a planta.

Às terças aconteciam as aulas de Feitiços Básicos com o professor Thomas Blackwood, um professor de fala mansa e com o incrível poder de botar a sala toda para dormir. A pior parte da disciplina era aguentar, todas as aulas, Harvey resmungando ao seu lado sobre não estarem aprendendo a executar feitiços.

— Para que diabos eu vou querer saber o quanto de energia eu precisarei distribuir pelo meu corpo se eu não faço a mínima ideia de como usar um feitiço? — disse ele uma vez enquanto estudavam o capítulo sobre energia mágica do livro Feitiços para Iniciantes.

Nas quartas ocorriam as aulas de Poções Mágicas I, sempre no laboratório. A professora era uma velhinha esquisita chamada Astride Constellar que sempre usava um chapéu pontudo e um vestido que a assemelhava em muito com uma bruxa. Desde a primeira aula a professora ensinara a eles o nome de uma porção de ingredientes estranhos, mantidos em potinhos, como asas de morcego, olhos de jacklope e mandíbulas de gambás.

— Muito cuidado com o que vocês colocam em suas poções, caso contrário podem acabar com o rabo de cachorro para o resto da vida he he he — disse ela uma vez para classe, soltando aquele riso medonho. — Não estou brincando, tive um aluno que teve que passar por uma cirurgia depois de preparar uma poção da coragem e colocar mais sangue de tarântula do que era necessário... Pobre criatura.

Após a fala da professora ninguém se atreveu a beber as poções que ela oferecia para turma.

No dia seguinte tinham a problemática Cálculos Matemáticos da Magia. O professor Lionel Fernandes até era legal e tentava realmente ajudar os alunos, mas a cada fórmula matemática passada as dúvidas surgidas eram muitas, e estas por sua vez produziam ainda mais. Para desespero dos alunos teriam que ir bem na disciplina custe o que custasse, se quisessem passar nos exames finais.

No último dia de aula da semana estudavam Medicina Mágica I. As aulas variavam de local, às vezes estudavam em sala de aula e, por vezes, em laboratórios. Em uma aula, enquanto tentavam apreender o feitiço regeneratus, a professora Trinity Holly, com a sua característica voz aguda, os instruiu a praticar em sapos, os quais estavam guardados em um grande balde no laboratório.

— Estão vendo como eu faço? — A professora pegou um sapo com as mãos envoltas em luvas do grande balde e o posicionou sobre uma bancada de mármore. Em seguida, pegou uma pequena gilete e fez um corte na barriga do anfíbio que começou a se agitar. Tony saiu pela porta correndo do laboratório. A visão fez todos afastarem os olhos. — Vamos, olhem bem para cá. Se vocês quiserem realmente serem magos terão que lidar com cenas muito piores do que essa.

Os alunos se esforçaram para olhar, inclusive Alex.

Regeneratus! — Astride evocou o feitiço. Suas mãos começaram a brilhar, em seguida, o ferimento do animal começara a fechar e curar. — Essa é a forma mais eficaz de fazer um feitiço. Sobre pressão nossa mente age de forma mais precisa.

Em seguida, todos pegaram um sapo e levaram para suas respectivas bancadas. Até Angel, uma menina reclamona e metida da sala, deixou seu nojo de lado e executou a tarefa. Todos começaram a fazer cortes nos sapos, mas sem conseguir executar o feitiço.

Apenas dois alunos haviam completado a tarefa com sucesso, Triz e Ness.

Ness.

Aquele mesmo que fora seu melhor amigo e tivera a sorte, ou azar, de cair na mesma turma. Durante todas as aulas ele nunca o dirigia um olhar e se limitava a conversar com um grupo seleto de amigos. Harvey havia dito que o achava muito metido para o seu gosto, mas não conseguia parar de pensar em qual era o motivo para a sua mudança de comportamento.

Quando o fim da última semana do mês fevereiro chegou, com um pé já em março, Alex se pegou mergulhado em um grande mar de deveres de casa.

Será que eu vou durar até o fim do ano?, pensou, após bater a cabeça com uma fórmula matemática.

Nunca tinha tido aptidão para os estudos. Na verdade, se não fosse pela influência de sua família, nunca teria passado no exame de admissão de Aramonth.

Os Lunalight eram uma família conhecida pela herança deixada pelos seus antepassados em conhecimento sobre medicina mágica. Seus pais faziam parte da administração de uma enorme franquia de produtos com propriedades medicinais, fazendo com que possuíssem uma respeitada reputação na sociedade magi, garantido assim a sua vaga e de sua irmã na instituição.

Ele estava em sua cama, organizando os inúmeros deveres de casa que haviam para serem feitos. Teria que dar conta de acompanhar a rotina de estudos, senão, ficaria para trás. Apesar disso se sentia determinado. Já sabia que seria difícil a vida em Aramonth, mas era esse o caminho que decidira seguir, mesmo sem saber bem qual objetivo desejava alcançar.

As horas em seu relógio de pulso marcavam às 9:00 da manhã. Para sua sorte nos finais de semana não eram lecionadas aulas, assim poderia respirar um pouco de ar. Pela janela do quarto, o clima era fresco e caloroso.

Em seu quarto, os garotos conversavam e riam sobre alguma coisa relacionada a um grupo de internet. Desceu do beliche e se juntou aos meninos.

— Ainda não entendi qual a graça... — disse Tony.

— Você não entende de memes, nem adianta explicar — rebateu Jorge. Em suas mãos carregava um saco de salgadinhos de pimenta.

Jorge havia trazido para Aramonth uma mala cheia de biscoitos, pedaços de bolos, marshmallow e um grande sortimento de balas e doces para fazer qualquer dentista cair duro no chão.

— Essas coisas dão câncer — disse Tony o olhando se empanturrar. — Câncer, cárie, colesterol alto, espinhas, obe... Bom eu poderia ficar aqui o dia inteiro dizendo tudo.

Jorge abocanhou um punhado de jujubas de iogurte.

— Viver dá câncer, estou cem por cento nem ai — disse, com a boca cheia.

— Gente vocês não deveriam, sei lá... Estar estudando as questões de cálculos matemáticos? — indagou ao olhar para eles.

Jorge fez uma careta e o olhou.

— Relaxa, não é como se o exame estivesse perto...

— Quero ver você dizer isso no final do ano, quando não tiver mais tempo para aprender todas as coisas, ai vai ser tarde demais.

— Calma, eu vou estudar, só não agora...

— Eu nem preciso, já sei todas as fórmulas da média energética da magia — disse Tony entrando na conversa. — Além disso, nós temos a vantagem de ter o melhor matemático de toda escola para nos ensinar.

— Quem? — perguntou Alex com as sobrancelhas franzidas.

— Você.

Olhou para Tony, tentando desvendar se ele estava falando sério ou não:

— Eu nem sou tão bom assim.

— Fala sério, todas as aulas o professor puxa seu saco dizendo que todos deveriam seguir o seu exemplo.

— Tudo bem, mas se vocês acham que eu vou me dispor de gastar meu tempo ensinando vocês estão muito enganados — avisou. Era verdade o que ele dizia a seu respeito, sempre teve uma facilidade com números. No entanto, isso não significava que carregaria outras pessoas nas costas. — Quem tem o dever de prestar atenção na explicação do professor é vocês não eu...

— A gente já entendeu Alex! Não precisa fazer uma palestrinha — falou Jorge com a boca cheia de salgadinhos.

Desistiu de argumentar com os dois e prestou atenção em Harvey.

— Hum. — Harvey tinha sua atenção voltada para o celular. Parecia focado em alguma coisa importante, quando subitamente exclamou: — Pronto, terminei!

E então se jogou na cama de braços estendidos.

— O que exatamente você terminou? — perguntou Alex, curioso.

— Estava escrevendo uma mensagem para minha mãe. Toda semana ela me obriga a escrever, mandar áudio e conversar por vídeo com ela para se certificar que tudo está bem. É exaustivo.

Deu de ombros e foi pegar mais alguns livros no armário. Estava determinado a estudar todas as leituras passadas pelos professores.

Dirigiu-se ao seu armário e retirou o Preparo de Poções e Elixires de Olivia Costa da gaveta.

