CAPÍTULO IX
Os dias que se seguiram, eu e Calliope falamos somente o essencial, nos duas estamos magoadas e com raiva, cada uma acreditando estar certa. Nesse meio tempo Carlos voltou de viagem e a investigação sobre o atentado não teve novidades. Os compromissos voltaram, pois Carlos não podia parar afinal sua candidatura é muito importante, por isso mais seguranças foram contratados para nós acompanhar.
Era sábado a noite, meu último turno antes da minha folga no domingo. Na verdade já são quase meia noite e todos estão em seus dormitórios, eu estava na cozinha, estava procurando algum doce, mas me mantinha no escuro com a lanterna do celular, quando pensei ter ouvido algo vindo da escada, e não era coisa da minha cabeça, tinha alguém tentando sair escondida. Quando ela estava prestes a abrir a porta, eu a segurei pelo braço.
- A onde acha que vai? - coloquei a lanterna do celular no rosto de Callie
- Me solta, você não tem o direito de me impedir - disse séria
- Claro que sim. Sou sua segurança e meu trabalho e dever é cuidar de você - a soltei - se passar por essa porta terei que avisar seu pai - cruzei os braços
- Não é justo. Quero apenas ser normal. Sair um sábado a noite - bufou - porque não posso?
- Primeiro que você sabe que é perigoso - tentei falar mais calma - segundo que você é a filha do futuro governador, meio difícil ser normal - dei uma leve risada
- Não tem graça - revirou os olhos - já que o problema é o perigo e não posso ir sozinha, tenho a solução: você vai comigo - ela diz simples - o que acha? - sorriu de orelha a orelha
- O quê? Não, essa hora?
- Quero ir em uma balada -disse simples - podemos nos misturar entre as pessoas
- Só se você colocar um disfarce - eu ri porque foi uma piada mas ela levou a sério
Eu ia recusar mas ela pegou minha mão e saiu me puxando para as escadas e me levou até seu quarto. Fomos até seu closet e nele havia uma gaveta com itens como peruca, óculos e outros itens. Ela colocou uma peruca loira e pegou uma roupa mais simples para trocar.
- Você não pode ir de pijama - olhou pra mim - e nem de segurança, porque será óbvio. Vou te entregar roupas
Enquanto ela iria vestir um jeans, tênis e uma blusinha brilhosa, ela me entregou um vestido preto e saltos.
- Porque você vai com tênis e eu tenho que ir assim? - eu disse não gostando da ideia
- Porque precisamos parecer diferente - revirou os olhos - ou seja, eu não pareço eu e você não parece uma segurança, agora vai se trocar no quarto, que eu vou me vestir aqui.
Eu não estava acreditando que ia fazer isso, eu tinha noção que se algo acontecesse a responsabilidade era minha? Mas por um segundo a única coisa que eu queria era poder fazer ela ter um momento normal e feliz, sei lá porquê. Eu estava terminando de me vestir,mas o zíper do vestido fica nas costas, e não estou conseguindo fechar sozinha, é então que eu sinto uma mão macia e quente encostando no meu ombro, enquanto o zíper é fechado.
- Prontinho, era só pedir ajuda Robbins - ela sussurrou no meu ouvido fazendo todo meu corpo arrepiar
- Obrigada - me virei rápido e me desequilibrei com o salto mas Callie foi mais rápida e me segurou
- É tão boa com armas e tão ruim no salto assim? - ela riu e eu fiz uma careta - brincadeirinha. Vamos?
Concordei com a cabeça e esperava não me arrepender, afinal, eu teria que sair sem a minha arma. Andamos sorrateiramente até a escada e passamos pela porta, fui até o carro e as chaves estava na roda como sempre. Calliope entrou no banco de trás e ficou abaixada, afinal passaríamos pela segurança dos portões. Eles me pararam e eu menti, dizendo que tinha compromisso pessoal e eles me deixaram passar. Quando finalmente já estávamos há alguns metros de distância da mansão, Calliope passou para o banco da frente, colocou o cinto, ligou o som e começou a cantarolar a música. Ela estava muito animada. Outro acordo foi que iríamos em uma balada bem longe da residência, longe mesmo, para que assim não tivesse nenhum por centro de chance dela ser reconhecida e outra coisa, ficaríamos por no máximo duas horas, precisamos voltar ainda com tudo escuro e nenhum funcionário acordado, a contra gosto, ela aceitou.
