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Capítulo 8

–  O que você fez? Onde está Zachary? E as outras pessoas? – Questionei ainda confusa e assustada com o que havia acontecido, no entanto a mulher que me salvara não dizia uma palavra, estava inerte à minha presença.

–  Ainda estão na fazenda. – Ela respondeu depois de alguns segundos.

  Suspirei e analisei o lugar ao qual a falsa serva havia me levado. Era uma estrada de terra vermelha e assentada, tinha silva de ambos os lados e eu podia ver tudo devida à claridade da lua cheia. Reconheci o caminho que ligava a cidade à fazenda, já havia o percorrido milhares de vezes com minha mãe. Estávamos no fim de umas das curvas da estrada.

  Aquilo me fez lembrar o rosto roliço de Cora e sua expressão dura. Eu estava em uma estrada que se seguia desabitada pelas próximas 2 horas de caminhada, acompanhada de uma desconhecida que eu nem sabia o nome e nem as intenções. Minto! Ela queria me levar para o mar, o lugar que sempre me causou medo e atração, o lugar que sempre me foi proibido.

  Foi quando um choque de realidade me bateu. Todos ainda estavam lá, no meio de toda aquela confusão. Em perigo.

–  Nós precisamos voltar. – Murmurei e me virei para a garota.

–  Estamos ao norte de Santa Cruz... Porcaria de estrelas que nunca me ajudam a me localizar... – A loira ficava murmurando coisas sobre coordenadas e sobre o tal do Mackbeth. Enquanto isso, eu estava desesperada, com o coração a mil, pensando em minha família. A falta de atenção me deixou chateada e estressada. Pulei na frente dela e segurei sua cabeça com as duas mãos fazendo-a olhar pra mim.

–  EIII! – Ela arregalou os olhos azuis e me fitou com uma careta confusa. – Nós precisamos voltar agora! – Ela soltou uma risada engasgada irônica.

–  Que?

–  Agora!

–  Você está ficando maluca, só pode! –  Ela pronunciou com um sotaque que não pude reconhecer. Soltou-se de mim e voltou a ficar olhando para o céu.

–  As pessoas estão morrendo lá! Você... Você... Acabou de me tirar da festa, pode voltar e tirar os outros também!

–  Não tenho habilidade para isso. Só posso me teletransportar duas vezes a cada hora.

–  Mas... e as outras pessoas?!

–  O que têm elas?

–  Estão em perigo! Você não viu? Todas aquelas pessoas gritando e todos aqueles assassinos?!

–  Não foi por isso que te tirei de lá? Bobinha.

  Fiquei calada e a observei com cuidado.

–  Tantas pessoas para salvar e você salvou somente a mim. Por quê?

–  As correntes marítimas vão nos levar de volta ao reino se a temperatura da água... – Ela continuava murmurando coisas sem sentido.

–  Suspeito que seja porque você é louca... Ou porque é uma bruxa... Você é uma bruxa?!

–  O que seria uma bruxa para você?

–  Alguém que usa magia negra e faz pactos com o diabo.

–  Não, eu não sou. – Ela respondeu ainda olhando para o céu. – Elas vivem nos congelantes mares do norte.

–  E elas fazem pactos com o demônio?!

–  Não. Elas são os demônios. – A loira respondeu, sem prestar muita atenção em mim, sempre olhando para as estrelas. De repente sua expressão mudou, como se tivesse encontrado o que estava procurando. – Elizabeth, nós precisamos ir agora. – Ela puxou a minha mão e começou a andar rápido.

–  Não! Espera! – Falei me soltando.

–  O que é agora?!

–  Nós precisamos voltar! Minha família está lá...

–  Não há nada que possamos fazer, garota!

–  Como não? Acabamos de sair de lá, ainda há tempo de fazer alguma coisa, não estamos longe da fazenda, dá para pegar o caminho de volta e...

–  Elizabeth, o destino deles está selado.

–  Como você pode saber?

–  Não tenho tempo para lhe explicar agora, preciso que confie em mim. Do mesmo jeito que me viu te tirar de lá e do mesmo jeito que sei o seu nome sem você ter se apresentado a mim... Eu simplesmente sei. 

–  Mas, os meus pais...

–  Estão mortos. Ambos. Podemos ir agora?