Se sentou em uma mesinha de estudos que havia no quarto e começou a ler.

— Que dia chato — ouviu Harvey dizer enquanto bocejava esparramado pela cama. — E de pensar que até agora eu não aprendi nenhum feitiço...— queixou-se.

Antes de terminar a reclamação foi interrompido por Tony. O menino havia pegado o sapo. Aparentemente tinha algo estranho com o bicho.

— O Poncho não está muito bem, acho que ele está sentindo falta de ar fresco croac! — disse Tony enquanto olhava preocupado para o sapo que aparentava estar com a aparência de sempre. — Vocês querem ir comigo um pouco lá fora procurar um habitat em que ele possa ficar por um tempo? Ouvi falar que na margem do rio...

— Na margem do rio!? — indagou Alex, estressado por ser constantemente incomodado enquanto tentava se concentrar na leitura.

— Sim, eu reparei que existe um matagal cheio de mosquitos. Acho que o Poncho pode se sentir melhor lá.

A expressão de Harvey se iluminou.

— O dia acabou de ficar mais interessante. Eu vou com você, precisava mesmo sair um pouco — Harvey levantou de sua cama e pegou um boné. — Alex e o Jorge vão com a gente, não é mesmo?

— Na verdade eu tenho uma lista enorme de dever... — Antes que pudesse terminar de falar é interrompido por Harvey.

— Cara vai ser legal, além disso nós precisamos sair um pouco mesmo pegar um sol, vitamina D, nem preciso de mais pra convencer vocês, não é mesmo? — tentou argumentar ele.

Jorge deu de ombros.

— Não tenho nada melhor pra fazer mesmo. — Jorge levantou e o seguiu, logo após Tony. — Eu levo a chave.

— Fala sério, logo agora que eu resolvo estudar — Alex protestou para si mesmo.

Alex suspirou em desistência. Pegou seu livro e seguiu os garotos pelo castelo em direção aos campos externos.

⏰⏰⏰

Na parte externa de Aramonth o dia estava  ensolarado. O ar fresco, com aromas das várias plantas e árvores que cercavam o espaço, era espalhado pelas brisas sopradas pelos ventos litorâneos os quais chegavam na Ilha dos Três Magos através do Oceano Pacífico.

Alex percorreu as redondezas com o olhar e pôde avistar alunos ao redor do campo, alguns sentados a beira de árvores com algum livro na mão, outros trocando conversas e até um grupo de garotas praticando um tipo de dança enquanto escutavam música pop.

As macieiras estavam cheias de maçãs maduras, indicando que provavelmente estavam na temporada frutífera.

Mesas de madeira eram espalhadas o local, cobertas com panos quadriculados. Por cima delas havia diversos tipos de jarros de flores que iam, desde girassóis, até copos de leite. Algumas se localizavam embaixo de árvores, outras possuíam grandes sombrinhas, conectadas com o intuito de proteger do sol.

A estátua de Theodorus Aramonth continuava no mesmo lugar de sempre, assombrando todos aqueles que passavam por perto com seus movimentos repentinos.

— Tony, você sabe exatamente pra onde pretende ir? — Jorge perguntou para o garoto guiando os outros.

— A margem do Prometheus. Lá existe o ambiente ideal para anfíbios. Só que vai ser meio difícil chegar lá. — Tony rodeava as redondezas com seus olhos.

— Desculpa, isso não é meio que... proibido? Nas instruções de chegada eles deixaram claro que nenhuma pessoa sem experiência deveria se aproximar do rio. Que coisa relacionada a criaturas aquáticas que podem te fazer picadinho você não entendeu? — dessa vez foi Alex que falou.

Tony parou e, então, cruzou os braços.

— Nós não vamos entrar no rio, só ficaremos na margem, idiota — respondeu ele. — Além disso, não existe nenhuma regra que proíba qualquer pessoa de chegar perto do rio.

Alex começava a achar que aquilo era uma péssima ideia.

Os garotos o seguem, se afastando cada vez mais da área aberta dos campos externos e adentrando a parte em que a vegetação se encontrava mais densa.

