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10. A Temporada das Fadas

Alex

— E após extrair a raiz quadrada do número vocês devem aplicar-lo na formulação para encontrar o resultado do problema — explicava o professor Lionel enquanto escrevia números no quadro à uma velocidade surpreendente. Os alunos o olhavam com uma expressão desoladora, certamente não estavam entendendo nada.

Alex apenas anotou todas as instruções dadas pelo professor e prosseguiu com o raciocínio da questão. Sempre fora bom em matemática e coisas que envolvem números e raciocínio lógico, não conseguia explicar o porquê. Por isso sempre revirava os olhos cada vez que alguém reclamava da disciplina. Matemática não era para todos.

Ao seu lado, Harvey bocejava enquanto riscava em uma folha de seu caderno linhas aleatórias.

Pelo ao menos dessa vez ele está de bico fechado, pensou. Se ouvisse mais uma vez ele indagar pela milésima vez o porquê de terem que estudar cálculos matemáticos em uma escola de magia temeu que enlouqueceria.

Ainda se lembra da primeira vez que ele indagara o professor a mesma pergunta.

"Matemática é inútil para magos" disse ele.

"Meu caro jovem, saber realizar as fórmulas matemáticas e cálculos é essencial para qualquer mago que se preze. Imagina o que seriam daqueles que não souberem calcular seus limites energéticos e o quanto de magia podem utilizar sem esgotar a energia em seu corpo rapidamente, ou calcular as melhores estratégias em um combate mágico. Essas são questões básicas para qualquer um que deseja se tornar uma mago, e você só entende elas conhecendo os cálculos matemáticos mágicos" respondeu o professor deixando o garoto sem resposta.

Depois dessa resposta Harvey nunca mais questionou o professor.

Os sinos tocaram. Os alunos se apressaram para sair da sala o quanto antes.

— Finalmente — sussurrou Harvey ao seu lado. Então pegou sua bolsa e saiu apressando o passo.

Alex nota a saída repentina do garoto e o chama.

— Harvey, você não vai me esperar não? Olha que da próxima vez eu não dou cola sobre os deveres de casa — disse Alex.

— Foi mal, preciso resolver uma coisa — disse após parar no meio do caminho e o fitar. — Além disso você é a última pessoa que pode me cobrar isso, ou se esqueceu do que aconteceu depois da aula de medicina mágica?

— Como você é rancoroso — disse por fim. — Isso foi há um mês atrás.

Até que o argumento dele fazia sentido, não deveriam ter deixado ele para trás, não importa que motivo fosse. Não teria como rebater isto.

— Tudo bem, mas guarda um lugar no refeitório se você chegar antes de mim.

— Okay — disse Harvey. Então saiu em disparada.

Pegou sua bolsa e jogou dentro todos os livros e o caderno, sem se importar com a bagunça que imperava dentro. Rumou para porta e saiu.

Abriu espaço por entre a multidão de alunos. Todo dia era a mesma confusão depois das aulas em Aramonth. Temeu que uma hora ou outra a instituição precisaria de uma guarda de segurança e semáforos, do contrário muitas pessoas seriam atropeladas pela multidão de pés andantes reunidos no mesmo lugar. Abriu espaço pela multidão então prosseguiu seu caminho.

Dobrou em um corredor um pouco mais vazio, algumas pessoas batiam papo enquanto caminhavam e o tumulto não era tão grande quanto o do corredor principal.

Continuou caminhando quando sentiu uma mão o tocar nas costas e um braço se posicionar por entre seus ombros. Agora, ao seu lado, estavam uma garoto e uma garota que não conhecera.

— Belo dia meu caro jovem — disse o garoto com o braço posicionado ao seu lado esquerdo. Tinha cabelos negros bagunçados que o dava um certo estilo rebelde. Sua face esboçava uma expressão de cansaço e as olheiras denunciavam que não dormira há dias. — Como você está?

— Bem... eu acho — disse enquanto caminhava normalmente. Acreditava que os dois eram secundaristas. — Desculpa, eu conheço vocês de algum lugar?

Já foram tantos que o cumprimentaram sem o conhecer que já se acostumara com a aproximação repentina. De fato, como fazia parte da família Lunalight, as pessoas sempre se aproximavam com interesses ocultos, por isso sempre recusava a amizade desses tipos de pessoas.

— Nós queremos lhe oferecer uma oportunidade — disse a garota. Possuía um cabelo chanel loiro, e o fitava com seus olhos negros parecendo querer extrair algo dele. — Você já participa de algum clube?

— Bem... não, eu ainda não me interessei para essas coisas.

— Nesse caso, para sua sorte, o clube de jornalismo está com as vagas abertas. Você sabe, com o tanto de disputa para entrar são poucas as vagas então estamos buscando as pessoas com maior potencial jornalístico nessa escola — disse o garoto o fitando perto demais. Aquilo o estava deixando desconfortável.

— E por que eu? — indagou.

— Você me parece que seria uma boa adição à equipe do Aramonth News, além disso já que você vem de uma família rica... — a garota dizia quando percebeu que falou demais.

É claro que era por isso, pensou.

Aquela conversa toda sobre potencial jornalístico era tudo um disfarce para o real motivo de o terem buscado. Não sabia o porquê de ter dado ouvidos à conversa, achava que no fundo tinha alguma esperança de tudo aquilo ser mesmo verdade. Mais uma para sua lista de decepções.

— Muito obrigado, mas eu não estou interessado — disse tirando os braços do garoto de seus ombros.

— Você tem que considerar a proposta, pensa só o quanto seu currículo ganharia se você colocasse que fez parte do clube de jornalismo por apenas um ano. — O garoto ainda tentava o convencer. — Bom, mas a escolha é sua e não o forçaremos a nada.

Os dois se afastam dele.

— Caso mude de ideia, vai ocorrer uma reunião hoje às 15:00 na sala 30 no oitavo andar. Espero ver você lá. — Os dois caminham para uma direção oposta. — Por sinal meu nome é Caleb e o dela é Emilly.

E assim os dois partem.

Era o período vespertino e Alex não tinha nada para fazer. No seu quarto, Harvey não se encontrava, ele avisou que precisava resolver "algumas coisas" e partiu sozinho. Passava cada vez menos tempo com ele desde que começara a ter esses desaparecimentos repentinos. Tony e Jorge estavam ocupados desde que começaram a fazer parte do clube de rpg de Aramonth, então as tardes se tornaram mais solitárias do que nunca.

Acho que não custa nada.

Talvez o que aqueles dois haviam dito fosse verdade. Precisava de uma ocupação, e o clube de jornalismo parecia um bom lugar para investir seu tempo, apesar de nunca ter considerado a carreia jornalística na sua vida.

Sim, iria pelo ao menos em uma reunião e decidiria se valeria a pena se juntar ao clube ou não.

Saiu do quarto.

Chegou à porta da sala número 30. Era uma porta bem velha e gasta se comparada as de outras salas. Bateu na porta. A porta se entreabriu e uma cabeça surgiu da abertura.

— Código secreto? — perguntou uma voz infantil.

— Ehhhh, desculpa eu não sei — respondeu. — Só vim a reunião como um convidado.

— Entendo, um novo recruta.

A porta abre por completo e quem o recebe é uma menina. Seu tamanho era comparado ao de uma criança de 7 anos e ela o fitava com desconfiança no olhar. A garota não chegava nem na metade de seu tamanho então tinha que abaixar bem sua cabeça para a olhar diretamente. Suas vestes escolares ficavam folgadas o que dava um aspecto ainda mais infantil a ela. Seus cabelos eram presos por broches de borboletas.

— Então você é um dos novos recrutas? — indagou ela.

— Bem, eu ainda não decidi... — Antes que pudesse terminar a mão dela o agarra e o puxa para dentro.

A sala não era nem tão grande quanto as salas de aulas, nem tão pequena. Haviam mesas com um grande amontoado de papéis e livros, alguns computadores da era jurássica, uma máquina de escrever antiga e mesas. Identificara de relance o garoto e garota que haviam conversado com ele.

Os dois sorriram ao o avistar. Havia mais duas pessoas na sala. Um garoto de cabelos brancos e aparência albina e outro usando um boné. Conhecia o primeiro, era Alone Kotori, da sua sala, o segundo tinha cara de ser veterano.

— Já que veio, podemos iniciar a reunião — disse Caleb quando bateu com um martelo na mesa. O som ecoou pela sala.

Haviam cadeiras postas na sala onde os outros se sentavam. Logo após o bater do martelo, a garota pequena senta em uma cadeira e faz sinal para que ele se sentasse ao seu lado. Alex senta na cadeira de madeira.

— Bom, todos aqui foram convocados para esta reunião por um motivo urgente, as visualizações da página do Aramonth News estão indo de mal a pior — disse Caleb. — Ana, pode nos passar o relatório completo da atividade desse mês?

A garotinha levanta da cadeira e pega alguns cartazes que estavam jogados no chão.

— Desde o início do ano os números de acessos caíram drasticamente — disse Ana melancolicamente enquanto mostrava os cartazes para todos na sala. Possuíam títulos e alguns gráficos de desempenho, a maioria com uma grande seta vermelha que descia. — Pelos meus cálculos, houve um total de 10% de redução de acesso a cada mês e esse número vem aumentando.

— Como vocês podem ver estamos passando por tempos sombrios — prosseguiu Caleb. — E para recuperarmos a glória antiga do Aramonth News precisamos de uma carta na manga, uma matéria bombástica que inevitavelmente atrairá a atenção das pessoas. A última vez que conseguimos causar um impacto foi na matéria que denunciava o armazenamento de alimentos vencidos em Aramonth, há 3 anos atrás.

Ana e Emilly se entreolham.

— E é por isso que nós já sabemos exatamente qual será a próxima história bombástica que iremos publicar — disse Emilly.

— O caso do aluno expulso — disseram os três em união dramaticamente, como em um daqueles filmes de investigação policial.

Alex franze o cenho.

— Nunca soube de nenhum aluno que alguma vez já foi expulso de Aramonth — disse o garoto de boné.

— A administração de Aramonth faz de tudo para abafar o caso, tanto que conseguiram por um bom tempo. No entanto, tenho fontes seguras que confirmam que houve sim um aluno que foi expulso e mais... — Parou dramaticamente e então levantou e caminhou em círculos pela sala. — Esse aluno tem alguma relação com a explosão do laboratório de experimentos, porém ainda não fazemos a menor ideia de qual seja essa ligação.

— Para a busca de informações e investigação precisaremos do tanto de provas possíveis, por isso a partir de hoje o clube de jornalismo passará a trabalhar de forma intensa para trazer esse caso para conhecimento público — disse Ana. Era difícil a levar a sério com aquela voz e aparência. — Podemos contar com a participação de vocês? Não vou mentir será difícil e também existe uma grande chance de ficarmos sobre a mira de Glinda e da direção de Aramonth, mas essa é a vida de um jornalista, arriscamos tudo para trazer as informações a massa.

— E aí, quem está dentro? — repete Caleb.

Os dois outros garotos confirmam dizendo sim.

— E você? — indagou Ana arqueando as sombracelhas o fitando.

— Pode contar comigo — respondeu Alex.

Mentiria se dissesse que aquilo tudo não tivesse o deixado com uma grande curiosidade e excitamento. Além disso se sentia bem ali naquele lugar, fora uma das primeiras vezes que se sentiu parte de alguma coisa desde que entrara em Aramonth.

— Então está tudo combinado, quando estivermos com a matéria editada e revisada em mão farei questão de distribuir cópias físicas por toda a escola até todos saberem de toda a tramóia — comemorou Caleb. — Já tenho o título perfeito da reportagem, "Escândalo em Aramonth, o segredo por trás do caso do aluno expulso".

Harvey

Movus
Iluminous
Abrus Portus
Regeneratus
Protectum Shield
Kaliquem.

Eram todos os feitiços escritos no pequeno caderno de anotações. Os três primeiros foram ensinados na aula de feitiços básicos, e deles o que mais o menos possuía alguma utilidade era Movus. Iluminous poderia ser útil caso precisasse adentrar algum lugar escuro, do contrário, inútil. Abrus Portus era completamente inútil, até agora não sabia por qual razão Thomas os tinha ensino um feitiço cujo propósito é literalmente abrir portas. Regeneratus havia sido ensinado por Trinity em uma aula de medicina mágica. Uma aceleração de cura poderia até ser útil, porém não em um combate real já que não teriam tempo para realizar uma pausa durante um confronto.

Preciso aprender muito mais caso queira fazer parte da União dos Magos, pontuou mentalmente.

Suas aulas particulares com Triz haviam dado mais resultados que todas as aulas dos professores combinadas. Ela o havia ensinado dois feitiços novos muito úteis em combates, Protectum Shield e Kaliquem. Protectum Shield evoca um escudo mágico, protegendo o usuário e diminuindo o impacto de feitiços lançados contra ele. Kaliquem aumentava temporariamente todos os sentidos e agilidade, porém consumia muita energia. No entanto não era o suficiente. Precisava de mais caso um dia quisesse ao menos chegar aos pés de seu pai.

Os sinos tocaram.

— Muito bem alunos, e não esqueçam de dar uma revisada nos capítulos anteriores relacionados à herança de Asa Stromberg e seu impacto na chamada revolução mágica — avisou o professor Leon. — Até semana que vem!

Passara a aula inteira devaneiando que não fazia a menor ideia do que o homem havia falado. Reuniu suas coisas para ir embora da sala.

— Que lista é essa? — Alex espiava a pequena agenda posta sobre a sua carteira.

— É um pequeno diário em que eu anoto os feitiços e as dicas de como realizar-los — disse.

Na verdade, a ideia de criar um pequeno caderno de anotações para anotar as dicas e macetes fora de Triz, porém havia ocultado isso. Ninguém poderia descobrir sobre as suas aulas secretas, isso incluía Alex.

Alex pegou a agenda e leu.

— Espera aí... — disse Alex após notar algo que não fazia sentido. — Esses dois feitiços não foram ensinados em sala de aula, onde você aprendeu?

O fitava com as sobrancelhas arqueadas. Harvey engoliu o seco.

— Eu me inscrevi em um site de curso de feitiços online — mentiu.

Alex apertou o olhar.

— Suspeito... mas deixa isso para lá. Eu preciso ir na biblioteca checar um negócio, você vêm comigo?

— É claro — concordou tentando matar aquela conversa naquele momento.

Os dois arrumam as suas coisas e partem rumo à biblioteca.

— Essas coisas estão estrapolando os limites — disse Harvey enquanto limpava o pó brilhante de seu cabelo.

Era mês de junho e Aramonth estava infestada de fadas, devido a semana do dia dos namorados. "Dia dos namorados" entre aspas, porque magos não comemoram as mesmas datas especiais e feriados de humanos, porém em Aramonth os alunos não pareciam ligar para isso. 

Não havia lugar algum onde não houvessem aquelas criaturas irritantes e brilhantes que mais lembravam insetos. Suas asas coloridas e seus olhos de libélula colaboravam para essa semelhança.

Depois ainda dizem que fadas são criaturas mágicas, pensou. Só se forem mágicas infernais.

A semana dos namorados era a mais irritante do ano. Desde o início da semana, garotas haviam se apressado para escrever aquelas cartas de amor para suas paixonites e os garotos entregavam caixas de chocolates para suas amadas. Tudo anonimamente. Realmente não tinha paciência para aquela baboseira toda. Só havia uma garota para quem talvez considerasse...

Ah, Felli...

Mas haviam coisas mais importantes em sua mente atualmente, como aprender mais feitiços e tentar extrair de Triz o motivo da ida até a caverna de Auroros.

— Eu não ligo, depois de um tempo você se acostuma — disse Alex enquanto caminhava tranquilamente.

Outro grupo de fadas passou voando em sua frente. Colocou a bolsa sobre sua cabeça e continuou caminhando.

— Então... o quê exatamente você precisa achar na biblioteca? — indagou.

Olhou para a bolsa de Alex cheia de papéis e livros.

— Preciso pesquisar alguns arquivos para o clube de jornalismo — confidência Alex. — Não posso revelar o que é, mas posso adiantar que se trata de um caso bombástico.

— Legal... — disse entediado. 

Aquilo tudo de clube não o interessava mas fingia mostrar interesse.

À frente duas figuras caminham no corredor, em direção oposta a eles. Eram Cassin e Ness.

— Poxa Ness, você recebeu tudo isso de cartas?

Cassin segurava um amontoado de cartas e uma caixa de chocolate.

— Eu não ligo para isso, vou queimar tudo — respondeu o garoto inexpressivo.

Em sua mão haviam um monte de papel amassado.

— Não! Pelo ao menos me dá os chocolates.

Cassin olhava com desejo para a caixa de chocolates.

— Tanto faz. — Ness entrega a caixa para Cassin.

O garoto parece desviar o olhar ao os avistar.

Harvey percebe que Alex apressara o passo, como se encontrar com aqueles garotos o deixasse desconfortável. Notou também que ele fazia um tremendo esforço para continuar olhando para frente, não trocando sequer um olhar com os dois. Eles passam por eles.

A postura dura de Alex se desfaz.

— Alex... Você têm algum problema com aqueles dois? — indagou curioso.

— Eu não! — disse ele espantado. Sua face estava vermelha. — Por que acha isso?

— Nada não, é só que... você muda sempre quando nos encontramos com eles — por fim tomou coragem para dizer. — Passei a notar isso apenas recentemente. E não é a primeira vez.

É verdade que Ness e Cassin eram meio metidos, principalmente o último. Ness sempre o tratara friamente, tinha a impressão que o odiava por uma razão desconhecida, ou talvez aquele só fosse o jeito dele. Já Cassin era um metido e mesquinha, que se achava superior aos outros. Ambos tinham um nariz empinado, nunca simpatizara com eles. Porém, nunca os tratara mal, havia aprendido uma lição com certo alguém e por isso não guardava rancor em seu coração.

— Não existe nada de errado comigo, e você não deveria se preocupar com isso — disse ele. Então parou e o fitou. — Eu não me meto nos seus assuntos e você não se intromete nos meus, estamos entendidos?

Nunca havia visto Alex daquela forma. Sua expressão era séria e dura, qualquer fosse a coisa que estava escondendo parecia o machucar muito.

— Okay...

— Agora vamos, porque eu não tenho tempo para ficar jogando conversa fora.

Continuaram andando.

Após acompanhar Alex para a biblioteca, foram para o refeitório e então se despediram. Alex partiu para a sala do clube de jornalismo e Harvey para seu quarto.

Agora estava admirando o teto com os fones nos ouvidos. O aleatório havia parado em Welcome to the Black Parade da banda My Chemical Romance, quando o pensamento veio à sua cabeça.

Meu pai...

Desde que iniciara o ano letivo em Aramonth já havia ouvido o nome dele ser mencionado diversas vezes. Parecia que ele tinha uma espécie de fama na escola e todos o olhavam como herói, porém ouvir o nome dele só trazia recordações dolorosas.

Sempre que começava a pensar no seu pai adentrava em um buraco negro, o qual não conseguia escapar. Sempre se indagara como seria sua vida se seu pai estivesse presente, os feitiços poderosos que ele o poderia ensinar e ouvir sobre as suas histórias sobre a vida de uma mago membro da União dos Magos. Porém era nada mais que um sonho infantil.

Se perguntava o que havia acontecido com ele. Será que os havia abandonado e arranjado outra família? Será que havia morrido e seu corpo agora apodrecia, só restando os ossos, em algum lugar do mundo? Ou será que ele está vivo, porém precisa manter segredo por um tipo de missão secreta? Provavelmente nunca saberia. Na verdade, questionava-se se o perdoaria por os ter abandonado sem sequer dar notícias sobre o seu paradeiro.

Não seja idiota, é claro que você vai.

Seu pai era seu maior ídolo e o modelo que procurara seguir por toda a sua vida. Estava certo que havia algum motivo maior por trás de seu desaparecimento, pelo ao menos era nisso que agarrava suas esperanças.

Com certeza!

Então as memórias daquele dia preencheram sua mente.

Estavam na orla de Sydney. À frente, o mar soprava uma brisa fresca em seus cabelos que bagunçavam conforme o ritmo dos ventos. Drake havia pequenas mechas de cabelo presas em ligas e uma bandana em sua cabeça. Segurando sua mão estava uma criancinha inquieta e hiperativa.

Havia pago um fotógrafo que trabalha ali perto para bater uma foto dos dois. Drake o ergueu e o colocou sobre seus ombros, como sempre faziam quando brincavam de cavalinho. Pagou o fotógrafo então pegou a foto.

Pararam para admirar a fotografia.

Drake o descera de sua cabeça e então ajoelhou sobre o chão, de forma com qual ficasse cara a cara com Harvey.

"Harvey você terá que ser forte daqui em diante. Pode ser que um dia eu desapareça, porém nunca ache que eu o abandonei, posso garantir a você que existirá uma boa explicação para isso. Nunca se esqueça de sempre ter um sorriso no rosto. O mundo já está infectado o suficiente com ondas de energias negativas e correntes ódio. Lembre-se, busque sempre trazer felicidade para aqueles em sua volta." 

Então tocou em sua testa, um gesto de carinho que sempre o dava.

Só entenderia o que significaria aquele discurso mais tarde, depois do seu desaparecimento.

As lembranças nostálgicas o atingem e o faz querer olhar aquela fotografia novamente. 

Procurou a mala embaixo da cama, existiam algumas coisas lá que ainda não havia retirado, devido ao espaço reduzido do quarto. Colocou a mão dentro, tateando pelo quadro com a foto, no entanto acabou tocando em uma superfície metálica e fria. Agarrou e pegou.

Era a caixinha que sua mãe o deu no dia de partida para Aramonth. Tinha estado tão ocupado com as coisas escolares e maravilhado com a escola que esquecera do objeto dado por sua mãe. Prestou melhor atenção ao artefato. Haviam alguns detalhes de ouro sobre a prata que era composta a caixinha. A virou de cabeça para baixo, havia uma chave colocada em seus fundos. Pegou a chave. Era feita da mesma prata que a caixa e tinha um formato de espada. A curiosidade falou mais forte, então a abriu.

De dentro, uma luz começara a ser emitida e preenche todo o quarto. Uma figura fantasmagórica havia saído da caixa. Deu um grito surdo.

Ficou paralisado por alguns minutos notando a figura que saíra da caixa após abri-la. Era um homem de idade avançada, com cabelos engomados cinzentos e uma fina barba que o dava um tom sofisticado. Suas roupas eram volumosas e chamativas, como se tivessem vindas direto de uma época onde a monarquia ainda era presente. Porém, o mais estranho de tudo eram suas cores. Sua pele, suas roupas, todas tinham um tom desbotado e opaco, como se uma figura de um livro de história tivesse ganhado vida.

— Mil perdões, acho que ainda não me apresentei formalmente — disse a figura. — Me chamo Alfredo Alves, também conhecido como grande cavaleiro mago e sub-chefe das forças aliadas da Grande Guerra Magi.

Harvey ainda não consegue formar nenhuma palavra. A criatura o olhava com toda a naturalidade do mundo, esperando alguma reação. Se recompõe.

— O que exatamente é você? — indagou curioso.

— Ora meu jovenzinho, acho que não me apresentei corretamente, meu nome é...

Antes de terminar sua fala é interrompido por Harvey.

— Eu já sei o seu nome, eu quero saber que coisa exatamente é você. — Levantou da cama e passou a mão pelo corpo do homem, ela atravessou o ar sem nenhuma dificuldade.

O homem pareceu ultrajado.

— Mas que falta de educação interromper a fala de um cavaleiro — disse Alfredo em tom acusatório. — Saiba que na minha época isso não sairia impune.

O homem fecha a cara.

— Que se dane velhote, estamos atualmente em 2018 e essa baboseira inteira não tem a menor importância — disse perdendo a paciência. — Vai falar o que você é ou não?

Volta a sentar em sua cama.

— Hum, agora eu não vou dirigir nenhuma palavra a um pequeno rebelde como você. — Ele fecha a cara e vira o rosto.

Pegou a caixinha novamente e a olhou tentando desvendar o mistério.

Como eu faço para colocar essa coisa na caixa novamente...

A curiosidade bateu forte. Fora sua mãe que havia dado a caixa a Harvey, então isso significava que ele a conhecia de alguma forma.

— Escuta aqui velhote, você por acaso conhece alguém chamada Catelyn? — perguntou.

O homem volta sua atenção para o garoto. A menção daquele nome havia desperto seu interesse.

— Senhorita Catelyn... Faz tempo que não a vejo. — O homem toca na sua cabeça parecendo coçar a testa.

— Então você conhece minha mãe? — Agora estava interessado.

— Você está me dizendo que a senhorita Catelyn é sua mãe? — O homem o olha com desdém. — Que pena por ela ter um filho tão levado quanto este.

— Hum.

Fecha cara novamente e pega a caixa a virando de cabeça para baixo.

— Senhorita Catelyn era minha última dona. Eu sou um fantasma de companhia, a cada geração é dada a mim a missão de auxiliar os descendentes da família Alves com suas tarefas em Aramonth.

Sua atenção volta para o fantasma.

— Um... Fantasma!?

— Espera aí, isso significa que você é o meu tatatatatatatatatatatatatatata... — Tomou um pouco de fôlego. — tatatatataravô?

— Creio que sim jovenzinho.

O homem agora estava andando pelo quarto. Dirigiu-se às janelas.

— Esse lugar mudou muito. — O fantasma olhava para fora.

Lembrou Catelyn ter dito, quando partiu para Aramonth, que a caixinha o ajudaria quando mais precisasse, porém não via muita utilidade que aquele fantasma o podia oferecer. Na verdade, não havia ido com a cara dele. Algo em sua expressão e semblante gritava a palavra "vigarista" toda vez que o fitava diretamente.

— Então você pertencia à minha mãe quando ela estudou em Aramonth?

— Foi o que eu acabei de sugerir.

O homem volta sua atenção para o garoto.

— Então, você conheceu meu pai...?

— E quem seria esse? — Alfredo franze o cenho.

O homem parecia sinceramente curioso.

— Drake Azriel — disse.

A menção daquele nome fez o fantasma ganhar um semblante emblemático.

— Então a senhorita Catelyn realmente casou com aquele desajustado? Mesmo depois de todos os conselhos que eu lhe dei sobre se envolver com aquele perrapado. — O homem o olhava com uma expressão entojada. Então sorri ironicamente. — Não me surpreende a sua cria ser desse jeito...

— RETIRE O QUE DISSE VELHOTE.

Aquilo havia sido a gota d'água. Não era de arrumar encrenca com anciões mas aquela vez faria uma exceção.

— DE FORMA ALGUMA — respondeu Alfredo em mesmo tom.

A discussão é interrompida com o abrir da porta. Era Tony, junto com Poncho em sua mão. O garoto olha a cena e franze o cenho.

— O quê está acontecendo aqui?

Tony fecha a porta então caminha em direção do fantasma. Atravessa a mão pelo corpo do fantasma. Deixou o sapo no chão que saiu pulando pelo quarto.

— Caraca, um fantasma acompanhante croac! — diz o garoto admirado. — Não sabia que você era tão rico assim.

— O que você quer dizer com isso? — Estava confuso.

Olhou para Tony. Parecia segurar uma carta.

— O que é isso? — indagou olhando para o conteúdo. O fantasma também olhou.

— Na-na-na-na-da não... — Tony se esforçou para esconder a coisa atrás de suas costas.

Tinha certeza que era uma daquela cartas bobas de dia dos namorados porém ignorou o fato. O garoto continuou a explicação tentando deixar o assunto da carta de lado.

— Geralmente apenas pessoas ricas possuem um fantasma acompanhante — explicou Tony.

— Você quer dizer que essa coisa é realmente um espírito? — perguntou Harvey.

— Harvey não seja bobo, essas coisas não existem croac! — explicara Tony.

Agora seus circuitos explodiram de vez.

— Agora minha cabeça bugou.

O garoto o fitou.

— Fantasmas acompanhantes são apenas impressões mágicas criadas da pessoa real — explicou. O sapo soltava croacs repentinos durante sua fala. — Para simplificar melhor, é como se fosse uma inteligência artificial de vídeo game. Apesar de possuírem traços semelhantes como personalidade e aparência, eles são apenas programados para agir de acordo com uma base de dados preestabelecidos.

Agora Harvey estava compreendendo melhor.

— Finalmente alguém de cultura. — O fantasma fitou Tony. Estava com os braços cruzados.

— Como eu faço para colocar ele de volta nessa caixa — indagou Harvey.

— Só fecha-la novamente com a chave croac — disse Tony.

Tony então foi ao armário deixar algo em sua gaveta, provavelmente aquilo que escondera dele. Harvey pegou a chave novamente e já estava prestes a fechar quando o fantasma implorou.

