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16. Roubos soturnos

Alex

Alex descia o conjunto de escadas de acesso a parte subterrânea do castelo. De repente, um calafrio transpassou sua espinha a medida que deixava o clima ameno da parte térrea do castelo e adentrava o clima sombrio e opressor, quase claustrofóbico.

A parte subterrânea do castelo era formada por um labirinto de corredores interligados, que davam acesso as diversas salas e laboratórios escolares. Como não haviam janelas, a claridade entrava com dificuldade pelo local, o qual, mesmo durante a manhã, era iluminado com a ajuda de tochas penduradas por toda a sua extensão. Nos corredores haviam diversas portas de metal e, conforme descia mais profundamente, as portas e paredes começavam a envelhecer, assim como o chão tinha sua passarela rochosa substituída por barro.

Sempre que entrava no local um filme passava pela sua mente do dia em que ele e Harvey haviam entrado na câmara do dragão e por pouco não haviam sido mortos pela criatura. Desde esse dia aquele local passara a preencher os seus pesadelos.

Os alunos contavam histórias sobre o subterrâneo do castelo. Alguns diziam que havia uma escada que descia tanto ao ponto de perfurar uma dimensão demoníaca, outros afirmavam a existência de uma catacumba onde residiam os corpos dos falecidos diretores do castelo, a existência de portas que eram portais que quando abertos davam em salas secretas, prisões fantasmagóricas, as histórias eram muitas.

Chegou em frente a sala. A placa na porta indicava "Laboratório 2" onde teria aula de Medicina Mágica, entrou. A classe ainda estava escassa de alunos, sinal de que a aula ainda não começara.

Se dirigiu para sua bancada e sentou. Harvey, para variar, havia se atrasado para a aula.

Pegou seu celular para acessar o sistema de Aramonth pelo aplicativo e checar qual tema da aula no período do dia. Acessou a disciplina, a aula do dia era intitulada "Preparo de antídotos para envenenamento por manticoras". Iria abrir a explicação deixada pela professora quando sentiu alguém sentar ao seu lado. Desviou a atenção do celular e olhou para o dono dos cabelos brancos sentado ao seu lado. Era Alone.

— Então... você já saiu da detenção? — perguntou ele o fitando.

— Sim, faz uma semana — respondeu.

Havia ficado um mês e meio na sala da detenção, porém conseguiu sair antes do prazo estipulado por bom comportamento. Nunca esqueceria aqueles dias tediosos que passara depois da aula se forçando a terminar e completar as tarefas passadas.

— Bom, já que você saiu, porque não volta para o clube de jornalismo? Nós estamos precisando de você lá.

— Deixa eu adivinhar... Eles mandaram você aqui para tentar me convencer a voltar para lá, estou certo?

Alone deu de ombros confirmando sua pergunta.

— Sim, mas eu também vim por vontade própria — disse ele. Havia sinceridade na sua voz. — Afinal nós somos amigos e você me salvou de cair na detenção. Além disso eu sinto sua falta lá no clube, está sendo um saco aguentar aquela chata da Ana sozinha mandando nas coisas.

Soltou um riso contido.

Na verdade já estava pensando em voltar em frequentar o clube antes de sair da detenção. Gostava do ambiente existente e das pessoas, sentia até um pouco de empatia por Ana, apesar de ela ser um pouco sem noção.

— Se é assim...

— Só peço que você pense bem e venha apenas se essa for a sua vontade e não por pressão — disse Alone. Retirou-se da bancada e voltou para a sua.

Voltou a olhar para o celular. Então começou a sorrir sozinho.

A professora Trinity entrou na sala interrompendo o seu devaneio.

— Bom dia meus alunos, todos para os seus lugares — proclamou a professora com sua característica voz aguda.

Trinity era uma mulher minúscula, com longos cabelos armados em tranças e uma voz fina idêntica ao som pixelado emitido pelas fadas que perambulavam pelo castelo durante a temporada das fadas.

A professora abre um grande armário do laboratório e coloca uma variedade de frascos, plantas e outros objetos sobre a grande mesa central.

A porta abre e uma grande quantidade de alunos entra, entre eles está Harvey e os outros garotos. Ele se dirigiu para seu lugar ao seu lado.

— Cara você não sabe a encrenca que o Tony me meteu, quase não consigo chegar a tempo — disse ele ao sentar.

— Como se fosse a coisa mais difícil do mundo você se atrasar para aula.

— Mas dessa vez realmente teve um motivo para o atraso.

A professora começara a dar instruções da aula.

— E que motivo é esse?

— O Poncho desapareceu e o Tony arrumou o maior escândalo. Ai você sabe, ele me arrastou junto com Jorge para procurar o sapo por todo lugar, mas essa não é nem a pior parte.