Quando Alex sentiu a brisa trazida pelo rio, finalmente conseguiram avistar o local do qual Tony havia falado. À margem do rio, haviam matagais lamacentos, típicos de pantanal.

Tony se apressou e, com o sapo na mão, partiu correndo em direção do local.

O local estava cheio de mosquitos. Um prato cheio para os sapos do local, mas incômodo para todos os outros.

Tony soltou o sapo. Poncho saiu pulando em direção ao matagal.

— Deveria ter trazido algum repelente. — Harvey tentava acertar o máximo dos mosquitos com o boné, mas eram muitos para conseguir se defender ao mesmo tempo.

Belo jeito para se passar o final de semana — ironizou Alex.

— Pelo menos vou poder bater algumas fotos por aqui para a minha coleção de lugares inusitados. — Harvey começiu a bater fotos enquanto explorava o local.

Pelo ao menos alguém tá se divertindo, pensou Alex.

Alex, Jorge e Tony buscaram um lugar para ficar. Encontraram um grande rochedo coberto por musgo que havia perto e sentaram-se nele.

Alex parou para analisar as redondezas. O castelo não estava tão distante assim e, logo mais à frente, uma densa área florestal cobria uma grande parte de terra até sumir de vista.

A floresta esquecida.

Já ouvira falar sobre ela antes de chegar à Aramonth. O acesso não era proibido, no entanto, ninguém em sã consciência adentraria o lugar. Só de olhar de longe podia sentir os tipos de perigos que habitavam aquela floresta. E criaturas.

Ele abriu o Preparo de Poções e Elixires e começou a folhear a partir da folha marcada. Tentando ignorar o zumbido dos mosquitos, começou a ler:

"Poção da Verdade
Tempo de Preparo: 15 dias
Eficácia: 50% em relação a força de vontade
Ingredientes: Folhas de laranja, pó mágico de duendes da floresta, cogumelos da lua, couve-flor e água avermelhada do abismo.
Efeito: Aquele que a beber falará apenas a verdade durante o período de uma hora."

Se eu desse uma dessas para Ness ele me diria porque parou de falar comigo, devaneou pensando no uso que faria caso conseguisse produzir a poção.

Ia ler o modo de preparo, quando ouviu o som de água respingando. Tirou os olhos do livro e olhou a cena que se seguia.

Tinha alguma coisa muito errada acontecendo.

De dentro do rio, saiam tentáculos que lembravam os de um molusco. Entre eles, estavam vários sapos pegos do local, incluindo Poncho.

Tony saiu correndo em encalço da criatura, mas era tarde demais e os tentáculos retornaram para água. O garoto, então, pulou na água, desaparecendo de vista.

Realmente havia sido uma péssima ideia.

Harvey


Pareceu que o tempo havia corrido em câmera lenta durante aquele milésimo de segundo em que os tentáculos apareceram e agarraram o sapo e, logo em seguida, Tony pulou no Prometheus. Jorge e Alex partiram em encalço de Tony, porém, o garoto já não era mais visível, restando apenas o agitar das águas no local onde ele havia pulado.

Droga.

Sem nem antes parar para pensar nas consequências, Harvey se apressou e mergulhou na água.

Quando ele mergulhou percebeu que a temperatura era gelada, em contraste com o clima quente do dia.

Tentou concentrar o seu olhar enquanto o nadava pelas águas. Apesar da profundidade a sua visão era perfeitamente nítida e transparente.

Quando olhou para baixo se deparou com uma imagem um tanto quanto assustadora.

O que parecia ser uma lula gigante e vermelha com face de tubarão percorria as águas majestosamente, enquanto Tony a perseguia logo atrás, nadando em velocidades inumanas. Sua aparência também tinha mudado. Sua pele havia adquirido um tom esverdeado e, de suas mãos, pareciam brotar guelras.

Entre os tentáculos da criatura estava Poncho.

Harvey notou que o ar em seus pulmões ainda não tinham esgotado. Certamente alguma propriedade mágica presente no rio possibilitava que seres humanos prendessem a respiração livremente sem esgotar os pulmões. O ambiente submarino do rio era diverso, possuindo criaturas marinhas das mais variadas espécies, assim como rica vegetação aquática. Após essa pequena indagação, ele partiu em perseguição da criatura e do garoto.