  Eu demorei alguns segundos para cair em mim. Meu corpo vacilou e eu sentei no chão com todo o volume do vestido ao meu redor. Meu coração apertou e eu compreendi que tudo que envolvia minha vida estava acabado. Nunca mais veria meus pais. Não iria mais importunar minha mãe ou comer um dos seus biscoitos, nunca mais abraçaria meu pai ou mexeria em seus cabelos grossos, nunca mais iria à missa com eles ou sentiria seus cheiros. Nunca mais. Nunca mais. Não veria mais o sr. Lackwood mexendo em suas papeladas no escritório ou sairia com Zack pelos fundos da casa para cavalgar. Nunca mais veria ninguém que eu conhecia.

Estavam mortos e só existiam na minha falha memória juvenil. Eu me senti sozinha como nunca e uma crise existencial se espalhou por mim. Tudo havia virado uma incógnita e os meus problemas que sempre pareceram tão grandes agora eram pequenos perto dos que eu teria que enfrentar.

–  Estão mortos. – Repeti com a voz embargada. – Está mentindo... Você não tem como saber! – Gritei.

–  Oh santo vento do leste! Esqueci como vocês humanos são sensíveis a tudo!

–  Eu não acredito em você! Leve-me de volta! Quero ver com meus próprios olhos!

  Os olhos azuis dela se cerraram e foram tomados por um misto de impaciência e raiva. Eu comecei a chorar compulsivamente e meus ombros se mexiam de acordo com meus soluços. A loira resmungou algo inteligível e me levantou pelo braço.

–  Ouça, ainda estamos em perigo e precisamos sair daqui o mais rápido possível. Você está me entendendo? – Ela perguntou e eu continuei chorando. – Ei! – Ela me chacoalhou duas vezes. – Eu estou tentando salvar nós duas, preciso que colabore.

–  O que... O que você quer... de mim? – Perguntei ainda chorando.

–  Quero que fique viva. – Ela falou com a expressão dura. – Eu vim para te encontrar e te proteger.

Abruptamente a garota virou a cabeça para trás e eu fiquei observando seu longo cabelo loiro esquecer-se de se mexer na mesma velocidade que a sua cabeça.

–  O jovem rapaz tristonho é insistente. – Murmurou.

  O som de cavalos ecoou pela estrada, assim como o seguimento dos mesmos gritos dos homens que batalhavam na fazenda e o tremor dos galopes dos equinos pesados.

–  Mudança de planos. Escute com atenção, seu amigo Zachary está sendo seguido por alguns piratas.

–  Zack está vivo?!

–  Foco, Elizabeth! – Ela falou se virando inteiramente para mim e me dando total atenção. – Você disse que queria ver e eu vou lhe mostrar.

  A desconhecida soltou a mão do meu braço e tocou meu rosto. Uma brisa fria abordou meu corpo e a minha mente se encheu de imagens que eu não havia visto, cenas daquela noite que eu não havia presenciado muito menos analisado. Meus membros petrificaram e eu não me lembro de fechar os olhos, mas era como se eu estivesse no meio de um sonho vivo e rico em cores.

  O primeiro cenário que ela mostrou foi o da minha mãe. Seu corpo curvilíneo compressado dentro de um vestido amarelo claro estava na cozinha analisando todos os pratos e possíveis desastres culinários que estragariam a festa. A confusão ainda não havia começado, ela notou uma movimentação estranha por entre os empregados e um dos piratas vestido de serviçal, puxou uma arma de fogo e atirou duas vezes em uma Cora assustada que caiu com a boca deformada para gritar um alerta que nunca saiu.

  O segundo momento se desenrolou com o Sr. Lackwood e meu pai, estavam juntos, poucos minutos depois que comecei a dançar com Zack. Ambos estavam tentando ajudar os convidados que haviam sido pegos por alguns piratas, atracando-se a eles e lutando corpo a corpo a fim de libertar as pessoas da morte certeira. Em uma das tentativas de ajuda, havia homens demais e eles não puderam lutar com todos. Nocautearam o Sr. Lackwood com uma surra e atingiram Pedro com uma facada no estômago.

  No estado de transe que a falsa serviçal me colocou, o choro ficou preso em minha garganta e sua voz passou a narrar os acontecimentos dentro da minha cabeça.

   Agora que já sabe que não há por que ou pra que voltar, você precisa saber o que fazer.

O ambiente mudou novamente, eu e Zachary retornamos à fazenda na mesma noite e fomos pegos pelos piratas. Eu gritava desesperada nos braços de um deles, cortaram a garganta do garoto na minha frente e depois me arrastaram para um dos quartos da sede, para ser maculada e morta.

  Vocês não podem voltar! Os piratas não vão embora da ilha, procurarão por vocês incansavelmente. Todos os futuros em que vocês voltam à fazenda envolve morte. – Enquanto ela falava diversas cenas passavam em minha mente, onde éramos torturados e mortos dezenas e dezenas de vezes. – Não podem seguir para a casa de nenhum dos seus outros conhecidos, porque os piratas baterão nas portas de todas as pessoas que vocês conhecem. Eles não estão de brincadeira. Vão caçar vocês até não terem mais forças, estão sendo bem pagos por alguém... alguém que ainda não descobri, alguém próximo que dará o nome de todas as possíveis pessoas a quem vocês recorrerão. Eles vão atrás de vocês e só vão sossegar quando matá-los. A única opção que resta é a fuga de vocês dessa ilha, ela não é mais segura.

As imagens terminaram, meu corpo tremia exausto e traumatizado com tudo o que havia presenciado.

–  O... o que foi isso?

–  Não dá tempo para explicar! Nós só temos alguns instantes. Preste atenção! Os homens que estão seguindo seu amigo são habilidosos! Vocês não vão dar conta de cuidar deles sozinhos! – Ela fixou os olhos em mim. – Essa noite vocês precisarão se esconder em algum lugar, sigam para Santa Cruz das Flores e peçam ajuda na mansão de Madame Margot. Acomodem-se e descansem, pela manhã peguem sorrateiramente a primeira embarcação que encontrarem! – Ela ainda tinha um tom raivoso e impaciente quando se expressava. – Quando Zachary aparecer nessa estrada, eu vou te colocar na garupa do cavalo dele e você vai dizer a ele para cavalgar o mais rápido que puder. Você me entendeu?! 

Eu ia dizer que não, mas minha cabeça assentiu no automático. Eu não sabia se iria conseguir fazer tudo que ela estava me pedindo, não estava com muitas esperanças para aquela noite e nem compreendia o porquê daqueles marginais estarem nos perseguindo.

  –  É bom que você tenha entendido, garota, porque se não...

–  Eu entendi. – Respondi vacilante.

–  Ótimo. – Ela virou-se para o lado da estrada de onde os sons da corrida aumentavam. Habilidosa e esguia, ela deu alguns passos à minha frente. – Faça tudo exatamente do jeito que lhe falei, se você seguir qualquer outro caminho irá morrer. 

–  E quanto a você?

–  Eu vou ficar bem.

–  Não vamos mais nos encontrar?

–  Por hora não. – Ela respondeu fria. – Zachary vai te proteger até o nosso próximo encontro.

  Alguns instantes depois um arco se formou na mão direita dela. Eu já havia visto uma arma daquela antes nos inúmeros livros do Sr. Lackwood, mas não igual aquele arco. Parecia feito de luz dourada, de um material que era brilhante e transparente ao mesmo tempo, como se fosse um vidro que refletia à luz do sol. As flechas se formaram em suas costas também e ela imediatamente puxou uma com a mão esquerda, posicionando-a no arco.

–  Prepare-se. – Ela disse e mirou a flecha para o fim da curva. Meus olhos ainda fixos na arma que havia sido brotada na mão dela do nada. – Lembre-se de abrir as pernas.

–  O que é você? – Perguntei ainda tremendo, enquanto a loira mantinha a visão focada no alvo.

–  Eu sou o que você é. – Disse, pouco antes dos homens aparecerem na curva e ela soltar a flecha que estava empunhando, acertando um dos marmanjos que vinham a cavalo. – Agora, Elizabeth!

  Assim como o resto de toda aquela noite eu nem senti direito o que estava acontecendo. Em um instante avistei o cavalo de Zack no fim da curva no outro ele já estava desviando Torrão dos nossos corpos. A leva de homens também, montados em cavalos, seguiam o garoto com uma distância mínima de apenas alguns metros. O que se seguiu foi apenas questão de alguns segundos. Antes da loira puxar a próxima flecha, ela levantou uma das mãos e eu fui erguida no ar de uma forma tão rápida que não tive tempo nem de sugar o oxigênio para gritar. Em um solavanco e de forma bem bruta, fui colocada na garupa de Zachary, assustando a ele e ao cavalo. 

–  O que raios...! – Zack começou a dizer surpreso e o cavalo parecia estar saindo do controle, pronto para empinar.

–  SOU EU! SOU EU! NÃO PARE! – Gritei agarrando-me a sua cintura com medo de cair.

–  Ellie! – Ele respondeu entusiasmado.

–  ZACK, NÃO PARE! – Ele entendeu o recado mais rápido do que eu, se estivesse em seu lugar, e rapidamente o garoto manobrou o animal fazendo-o correr.

Não olhe para trás. – Ouvi a voz calma e clara da garota dentro de minha mente. Não pude evitar o impulso de fazer exatamente o que ela me mandara não fazer. Virei o pescoço com força por sobre o ombro e visualizei a cena que iria me perseguir pelo resto dos meus dias.

Não havia menos de 10 homens ao redor dela, todos eles haviam avançado sobre a loira achando que seria um alvo fácil e aquilo foi suficiente para que se esquecessem de nós. No entanto, eles não tinham ideia do que ela era e facilmente seus golpes começaram a matar um por um, de forma rápida e inumana. As flechas da loira eram como bombas, ela os acertava com uma mira milimétrica e o local atingido explodia desmembrando os corpos. Os homens gritavam ardentemente. Quando um pirata se aproximava demais, ela o acertava com o arco e enfiava a flecha solta com as próprias mãos no meio do peito. Sim... Era certeiro e a visão que se seguia não era nem um pouco bonita. Percebi que Zack também estava olhado para tudo aquilo pasmo.

–  PRESTE ATENÇÃO NA ESTRADA! – Gritei para ele sem deixar de continuar olhando para trás. Foi questão de alguns segundos, pois Zack não chegou a perder o controle da corrida.

  Mandei não olhar! – Ouvi-a gritar em minha cabeça de novo. Escondi meu rosto com força nas costas de Zack, envergonhada por ter sido pega no flagra e querendo apagar aquelas imagens da cabeça. Ouvi-a suspirar cansada, como se estivesse do meu lado. – Você vai me dar um belo de um trabalho.


  Zachary seguiu até um ponto da estrada em que nos consideramos a salvo. Havíamos cavalgado uns bons 20 minutos sem parar o que nos dava uma boa distância do local em que nos encontrávamos. O cavalo diminuiu a velocidade e nós paramos no acostamento da estrada. Fiquei aguardando meu coração bater mais devagar, mas aquilo não aconteceu. O silêncio se perpetuou por alguns minutos, acho que nenhum dos dois teve coragem de se pronunciar. Estávamos em estado de choque.

–  Ellie? – Zack tocou em minhas mãos que ainda estavam em volta da sua cintura. Eu não havia percebido que estava apertando com força e nem que havia começado a chorar. – Quem era aquela mulher? – Não respondi por longos segundos.

–  Eu não sei. – Sussurrei puxando minhas mãos e secando minhas lágrimas.

–  Como você não sabe? Ela... Ela te tirou do baile...

–  Eu nunca a tinha visto.

–  Como ela fez aquilo? – Demorei a responder.

–  E-eu não sei.

–  Ela matou todos aqueles homens e parecia estar do nosso... Digo do seu lado! Protegendo- te... – Um silêncio se perpetuou, porque eu não sabia o que dizer.

–  Zack... Nós precisamos sair dessa ilha.

–  O que? Do que você está falando? – Eu fiquei em silêncio de novo, pois não sabia por onde começar.

–  Ela... – Engoli em seco. – Ela me mostrou o que vai acontecer. Ou o que poderia acontecer... Meu Deus! Que loucura!

  Quando dei por mim eu era a única em cima do animal e Zack já andava de um lado ao outro com o rosto pálido. Parecia que estava me escondendo alguma coisa.

–  O que ela fez com você? Ela te machucou? Está ferida?

–  Eu acho que estou bem. – De fato, eu não estava muito certa sobre o meu então atual estado.

–  O que exatamente ela te mostrou?

–  Ela... Ela me disse para seguirmos para a cidade. – Falei em tom baixo. – Pouco antes de você chegar ela disse para procurarmos ajuda de madame Margot.

–  Madame Margot?

–  Você sabe quem é madame Margot? – Zachary hesitou em falar.

–  Sei.

–  Ótimo, vamos procura-la então.

–  Por que raios ela diria que deveríamos ir em busca de madame Margot?

–  Porque ela disse que lá seria o único local seguro para nós.

–  Ellie... – Ele parecia atordoado. – Aquele é o último lugar que deveríamos procurar nessa situação. – Calei-me e desci do cavalo também, aproximando-me dele. – Podemos nos esconder em algum lugar e retornar para a fazenda amanhã de manhã. Nós encontraremos meu pai e ele saberá o que fazer. – Zachary disse caminhando de um lado ao outro me deixando impaciente e tonta. Um bolo de sentimentos se acoplou na minha garganta e eu estava tentando encontrar coragem para dizer a Zack aquilo que nem eu havia conseguido digerir.