— O que? Vocês acharam o sapo? — Aquilo era típico de Tony, principalmente quando se tratava daquele bicho.

— Achamos e a parte mais irônica de tudo é que ele estava debaixo do nosso nariz. Dentro da privada do banheiro o tempo todo e nós apenas gastamos energia a toa procurando ele por todo lugar. — Soltou um riso contido. — A próxima vez que o Tony arrumar algum drama eu não vou dar a mínima.

— Licença, Harvey e Alex, estou atrapalhando a conversa dos dois? - a voz da mulher interrompe a conversa.

Os dois viram suas atenções para frente onde a professora os olha com um olhar inquisidor após interromper a fala.

— Desculpa professora, estávamos justamente discutindo sobre o tema da sua aula... — se desculpou Harvey. Se alguém tinha um poder persuasivo esse alguém era ele já que estava acostumado a receber esporro dos professores.

A professora voltou a sua explicação. Os dois atentaram a professora.

— Voltando a explicação, a preparação de antídotos exigem a coleta de uma amostra de veneno...

— Psiu, Alex — Harvey sussurou roubando novamente sua atenção.

Revirou os olhos.

— Que foi? — sussurrou o mais baixo que podia disfarçando para Trinity não notar.

— Hoje eu e os outros vamos nos reunir no pátio fora do castelo para treinar os feitiços, você vai?

Parou para pensar na conversa anterior que teve com Alone. Então decidiu.

— Não posso, tenho outro compromisso — sussurrou de volta.

E assim a aula prosseguiu.

Ficou parado por alguns minutos, relutante, em frente a porta do clube quando por fim decidiu entrar.

Abriu a porta e foi recebido pelos olhares dos presentes na sala.

— Quem é vivo sempre aparece — disse Caleb ao virar em sua poltrona e o fitar.

Parecia que suas olheiras haviam duplicado de tamanho e a sua face abatida apenas se intensificou.

— Alex! — Ana correu e o abraçou.

— Não pense que eu esqueci o que você fez comigo — sussurou no ouvido dela.

Logo após o dia em que foi capturado pelos guardas recebeu uma mensagem cínica da garota. Ela dizia que sentia muito por ele ter sido capturado, porém ela não podia correr o risco de ser pega em flagrante e tinha uma reputação a zelar. Logo após ler a mensagem um tique veio em sua mente e concluiu que a garota usara ele para despistar os guardas e se safar ilesa. Isso apenas confirmou sua hipótese que ela era fria e não tinha o mínimo de compaixão por qualquer outra pessoa a não ser ela mesma.

— Ué, o que eu fiz? — indagou ela sonsa.

— Não vem se vitimizar — disse a olhando. — Você sabe muito bem do que eu estou falando.

— Ah, você está falando do lance daquele dia? Só fiz o que era necessário. — Ela voltou a sentar em sua cadeira e pilhar um monte de papéis. — No entanto, desculpa por algo que eu possa ter feito que desagradou.

— Não guardo rancor — disse se apoiando na parede.

— Que linda a reunião e a ceninha, mas nós temos trabalho pessoal. — Caleb levantou de sua poltrona e começou a andar aleatoriamente pela sala como costumava fazer. — E obrigado por voltar Alex, nós estamos atolados no trabalho, precisamos do tanto de ajuda quanto podermos.

— Ainda o mistério sobre o aluno expulso? — indagou.

— Não, nós demos uma pausa no caso por conta do trabalho de pesquisa necessário ter consumido todo nosso tempo — disse Emilly que até então estava silenciosa. — As pastas não estavam em ordem alfabética o que dificultou nosso trabalho.

— Agora nós pulamos para outros casos paralelos, mas ainda estamos sondando os arquivos para ver se encontramos algo — disse Caleb completando a fala de Emilly. — No momento estamos focados no caso dos desaparecimentos em Aramonth.

Franziu o cenho.

— Desaparecimentos?

— Em que mundo você vive? Tá todo mundo falando sobre os roubos seguidos que vem acontecendo. — Ana parou de mexer nos papéis e o olhou. — Tem aluno até pensando em processar a instituição se nada for feito a respeito.

— O Aramonth News tem se dedicado exclusivamente a cobrir o caso — disse Caleb agora parado.

— Eu não estava acompanhando então não sei de quase nada — disse sinceramente.

Estava boiando com tudo aquilo.

— Já que está aqui, hoje vai ter um protesto de alunos no hall de entrada do castelo. Você e Ana estarão encarregados de fazer a cobertura em vídeo da ação, enquanto o resto vai colher depoimentos e informações. Tudo vai ser publicado no site e na página do Smiley do jornal.

— Já que é assim... Só não sei que função eu vou exercer lá.

— Você vai ser o câmera man Alexzinho — disse Ana com sua voz forçada de criança. — Espero que me filme de ângulo bom pois gosto de arrasar em minhas matérias.

Olhou para ela e deu de ombros. Pegaram todo o material que precisariam e partiram rumo à entrada do castelo.

Não demoraram muito para descer os grandes lances de escadas que desciam em espiral em direção ao grande salão de entrada. Ao chegarem, puderam vislumbrar uma pequena multidão de alunos de várias turmas protestando e gritando frases de ordem.

— QUEREMOS RESPOSTAS! QUEREMOS RESPOSTAS! QUEREMOS RESPOSTAS!

Ana fez sinal para a seguir quando começou a puxar conversa com um garoto, provavelmente o convencendo a ceder uma entrevista. Após os dois concordarem, ligou a câmera de tamanho médio que havia trazido consigo e começou a gravar.

— Olá telespectadores do Aramonth News. Estamos com mais uma reportagem exclusiva, dessa vez em relação ao caso dos roubos em Aramonth. — Ana mudou seu semblante para uma posição mais formal. — Nesse exato momento estamos perto de uma concentração de estudantes protestando e denunciando o sistema de segurança falho de Aramonth, a tão intitulada maior escola de magia do mundo. Então vamos nos atentar as reivindicações dessas pessoas e buscar ouvir o lado dessa multidão tão fervorosa de protestantes.

Ajustou a câmera em uma posição que conseguisse pegar os dois e a multidão atrás.

— Aqui encontramos um dos alunos participantes da ação, com licença, qual seu nome? — indagou Ana.

— Andreias.

— Andreias, o que você tem a dizer sobre a onda de furtos que assolam o nosso ambiente escolar?

— Eu vim para Aramonth achando que se tratava de uma instituição íntegra que presava a segurança dos alunos, mas estava totalmente enganado — disse ele. — Roubaram meu nintendo 3ds edição prateada que meu pai me deu e não moveram sequer um pauzinho para procurarem o responsável.

Ele estava claramente nervoso.

— Foi um presente de aniversário que ele me deu antes de morrer, tinha um valor simbólico muito grande para mim. — Sua expressão dura se amenizou. — Isso não é justo!

— Não é mesmo, e o que você acha da postura da diretora Glinda em relação as reivindicações?

— Bom... eu não acho...

— Não precisa responder, todos sabemos que os alunos repudiam a imparcialidade da Glinda e sua impotência como gestora da escola — continuou Ana tentando queimar a diretora. — Se Theodorus Aramonth estivesse vivo estaria morto de vergonha com o que a administração do seu maior legado se tornou.

— Eu não...

Ela não deixou ele terminar antes de o interromper.

— Obrigado por sua opinião, e vamos continuar com a cobertura dos movimentos estudantis em Aramonth. Mais notícias a qualquer momento em www.aramonthnews.com. Fiquem ligados.

Pausou a gravação e salvou. Ana caminhou em sua direção pedindo para checar o vídeo.

— Trabalho terminado — disse Ana após terminar de visualizar tudo.

— Você não acha que exagerou muito não?

— Claro que não. Não me utilizo de sensacionalismo... somente a verdade. Agora vamos.

— Sei...

Nem ela acreditava nisso. Se indagava qual poderia ser o motivo de tanto repúdio por parte da garota em relação a Glinda.

Harvey

Expandus! — evocou Harvey. A este ponto já até havia perdido a conta de quantas vezes disse o feitiço, dessa vez sem nenhum resultado.

Enxugou o suor em sua testa. Segurou a maçã outra vez e então partiu para outra tentativa.

Minimizum! — disse. — Droga, nada funciona.

Estava sobre uma das mesas da parte externa de Aramonth. A macieiras logo acima de sua cabeça emitiam sombras frescas e refrescante. Jogou a maçã que saiu rolando pela mesa e caiu no gramado.

— Sério que você gostou daquele final? Foi horrível, uma vergonha — disse Jorge.

Ele usou o feitiço movus para puxar uma maçã de um galho. O fruto saiu voando e parou em sua mão, logo em seguida abocanhou.

— Ah sei lá eu não achei nem ruim nem bom, existem finais piores — Tony rebateu.

Os dois estavam conversando sobre alguma série.

— Sobre o que vocês estão falando, não deveriam estar treinando o feitiço? — indagou com as sombrancelhas arqueadas ao notar a conversa dos dois.

Os dois que sentavam em bancos de madeira olharam para Harvey.

— Sobre o final do Lost — disse Tony — Eu já desisti faz a uma hora, mal tenho energia pra ficar em pé.

— Somos dois — completou Jorge com a boca cheia de maçã.

Olhou ao redor. Havia um bom número de alunos passeando pelo lugar e rodas de conversas agitadas partindo de várias direções. Concentrou sua audição e pode ouvir de vozes exaltadas não muito longe. Olhou para os enormes portões do castelo, o som vinha de lá.

— O que está acontecendo lá? — indagou.

— Um protesto ou algo assim — respondeu Tony.

Usou o movus para atrair a maçã do chão e a colocou sobre a mesa.

— Eu não aguento mais tentar — admitiu por fim.

— Ué, mas não foi idéia sua convencer o professor a ensinar feitiços mais complicados? — Tony o olhou com olhos denunciantes.

— Eu e a maioria das pessoas da sala, inclusive vocês.

— Eu não disse nada, só fiquei na minha porque você puxou a turma para o seu lado.

— Não importa, eu com certeza vou dominar esse feitiço, vocês vão ver. — Sua voz era ríspida, no entanto ainda não tinha jogado a toalha.

Mordiscou a maçã.

— Já que você está com tanta disposição assim porque você não pede ajuda para aquele fantasma? — sugeriu Tony.

— Como assim?

O olhou curioso.

— Não é pra isso que servem os fantasmas acompanhantes? Para dar conselhos e ajuda?

Não havia pensado na possibilidade. Desde a temporada das fadas, quando Alfredo revelou o passado de sua mãe e seu pai, nunca mais abrira a caixa do fantasma. No entanto não era uma má idéia.

— É isso mesmo que vou fazer!

Então partiu da mesa confiante e caminhou de volta ao castelo em direção ao seu quarto.

Ao adentrar os portões e chegar ao hall de entrada fez uma manobra para passar pela multidão de estudantes que bloqueavam as escadas que levavam para próximo andar. Subiu um grande lance de escadas até chegar a ala dos dormitórios do castelo.

Caminhava pelo corredor até ver uma cena inusitada. Lica segurava uma lupa enquanto parecia analisar o chão rochoso do castelo. Parou perto dela.

— O que você está fazendo? — perguntou olhando para ela.

— Investigando... não posso dizer o que por enquanto — respondeu ela ainda sem tirar os olhos da lupa.

Deu de ombros e continuou a caminhar. Parou em frente a porta do seu quarto e a abriu com a chave.

Foi verificar sua mala embaixo da cama. Segundo sua memória, a última vez que pegou a caixa prateada deixara naquele lugar.

Abaixou e olhou embaixo da cama. Deu de cara com o sapo o olhando com seus glóbulos negros e incertos. Logo atrás, sua mala. Arrastou ela para perto e a abriu.

Retirou tudo da mala buscando o objeto. Já estava quase tudo para fora, roupas, escovas, livros jogados no chão, quando começou a se desesperar. Terminou e concluiu que não estava ali.

Em seguida procurou por todo lugar do quarto, sem conseguir achar nada. Havia desaparecido.

Droga.

Lica

Lica caminhava pelo hall de entrada do castelo em direção aos portões quando é atingida pelos ventos frios vindos do exterior. Seu vestido branco balançava com o toque dos ventos. De repente, agradeceu por ter vestido casaco e cachecol.

O clima começara a cair ao decorrer da semana, e hoje acreditava que deveriam estar pertos dos 5 graus celsius. Ao deixar o castelo, a paisagem dos campos externos é a mesma usual dos finais de semana. O sol de dia nublado calmamente brilhava, emitindo frescos feixes de luz solar. As mesas eram preenchidas por grupos de alunos que trocavam conversas. Alguns praticavam feitiços, outros tocavam instrumentos musicais, a diversidade era tanta que a deixava zonza.

Notou um grupo reunido em baixo de uma árvore perto do que parecia ser uma bancada comandada por duas meninas. Se dirigiu com curiosidade para ver do que se tratava.

Brownies deliciosos, preparados com todo amor pelo clube de culinária, de graça — anunciava uma das garotas. Usava grandes brincos de argola e possuía o cabelos castanhos cortados em um lindo Chanel.

Abriu espaço por todos e pode ter o vislumbre da bancada montada. Em cima da mesinha havia uma faixa branca escrita "brownies de graça! somente hoje". Sobre a mesa, estavam vários doces de chocolate encobertos por plásticos, apetitosos ao olhar.

A multidão começara pegar os brownies sucessivamente. A visão fez sua barriga roncar.

Sentiu uma mão tocar seu ombro.

— Parecem gostosos — virou para olhar Harvey fitando os brownies sobre a pequena mesa. — Não acha?

Harvey, assim como ela, vestia um cachecol em conjunto com um suéter azul e calça jeans. Seu cabelo preto, usualmente penteado para trás, estava coberto por um gorro.

Retribuiu com um sorriso.

— Sim... mas você não acha muito suspeito eles estarem distribuindo tudo de graça?