— Por favor, me deixe aqui em fora por mais um tempo. Já faz anos que estou preso nessa caixa, você não sabe o quão entediante é ai dentro. — Estava com as mãos cruzadas.

Parou para pensar. Finalmente estava começando a ver vantagens nesse fantasma.

— Ótimo, mas quero que me conte mais sobre meu pai e minha mãe, comece do início.

— É de mau gosto que faço mas tudo bem — disse Alfredo.

O fantasma sentou no carpete do quarto parecendo meditar.

Tony se sentou para ouvir a conversa. Harvey estava prestando atenção.

— Quando fui dado à Catelyn ela tinha apenas 16 anos e estava começando seu primeiro ano em Aramonth. No começo ela era desastrada devido nunca possuir contato com magia e seu total desinteresse na carreira como maga — o homem dizia com uma voz suave como um narrador daqueles contos de fadas.

Igual a mim, pensou após notar as semelhanças entre os dois.

— Com o passar do tempo Catelyn passou a gostar do ofício e apreciar a magia, sempre tirara notas ótimas em todas disciplinas e nunca havia ficado em detenção ou reprovado em algo.

Ai estão as diferenças.

— Legal, mas eu quero saber como ela conheceu meu pai — reclamou.

— Já chegarei lá apressadinho. Nunca ouviu falar que a pressa é inimiga da perfeição? — Cruzou os braços. — Catelyn estava em seu último ano em Aramonth, tudo ia bem para ela, até a chegada da temporada das fadas...

— Você quer dizer dia dos namorados?

Interrompeu Harvey.

— Me recuso a usar esse termo. Você pode fazer o favor de parar de me interromper? — O fantasma reclamou.

— Está bem. — Revirou os olhos.

— Então, como eu dizia, era a temporada das fadas no segundo ano de Catelyn em Aramonth e todos estavam ansiosos para compartilhar suas trocas de carícias e carinhos entre os pombinhos adolescentes à flor da pele.

Que careta, se controlou para não rir.

— Todos estavam com seus pares românticos, menos Catelyn. Havia apenas alguém o qual ela estava interessada, porém era um amor proibido.

Meu pai.

— Drake Azriel. Um péssimo aluno, que vivia metido em confusões e tirando notas apenas rasoaveis, quando não horríveis, e estava sempre à beira de reprovar todos os anos. Como a criatura conseguiu se formar ainda é um mistério a ser resolvido — Alfredo continuava contando.

Harvey e Tony estavam vidrados, não perdendo nenhum detalhe da história.

— Porém, como nem tudo é um conto de fadas, Drake estava comprometido na época.

— Com quem? Desculpa interromper mas eu estou morrendo de curiosidade — indagou Harvey.

— Uma garota loira de cabelos encaracolados, falarei apenas isso — respondeu a indagação então continuou. — Catelyn estava realmente apaixonada por Drake, o que a levou a fazer algo extremamente inadequado.

Era difícil acreditar naquilo por se tratar da sua mãe.

— Catelyn preparou uma poção do amor e então fez com que Drake a tomasse. Como consequência, ele acabou perdidamente apaixonado por ela e terminou com sua namorada para iniciar uma relação. Pobre garota, ficou com o coração partido tão novinha.

Agora estava vendo sua mãe em uma posição que nunca imaginara ver um dia.

— O efeito da poção passou e Drake começara a notar as consequências. Porém, de alguma forma, eles continuaram seu relacionamento e deu no que deu. Catelyn passara a tirar notas medíocres e se tornar apenas mais uma na escola. Tanto potencial desperdiçado para nada. — concluiu Alfredo. — Fim da história.

Após o fim da história passou um bom tempo remoendo os fatos expostos pelo fantasma e perguntas surgiam de sua cabeça a todo momento. Será que seu pai e sua mãe realmente se amavam, ou estavam em uma relação sem sentimentos? Se fosse o caso então Harvey seria fruto de um relacionamento fracassado.

Será que esse foi o motivo de seu desaparecimento, pensou.

Sempre achava que a história de Drake e Catelyn era como em um daqueles filmes de comédia romântica onde os casais apaixonados desde a época escolar sempre se davam bem no final e viviam felizes para sempre e todo resto, no entanto agora duvidava. De repente, desejou não ter ouvido aquilo tudo. Agora era tarde demais.

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