Observo cada movimento com uma mistura de fascínio e antecipação. Muto está imóvel como uma marionete que espera para ser animada.

Muto começa se contorcer, os músculos retesados se relaxando gradualmente. Seus olhos, antes fechados, começam a abrir com uma intensidade quase sobrenatural.

Sua expressão é selvagem, primitiva, como se ele estivesse conectado a uma realidade além da nossa compreensão. Uma sensação de triunfo se apodera em mim ao testemunhar o resultado do meu experimento.

— Dormiu bem? — pergunto com um sorriso no rosto.

— O que você fez comigo? O que aplicou em mim?

— Eu te dei uma dose de SomnaZest. É um sonífero anestésico que faz maravilhas com o corpo, mas deixa a mente num estado de torpor temporário. — respondo com certa frieza enquanto ligo a televisão.

— Você me drogou? Por que faria isso?

— Você precisava de uma intervenção para eu poder terminar o meu trabalho. O SomnaZest é seguro e eficaz, mas pode causar alguns efeitos colaterais temporários, como confusão e desorientação.

— Confusão e desorientação? Isso explica tudo. Senti como se estivesse preso num sonho estranho. — ele fala e em seguida tenta se levantar da cama. — Você me amarrou?

— É normal ter alucinações. Seu corpo estava simplesmente se ajustando à droga. Em breve, você se sentirá melhor. E sim eu te amarrei na cama.

— Por que está tão tranquilo em relação a isso?

— Porque sei o que estou fazendo.

— O que quer dizer com isso?

— Logo você vai saber.

Muto olha ao redor. Ele parece reconhecer o lugar. Mas é claro que ele conhece o lugar, afinal é a casa da sua amante, Yuna.

Aumento o volume da TV e fico parado ao lado da cama.

— Quero que preste atenção na TV, querido.

Muto olha para a TV e em seguida seus olhos se arregalam, afinal o conteúdo do vídeo é bem sangrento. A música "All The Good Girls Go To The Hell" da Billie Eillish toca no fundo enquanto eu mutilo viva a amante dele. Fiz questão de gravar com a câmera bem de frente para mim e a Yuna, para que ele visse com detalhes cada parte dela sendo mutilada enquanto ela grita de dor e fiz questão de colocar essa música, afinal é a música favorita da amante dele... ironia não é?

Ele fica visivelmente assustado, enquanto eu aprecio todo o sofrimento dele com um sorriso no rosto.

Assim que o vídeo acaba, eu me aproximo dele e falo:

— Gostou?

— Você a matou! Por que fez isso?

— Está preocupado com ela? — falo e faço beicinho. — Não se preocupe, eu vou dar um jeitinho de você ver ela. — falo e caminho até a cômoda.

— Como? Ela está morta!

— No inferno. — falo e mostro a ele um galão de gasolina que está no canto da cômoda.

— SANZU! NÃO! PARE!

— Não vou parar. Você não parou quando estava me traindo. — falo e tiro a tampa do galão. — Você estava de conversa com essa vagabunda a seis meses. A seis meses você estava me fazendo de palhaço. — falo sério.

— Sanzu, eu sei que errei mas não precisa disso e eu...

— CALA A BOCA! Não suporto ouvir a sua voz. — falo e começo a despejar gasolina no cômodo e faço uma trilha até a parte externa da casa, enquanto ouço os gritos do Muto que está amarrado na cama da amante com cordas e correntes.

Assim que eu termino o rastro. Tiro a minha pistola da cintura, atiro na trilha de gasolina que devido a pólvora que se mistura com a gasolina, inicia uma chama, que percorre rapidamente pela trilha como um Demônio para dentro da casa.

O fogo crepita com uma ferocidade incontrolável, consumindo tudo em seu caminho. Uma mistura de emoções tumultua meu interior enquanto eu testemunho a destruição que eu mesmo desencadeei.

Cada estalo das chamas e cada grito do Muto soa como um eco dos meus próprios pensamentos tumultuados. A raiva, a traição, o desejo de vingança... tudo isso arde dentro de mim, alimentando o fogo da raiva que Muto causou.

Eu sei que não tem retorno. O que está feito, está feito. E agora, diante da destruição que eu causei, só resta aceitar as consequências do meu próprio ato. A casa, antes um santuário de segredos e paixão proibida, em breve se tornará apenas cinzas e ruínas.

O fogo continua a se alastrar, iluminando a noite misturada com a minha fúria implacável. Eu permaneço ali, imóvel, observando o espetáculo macabro que eu mesmo criei. E enquanto as chamas consumem tudo a minha frente, eu me pergunto se algum dia encontrarei a paz para minha alma atormentada.

— Você fez a sua escolha, Yasuhiro. — falo e em seguida retiro a aliança do meu dedo e jogo no bueiro que tem ali perto. Nada mais sobre ele me importa.

E eu não me arrependo de nada do que fiz.

Ao chegar em casa, o peso da decisão pesa em cada passo que dou pelo apartamento vazio. Cada canto, cada objeto, é um lembrete doloroso do que um dia foi o nosso lar. Mas agora, após a tempestade que varreu nossa vida juntos, é hora de seguir em frente.

Respiro fundo e vou até o quarto, onde as memórias são mais intensas. Pego uma caixa vazia e começo a reunir tudo o que pertencia à Muto: fotos, roupas, presentes trocados em momentos felizes que agora pareciam distantes e irreais.

Cada objeto que eu toco carrega uma carga emocional avassaladora, mas eu sei que preciso me desfazer deles para poder recomeçar. Lágrimas escorrem pelo meu rosto enquanto eu revivo cada momento compartilhado, agora manchado pela dor da traição e da decepção.

Quando a caixa fica cheia, respiro fundo mais uma vez e tomo uma decisão final. Pego um isqueiro e vou até o terreno baldio que tem próximo de casa e acendo o fogo e queimo tudo que um dia pertenceu a ele.

Observar as chamas devorando as lembranças é libertador e doloroso ao mesmo tempo. Cada centelha que se dissipa no ar leva consigo um pedaço do que éramos. Mas também abre um espaço para o novo, para a esperança de um futuro sem as sombras do passado.

Quando finalmente resta apenas cinzas, olho para trás uma última vez antes de seguir em frente. É hora de deixar para trás o que um dia foi meu lar, e partir em busca de uma nova vida, construída sobre as ruínas do que um dia foi um amor.

•Palavras:
5.645

• Notas de Kira:

Mais uma fanfic curta do Tokyo Revengers!
Nunca fiz um plot de traição, portanto eu quis arriscar e trazer um plot assim durante o meu hiatus hahahaha

Eu espero que vocês tenham gostado :)

Agradeço a você que dedicou o seu tempo para ler a minha obra, muito obrigada <3

Com carinho, Kira.