— Deve ser... mas eu não ligo

Ele deu de ombros.

Conforme o número de pessoas fora diminuindo, os dois foram chegando mais perto até ficarem de cara com as duas garotas.

— Bom dia, vão querer os brownies especiais premium? — disse a que usava brincos de argola.

— Sim, eu quero — disse Harvey. Se apressou para passar para frente.

Uma das meninas pegou um brownie embalado em plástico e entregou para ele.

— Tenha um ótimo dia — agradeceu a garota. Então olhou para Lica. — E você, vai querer?

Lica adorava chocolate, porém antes precisava saber do que os doces eram feitos. Não se sai aceitando coisas de estranhos, isso é senso comum.

— Sim... mas antes quero saber do que são feitos.

As duas se entreolharam.

— Nós adicionamos junto com o chocolate algumas doses de poções realçadoras de gosto, que continham essências artificiais de diversos sabores.

— Que sabores são esses?

Trabalhar com poções era um trabalho complicado. Elas necessitam de um teste prévio para assegurar que não existe nenhum risco a saúde ou efeitos indesejados, não é a toa que poções mágicas era um disciplina obrigatória para todos aqueles que desejam se tornar magos.

— Bom, nós buscamos usar combinações inusitadas e originais nas misturas... Mas esse é o primeiro teste prático que estamos fazendo — disse a outra garota. Vestia uma camisa larga o bastante para se passar por um vestido.

— Espera ai, vocês usaram poções para realçar o sabor, e nem sabem se é seguro... — deixou escapar o espanto na sua voz.

Harvey começou a comer o brownie enquanto olhava a conversa com desdém.

— Na verdade os testes estão sendo feitos nesse exato momento, porém até agora não foi notado nenhuma anomalia ou efeito colateral...

Justo quando ela estava terminando de falar olharam assustadas em direção às suas costas. Virou e viu um menino vindo em sua direção. Sua pele havia adquirido um tom de azul, como uma mistura entre Avatar e Smurfs.

— Olha o que aconteceu comigo depois que comi aquela coisa — disse o garoto agora parado na frente das meninas. As olhava com fúria no olhar.

— Calma... Fique tranquilo... é apenas um efeito colateral daqui a alguns minutos... horas... dias... vai passar — disse a menina das argolas. Sua voz escancarava a incerteza.

— Acho bom mesmo...

O garoto deixou a bancada furioso.
O nervosismo das meninas sumiu e voltaram a fitar ela.

— E então, vai querer um?

— Não obrigada — respondeu convicta.

Deixou a bancada junto com Harvey, que pegou outro brownie antes de sair.

⏰⏰⏰

Caminharam, se afastando do pátio e se aproximando do porto das aquamarinas ancoradas. Algumas estavam atracadas em correntes, em parte submersas. Sentaram a beira do caís construído com madeiras, seus pés balançando nas águas calmas do Prometheus.

— Tem gosto de chocolate, alho e menta... — Harvey chegou a conclusão após comer um pedaço. — Nada mal. O anterior era de aveia e gengibre.

— Não sei como você tem coragem de comer isso depois do que aconteceu com aquele menino.

— Eu não ligo, o efeito colateral é temporário. — Harvey guardou a embalagem no bolso da calça. — Além disso eu sempre quis ter a pele azul desde que assisti Avatar.

Ele riu.

Olharam para rio. As águas estavam calmas e criaturas pulavam sobre as águas enviando jatos d'água.

— Por que tem muitos deles? — Harvey perguntou.

Os golfinhos pulavam em grupos sobre as águas criando ondas que chegavam até a borda do rio.

— São golfinhos, eles são exibidos assim mesmo. Além disso essa é uma forma que eles usam para se comunicar com os outros — respondeu.

Um grupo de golfinhos fez uma pirueta no ar.

Desviou a atenção e passou a fitar com mais atenção Harvey.

— Por que a tristeza? — indagou ao perceber a expressão desanimada na face do garoto.

— Não é tristeza é só que... eu perdi, ou melhor, roubaram algo de mim.

— O quê?

— Uma caixa prateada que a minha mãe me deu de presente.

Ele começou a balançar os pés sobre a água.

Será que eu posso contar para ele, debatia mentalmente. Desde que esbarrou com a criatura, ou pelo ao menos achava que era, havia investigado melhor a situação e chegara a conclusão que sua teoria estava certa.

Decidiu abrir o jogo.

— Harvey, e se eu disser que sei quem, ou melhor, o que, roubou sua caixa...

— Como assim? — disse ele franzindo o cenho.

— Você sabe o que é um Imp?

Começou a contar tudo.

⏰⏰⏰

Lica saiu do seu quarto, se apressando para encontrar com Harvey no corredor principal dos dormitórios. Havia deixado ele esperando enquanto emprestava o dispositivo que agora se encontrava em sua bolsa. Demorou um pouco mais do que o esperado para convencer Candy a ceder, mas no fim conseguiu.

Dobrou a grande passagem e desceu um lance do escadas. Ao descer pode avistar Harvey encostado na parede impaciente. Ao olhar para ela veio andando em sua direção.

— Eu já consegui, agora vamos — disse após ele a alcançar.

Então se puseram em caminhada para o primeiro andar.

— Espera ai, deixa eu ver se eu entendi direito... — disse Harvey enquanto rumavam seus caminhos. Parecia tentar organizar os pensamentos em sua mente. — Você está me dizendo que tem uma criatura mágica roubando as coisas do castelo?

— Sim — respondeu. A bolsa era pesada então estava começando a ficar ofegante. — Imps são conhecidos por serem extremamente sagazes e sua habilidade de se tornar invisível ajuda para que eles sejam imperceptíveis aos olhos humanos.

— E por que ele roubou justamente a minha caixinha?

Imps gostam de objetos reflexivos e brilhantes, então é bem provável que tenha tido interesse na sua caixa por a mesma ser feita de prata. Assim como a maioria das coisas roubadas dos outros alunos, celulares, jóias, espelhos, todos seguem o mesmo padrão.

— Faz sentido — disse ele por fim. — O que eu ainda não entendi é o que você pretende fazer com essa bugiganga.

Parou um pouco para descansar. Harvey se ofereceu para carregar a bolsa então deu para ele.

— Isso é um localizador — disse. — Com ele nós podemos montar uma isca. Nós só precisamos achar algum objeto para colocar, de preferência um bem brilhante.

O dispositivo era composto por um aparelho de radar com gps integrado e um localizador, um pequeno círculo de vidro vermelho com uma superfície adesiva. Candy a avisara para proteger com a sua vida.

— Já sei. Espera um pouco — ele começou a remexer os bolsos da calça para caçar algo. — Isso serve?

Retirou as mãos do bolso e a entregou seu celular. Era um modelo samsung prateado.

— Sim, agora só precisamos achar um lugar para colocar...

Abriu a capinha e retirou a bateria, no lugar colocou o localizador. Deu a bateria para Harvey.

— No hall de entrada! Já que a criatura entra na escola é óbvio que ela passa pelo lá — disse Harvey após pensar por um instante.

Continuaram a caminhar em direção à entrada de Aramonth.

⏰⏰⏰

— E agora — disse Harvey para Lica enquanto olhavam de longe o celular no chão.

O movimento no hall de entrada era constante de alunos subindo e descendo escadas. Também haviam guardas fazendo sua vigília matinal pelas extensões do castelo.

Escolheram uma área mais isolada longe das escadas para colocar a isca.

— Agora nós esperamos a isca ser mordida.

Saíram do castelo e sentaram sobre o gramado. Harvey praticava os feitiços de Thomas na bateria do celular e Lica, por sua vez, remexia o radar, aprendendo suas funções.

Passando-se alguns minutos o radar começou a apitar, avisando que a isca fora mordida.

Lica olhou para a tela redonda do radar. Um círculo em vermelho se movimentava. Um seta apontava para o localizador e indicava que estava se movendo à noroeste.

— Algum sinal? — perguntou Harvey ao olhar para tela incerto.

— Acho que nós conseguimos, o radar está indicando movimento — respondeu sem esconder a animação. Deixou a bolsa sobre o grama e se levantou. — Vamos seguir.

Então saíram em partida rumo ao desconhecido.

⏰⏰⏰

Continuaram seguindo cegamente o local que o radar indicava. Passaram pela estátua de Aramonth no timing perfeito do momento em que a estrutura começara a ganhar vida e acenar para o nada.

Caminharam por campos abertos de gramado raso até chegar em vegetação mais densa e maior predominância de árvores. Os ventos gélidos sopravam seu cachecol que flutuava enquanto apressava o passo para não perder o alvo.

O rio ao lado era calmo a música dos sapos era o único som que evitava o silêncio total.

— Algum problema? — indagou ao olhar que havia deixado o garoto para trás.

Harvey parou por um momento então a alcançou.

— Nada apenas memórias... Vamos continuar.

Continuaram a caminhada até a vegetação fechada se interpor em seu caminho.

— Espera ai, você pretende mesmo entrar na floresta esquecida? — disse Harvey ao notar que ela continuava andando tranquilamente.

— O plano não era seguir o alvo? Então sim.

— Mas você sabe o que falam sobre os bichos que vivem ai — disse ele. — Além disso tem a bruxa.

Suspirou.