Ela pesquisou e logo encontrou o lugar que queria ir, demoramos quase quarenta minutos para chegar. Hora de apresentar RG e advinha só? Ela tem RG falso para momentos assim, para não saberem quem ela é, algo que nem eu havia pensado. Entramos, a música estava alta e o lugar lotado - não gosto de lugares assim - e ainda preciso me manter nesse salto. Ela me puxava no meio da multidão enquanto tia com meu equilibrou. Chegamos até o bar e ela pediu dois drinks.
- Não vou beber - eu disse - quero água - eu pedi ao barman
- Credo Robbins, você era mais divertida - ela falou alto para eu ouvir
- Ainda estou a serviço...senhorita Calliope - falei no ouvido dela
Ela deu de ombros e começou a beber seu drink, enquanto me foi entregue uma garrafa d'agua. Eu dei um gole e me escorreu no bar, enquanto vi Calliope sair andando para a pista. Ela começou a dançar, mas estava dentro da minha visão, quando ela começou a se perder no meio das pessoas, fui obrigada a ir atrás. Ela dançava até o chão, rebolava e claro aquilo provoca homens e mulheres, que se aproximavam dela. Um homem se aproximou e colocou a mão em sua cintura, ela não recuou, apenas continuou dançando e aquilo me fez sentir incomodada, antes que ele pudesse investir mais, eu comecei a ir na direção deles. Encostei a mão no ombro dele e cochichei no ouvido dele, que saiu em seguida.
- Ué porque fez isso? O que falou - ela perguntou perto do meu rosto
- Disse que você está acompanhada - ela riu e então começou a dançar
Calliope voltou então para o bar e bebeu mais dois drinks, já estava bem alegrinha. De repente ela pegou na minha mão e me puxou para a pista de dança. Ela ficou de costas pra mim e começou a rebolar, encostando em mim. Eu não sou de ferro, aquilo estava me trazendo sensações pelo meu corpo que eu não estava conseguindo segurar. Ela estava querendo me provocar, então ela pegou minhas mãos e colocou na sua cintura, para que eu colasse meu corpo no dela. Eu comecei a me mover no ritmo dela e quando dei por mim, estávamos dançando. Seu cheiro estava me deixando maluca, lembranças do nosso passado invadiram minha mente e então me vi desejando-a, querendo lembrar como era o gosto do seu beijo e como seria tocar sua pela e toma-la como minha. Eu sei que isso é loucura, mas estou totalmente atraída por Calliope Torres novamente, como há quinze anos atrás.
Ela entao se virou, colocou os braços em volta do meu pescoço, enquanto minhas mãos estavam em seu quadril, que rebolavam conforme a música. Seus olhos grudaram em mim como faíscas em chamas. Ela mordeu seu próprio lábio, me fazendo respirar fundo.
- O quê foi Robbins? - ela cochicho no meu ouvido - você não falou ao cara que estou acompanhando... então - e riu cínica jogando a cabeça para trás
Meu instinto queria segurar sua nuca e puxa-la para um beijo, mas meu racional estava me segurando. Ela continuava dançando, enquanto olhava para minha boca. Foi então que minha racionalidade me lembrou que eu era a segurança dela e estava baixando a guarda. Comecei então a olhar ao redor e foi então que pensei ter visto alguém suspeito.
- Precisamos ir - eu disse no ouvido dela
- Poxa, mas está tão legal
Peguei na mão dela e me coloquei a sua frente, decidi fazer um caminho que nos tirasse da visão do suspeito, mas no caminho, Calliope se soltou de mim e foi até o bar. Droga! Qual o problema dela?! A encontrei já com um drink na mão, mas não fui a única. O caro começou a se aproximar dela e eu vi que tinha algo em sua mão. Comecei a empurrar as pessoas, e cheguei a tempo de me colocar na frente dele, foi então que vi que era apenas um celular em sua mão. Ele passou por Calliope e pediu algo no bar. Soltei o ar, percebendo que foi apenas algo da minha cabeça, mas melhor sair logo dali, já havíamos ficado demais.
A contra gosta e bem mais alcoolizada, Calliope saiu daquela balada junto comigo. Quando entramos no carro, ela começou a reclamar que queria ficar mais e até arrancou a peruca do cabelo.
- Olha só, ficamos demais e não podemos bobear, esqueceu do último atentado? Preciso te manter segura
- Robbins você me protegeu uma vez e pode fazer sempre - ela riu bêbada - relaxa, você é tipo minha super heroína - disse orgulhosa
- Eu não sou imbatível Callie. Você está bêbada - bufei - não acredito que deixei você beber assim
- Ah claro, é minha mãe agora - ela revirou os olhos pra mim e então ligou o som e eu comecei a dirigir.
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro