Eu acordei no meio da madrugada com meu próprio grito. Eu estava suada e ofegante, estava tendo um pesadelo com George, ele estava abusando de mim de novo. Arizona acordou com meu grito e ficou preocupada.

- Você teve um pesadelo? Está tudo bem? - ela tocou minhas costas

- Era George - eu já tinha os olhos cheios de lágrimas - ele abusou de mim Arizona. Ele me obrigou a cumprir a promessa de ser dele. Mas eu não queria, por isso ele me bateu e conseguiu a força - Arizona abriu a boca e fechou várias vezes

- Eu vou matar esse desgraçado - eu vi ódio em seus olhos - eu não acredito que ele teve coragem de fazer isso. Você precisa denunciar, contar ao seu pai. George é perigoso

- Por isso mesmo, tenho medo do que ele pode fazer

- Ele não vai fazer mais nada com você, nunca mais. Eu mato ele antes - ela estava com muita raiva - eu sinto muito - ela pegou minha mão e com a outra mão limpou minhas lágrimas - nenhuma mulher merece passar por isso. Ele não tinha o direito de fazer o que fez. Olha como te deixou

- Eu quero sumir Arizona, morrer. Eu tô com vergonha, com nojo e raiva de mim mesma por não conseguir ter impedido

- Não fala isso. Eu não quero que pense em querer morrer - ela me puxou para seus braços - tem muita gente que te ama e que vai te ajudar. Eu não saberia viver sem você - eu levantei para olhar pra ela - você não merece nada disso. Queria ter te roubado e te levado embora daquele casamento, ter impedido - agora ela estava se sentindo culpada

- Ari não tem o que você ter feito. A culpa é minha, não te ouvi e me casei - eu disse olhando nos olhos dela - vou me arrepender para o resto da vida por perder uma mulher que me ama de verdade por medo de enfrentar a sociedade e contar a verdade ao meu pai. Eu mereço tudo isso

- Jamais. Você não merece isso que aconteceu - ela acariciou meu rosto - vamos enfrentar isso juntas e George vai pagar pelo que fez. Isso é uma promessa - ela me olhou firme

- Será que você ainda pode me sequestrar? - ela me olhou sem entender - eu quero fugir do George, e não quero contar tudo ao meu pai agora, ainda não estou pronta. Eu preciso de um tempo bem longe daqui. Sei que não é justo pedir isso pra você. Eu sei que você tem sua vida, seu trabalho e suas coisas mas...me leva para longe daqui, dessa cidade, desse estado? Por favor - eu implorei

- Eu vou encontrar um lugar bem afastado, só você e eu tá bom? Vai ficar tudo bem - ela sorriu pra mim

E foi naquele sorriso que eu encontrei forças para continuar. Eu senti que com ela do lado eu reuniria forças para enfrentar o que viria pela frente.

{...}

Assim que amanheceu, Arizona já tinha arrumado uma mochila com roupas e alguns outros produtos de higiene. Ela já tinha planejado tudo: passaríamos na farmácia porque eu precisava tomar uma pílula do dia seguinte, Deus me livre engravidar desse abuso. depois iríamos comprar algumas roupas pra mim e em seguida ir direto para outro estado. Sim, ela disse que conseguiu alugar uma cabana nas montanhas, longe de tudo, até sem rede de telefone, tudo para que pudesse estar bem. Eu escrevi uma carta para meu pai, contei apenas o essencial para que ele soubesse que eu estaria bem e dizia que eu voltaria em duas semanas, pelo menos eu tentaria.
Eu saí do apartamento de Arizona, de mão dada com ela, não tínhamos nada, eu nem sabia se ela iria me perdoar algum dia, mas eu tinha a certeza que com sua ajudada eu voltaria mais forte. Arizona avisou seu chefe e seus amigos, ela não contou sobre o abuso, porque eu pedi que não contasse, apenas disse que tiraria novos dias longe.
Pegamos a estrada na moto dela, eu me agarrei na sua cintura, aquilo tudo era radical demais, porém com ela eu me sentia segura.

Foram quase dezoito horas de viagem, até chegarmos na cabana. Arizona estava exausta, afinal tinha pilotando por muitas horas, no caminho passamos no mercado e compramos algumas coisas. Ela queria cozinhar, mas não deixei afinal ela estava cansada, então teria que enfrentar a cozinha. Eu fiz omelete com bacon, uma das únicas coisas que sei fazer. Assim que terminamos de comer, decidimos descansar. Na cabana havia apenas uma cama, Arizona novamente queria dormir no sofá, mas claro que não deixei, a convenci a dividirmos a cama e dessa vez fui eu que fiz conchinha nela. Nossa relação está totalmente sem nome, não estamos juntas, não demos um beijo e nada que relate algo amoroso, mas ela está aqui comigo, ela sorri pra mim, segura minha mão e seus olhos expressão todo sentimento que ela sente por mim. Agora me sinto totalmente culpada por não ter escutado-a, por ter deixado chegar no que chegou. Porém, no meio desse caos, a única coisa boa é saber que Arizona está aqui comigo, querendo me ajudar a seguir em frente e não existia nenhum outro lugar no mundo, onde eu desejasse estar, que não seja aqui, fazendo uma conchinha nela e podendo sentir o seu perfume.

{...}

Estávamos tão cansadas, que despertamos apenas no dia seguinte. Olhei para o lado e não a vi, então me sentei na cama e me espreguicei, foi quando olhei para o lado e a vi na área da cozinha. A cabana é pequena, então nada é divido, é um ambiente só, apenas o banheiro é fechado, inclusive tem uma jacuzzi que eu pretendo usar. Aqui na cabana tem aquecedor, então eu podia estar apenas de camiseta e shorts, já que lá fora parecia estar nevando.

- Que cheirinho bom - eu disse me aproximando da cozinha

- Acordou dorminhoca - ela disse mastigando alguma coisa

- Dormi um sono tão gostoso - peguei o bacon da mão dela e comi e ela fez uma careta

- Eu percebi, me agarrou a noite, não pude nem me mexer - rimos

- O que eu posso fazer se você parece um ursinho aconchegante - sorri e beijei sua bochecha

Ela não esperava ssa demonstração de carinho, por isso ficou me olhando, e eu fiquei vermelha, então desconversei e disse que iria ler um livro - que encontrei alguns na cabana - enquanto ela terminava nosso café da manhã.

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Oi amorinhos, voltei com capítulo mais tranquilo, e aos poucos nosso Calzona se aproximando, iai, acham que vão se reconciliar?