— Olha, se você estiver com medo eu posso ir sozinha — disse por fim. Não podia o culpar, aquela era uma floresta traiçoeira de por medo em qualquer um.

— Não estou com medo! Só perguntei para a sua segurança.

Olhou para ele cética.

— Eu estou bem, além disso já visitei a floresta algumas vezes, nada de ruim aconteceu comigo.

Isso era meio verdade. De vez em quando adentrava a floresta para analisar as plantas e criaturas, no entanto nunca se arriscara a ir mais longe do que poderia.

— Se você diz...

Continuaram o caminho dessa vez abandonando o solo com grama e adentrando o solo preenchido por folhas caídas .

O emaranhado de árvores de várias espécies começara a se apertar. O espaço que, no começo era largo, agora se mostrava estreito e opressor. Ainda era claro e a visão era nítida.

— Alguma coisa tocou no meu pé — disse Harvey. Ele mal conseguia disfarçar o seu medo.

Olhou para o pé dele então revirou os olhos.

— É só um galho — tranquilizou.

— Sei lá... As árvores daqui são tão estranhas...

— É que são espécies mágicas Harvey, mas fica tranquilo que ainda não demos a sorte de cruzar com uma carnívora ou free-will.

— Seja lá o que isso for não pode ser coisa boa.

Prosseguiram a expedição. O ponto vermelho começara a crescer de tamanho, o que significava que estavam se aproximando do alvo.

Aproveitou a caminhada para notar os animais e criaturas que se esgueiravam pela floresta. Pode ver alguns esquilos planadores pulando de árvore em árvore pelo canto dos olhos. Alguns blowdogs cruzaram seu caminho algumas vezes, então alertou Harvey para tomar cuidado com eles. Fadas voavam livremente, espalhando seus pós pelas plantas. Duendes da floresta, com seus corpos de madeira e faces cobertas por folhas, levavam frutas em cestas feitas de folha de bananeira.

A voz de Harvey atrapalhou seu foco.

— Lica, já que você é expert nesse assunto eu tenho uma dúvida sobre algo — Harvey carregava consigo um galho de uma árvore e o usava para cutucar as coisas.

— Pode perguntar, mas vou logo avisando que apesar de saber sobre muita coisa ainda estou muito longe de ser uma expert — disse sem tirar os olhos do radar.

— Eu queria saber o que faz uma criatura mágica ser uma criatura mágica.

— Não entendi.

— Deixa eu explicar melhor... você sabe que existem criaturas que existem aqui mas não são de conhecimento do resto das pessoas. Apenas são tratadas como lendas, como os mermaideos.

— Sim.

— Então, o que faz uma certa espécie ser considerada mágica que necessite a ocultação do resto das pessoas?

Pensou um pouco na melhor forma de explicar para ele sem soar confusa.

— Bom as criaturas mágicas são escondidas por de certa forma terem uma relação com a magia — disse. — Muitas das espécies mágicas existentes hoje são resultados de mutações de espécies já existentes causadas pela magia. Assim como os peixes, anfíbios, répteis, aves e mamíferos seguem uma linha evolutiva, o mesmo ocorreu com as criaturas mágicas.

Harvey prestava atenção enquanto balançava seu galho de um lado para o outro.

— Todas criaturas mágicas possuem uma relação primordial com a magia assim como os peixes com a água, o ser humano com o ar, as minhocas com a terra, e assim por diante — explicou. — Raças mágicas como elfos, ninfas...

Poderia ir mais longe e citar o acordo de proteção as criaturas mágicas estabelecido em uma reunião da Convenção dos Magos em 1475, mas aquele não era lugar para aquilo.

— Espera ai, existem ninfas?

— Sim, nessa floresta mesmo existem algumas. — Olhou para o céu. A visão do sol era impedida pelos topos das árvores que se expandiram formando um cobertura na floresta. — Como eu ia dizendo... ninfas, mermaideos, todos eles se utilizam da magia de alguma forma. Os elfos tem sua avançada capacidade regenerativa proporcionada graças a magia. Para você ter idéia, existem elfos que datam idades milenares. É por isso que a maioria dos elfos são, em sua maioria, anciões.

— Isso é notável.

Ele tomou a dianteira e logo estava na sua frente.

— As ninfas usam a magia para tornar seus corpos intangíveis e conseguem utilizar alguns feitiços de baixo nível. Mermaideos usam a magia para criar ilusões e também para atrair suas presas com o poder de sua voz. E assim por diante... — sua voz falhou ao tirar os olhos da tela do aparelho e olhar para Harvey.

Em cima de sua cabeça repousava uma grande aranha vermelha.

— Harvey, não se mexe — alertou calmamente. Apoiou o radar sobre os braços e usou uma mão livre. — Movus!

Evocou o feitiço e controlou cautelosamente a aranha pelo ar com uma mão.