–  Nós não encontraremos seu pai, Zack. Nem o meu. Eles estão... Mortos. – Falei com a voz embargada. Os olhos verdes estavam escuros na luz da lua e nunca foi tão difícil olhar para eles como naqueles segundos de silêncio. – Seja lá como foi, ela me mostrou. – Contei a ele tudo o que havia acontecido com os detalhes que a situação me permitiu. Analisei suas reações que variaram entre dor, raiva e medo.

–  Eu não sei quem ela é ou o que, mas ela me salvou. E-eu confio nela. – Os olhos dele ficaram vazios. Ele não chorou manteve-se forte apesar de eu perceber que aquilo era um escudo para tentar esconder o que de fato estava sentindo.

–  Você viu o que ela era, não viu? A forma como matou aqueles homens. Ela não era humana.

–  Estranhamente acho que é exatamente por isso que sinto que devo acreditar nela. – Zack me encarou por alguns instantes, calado e pensativo, como se estivesse com a cabeça longe. Em outro lugar. Lembrando-se de outra coisa...

–  E se ela estiver nos levando para uma armadilha?

–  Acho que se ela nos quisesse mortos já estaríamos.

–  Acho que ela não quer você morta. Se você não se lembra ela me deixou lá, precisei fugir por conta própria.

–  Pelo que me lembro ela salvou nós dois. Íamos morrer nas mãos daqueles homens. – Falei e um breve silêncio se propagou até Zack quebrar.

–  Deixe-me ver se entendi. Piratas atacaram nossa casa, não sabemos quem mandou ou por que, nossos pais estão mortos, a bruxa...

–  Ela não é uma bruxa. – O garoto arqueou as sobrancelhas surpreso com um ar de "não tem como você saber".

–  A "desconhecida" tirou você da fazenda fazendo sabe- se lá o que e depois salvou a nós dois levantando você no ar e te colocando na garupa do meu cavalo. Ela previu os nossos futuros e disse que a única forma de sobrevivermos é seguindo para a mansão de Madame Margot e fugindo da ilha pela manhã. Eu esqueci algum detalhe? – Meneei a cabeça reflexiva.

–  Não.

–  Ellie, você tem noção de como tudo isso parece loucura?

–  Tenho!

–  Deveríamos voltar à fazenda...

–  Não! – Um calafrio ultrapassou meu corpo quando me lembrei de todas as nossas possíveis mortes se voltássemos para nossa casa. Eu vi tudo. – Não vamos voltar lá! Não podemos! – Meu corpo tremia com as lembranças. O semblante do meu companheiro mudou e se tornou preocupado mais uma vez na noite. – Não sabe o que diz. Não foi você quem nos viu sendo torturados e mortos centenas de milhares de vezes. – Ele me envolveu em seus braços e me protegeu do frio da noite e das visões que não saíam da minha cabeça. Eu me lembrava de cada uma nitidamente.

–  Deixe que eu vá... – Ele sussurrou.

–  Não! Não vou pisar lá novamente nesta noite e nem você! – Gritei segurando-o com força, com medo de que fugisse.

  A realidade nos abateu. Éramos órfãos. Não tínhamos ninguém além de um ao outro e por mais difícil que fosse para o garoto acreditar no que eu dizia, em toda loucura que eu havia presenciado, ele sabia que eu era convicta demais para deixa-lo voltar lá só. O corpo de Zack tremeu também, repetidas vezes como o meu.

–  Quem faria isso conosco, Ellie?

–  Não sei, mas não podemos ficar para descobrir. Prefiro viver na ignorância a morrer procurando por vingança. – O garoto puxou o ar com força e absorveu minhas palavras. – Se a estranha estiver errada, a única forma de nossos pais estarem vivos é se tiverem fugido da fazenda. Façamos o mesmo e voltemos depois, para verificar suas terras e a veracidade da morte deles, quando tudo estiver seguro. Por ora, cuidemos de nossa sobrevivência. – Outro silêncio pairou e por fim ele concordou me soltando.

–  Que seja então. – Ele pegou minha mão e me encaminhou para o cavalo. – Madame Margot seria a última pessoa que os piratas procurariam para nos encontrar e o plano da bruxa faz até certo sentido nesse ponto. – Soltei o ar preso involuntariamente. Eu estava fazendo muita coisa sem perceber, na verdade. Fiquei mais aliviada quando Zack concordou comigo, porque eu sabia que não havia outro caminho para nós. O garoto segurou minha cintura e me ergueu para colocar-me sobre a cela. Não foi fácil, por conta de todo o volume do vestido destruído. Ele subiu no cavalo logo após e nós partimos.

3576 palavras

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