Depois de apressar o nado e seguir Tony - Harvey havia feito natação em sua infância por isso conseguia nadar em rápida velocidade - ele alcança o garoto que parece ter feito uma parada para analisar a situação. Não muito longe, em uma caverna submarina, estava a criatura, junto com um conjunto de animais que julgou serem seu almoço. Tony notou a presença de Harvey e dirigiu seu olhar com uma expressão de choque.

Como estavam embaixo da água e não poderia falar, Tony teve que fazer uma sequência de gestos com as mãos enquanto apontava para Harvey.

Nem pensar, Harvey protestava enquanto raciocinava o plano que o garoto tinha em mente. Nós estamos literalmente ferrados.

Após pensar por alguns minutos percebeu que não tinham escolha e logo o monstro faria sua primeira refeição. Sabia que aquele sapo tinha um valor enorme para Tony - era o seu melhor amigo. O pouco em que ele e Tony haviam conversado pode entender isso, o bicho era mais que um animal de estimação. Fora um presente de seus pais que havia aprendido a amar como se fosse parte de sua família.

Decidido em seguir em frente com o plano suicida, Harvey nadou em direção à caverna, procurando ficar a alguns metros de distância. Enquanto chamaria a atenção do monstro para si, Tony aproveitaria a falta de atenção da criatura para resgatar o anfíbio.

A atenção da criatura logo se voltou para ele. Em seguida, ela partiu em direção de sua nova presa com seu emaranhado de tentáculos tateando em direção de Harvey. Ele conseguiu desviar de todos eles.

A criatura o perseguiu enquanto Harvey se apressava a nadar o mais rápido que conseguisse para longe dali. Apesar de seus esforços, as forças logo o abandonaram e ele diminuiu a velocidade. A margem do rio logo acima se apresentava como um paraíso a curta distância.

Harvey começou a sentir uma textura grudenta circundar todo o seu corpo. Havia sido pego.

Espero que a minha morte tenha valido a pena, pensou, melancólico.

A esta hora Tony já deveria ter recuperado o sapo e alcançado o solo. Ou pelo ao menos esperava ele.

Os tentáculos o agarraram e sentiu seu corpo espremer como um limão.

Quando estava prestes a perder a consciência vislumbrou uma luz brilhante o cegar. E essa é a última coisa da qual se lembrara.

Triz

— Disso eu não sabia! — Candy direcionava seu olhar de descrença para a garota em sua frente como se estivesse a vendo pela primeira vez na sua vida. — Nem eu mil anos eu saberia se ninguém tivesse me contado.

— Merlim foi o primeiro ser humano a entender como utilizar a energia cósmica pra usar magia — Lica explicava enquanto folheava o volume 1 de História da Magia, o mesmo que o professor Pasqualli havia orientado os alunos a fazerem um resumo dos primeiros capítulos. — E, assim, transmitiu seu conhecimento para a geração de magos que ficaria conhecida como a primeira linhagem.

— Sabe, me pergunto como eu que entendo tudo sobre internet e tecnologia não conhecia essas informações...

— É normal considerando que só recentemente os magi começaram a investir para valer na internet como meio de adquirir e espalhar conhecimento — explicou Lica. — Isso explica o porquê de, por exemplo, a geração atual de magos desconhecer a descendência dos magos iniciada com Merlim, assim como as suas primeiras teorias sobre a magia.

— E não é, tipo, perigoso isso tudo de conteúdo espalhado pela internet... Você sabe, as pessoas podem desconfiar.

— Acho bem difícil. Eu acho que se fosse uma não-magi e visse esses arquivos na internet pensaria se tratar de uma obra de ficção ou algum tipo de fanfic.

— Se você diz.

— Além disso já existem teorias conspiratórias demais espalhadas pela rede. Você acha que no meio de tantos reptilianos, iluminatis e maçônicos alguém daria bola para uma suposta população mágica existente no mundo?

Lica arqueou as sobrancelhas.

— Faz sentido.

As duas garotas prosseguiam com seus estudos no carpete do quarto. Em sua cama, Triz aproveitava a desatenção das meninas para terminar de escrever a carta. Já estava quase terminando. Então, refez a leitura para se certificar que não havia nenhum erro.

Querido irmão. A missão foi completada com sucesso. A pena do dragão elemental Auroros foi capturada com sucesso, como as instruções haviam sido repassadas. Até agora, ninguém suspeita o real motivo da minha ida a câmara. Ainda aguardo instruções restantes sobre como proceder.

Triz Fassbender

Após se certificar que estava tudo certo, selou o envelope com a pena dentro e rumou seu caminho para os imponentes corredores de Aramonth.

Havia conseguido informações de que um serviço de entrega de cartas feita por pombo correio existia no castelo, apesar de quase nunca ser usado devido ao crescimento da tecnologia que logo substituiu a entrega de cartas escritas. Hoje em dia bastava um e-mail e você poderia se comunicar com qualquer pessoa ao redor do globo. Porém, o que tinha consigo não poderia ser entregue por um simples e-mail.

A luz do sol adentrava as aberturas do castelo, emitindo raios de luz por toda a extensão do mesmo. Apesar da vista linda dos campos ao redor da propriedade, Triz não conseguia pensar em outra coisa além de seu irmão.

Lucca...

Lucca era seu irmão mais velho, e fora sua figura paterna e materna durante toda sua infância. Ainda podia lembrar-se de seus intensos cabelos prateados, olhos profundamente azuis, e cabelo longo que sempre prendia em forma de rabo de cavalo. Muito antes de possuir qualquer memória sobre sua infância, seu pai e sua mãe foram mortos por uma doença desconhecida, segundo seu irmão a havia informado, então eles sempre foram sozinhos no mundo. Em consequência disso, Lucca teve de aprender como se virar sozinho e conseguir alimentar os dois. Foram inúmeras às vezes em que passaram grandes períodos passando fome e se alimentando, basicamente, de batata e outros alimentos que conseguiam encontrar nas ruas ou pedindo esmola em padarias.

Haviam perdido a casa logo após a morte dos seus pais que foi tomada para pagar dívidas e, como não possuíam nenhum parente vivo conhecido, passaram dias, meses, e anos, morando em becos e pontes, a mercê do destino. Porém, tudo mudou quando conheceram Vaar.

Triz e Lucca estavam percorrendo as ruas de um vilarejo local, exaustos e implorando por comida quando se depararam com o homem.

Em seu primeiro encontro, era perceptível que não era um homem comum, e sim um mago. Sua cabeça era completamente calva e seus olhos tinham um tom cinzento desbotado. O homem exibia um sorrido quase malicioso enquanto os encarava. Vestia calças jeans desbotadas e utilizava um casaco de couro junto com botas pretas. Aparentava estar na casa dos 30 anos.

— O que duas crianças magi fazem sozinhas andando por essas ruas?

A expressão na face dos irmãos era de pura surpresa, até aquele dia ninguém havia os reconhecido como de linhagem magi e também não tinham encontrado nenhum mago.

Após Lucca explicar um breve resumo de suas vidas até aquele ponto, o homem os convidou para comer com ele. Foi o melhor banquete que haviam tido desde que Triz se lembrava como gente.

Enquanto comiam, Vaar os convidou para ir morar com ele em sua casa no campo. Nessa época Triz ainda não se atentava aos detalhes dessa conversa, mas, se houvesse prestado maior atenção, poderia ter ouvido a palavra "revolução" ser repetida enfaticamente.

E desde desse dia sua vida havia mudado drasticamente. Triz ainda não sabe avaliar se para melhor ou para pior.

Vaar tinha os ajudado e encontrado um lugar onde morassem. Apesar disso, Triz não podia deixar de lado a desconfiança que sentia do homem. Algo nele emanava uma força obscura, como se escondesse consigo todos os segredos obscuros que existiam no universo.

Além disso, aquele homem, mesmo que de forma indireta, havia afastado seu irmão dela. Antes, Lucca era uma pessoa calorosa e bondosa com todos, apesar dos percalços da vida que enfrentara sempre esboçava um sorriso no rosto. Porém, após conviverem com o homem, ele mudou. Tornou-se frio e aquele sorriso solar que antes tanto a agradava havia desaparecido, deixando para trás apenas uma expressão indiferente. Os dois possuíam seus segredos que não compartilhavam com Triz, por motivos desconhecidos. Era como se os ideais desconhecidos daquele homem o tivessem corrompido e tomado toda sua inocência.

Apesar disto, Triz era agradecida pelo homem, afinal se não fosse por ele talvez não estivessem vivos até hoje, e era por isso que estava disposta a fazer tudo que lhe fosse ordenada, por ele e seu irmão. Não sabia qual era o propósito daquilo tudo, mas o faria, mesmo que significasse ficar contra seus ideais.

Eu já tomei minha decisão.

Antes que se dessa conta, estava em frente à porta do serviço de entrega via pombo correio. Não foi difícil identificar porque na porta estava pregada uma figura em madeira de um pombo. Dentro do lugar havia uma bancada onde uma mulher de meia idade estava folheando o que parecia ser um livro de romance.

Ao bater à porta a mulher dirige a sua atenção para a garota, em seu crachá esta uma identificação com seu nome ao que parece ser Susan Coyle.

— Ótimo dia, em que posso ajudá-la querida? — A mulher abre um sorriso amarelo. Triz supôs que era a primeira pessoa a visitar o lugar faz um bom tempo.

— Eu gostaria de ordenar uma entrega para o seguinte endereço. — Triz apontou para o remetente escrito no envelope e entregou para a mulher.

— Muito bem. — A mulher puxou sua caneta e começara a escrever em um bloco de notas. — Sabe, é muito incomum hoje em dia nós recebermos visitas de alunos. Estamos à beira da extinção, você sabe com a internet e essas coisas todas ninguém mais se importa em enviar um bom e velho pombo correio, mas você quer saber de uma coisa? Não troco os velhos modos por nada nesse mundo!

Então, Triz deixa o local com a sensação de dever cumprido.

Harvey

Por baixo de suas pálpebras, Harvey era inundado por um mundo avermelhado, enquanto sua visão se acostumava ao local em que se encontrava. Parecia estar em uma daquelas camas de hospital, feita de metal e dura. Ao rondar o local com o seu olhar pareceu entender onde estava, a enfermaria de Aramonth.

No lugar se encontrava um conjunto de camas, postas em fileiras na horizontal. Também havia armários com, o que julgou, produtos medicinais, tanto mágicos como comuns da medicina humana.

A forte luz da manhã inundava a sala, não deveria ter passado muito tempo desde que havia pulara no rio. A última coisa que se lembrava era ter sido agarrado pelo abraço mortal da lula e o brilho, depois apenas um breve blackout e estava nessa cama.

O pior é que não era a primeira vez que encontrava problemas em Aramonth. Desde o incidente com Auroros, onde ele, Alex e a garota misteriosa, que ele descobriu se chamar Triz Fassbender, estava na mira de Mafalda. Se não fosse mais cuidadoso acabaria se dando muito mal.

A porta abriu e, adentrando a sala com sua expressão ranzinza de sempre, está seu maior pesadelo, Mafalda em pessoa. Estava começando a achar que a mulher era um ser onipresente. Logo atrás dela, uma mulher que ele julgou ser uma enfermeira junto com Tony e Poncho.

Pelo ao menos ele conseguiu se safar, pensou

— Senhor Azriel. — Mafalda se dirigiu diretamente para sua cama e Harvey já podia ler em sua mente o sermão que ela tinha preparado. — Não é a primeira vez que se mete em encrenca durante sua estadia em Aramonth. Não faz nem um mês desde que as aulas começaram, espero que tenha uma boa explicação para isso!

Tony se encolhe ao ouvir o tom da voz de Mafalda, e Harvey se prepara para criar uma explicação que não comprometesse nem ele ou o garoto. Então, resolveu falar a verdade.

— Para resumir toda história, Poncho, que é aquele sapo que vive com Tony, não estava se sentindo bem então decidimos ir a margem do Prometheus para ver se ele se sentia melhor. Acontece que os tentáculos saltaram da água e agarraram Poncho, então Tony resolveu pular para salvar o sapo e eu para salvar Tony — Harvey tenta resumir tudo minimamente. — Está conseguindo me acompanhar?

— Tudo isso por causa de um maldito sapo? Seria engraçado se não fosse trágico, espero que você sabia a encrenca que se meteu e que isso terá serias consequências. Aramonth é a escola de magia mais respeitada do mundo, existem milhares de pessoas que matariam para estar no seu lugar. Mas se tratando do filho daquele homem não me surpreende muito...

— Você conheceu meu pai?

— Isso não vem ao caso, mas espero que você saiba em que posição está. O que vocês fizeram hoje pode resultar em expulsão. Se eu não tivesse chegado a tempo nem consigo pensar no que poderia acontecer, a reputação de Aramonth iria para o ralo se espalhasse a notícia que alunos morreram nas estruturas da escola. Por Merlim!

Eita.

Apesar de achar que a mulher estivesse exagerando, não conseguiu deixar de pensar na possibilidade levantada por ela. Uma pergunta veio em sua mente:

— Por que eu não me afoguei no rio? Parecia que eu conseguia respirar dentro da água.

— É uma proteção mágica existente no rio para evitar que acidentes como o de hoje acabassem em tragédia — disse ela. — Vocês dois tem sorte de existir um encantamento no rio graças ao trato feito com a rainha das ninfas da água.

Ela parou e ficou murmurando algo para si mesma. Parecia fazer um esforço para se controlar. Por fim, disse:

— Terei uma reunião com a diretora Glinda, até lá aguardem a decisão e estejam avisados. Mais um deslize e se considerem expulsos, especialmente você senhor Azriel.

Depois de dar seu ultimato, a mulher sai da sala. Os dois têm uma pequena conversa com enfermeira sobre a sua situação depois são liberados.

⏰⏰⏰

Por todo o trajeto até o quarto nenhum dos dois trocaram uma palavra, até Tony quebrar o silêncio:

— Obrigado.

— Amigos são para isso. — Apesar de tudo, achou que o esforço tinha valido a pena.

Ao chegarem no quarto, são recebidos por Jorge e Alex que os recebem com um sorriso no rosto. Alex contou tudo que tinha se passado desde que Tony havia mergulhado no rio e como ele e Jorge se apressaram para procurar ajuda, quando encontraram Mafalda que utilizou de sua magia para resgatar os garotos de baixo da água antes de se transformaram em refeição de lula-tubarão.

— Foi mal se coloquei vocês em encrenca — Alex se desculpa com os garotos, depois de Harvey relatar todo o ocorrido na enfermaria e como receberam uma advertência com risco de expulsão. — Eu não queria dizer que avisei, mas eu avisei. Se nós não tivéssemos saído do quarto nada disso teria acontecido.

— Não foi sua culpa, qualquer outra pessoa teria feito o mesmo — Tony conforta. — Se não fosse por você a essa hora estaríamos mortos.

Apesar de tudo, Harvey não achava realmente que seriam expulsos. Conheceu Glinda e sabe que ela é uma pessoa compreensível. Diferente de Mafalda, ela entenderia o lado dos garotos e não tomaria medidas tão drásticas. Apesar disso, Harvey não podia depender tanto da boa vontade da mulher. Daqui em diante faria de tudo para ficar longe de confusões.

— Bom, já está tudo resolvido e não temos nada de melhor para fazer, que tal jogar D&D? — Jorge tenta animar os garotos com mais uma de suas seções de rpg.

— NÃO — os três respondem em união.

Os quatro pegam seus livros escolares e iniciam suas rotinas de estudos. Afinal, estavam em Aramonth e, se não estudassem, não poderiam avançar em suas carreiras como magos.

Porém, Harvey não deixava de se questionar quando de fato começariam a aprender a usar magia. Até aquele momento só haviam estudado a teoria, porém não tiveram sequer um treinamento prático.

Mal posso esperar.

E assim iniciava mais uma semana de aula em Aramonth.

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