Usar o feitiço movus só com uma mão necessitava de uma grande habilidade de manuseamento, e naquela situação o menor deslize resultaria em tragédia. Enfim, repousou a aranha sobre o solo um pouco longe. Ao pousar, a criatura soltou um líquido vermelho vivo que começara a derreter o chão onde caiu.

— Que-que-que isso?

— Uma aranha vulcânica. Tem sorte que não espantou ela senão a essa hora você estaria careca.

Harvey engoliu o seco.

⏰⏰⏰

— Já estamos chegando perto? — perguntou Harvey pela quinta vez.

O radar apontava que estavam apenas à alguns metros de distância do alvo. Passaram por um estreito caminho de água transparente que corria de um olho de água no meio da floresta.

Uma floresta de bananeiras se interpôs no caminho. De longe puderam avistar uma estrutura feita de folhas e galhos de árvores. Tinham achado a toca do Imp.

— Acho que é ali que a criatura mora. — Apontou para o ninho. Harvey estreitou os olhos então pode avistar. — Tenta fazer silêncio. Imps são muito tímidos, assim que notar a gente vai fugir na hora.

— Ele não vai atacar a gente, né?

— Já disse, Imps não são violentos, o máximo que ele vai fazer é ficar invisível e sumir. Agora vamos.

Caminharam silenciosamente para a toca. Ao chegarem na entrada feita de palha puderam enxergar uma criatura estendida no chão, respirando com dificuldade. Seus olhos estavam fechados.

Iluminous! — evocou. A bola de luz surgiu de sua mão e flutuou, iluminando o local.

A criatura continuou de olhos fechados sem se mover. Sua pele era de um tom verde musgo e ficava escondida sob uma grossa camada de cabelo negro que envolvia todo seu corpo. Suas duas pernas de bípedes e seus braços estavam encolhidos em forma de concha. Supôs que se a criatura estivesse em pé deveria dar metade de sua altura.

— Espera ele notou a gente, por que não está fugindo? — indagou Harvey.

Olhou para o fundo do ninho e pode avistar os objetos perdidos aninhados em um monte. Harvey foi o seguinte a notar.

— Minha caixinha! — Ele correu, procurando sua caixinha e seu celular no monte até conseguir acha-los. — Tem muito coisa aqui, nós deveríamos avisar o pessoal da escola.

No entanto Lica estava mais preocupada com a criatura agonizando no chão. Se ajoelhou no chão largando o radar na terra e analisou o corpo jogado com atenção. Ainda respirava.

— Entendi... então o filho estava roubando as coisas de Aramonth pois achava que acabaria ajudando a mãe, agora tudo está esclarecido — disse após chegar a conclusão. Nas suas teorias havia excluído essa possibilidade, porém agora tudo fazia sentido.

Se aproximou da criatura colocando sua mão sobre o ferimento na barriga.

Regeneratus! — conjurou a magia. Sua mão começara a brilhar mas nenhum efeito era visível. — Não está funcionando.

— Como você sabe que é "ela"? — Harvey se juntou a ela. — E cadê o Imp que nós estávamos procurando?

Imps fêmeas tem um padrão diferente na calda. A ponta dos machos é ereta e alta, a das fêmeas são baixas. — Demonstrou apontando para a calda da criatura. — Acho que ela foi atingida por algo explosivo. O filho tentou buscar ajuda das pessoas chamando atenção através dos roubos. Ele ainda está aqui no ninho, mas não podemos ver ele porque está em seu modo invisível.

— Seria muito mais fácil procurar um adulto ao invés de roubar coisas.

— Harvey é uma criatura, nem tudo que eles fazem seguem uma lógica humana. Além disso Imps são tímidos, essa é a forma deles de chamar a atenção quando estão passando por problemas.

Olhou em volta da proteção feita de madeira e folhas.

— Ela está fria, o ferimento está gangrenando, não vai ter muito tempo de vida — disse seriamente. Retirou seu cachecol e fez um curativo improvisado em volta da ferida. — Pronto, esse curativo deve aliviar a dor um pouco.

— Lica, não tem nada que a gente possa fazer — disse Harvey após Lica terminar o curativo. — Se nós pedirmos ajuda para um professor ele não daria a menor bola, tenho certeza.

E ele não estava errado. Mesmo professores legais como Lucy Fields não dariam ouvidos para dois estudantes, principalmente se tratando de algo que não tenha relação com os estudos. Por isso teriam que agir por conta própria.

— Tem sim algo... Não é o que normalmente eu faria, mas se é por uma boa causa eu me disponibilizo.

— O que você está pensando em fazer?

Puxou seu óculos para cima do nariz.

— Dessas vez somos nós que teremos que roubar coisas.

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